1. Spirit Fanfics >
  2. The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) >
  3. É ela...

História The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - É ela...


Escrita por: DropCandy

Notas do Autor


Mais um ^^

Capítulo 7 - É ela...


Fanfic / Fanfiction The Cursed Blood (O Sangue Amaldiçoado) - É ela...

[Mycaela]
 

Não foi fácil seguir os dias com eles.

Morávamos somente eu e minha mãe, ambas acostumadas com todo o alojamento só para nós, ou seja, com exceção de nossas conversas durante o jantar e antes de dormir, o silêncio que reinava de manhã e a tarde era constante e, acostumada com ele, foi um choque para mim ter, logo pelas seis e meia da manhã, correria no apartamento ao lado, ou de Nevra me tratando como seu pertence antes de sair de casa (mesmo com todas minhas tentativas de fazê-lo parar com isso; na verdade, elas pareciam deixá-lo ainda mais insistente). Ezarel, claro, não perdendo a oportunidade de criticar meu jeito "desarrumado" de ir para a escola (eu não ia de pijama, e isso já era mais do que o suficiente). E Valkyon... Apenas me desejava bom dia e acompanhava até a sala, combinando nossos possíveis horários para ele me "treinar".

Mas, após alguns dias, aquela rotina já tinha se tornado o meu novo "normal". Até Nevra deixar escapar para alguém que era meu vizinho, e toda minha tranquilidade saiu dos trilhos quando algumas meninas vieram até mim perguntando coisas pessoais dele e qual era nossa relação.

E aquilo, finalmente, conseguiu me tirar a paciência.

Bati á porta dos irmãos, repassando mentalmente várias vezes como falar aquilo com ele. Nevra sem dúvida gostava desse sucesso que fazia com as garotas, e eu temia aumentar ainda mais o ego dele ao contar aquilo. Mas a paz de meus dias estava em jogo, então eu teria que arriscar.

Por sorte ou azar, só havia Ezarel em casa.

Ele me analisou de cima abaixo, provavelmente incomodado com minha presença ali.

–Nevra...?

–Saiu. - cortou-me logo no começo da frase e já ia fechando a porta quando o mandei esperar.

Bufou e esperou que eu continuasse; foi quando reparei nas olheiras profundas, nos botões da camisa fechados desalinhados e o rabo-de-cavalo pendendo quase solto por um dos ombros.

–Você está bem? - perguntei mudando o assunto. Aquele não era o Ezarel excelente em todas as matérias, o que gostava de fazer piada das pessoas. Esse Ezarel parecia mais velho e maduro, cansado como se estivesse tratando de estratégias de guerra.

Ele balançou a cabeça afastando algum pensamento que o incomodava e seus olhos focaram em mim.

–É importante o que tem pra dizer á Nevra? Se for, pode entrar e esperar, é para ele voltar dentro de dez minutos.

Nem esperou pela resposta e entrou, o som de vários objetos - principalmente papéis - sendo jogados para um canto qualquer chegou até mim pela porta que permaneceu aberta. Após uns instantes de hesitação, acabei entrando.

Ezarel agia como se minha presença ali fosse indiferente, sem se importar enquanto eu o observava jogar algumas pastas e mapas de papel amarelado para fora do meu campo de visão e pegava sua mochila de escola, tirando de lá todos os cadernos e os espalhando pela mesa.

Ignorei, sentindo-me uma intrusa ali e apenas sentei no sofá, quieta enquanto ele abria os materiais e escrevia freneticamente no papel, provavelmente fazendo algum trabalho para o dia seguinte que eu deveria ter feito, mas optei por entregar atrasado. 


 

Acho que se passou tempo suficiente para eu ter contado todos os fios do tapete aos meus pés, e nem sinal de Nevra. Tanto que me custou lembrar o que eu tinha ido fazer ali.

Suspirei e, antes de levantar, olhei para Ezarel avisando que voltaria mais tarde, quando o flagrei já me observando de modo crítico, as mãos cruzadas em frente a boca.

Remexi-me incomodada, e antes que eu tivesse tempo de me recompor, ele pergunta:

–Por que está em silêncio?

Precisei parar e pensar, sem entender exatamente o que ele queria dizer com aquilo.

–Ahn... Quando estou fazendo algum dever não gosto de ser interrompida... - apontei para ele e os objetos escolares em sua frente - Então, evito fazer isso com outros.

Vi metade do cansaço desaparecer de seu rosto quando um meio sorriso cintilou para mim, pela primeira vez sem indício de zombação.

–É, eu também não.

Meu rosto corou involuntariamente e desviei o olhar quando ele levantou, dizendo já na cozinha que iria pegar algo para comermos.

Apressei-me em levantar, agradecendo, mas me despedindo, e fui até a porta, passando pela mesa onde ele estudava alguns momentos antes, e, como se atraídos, meus olhos espiaram as folhas, preenchidas com uma numa caligrafia elegante. Porém, meu cérebro pareceu ter parado de funcionar quando não reconheceu a língua em símbolos estranhos, uma mistura de hieróglifos com kanjis, as linhas finais daqueles desenhos prolongadas e fazendo leves curvas em direções diferentes, tornando aquela escrita mais uma obra de arte do que qualquer outra coisa.

–Espera! - ele pediu aparecendo e imediatamente me distanciei do caderno, decidindo deixar pra lá. Afinal, aquilo não era da minha conta.

Mas no mesmo instante, ao encará-lo, esqueci qualquer coisa estranha daquele momento. Apoiado curvado sobre o sofá, ponderando sobre o que iria me dizer, o cabelo azul ainda pendendo de lado, fazia meus dedos quase formigarem em vontade para ir até ele e tocar nos fios compridos. E eu esperava que o calor daquela sala viesse da temperatura da tarde lá fora, e não de sua camisa desalinhada e revelando parte dos músculos do peito.

Seus olhos fiscalizaram meu corpo, o rubor me voltando ao rosto e controlei o nervoso nas mãos enquanto o esperava continuar.

–Se importa se eu confirmar uma coisa?

Não tinha resposta para aquilo, e nem me preocupei em esconder a confusão. Apenas dei de ombros, esperando que ele continuasse, mas tudo o que ele fez foi fechar a distância entre nós dois.

Como se no piloto automático meu corpo reagiu, colocando-me alguns passos para trás até ser impedida pela parede com que choquei. Mas Ezarel não se importou com isso, seus olhos verde azulados continuaram vindo até mim. Me perguntei se fora de Nevra que ele tinha pego essa mania de me prender contra a parede, mas, diferentemente do irmão, seu olhar era curioso, talvez até cauteloso.

–O-o que foi? - consegui gaguejar num sussurro de voz quando ele finalmente estava a menos de cinco centímetros de mim.

–Não se mova. - murmurou para mim; e mesmo o obedecendo percebi que começara a vestir algo nas mãos.

–E-Ezarel...? - não sabia mais o que estava acontecendo, só sabia que estava se tornando difícil controlar as batidas do coração, e mais difícil ainda me impedir de tocar em sua face, ali, tão próxima.

Dois dedos de sua mão, agora coberta por uma luva branca, colocaram-se sob meu queixo e suavemente ergueu meu rosto, se aproximando até a ponta de nossos narizes se tocarem e seus olhos se estreitaram, as joias que pareciam compor suas íris me consumiram, deixando-me imobilizada, o sangue correndo absurdamente rápido pelas veias.

–É você... - ele murmurou depois de alguns instantes que me pareceram eternos, mas dessa vez algo parecia diferente. Senti desprezo em sua voz, e uma leve pontada aguda ressoou em mim por dentro - Não dá pra aceitar isso.

–Do que está falando?

Ele me deu as costas, arrancando as luvas branca das mãos e as jogando quase com raiva nos sofá, indo até o outro lado da sala e ficou lá, parado, a mente claramente á mil por hora.

–Ezarel, o que foi? Do que você...?

Ele puxou a franja do cabelo para trás, bufando, e a manteve presa com força entre os dedos, fazendo-me perguntar se aquilo não separaria os fios de sua cabeça.

As joias de seus olhos estavam frias quando me fitaram de lado, claramente irritado com algo que não parecia nem um pouco disposto a compartilhar.

Engoli em seco, retomando a compostura.

–Que seja; me avisa quando Nevra voltar. - falei no tom mais rude que pude e sai, quase batendo a porta atrás de mim.


 

[Ezarel] 

 

Corri e reorganizei os mapas sobre a mesa assim que ela foi embora, praguejando em todas as línguas que conhecia.

Nenhuma rota de fuga; toda a ilha estava cercada. Bati o punho na mesa e respirei fundo, tentando controlar não a frustração por mais um plano de guerra ter dado errado, mas sim a respiração fora do compasso por ter chegado tão perto dela. Porém, o mais irritante era aquele desejo de tocá-la que atrapalhava meus pensamentos.

–Droga... - murmurei curvado sobre a mesa, o cabelo caindo ao meu redor impedindo-me de ler algumas partes dos relatórios.

Tirei o emblema em metal verde-musgo do bolso da calça e o apertei nas mãos, deixando que um pouco de minha energia fluísse para ele até começar a cintilar e um chiado vir dele.

–O que houve? - a voz de Nevra saiu entrecortada.

Prendi de qualquer jeito o cabelo e passei os olhos rapidamente por um dos relatórios, garantindo que eu tinha lido-os certo.

–Você tinha razão, é ela. - admiti contra minha vontade e imediatamente larguei o emblema em cima da mesa, jogado junto daquela pilha de problemas.

Desabei sobre a cadeira, deixando a cabeça pender para trás.

–Viu meu trabalho, mãe?! - escutei Mikaela gritando de seu apartamento, mais uma vez atrás de uma lição que deveria ter feito e deixou para última hora.

Sorri ao imaginá-la revirando tudo, atrás da lição que não encontraria e no fim acabaria sem a nota. Como das outras duas vezes.

Mordi o lábio afastando a pergunta que me distraia mais do que o necessário: "Qual o gosto dos lábios dela?" Balancei a cabeça, e fui atrás do computador, afastando da memórias todas as vezes em que quase cheguei descobrir essa resposta. Se ela não fizesse aquele trabalho iria repetir em História.

Sentei-me em frente á tela do documento digital em branco e digitei o nome completo dela, junto da data e título do trabalho. Ver a surpresa e confusão nos seus olhos - falsamente - castanhos seria uma diversão em meio de toda aquela confusão do meu mundo.


Notas Finais


Espero que tenham gostado ♥ ♥


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...