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História The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - Vozes


Escrita por: DropCandy

Notas do Autor


Boa leitura ^^

Capítulo 5 - Vozes


Fanfic / Fanfiction The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - Vozes

[Micaela]
 

O despertador tocou e eu já o estava esperando para desligar.

Mais uma noite sem dormir e outra prova nesse dia; suspirei só de imaginar ter que passar por essa dor de cabeça sabendo que teria que fazer recuperação no final das contas.

Saí de casa ás pressas e quase esbarrei em Ezarel que também estava de saída. Por sorte, as batidas que tivemos nos últimos dias melhoraram meu reflexo e consegui parar a tempo.

Ele olhou para mim, entediado.

–Finalmente um dia sem bat... – coloquei o indicador em seus lábios para que não terminasse a fala; minha cabeça já doía o suficiente na tentativa de lutar contra o sono e me manter de pé, então eu não tinha espaço para as brincadeiras dele.

–Guarde para o fim do dia qualquer coisa que tenha para me dizer.

Ele revirou os olhos e afastou minha mão.

–O que aconteceu com aquela garota bem humorada e saltitante de ontem?

Assim que mencionou me lembrei de sua boca a milímetros da minha, e minhas bochechas coraram de leve, obrigando-me a desviar o rosto, repreendendo a mim mesma. A cena do dia anterior fora apenas um acidente, sem nenhum valor, então por que mexia tanto assim comigo? E o mais irritante era saber que era a única a ter aquele tipo de preocupação com o que aconteceu.

–Vamos logo, Ezarel... – ouvi a voz de Valkyon e ele bate nas costas de Ezarel para que esse saísse da frente da porta, e então, mais uma vez, ele estava vindo em minha direção, o peito se chocando contra o meu e, não fosse minhas costas terem batido no carro atrás de mim, teríamos caído.

Abri os olhos e encontrei Ezarel perto demais e com a cabeça baixa, o coração acelerando ao me flagrar imaginando ele aproximando seus lábios como fizera ontem.

–Isso de ficarmos nos chocando... Está perdendo a graça. – disse e foi embora sem olhar para mim, como se EU tivesse feito algo muito errado.

–Parece que alguém anda se divertindo logo pela manhã – disse Nevra saindo de casa e ficando de frente para mim, um sorriso torto nos lábios.

Bufei irritada.

–Não tem nada de divertido nisso- murmurei e o deixei para trás também, cogitando a ideia de nem ir para a escola.

–Bom, sendo assim... – de repente ele me abraça por trás pelo pescoço e apoia o queixo em meu ombro – Venha ME procurar pela manhã que, daí, vou fazê-la se divertir. – ele riu baixo e meu rubor aumentou, a cabeça girando por ele ter dito aquilo do nada, mesmo eu sabendo que não passava de uma brincadeira.

Ele seguiu os irmãos para fora e fiquei parada por um tempo, sem saber ao certo como reagir.

 

–O que está fazendo aqui? – Ezarel perguntou atrás de mim, que até então estava sentada tranquila no banco do parque rabiscando qualquer coisa no caderno de matemática.

Dei de ombros sem me preocupar em virar para ele.

–Adivinha.

Inclinou-se sobre mim e olhou por cima de meu ombro para o papel, aquela proximidade repentina colocou-me um pouco mais para o lado no banco, o que para ele deve ter dado a entender que eu o estava convidando á sentar; e, naquele momento, eu realmente precisava ficar sozinha.

–É assim que estuda? Não me surpreende suas notas estarem ruins – murmurou e o fuzilei com o olhar, o flagrando sorrindo torto para mim, o que me desfez a cara emburrada e desviei o olhar.

–O que veio fazer aqui? – murmurei voltando a me concentrar nos traços sobre o papel.

–Pensei que seria um lugar calmo para estudar. – o encarei pelo canto dos olhos, reparando na falta de cadernos e livros em suas mãos.

Ri baixinho. Provavelmente a primeira vez naquele dia.

– O que foi? – perguntou provavelmente sem gostar de saber que era o motivo da graça.

Balancei a cabeça juntando meu material para sair.

–Boa sorte com seus estudos, então. – me levantei e nem dois passos depois ele estava me puxando pelo pulso.

–Es... – ele nem terminou de falar ao perceber que quase havia caído em cima dele, minhas mãos nas costas do banco ao redor dele, um joelho dobrado no banco entre suas pernas era só o que me impedia de ter caído mais perto.

–Sério – ele murmurou virando o rosto e segurando em minha cintura, empurrando-me levemente para trás – precisa parar com isso.

Voltei a me sentar ao seu lado, agindo como se nada tivesse acontecido – do mesmo jeito que ele fazia-, mas o o rosto queimava outra vez, e precisei engolir em seco para tentar me recuperar.

Ezarel deitou a cabeça para trás, apenas aproveitando o silêncio do parque. Apenas nós dois, a sombra das árvores e o ar quente. Aquilo me deixou agitada, com o estômago revirando, e eu tinha certeza de que não era de fome.

Abri de volta o caderno, retomando o traçado antes sem sentido e,sem me dar conta, estava registrando no papel o rosto angelical e tranquilo de Ezarel, o cabelo balançando pela leve brisa e salpicado pela luz do sol que conseguia atravessar as folhagens da copa das árvores.

–O que está desenhando? – Nevra perguntou de repente me abraçando pelo pescoço ás minhas costas, o que me assustou e involuntariamente gritei, e teria levantado num salto se ele não estivesse me mantendo perto de seu rosto.

Imediatamente apertei o caderno contra o peito e me encolhi, corando ao pensar que ele poderia ter visto o que eu estava fazendo.

–Não é nada.

Nevra riu balançando a cabeça e veio se sentar ao meu lado, ficando entre mim e Ezarel que perguntou, de repente mal humorado:

–O que veio fazer aqui?

Nevra só sorriu e passou o braço por cima de meus ombros, naturalmente, e deitou a cabeça perto de meu pescoço.

–Vim apenas curtir a paisagem – falou baixinho, o hálito fazendo cosquinha em minha pele, levando um arrepio por todo o meu corpo.

Ezarel pareceu grunhir e se levantou abruptamente.

–Aproveite ela então. – falou rispidamente em minha direção, como se eu fosse a causa de sua irritação, colocou as mãos no bolso e saiu pisando duro.

–O que deu nele? – perguntei indignada – principalmente por me sentir um pouco culpada sem ter feito nada – e me desvencilhando de Nevra, indo mais para a beirada do banco e garantindo uma distância de quatro palmos entre nós.

Nevra riu e sentou-se de lado, um dos braços pendendo nas costas do banco e me encarando com um olhar divertido.

–Acho que ele está descobrindo como é “se importar” com alguém – ele respondeu fazendo aspas com os dedos.

Ri em deboche, cruzando os braços.

–Espero que com esse alguém não queira se referir á mim.

Ele se aproximou mais e instintivamente recuei a mesma distância.

–E por que não poderia ser você?

–Porque não .

Ele balançou a cabeça e me encarou; sustentei seu olhar por um tempo, mesmo que tal feito me incomodasse, e tive que várias vezes morder a língua para não ser indelicada ao sair perguntando o que tinha acontecido com seu outro olho. Era nisso com que eu estava distraída pensando quando ele se aproximou ainda mais, colocando o nariz no meu.

"Mais perto..." uma voz feminina soou por perto. Perto demais. Quase como se dentro de minha cabeça.

Mas uma voz que não era minha.

Arregalei meus olhos e olhei ao redor. Ninguém por perto.

–O que foi? - ele perguntou e virou meu rosto para o dele -Não importa muito.– acariciou meu queixo, e, no impulso, tentei me distanciar mais no banco que já havia acabado, e fui de encontro ao chão com um gemido.

–Você está bem? – ele perguntou claramente segurando o riso e se agachando á minha frente.

–Ótima – murmurei encarando o chão e corando.

Ele riu baixinho e eu o fuzilei com o olhar, enrubescendo ainda mais.

–Ei, não fica assim – ele disse tentando encontrar meu olhar enquanto eu o desviava dele – Micaela... Vamos – pela sua voz percebia o esforço para não rir – não faça essa cara, não te joguei no chão de propósito.

Continuei com o rosto virado, sem coragem para encará-lo, fazendo questão de deixar a cara emburrada.

–Pare de me ignorar – ele disse e então cutucou minha barriga e eu involuntariamente ri, me contorcendo um pouco para ele se afastar.

–Me deixa – falei mordendo o lábio, repreendendo-me por ter dado risada.

–Só quando olhar para mim – ele disse e cutucou novamente minha barriga e cintura, e mesmo tentando me afastar ele me puxava de volta e continuava com a cosquinha, me fazendo rir cada vez mais.

–Nevra...Para... com... – era difícil falar e respirar, até que perdi todas as forças e me deixei deitar de costas no chão, rindo alto, sem nenhum sucesso em manter suas mãos longe de mim.

Até que ele prendeu meus pulsos contra o concreto ao lado de minha cabeça e inclinou o corpo sobre o meu, e dessa vez me vi obrigada a encará-lo com seu sorriso torto estampado no rosto.

–Agora sim, bem melhor.

Por mais que eu estivesse envergonhada com aquela situação, com o coração batendo que nem louco no peito por ter o calor de seu corpo se misturando com o meu, aquela proximidade dele não era constrangedora como a que senti com Ezarel, na verdade, ela chegava a ser cada vez mais sedutora.

"Nevra..." a mesma voz estranha sussurrou dentro de minha cabeça.

Seu sorriso se desfez, e seus lábios se aproximaram ainda mais dos meus; ignorei aquela voz estranha, o mundo parecendo ser encoberto por uma leve neblina. Era como se eu estivesse vivendo aquela cena de dentro de um sonho, como se meu corpo agisse por conta própria sem esperar meus comandos. Segurei a respiração e senti uma pontada de decepção ao receber apenas um beijo na bochecha.

–Por mais que seja tentador, acho que você ainda é minha aluna. – ele falou voltando ao seu habitual sorriso torto e se colocando de pé.

Sentei-me zonza e envergonhada por ter desejado que ele tivesse beijado um pouco mais para o lado, e aquilo era duas vezes mais vergonhoso porque ele pareceu ter notado que eu queria.

Ele me estendeu a mão e, depois de hesitar um pouco aceitei.

Apertei o caderno com força contra o peito, mordendo o lábio só de imaginar o que eu queria tanto que ele tivesse feito. E apertei ainda mais ao me dar conta da frustração que sentia por não ter conseguido o que queria.


Notas Finais


Digam o que acharam \o/
E até mais ♥♥♥♥


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