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História The Dance Of Death: The Revenge. Frerard - Gerard


Escrita por: Saaad_Way

Capítulo 1 - Gerard


                                                        
    Quando as pessoas falam que já viram a morte, elas não estão se referindo exatamente ao quase-sono-eterno ou ver a partida de um ente querido. Elas estão se referindo a uma maldita puta.
     Porque quando você esta entre a linha da realidade e do mundo oposto, é como se fosse a morte preste a te dar o "beijo do amor verdadeiro", mas para a centímetros de distancia dos seus lábios e decide que é melhor estar com os seus milhares de "amantes" naquela noite e então resolve deixar você na dor agonizante do mundo. Porque essa não é a sua hora... E mesmo se você pular de um avião sem paraquedas, ela vai em busca de outras de outras bocas.

  E ela me traiu no momento em que eu mais necessitava. Ela me torturou e fez com que eu me sentisse o maior monte de merda nos meus últimos ofegos, porque sim ela é uma vadia desgraçada que nunca se entrega sem um bom preço.

   Donna foi a primeira a pagar um bom preço e conseguir sua "recompensa". Donald o segundo relutante aos seus encantos, mas não o bastante. 

  Em terceiro e desesperador... Eu.

  Mikey, sinto muito pelo seu preço ter sido tão alto. Eu tentei tanto... Eu sei que a viu dançando com mamãe e papai. Eu sei que você a viu sorrir quando aquele homem apareceu para mim. Eu sei que a viu levar o meu corpo e dar a minha alma a aquele homem de terno e sapatos impecáveis. E sei que você ficou sozinho até ela voltar para finalmente te dar à vez de dançar. 

Quando você está em um lugar cheio de gritos e soluços com o tempo você perde a sua sanidade... Mas você não tem sentimentos e isso se resume em uma grande fumaça negra. Essa foi a minha aparência durante vinte e um anos. O tempo de vida enquanto humano e o tempo em "vida" enquanto monstro. 

  Porque quando se está no inferno e tudo oque suas lembranças e sentidos gritão é vingança, você recebe uma maldita pergunta.
"Posso te ajudar?"  

  Sim eu precisava de ajuda e eu aceitei com um único pensamento em mente. Vingança. 
  E assim passei os últimos vinte anos matando/torturando e vendendo almas de pessoas infelizes ou insanos que chegavam até aqui.

  Nos primeiros anos, enquanto eu ainda era um demônio em treinamento, eu só pensava no que me trouxe até aqui. Mas com o passar do tempo, eu esqueci como é sentir dor ou como é amar, e eu sei que essa coisa ainda está no ar, mas apenas não há mais sentimentos, apenas a vontade. É tão insano.

  Eu queria a minha vida de volta, mas não poderia te-la. A única coisa que ainda fazia com que alguma emoção fosse arrancada de mim era o alívio em saber que nem um deles tiveram o mesmo destino que o meu. Alem da morte, claro.

  As minhas lembranças de momentos felizes eram quase nulas, até porque eu não tinha tempo para pensar. É como se fosse um trabalho-quase-eterno ou alguma merda que fode com a sua mente.

  Eu apenas me lembrava de Michael sorrindo, correndo, gritando... Chorando se machucando e por ultimo morrendo. Isso é uma total merda. Eu me lembro de ser uma pessoa boa, mas eu não me lembro de ser feliz.
 Alguns demônios se divertiam com a morte e o desespero, mas como eu disse; É insano. Eu só não poderia falar que estava me divertindo.

  Enfim... Finalmente chegou o dia em que eu poderia sair do inferno e começar a possuir pessoas e esses tipos de merda na terra. No começo eu estava apenas em teste, com mais alguns demônios novos nesse tipo de experiência.

  A primeira cidade que nós passamos, bem... Foi um desastre. Carros dentro de lagos. Um massacre em uma festa punk. Mulheres dando a luz a crianças com deficiência e algumas mortas. Bizarro.
Talvez tenha sido culpa minhas sobre as crianças... Ou não. Eu não sabia que o meu destino seria um hospital. Não exatamente... A porra.

  Nós recebemos ordens e regras. É estranho pra cacete, nós apenas sabemos oque temos que fazer e aonde devemos ir. Naquela mesma semana de experiência eu descobri que não era igual aos outros demônios (Tá antes eu já sabia que massacres e caos não trazia emoções, mas também era como se não tivesse diferença). 

   O desempenho dos novatos tinham sido meio embaraços. Os fracos e os que não aprenderam a se controlar naquele tempo, voltaram para o inferno como "abutres". Eles teriam que buscar almas cujo prazo já teria esgotado.

   E teve alguns como o eu (que no caso foi um numero muito pequeno); Já sabíamos nos controlar, os nossos poderes, e como confundir a mente humana. Os que causaram os maiores desastre, (como o que eu causei) é sinal de força maior. Então nos já poderíamos viver em terra possuindo infelizes por aí. Mas eu não queria viver em outro corpo e também sabia que não poderia trazer o meu de volta... Não sozinho.

  Por que... Que graça teria se eu fosse atrás dos desgraçados que acabaram com a minha família sem um rosto familiar para mostrar a eles?

  Eu passei meses dentro de um velho alcoólatra, não que eu pegasse o mais infeliz, só não faz diferença. Eu estava à procura de bruxos ou alguma merda de livros e rituais que pudessem me ajudar. Mas por meses nada. Fui a varias cidades, bibliotecas e até algumas fazendas antigas. E finalmente encontrar uma bruxa ao sul de Nova Jersey.

 Na porra de uma floresta.

 O corpo do velho já estava começando a entrar em um estranho estado de decomposição. Na noite em que o possui ele não durou nem um minuto, mas nós conseguimos fazer com que o corpo permaneça em seu estado normal por um longo prazo. Alguns humanos sobrevivem, com algum demônio-zé-ninguém ou um curto período de tempo. Força maior, estrago maior.

  Chegando mais perto da cabana de madeira caindo aos pedaços, eu vejo que é uma armadilha para humanos. Por mais que a aparência da cabana seja pequena, ela é imensa pelo lado de dentro. Eu não conseguia ver muito bem o lado de dentro, mas os traços estavam bem visíveis de corredores e cômodos subterrâneos. O quintal em volta da cabana era uma total devastação; buracos, ganchos, laminas e vidros distribuídos por uma boa parte ou no chão ou em arvores. Okay, tentador pra caralho.

   - Acredito que você não esteja perdido. – Uma voz feminina um tato infantil soa bem atrás de mim. A porra. Quando me viro para traz vejo que era uma criança. Ou tava com a aparência de uma. Eu ergui uma sobrancelha falando um tanto quanto desafiador "Acredito que também não esteja". – Acho mais divertido falar com os urubus. Demônios não são bem vindos aqui. –Ela trincou os dentes e cruzou os braços. A garota/bruxa era muito baixa. Ela tinha longos cabelos negros, esse que chegava até seu quadril, sua pele era tão pálida que chegava a dar uma leve ilusão de cinza. Ela estava usando um vestido que ia até os seus joelhos; amarelo esfarrapado e sujo, com algumas machas negras. 

   - Porque não consigo ver a sua verdadeira aparência?- Eu pergunto confuso, pois se aquilo fosse um feitiço, eu conseguiria ver através dele e bem a única coisa que eu via era aquela criança.

   -Vai me dizer oque quer? Ou vai esperar até que eu destrua esse corpo?- Ela estava olhando nos meus olhos (não exatamente era o do velho).

  -Preciso de algo, trouxe algumas coisas em troca. – Eu estava me referindo a algumas almas que eu consegui ao longo dos meses. Não qualquer uma, e sim de mulheres grávidas. Mesmo sendo apenas três, para bruxos uma apenas era um grande valor. Algo sobre conseguir mais "carne fresca" como elas chamavam bebês/crianças ainda pequenos. Ela levantou uma das sobrancelhas e fez um gesto com a mão para continuar. – Preciso do meu corpo de volta.

  -Você está falando da sua forma humana original?- Eu senti em afirmação com a cabeça. Ela se abaixou e tirou do meio dos seus dedos descalços do pé oque pareceu ser um pequeno osso de pássaro e começou a vira-lo de um lado para o outro na palma da mão. – Almas de grávidas? – Perguntou se aproximando de mim, ao que eu tirava os pertences (uma pulseira de ouro, um sapatinho de bebe, e um lenço) que continham as almas. – Vocês são tão imprevisíveis. – Falou sarcástica. Ela as pegou e colocou (junto com o ossinho) dentro do grande bolso que havia na frente do vestido. Como uma bolsa de canguru. – Considero isso como uma forma de confiar em você. Mas eu quero outra coisa...- Ela começou a falar com um sorriso nos lábios- Quero que você o traga até mim. – Ela se curvou um pouco e levantou a cabeça soltando um riso um infantil ao que o vento aumentou consideravelmente fazendo algumas folhas das arvores em volta vir em nossa direção. Eu estava com o cenho franzindo não entendendo a quem ela se referia. – Jersey. Você está no território dele e ele não gosta de demônios. – Jersey? A besta da floresta. Então aquela coisa existe?

  -A desculpe, mas ele não deixou nem uma placa de aviso. – Deixei meus olhos ganhar toda a coloração verde musgo. Ao contrario dos outros demônios de olhos vermelhos ou negros os meus eram verdes-musgo. Eu estava tentando ver a sua verdadeira forma, pois não confiava nem um pouco em bruxas, e vendo a sua forma eu poderia acha-la mais fácil caso não trouxesse o meu corpo. - Como você quer que eu o pegue? Demônios não fazem milagres. 

  -Urubus também são mais inteligentes. – Ela olhou em volta, ao que um pequeno redemoinho de folhas passou entre nós. Eu estava começando a sentir uma presença se aproximando, de vagar, mas imensa. – Eu não quero que você o pegue. Você trará ele até mim. Não precisa procura-lo ele já está vindo atrás de você.

- Me mostre sua verdadeira forma primeiro. – Eu cruzei meus braços e esperei.

- Eu ainda tenho a minha forma humana. – Ela ergueu as duas mãos as analisando, como se confirmasse oque ela mesma dissera. – Tenho doze anos. Mas se não acredita em mim, o meu nome é Merga Bien. E também preciso saber se o seu corpo não foi cremado.

- Nome inspirador. – Helena foi contra transformar em pó qualquer um dos corpos. Eu fiquei a observando até a sua morte. Porra aquilo foi chato pra caralho. Eu não consegui senti absolutamente nada quando ela se foi. Eu queria tanto poder ficar em um lugar onde ninguém me alcançaria e chorar, mesmo sendo apenas aquela nuvem negra. – Não os meus restos ainda estão no cemitério. – Meus restos? Legal ouvir isso sair da minha própria boca-não-minha. 

- Okay eu trago o seu corpo de volta. Agora o leve para dentro do poço. – Merga fala antes de sair correndo e subir em um pinheiro feito um macaco. Bizarro. E... A porra!

Jersey já estava no meu campo de visão. Sua forma... Aliás, suas formas de animais estavam se balançando de um lado para o outro em uma corrida até mim. Nada legal ter uma besta vindo em sua direção. Casos de cabra, a porra de um par de asas-morcego-gigante e a cabeça de cavalo com chifres escroto.

 Eu olhei ao redor procurando o poço e vi um pequeno caminho de pedras que davam para a lateral da cabana, cogitei ser o caminho para o poço. Fui andando apressadamente até aquela parte da casa. Jersey já estava alguns metros de distancia, parando de correr agora andando em minha direção. Ele percebeu que eu não iria sair correndo e continuou se aproximando. Quando eu estava a alguns passos do poço para e me viro para ele deixando o verde musgo tomar todo o espaço dos meus-olhos-e-de-um-velho-morto novamente. Ele me analisou andando de um lado para o outro em uma linha reta, sem fazer menção de se aproximar. Estava começando a achar que Michael se assustou com um nada quando eu havia contado a historia da besta para ele.

  A entrada do poço era grande e o mesmo parecia abandonado. Eu estava parado observando o vento carregado de folhas e galhos de arvores que ele estava mandando em minha direção, até que vi uma pedra ao meu lado. Eu abaixei e peguei a pedra, não tão pequena, mas cobria a palma-da-mão-temporariamente-minha e a joguei com força em Jersey, acertando um dos seus chifres. Bingo. 

  A merda eu teria que pular dentro do poço, se eu quisesse que a besta entrasse. É as coisas vai ser assim mesmo. Jersey estava rosnando alto em um som extremamente bizarro. Com de um cavalo bufando e um rosnado de cachorro, mas era alto e grosso. Fiz a tampa do poço voar para longe e me joguei no poço, quando olhei para as paredes de pedra do mesmo, vi varias escritas como de uma gaiola e não tinha exatamente final, pois sentia somente um vacu espaço e mais nada. E ah, acima de mim Jersey estava caindo também. Me concentrei e apareci na borda do poço, vi que em uma de suas bordas da entrada estava uma parte faltando, cogitei ser por onde a besta passou. Merga estava sentada com as pernas para o lado de dentro do poço as balançando de um lado para o outro e sorrindo.

- Porque você quer prende-lo? – Perguntei agora olhando para dentro do poço/gaiola ouvindo apenas alguns estranhos zumbidos. 

-Minha mãe teve trigêmeas de um humano. Ela me deixou viva para aprender a seguir seus passos. Matei minhas irmãs em rituais que ela mesma organizava, mas ela estava ficando velha e precisava de um novo corpo, os feitiços não estavam mais dando certo. Então eu sabia que era a única solução. – Ela fez uma pausa, erguendo o seu olhar para mim e continuou. -Então a matei antes que fizesse algo comigo. Nós tínhamos um gato, mas ele fugiu, acho que Jersey o comeu. O corpo de mamãe foi uma boa isca para eu poder vê-lo. Sabe ele não vem muito nessa parte da floresta então fica difícil pra pegá-lo. 

- Então você só queria um novo bichinho de estimação. – Eu disse rolando os olhos. Bem normal uma garota de doze anos querer um bichinho de estimação, okay legal... Exceto por ser a porra de uma besta. – Agora o meu corpo.

  Após eu e ela aparecemos no cemitério em que os meus ossos se encontravam, eu os recolhi e os coloquei dentro de uma bolsa de lã que Merga trouxera. A vinte e um anos atrás eu teria derramado o meu bom e velho café forte quente na cabeça do babaca que falasse que um dia eu recolheria os meus próprios ossos. Caralho isso é tão bizarro. 

  Quando nós voltamos para a cabana, ela me avisou que iria demorar em torno de algumas semanas até que eu possa ter o meu corpo. Durante esse tempo eu aproveitei para pegar (roubar) algumas que eu precisaria para me misturar entre os humanos; acessórios, roupas, e grana... Talvez alguns cartões de credito...

  Marge me alertou sobre as minhas "limitações" de varias coisas que podem fazer o meu corpo explodir em mil pedacinhos caso eu fizesse. Ou para que não ter o estado de decomposição, algo como eu me acostumar com o meu próprio corpo. Então coisas como sair do meu corpo para possuir outros ou saber exatamente oque se passa a cabeça das pessoas, estavam totalmente fora de cogitação.
  Já estava na terceira semana do ritual-meu-corpo-de-volta quando Merga finalmente me avisou estar pronto. Ela me levou até uma parte da cabana onde avia uma porta e um minúsculo cômodo, como se fosse um armário. As paredes eram todas pretas e escuras, não avia luz em nenhuma parte da cabana. 

  - Entre. – Ela me deu passagem para que eu entrasse dentro do mesmo. Eu estava com uma grande mochila nas costas com as coisas que eu tinha "conseguido" durante as três semanas. – Você terá que sair desse corpo agora e coloque isso dentro da mochila. – Ela me entregou um pequeno boneco de pano e oque pareceu ser um pó fino por dentro do mesmo para mate-lo cheio. - São os seus ossos. Eu não cremei tudo exatamente, acho que apenas um ou dois estão inteiros. Esse boneco literalmente vai virar o seu corpo. – Merga começou a se balançar animadamente de um lado para o outro em seus calcanhares.

 - Mas eu não vou voltar dentro da mochila se eu o colocar lá dentro?- Falo franzindo o cenho. 

  - Não. É só uma forma de fazer você e a mochila aparecerem no mesmo lugar. –Ela olha para o boneco abrindo um sorriso malicioso nos lábios. –A não ser que você queira da uma de Adão e andar peladão por aí. – Okay, garotas bruxas-macabras não são uma coisa "sedutora".

 - Como assim "aparecer" no mesmo lugar?- Pergunto fazendo aspas com os dois dedos no ar. 

 - Você não achou que iria entrar aí e sair todo humano novamente? A claro que pensou. –Ela debochou e cutucou com o indicador o boneco-restos-mortais. –Você vai aparecer onde a sua mente mais desejar, ou perto disso. Apenas se concentre. Talvez fique desacordado durante algumas horas, ou dias. Agora vá logo antes que você termine de destruir esse corpo, eu preciso alimentar Jersey. -Eu coloquei o boneco-restos-mortais meio esmagado dentro da mochila a colocando em um quanto daquele cômodo. Me virei para Merga e sai do corpo do velho entrando no boneco. Depois disso nada, apenas a escuridão.

   Quando eu acordo estou em um quintal, cujo eu não faço ideia de quem seja. A grama estava alta, mal cuidada e com alguns moveis velhos espalhados pelo mesmo. Todos estavam quebrados ou tinham peças faltando. 
Eu me levantei da grama morta, e comecei a andar desviando das tranqueiras pelo caminho. Eu estava sem nem uma roupa e só percebi isso quando senti o vento aumentar e bater nas minhas partes baixas.
Era ótimo estar no meu corpo de vinte e um anos novamente.
  Eu estiquei minhas mãos abrindo e fechando as mesmas, as analisando. Fiz isso com braços meus dedos dos pés e até dei uma pequena virada conferindo minhas nádegas. Pele pálida como sempre, meus cabelos estavam curtos e eu acreditava ainda estarem brancos. 

 Um pouco idiota... Okay, mas quando se é apenas fumaça por vinte e um anos, você ficaria feliz só de ter uma unha.
 E... Não, eu não estava analisando o meu pênis e vendo se estava tudo bem ali embaixo.        

  Quanto já havia passado pelos entulhos, eu vi a minha mochila jogada perto da entrada de uma casa. Ela era grande, mesmo sendo de único andar, parecia uma construção recente, mas a sua cor era um tanto quanto esquisita, uma mistura de cinza com marrom. A casa estava vazia, mas não abandonada. 
  Peguei a mochila começando a procurar roupas pela mesma. Optando por uma camiseta preta sem estampa, uma calça de jeans escura e mais folgada, o all star preto e o casaco da mesma cor. Eu deveria ter apenas uns três ou quatro aparelhos de roupas diferentes. Eu não fazia ideia por onde começar... Talvez estudar um pouco mais a vida de cada um dos seis desgraçados. 

    Eu sabia que cada um deles ainda estavam vivos. O tempo que passei no inferno eu consegui algumas informações de cada um deles. Dois deles estavam presos; foram pegos durante a fuga tentando atravessar a fronteira com Nova Iorque. Os outros quatros que não levaram a culpa, e conseguiram escapar permaneceram em Nova Jersey.
  Fiquei tentando me lembrar em que lugar eu pensei, se que eu tinha feito, pois aquele esse terreno não pereceu nem um pouco familiar. Dou a volta na casa e paro enfrente ao portão da mesma, agora reconhecendo onde eu fui para.

    É realmente conhecia muito bem essa rua, pois era a rua em que eu morava e... Porra minha casa!
Ela estava exatamente a o outro lado da rua. Mas... A merda. Um caminhão de mudança estava estacionado na frente da mesma.  
    Fico olhando por alguns minutos para o caminhão que parece ter chegado agora, alguns homens saiam do mesmo o descarregando; caixas, moves e mais caixas. 
Okay, sem casa. Nada legal. 
O sol já estava começando a se por, mas os postes de luzes da rua já estavam todos ligados. Penso em ir até algum das queles homens e perguntar quem está se mudando para a casa, mas logo descarto a ideia preferindo ver com os meus próprios olhos. Lembro-me do canteiro de rosas de Donna, este que era bem afastado da entrada da casa um pouco mais ao fundo, e lá apareço. 
A grande casa de dois andares.
Eu estava no quintal dos fundos, de baixo do velho pé figueira que eu e Mikey insistimos para Donald não corta-lo quando havíamos se mudado. Assim que comecei a observa o lugar que começara a escurecer, percebi o quanto as coisas tinham mudado, mas ainda sim, continuado do mesmo jeito.     

  O mato estava alto, as plantas, e flores que um dia existiu em alguns pontos não sobraram nada alem de alguns espinhos e novas plantas, que para mim pareceu serem venenosas.
  Quando eu olhei para a entrada dos fundos da casa eu vi que ela ainda estava da mesma cor, mas a mesma estava despencando das paredes. O que um dia foi a cor branca, agora tinha um tom cinza e algumas manchas em varias partes. As janelas estavam com os vidros trocados, mas sujos em alguns pontos. Passando meu olhar pela varanda lateral da mesma vi que a porta de madeira pesada ainda era a mesma. Mas não percebi somente a varanda e a porta, e sim quem abrira a porta.
  A luz da mesma estava apagada, a única luz que saia vinha da porta aberta.
 O piso estava muito sujo, igualmente a os três pequenos laces de escadas que levava para o quintal.
 O que eu identifiquei como apenas um garoto de estatura baixa, passou pela porta e foi em direção aos lances de escadas e com o tênis tentando tirar dali o que pareceu um ninho de pássaro abandonado, para assim poder se sentar no primeiro lance da escada.
  Ele vagou os olhos pelo quintal a sua volta, mas pareceu não ter me notado na escuridão. Encolheu seus joelhos e os abraçou por um tempo e enterrou sua cabeça entre eles ficando assim por longos minutos. 
  Achando um lugar para me sentar na raiz da grande arvore e me deixo esparramar pelo local.
  Quando voltei a olhar para o garoto, vi que o mesmo estava com um cigarro na boca, pronto para acendê-lo.

 Ao que ele leva o isqueiro para a ponta do cigarro eu o apago. Rindo do garoto que começa a ficar frustrado por não conseguir acender o mesmo, sempre que eu apago a chama do isqueiro. Ele colocou a mão em uma forma de bloquear o vento para conseguir manter a chama acessa, mas o que ele pareceu não ter notado que não havia nem uma brisa no momento.

  Quando vejo outra pessoa se aproximando na porta, eu deixo a chama aceder, pois eu senti que a mulher que agora estava parada na porta, com os braços cruzados estava com as energias um tanto quanto agitadas ao ver o garoto com o cigarro aceso.
 
 - Frank!- A mulher chama a atenção do garoto que a ignora, mas ela continua quase aos gritos. – Quantas vezes eu já te falei que não quero ver você com essa merda na boca! Anthony é melhor você me escutar!
  
  - Me deixa em paz. – Ele disse em um sussurro, mas para mim ainda era palavras bem auditivas. Já não era assim para a mulher que achou estar sendo ignorada e voltou a falar dessa vez tentando ser um pouco mais contida, em um tom de voz baixo, como se sentisse cansada. 

  - Vem entre. Vá tomar seu banho, vou pedir pizza de tofu. Okay?- Não ouve resposta o garoto, digo Frank, passou direto por ela passando pela porta feito um furacão. A mulher baixou a cabeça e suspirou pesado. Eu estava muito longe, mas sim eu podia ver o seu rosto. Mesmo antes não tendo me concentrado para ver o do garoto, eu poderia ter o feito.
Ela tinha olhos castanhos claros e seus cabelos também eram castanhos e brancos em alguns pontos. Ela também era baixa, um pouco menor que o garoto. Ela estava em um momento difícil. 
  Acho que eu só percebi agora, pois eu ainda tenho que me acostumar a minha forma humana. Acho que ela meio que desacelera o processo...
Mas tudo tem um preço. E esse é o por querer voltar à antiga forma humana. 
  

  Voltando dos meus devaneios, resolvo dar uma volta na casa, a rodeando desde a frente até encontrar a parte de traz novamente. A parte da frente estava um pouco mais acabada do que eu imaginei. Tinha algumas pichações em vermelho nas paredes. Coisas de adolescentes satânicos. Perto da entrada, uma cruz invertida para baixo. Do lado direito perto a uma das quatros janelas da frente, uma estrela também invertida para baixo. No segundo andar, perto das trepadeiras secas e cheias de espinhos, havia alguns ossos de passarinho mortos pendurados por um dos galhos. 

  Achei foda pra caralho ver a minha casa parecendo um cenário de um filme de terror (apesar de ter sido...). Mas eu ainda queria arrancar as bolas dos babacas que fizeram isso.
O portão também era o mesmo. Um enorme portão preto de ferro, esse que não sofreu nem um dano. Um carro simples estava estacionado do lado de dentro do quintal. Não achei que tivesse mais alguém na casa, pois as únicas presenças que eu sentia eram do garoto e a mulher. 
  Andando para a lateral esquerda da casa, veja a entrada do porão. A mesma estava com muita terra por cima, um ser humano nem mesmo perceberia que ali havia uma porta. Passando esse ponto e chegando onde mais eu ansiava, olhei para cima. A janela do meu quarto. Ela ficava na parte mais escura do quintal, pois as luzes dos postes das frentes e as lamparinas que ainda sobraram no lugar não dava iluminação. E mais um dos motivos por eu ter escolhido aquele cômodo, era que as casas ao lado e a rua não podiam enxerga-lo. E claro era um ótimo ponto para eu sair sem ser notado. 
 

    A trepadeira na quela parte ainda estava lá, um pouco mais resistente que a da frente, mas ainda sim morta. Ela continha duas camadas de galhos cecos e espinhosos, fazendo um tipo de formato que pudesse escalar (exatamente como a separei para crescer), mesma acaba no chão (antes eram uns bons noventa centímetros).

Caminhei até ela e toquei dando vida a ela novamente, aos poucos os espinhos iriam cair e ficariam apenas as raízes/galhos/folhas em um verde escuro e intenso, provavelmente até a parte da manha seguinte.
Quando voltei meus olhos para a janela do quarto, vi que as luzes estavam acesas. Senti a presença do garoto lá. 
Tentando acalmar um pouco meus ânimos, com a ideia de outra pessoa lá, voltei minha atenção à porta do porão. E lá estou eu, montes de entulhos, alguns brinquedos velhos, tralhas, mofo e poeira, muita poeira.

Andei um pouco e encontrei algumas coisas de trabalho de Donald, a velha maquina de costura de Donna e por ultimo... Nossos brinquedos. Meu e de Michael. 
Não estavam todos lá, apenas o urso pirata dele e um bonequinho soldado meu. Mas foi o suficiente para que a lembrança de nós dois, nos divertindo com eles voltasse a minha mente, mesmo depois de tanto tempo se passou eu nunca poderia me esquecer.
   Helena deve ter mandado retirarem tudo da casa. E sim ela o fez. Eu sentia apenas aqueles objetos e poucas plantas/moveis/utensílios que um dia foi da família Way.
   Acho que o porão agora era o meu segundo lugar preferido nessa casa. 
subindo as escadas e chegando até a porta que eu ainda acreditava que ainda poderia ser de pequeno armário no corredor entre a cozinha e a sala. Aporta estava trancada. Quando toquei na maçaneta, pensando no armário, apareço no corredor enfrente ao mesmo. 

  Rodando em meus calcanhares caminho até a cozinha. O local está um pouco diferente, as paredes do lado de dentro da mesma já foram pintadas, o que antes era cheio de papeis de parede floridos que Donna insistia em espalhar por todo o cômodo, agora era apenas uma tinta em um tom azul safira.
   Já tinha uma mesa com quatro lugares nomeio do cômodo algumas caixas espalhadas pelo chão e plástico.
  Voltei para o corredor a fim de passar pela sala, a mesma também estava cheia de caixas pelo chão e na mesinha de centro. As paredes da sala ganharam um branco gritante.
   
     Quando olhei para cima vi que ainda mantiveram o mesmo lustre, o mesmo estava com algumas lâmpadas quebradas. O sofá marrom estava com um plástico transparente no mesmo.  A casa toda no andar de baixo estava escura. Subi os degraus da escada, a fim de chegar ao segundo andar de onde vinha uma pequena fresta de luz.

Todas as paredes do corredor estavam da mesma cor que a sala. A luz do corredor que levava aos quartos estava acesa. Ao passar pelas portas que um dia foram de Donald e Donna, e Mikey, chego a ultima porta do corredor. A porta do meu quarto (ou que um dia foi). Sem mais delongas me concentro e entro no mesmo, aparecendo de frente a um armário montado pela metade (tinha algumas gavetas espalhadas perto do mesmo). 
  Olhei em volta focando na nova cor das paredes do quarto, que ganharam o branco berrante, mas ao chegar à parede que contem a janela, a parede está da cor azul safira. É vai ser bem difícil me acostumar com a nova "moda". 

  Ainda o preferia como era antes, cheios de pôster de banda da época ou com meus desenhos, estes que enchiam a parede do chão até o teto, mal deixando espaço para as cores da parede.

  Voltando dos meus devaneios, vejo que tem muitas caixas espalhadas pelo cômodo, algumas até empilhadas. A luz do banheiro estava acesa e a porta aberta, mas não tinha ninguém lá dentro, pois Frank estava todo esparramado na cama e de bunda pra lua. Seus pés estavam quase saindo da cama, ele estava deitado de uma maneira que mesmo sendo pequeno, ocupava quase toda a pequena cama de casal. Este estava com os fones de ouvido e o aparelho na mão, mas o mesmo se encontrava dormindo com a cara fechada. 
  Fiquei me perguntando como o garoto mesmo que dormindo ainda consegue fazer birra. 
  Parando de secar a bunda do menor, volto minha atenção ao criado mudo. Este que se encontrava com um abajur, alguns remédios encima e papeis embaixo de cada um deles.
 Nos papeis estavam rabiscado em uma letra garranchosa os horários e as quantidades.       

 Fui em direção a uma das caixas que estava assinalada "xoIero" e toquei na mesma, assim fiz em quase todas as caixas,objetos, papeis. Até que encontrei uma case. Ela era simples e comum, mas quando eu toquei na mesma, vi que além de estar com uma guitarra dentro, ela carregava uma grande carga energia emocional; Tristeza, decepção, raiva...Alegria e esperança. 

  Quando eu retirei meus dedos da case vi que os mesmos (indicador e o maior) estavam com marcas vermelhas brilhantes e estavam ardendo. O toque havia durado menos que dois segundos, mas meus dedos ainda estavam daquele jeito, como se estivessem queimando. Chacoalhei minha mão de um lado para o outro, tentando fazer com que parasse. Sem perceber acabo trompando o meu braço em uma caixa, fazendo a mesma ir de encontro com o chão em um baque alto. No começo não me importei muito, pois meus dedos estavam voltando ao normal, até claro um grito me assustar.

 - Caralho!- Frank estava de pé na cama com o abajur em mãos voltado em minha direção, como modo de se proteger. – Quem é você?- Ele estava com os olhos arregalados e meio estático. 

Pensei por alguns instantes em apenas desaparecer, mas logo descartei essa ideia.

 -Hã... Desculpe. Eu achei não tivesse ninguém morando nessa casa. – Faço a minha melhor voz de desentendido. Talvez essa desculpa tenha sido mesmo uma merda. E ele estava começado a tremer. Eu achei que ele pudesse ter um ataque a qualquer momento, então continuei- Eu vim aqui há alguns anos atrás e achei que ainda estava vazia. Serio calma. 

 - É ela não está mais. - Ele falou sarcástico. - Como você entrou aqui?- Ele falava muito rápido, talvez pelo nervosismo. Frank continuou apontando o abajur em minha direção, tentando me intimidar ou alguma coisa do tipo. Serio um abajur? Se eu fosse mesmo um ladrão teria certeza que ele estaria fodido.

 -Pela janela. – Apontei pra mesma. Ele se aproximou de mim, saltando da cama e vindo em minha direção, segurando a sua "arma" com as duas mãos de uma forma ameaçadora (ou tentando parecer).

  - Ela é muito alta pra você ter conseguido subi-la. Oque você quer? – Frank meio que me olhou de baixo para cima me analisando e franzindo o cenho. Ignorei o fato de ele estar falando do meu peso. Ele estava a cinco passos de distancia de mim. Eu já tava cogitando em fazer o garoto voltar a dormir, mas algo em mim insistia em deixar ver aonde tudo isso iria dar. 

 - Bem, se você não percebeu a casa inteira esta cheia de trepadeiras pelo lado de fora. E tem uma bem resistente do lado da sua janela. - Frank estava com os olhos estreitos, tentando me ver melhor, já que eu estava em uma parte que a luz do banheiro não chegava.
  
   - Acho que você conhece mais dessa merda do que eu. – Ele falou em um sussurro auditivo apenas para ele. Mas para mim pareceu bem claro. Apertei meus lábios. Eu estava me segurando para não o fazer perder a língua. Ele caminhou até a janela onde uma pequena fresta da luz da lua entrava meio que conferindo o que eu dissera.
 
  Quando a mesma iluminou seu rosto, a primeira coisa que me foquei foi nos seus grandes e arredondados olhos. Era uma mistura de verde-lima com castanho claro. Suas sobrancelhas finas bem delineadas. Nariz pequeno. Seus lábios eram finos e avermelhados, e este se encontrava um piercing no lado esquerdo do inferiorSeus cabelos eram negros e caiam até os ombros fazendo com que sua pele levemente bronzeada fizesse um contraste incrível.
Ele se virou pra mim ao que eu me encontrava ao seu lado na janela.

  - Bem, já que você conseguiu entra acho que pode sair não?- Ele falou mal humorado dando um sorriso irônico e erguendo as sobrancelhas. – Não confio em desconhecidos, principalmente quando eles invadem seu quarto. 

  - Sou Gerard. – Estendi minha mão em sua direção fingindo não ter o escutado. Ele cruzou os braços quase fazendo um bico e respondeu um "Frank" quase rosnado olhando para a vista fora da janela (que era apenas o mato e sombra). – Então Frank, como posso me desculpar com você?

 Ele me olhou meio alarmado. Ele olhou meu rosto pela primeira vez naquela noite... E meio que travo...? Ele abria a boca e fechava como se tentasse falar algo, mas ainda estava perdido de mais em seus devaneios. Ele continuou assim por um bom tempo. Achei que ele iria começar a babar ou ficar assim pra sempre. Pera. Ele tava respirando certo?

  - Cara eu não vou pagar um boquete pra você, pode para de babar. – Eu disse em um tom serio e sarcástico, mas logo começando a rir baixo ao que ele me olhou alarmado como se eu fosse um louco mental ou alguma merda do tipo. E ele ainda estava tentando formular palavras, mas desistiu e começou a xingar mesmo. Então eu continuei em um tom mais descontraído ignorando a parte do meu cérebro que achava que ele estava decepcionado. – Essas caixas no seu quarto... Você se mudou hoje certo?- Ele assentiu com a cabeça um pouco baixa, mas não era o suficiente para que eu não visse suas bochechas vermelhas, o que me fez abrir um imenso sorriso. Talvez eu conseguisse a confiança do garoto... Apenas não sei ao certo, só quero tentar..? - Então amanhã cedo eu volto pra te ajudar com elas. Oque acha?

 Ele deu de ombros erguendo o olhar pra mim, logo depois concordando.
  
  - Até amanhã Frankie. -Usei um tom de voz doce vendo-o abrir um pequeno sorriso sem os dentes. Subi a janela e passei pelo buraco médio da mesma. Segurei-me em um galho da trepadeira, vendo que a mesma já estava com uma boa parte verde. Olhei para cima, me certificando de que Frank não estava olhando, mas ainda sentindo sua presença de pé muito próxima a janela. Então apenas não tendo o trabalho de descer pelos galhos, vou diretamente para o chão e começo a caminhar para a parte de frente da casa, sentindo os olhos de Frank me acompanharem. 


Notas Finais


Olá! Então, essa fanfic não vai ser retomada tão cedo ou talvez nem mesmo continue. Foi a minha primeira tentativa de uma fanfic longa, o enredo todo pronto, mas com passar do tempo fui me interessando em outros projetos. O capitulo é literalmente uma introdução sobre o que seria abortado no decorrer da historia.


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