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História The Darksouls - There is not enough


Escrita por: thelonelyheart

Notas do Autor


Capítulo novooooooooo!
Espero que gostem!

Capítulo 35 - There is not enough


Fanfic / Fanfiction The Darksouls - There is not enough

Quando abri os olhos, minha cabeça latejava. Minha boca estava seca e demorei um pouco em retomar a total consciência. Minha vista estava turva, mas obriguei-me a piscar forte consecutivamente, enquanto erguia minha cabeça para visualizar o cômodo que eu estava.

As paredes eram escuras, o que contribuía para a má iluminação da sala. Haviam máquinas circundando todo o local, mas eu não sabia identificar o que elas faziam; eram cheias de botões, luzes, telas, mas eram o sinônimo de um enigma para mim. Eu estava sentada, as mãos e pés amarrados. Não sentia-me fraca, mas impotente.

— E ela finalmente acordou! — uma voz feminina ressoou pelos meus ouvidos, brevemente. Semicerrei os olhos, não escondendo uma careta de dor enquanto minha cabeça parecia ser esmagada de tanto que latejava. Mesmo assim, obriguei-me a procurar a dona da voz, encontrando, ao fundo do cômodo, encostada na parede, uma garota alta e de cabelos claros, presos em um rabo de cavalo alto. — Achei que não iria acordar tão cedo.

— Posso saber onde estou? — perguntei, ainda encarando o cômodo com interesse.

— Desculpe — ela balançou a cabeça, caminhando em minha direção. — Não tenho permissão de responder nenhuma de suas perguntas; você vai ter que esperar Suzane — ela deu de ombros, sorridente.

— Quem é ela?

Parecendo esperar o momento certo, as portas metálicas abriram-se, rangendo violentamente, denunciando o quão antigo e velho era aquele lugar. Uma garota entrou em uma expressão de superioridade enquanto caminhava em uma linha reta em minha direção. As portas fecharam-se automaticamente. Não contive o impulso de levantar meus braços, tentando escapar das amarras que prendiam-me.

— Você deve ser a Suzane — murmurei, sorrindo cinicamente.

A morena olhou-me de sobrancelhas arqueadas, mas retribuiu meu sorriso na mesma intensidade, no mesmo significado.

— É um prazer finalmente conhecê-la, Grace.

— Sinto muito não poder dizer o mesmo.

A garota de cabelos loiros afastou-se, como se quisesse deixar-nos a sós, mesmo que apenas limitasse-se ir para o fundo do cômodo. Ela também parecia temer a garota de cabelos escuros em minha frente.

— Será que você poderia me dizer onde estou? — repeti minha pergunta, entortando minha cabeça enquanto mantinha minha postura mais firme.

— Você está num dos nossos esconderijos — ela encolheu os ombros. — Especificamente, o esconderijo dos rebeldes do Sul. Desculpe-me, adoraria levar vocês para um lugar melhor, mas obtivemos alguns contratempos.

— Nem quero imaginar quais foram.

— Eles têm razão — Suzane deu-me um sorriso, como se estivesse satisfeita, como se tivesse acabado de descobrir um enigma. — Você é realmente durona.

Minhas costas pinicaram. Mexi-me, desconfortável, mas tentei ser sutil o suficiente para que a garota não percebesse. Infelizmente, ela percebeu.

— Também gostaria de me desculpar pelo tiro — seu sorriso desmanchou, tomando lugar a uma expressão de indiferença. — Meu pessoal não sabe ser muito sútil.

— Eu já percebi isso — resmunguei. — O que vocês querem comigo?

— Relaxe, Grace. Não iremos mandar você para nenhuma jornada heroica — debochou, dando um passo para trás, passando a caminhar pelo cômodo. — Mas acredito que se você está aqui, é porque pode ser útil para nós.

Dei-lhe uma risada de descrença, balançando minha cabeça. Meu gesto foi o suficiente para Suzane suspirar fundo, continuando a caminhar pela sala. Enquanto isso, eu remexia meus pulsos, pensando em alguma possibilidade de ir embora. De escapar daqui. E então, as portas rangeram novamente, revelando um garoto de tamanho mediano e forte.

— Os prisioneiros já acordaram, e já começaram a me tirar do sério — ele revirou os olhos, caminhando diretamente em direção de Suzane. Diferente da loira, o garoto não parecia temer à morena. — Eles sabem que você está com ela — murmurou. — E eles não são o único.

— Quando vocês dizem “ela” vocês estão se referindo à mim? — perguntei em um tom alto, fazendo com que a dupla encarasse-me. O garoto tão pouco parecia ter notado minha presença.

Suzane revirou os olhos, virando-se para o garoto com uma expressão entediada. A garota girou seus calcanhares, virando-se para mim.

— Seus amigos estão aqui — a garota anunciou. — Talvez não todos, mas se eles sabem o seu nome você conhece eles — ela semicerrou os olhos para mim. Meu maxilar trincou e eu fiz menção de mexer-me, mas as amarras agarraram-me, impedindo-me. Suzane riu. — Não se preocupe, eles estão bem.

— Até o seu namorado — o garoto completou. — Mesmo que ele seja o que está mais tirando-me do sério.

— Vocês não vão fazer nada com eles — rosnei, minhas mãos fechando-se em punhos.

— Não está nos nossos planos — Suzane deu de ombros. — Mas eu realmente espero que eles não façam nada estúpido — a garota deu-me um sorriso doentio, conseguindo arrepiar todo o meu corpo. — Então torça para que eles se comportem e não façam nada heroico.

Quando não retruquei mais nada, os olhos de Suzane correram em direção à loira, encolhida no canto do cômodo, receosa de ser notada.

— Pode mandar o Portman entrar.

A garota hesitou por alguns segundos, mas ao ver a expressão firme da garota, apenas respirou fundo, balançando a cabeça em concordância. Seus passos foram calmos em direção as portas, que abriram-se quase automaticamente. De soslaio, vi o garoto segurar o braço de Suzane.

— Você acha que essa é uma boa ideia?

— Confia em mim, Tyler — a morena sorriu para o garoto. — A sua líder sabe muito bem o que faz.

Franzi meu cenho, mas não obtive muitos segundos livres para perguntar qualquer coisa, visto que não demorou muito para as portas abrirem-se novamente, a garota loira voltando e, dessa vez, com Jake atrás dela, as mãos socadas no bolso da calça jeans, uma expressão preocupada vestindo seu rosto.

Todos os meus pensamentos dissiparam-se.

Meu irmão mais novo fitou-me, e como se estivesse tendo a mesma reação que eu, ele parou de caminhar, quase como se não esperasse ver-me ali, naquele momento. Naquela situação. Mantivemos em silêncio, mas não demorou muito tempo para Suzane fazer questão de quebra-lo com sua voz irritante, forte e alta.

— Imagino que vocês vão querer um tempo a sós — debochou. — Essa coisa de irmãos.

Ela não esperou que afirmássemos ou negássemos o comentário. A porta rangeu mais uma vez e enquanto eles saíam, Suzane estralou os dedos e as amarras dos meus pulsos e pernas soltaram.

— Eu sempre adorei uma briga de irmãos — ouvi-a comentar antes das portas fecharem-se novamente.

Apressei-me em levantar, esticando minhas pernas e torcendo meus pulsos. E então, meus olhos correram para Jake. Eu queria abraça-lo, queria apertar suas bochechas e dizer o quanto tinha sentido sua falta, o quanto estava feliz de vê-lo ali. Porém, uma raiva maior tomou conta do meu corpo, como se eu tivesse acabado de ter recebido uma facada em minhas costas.

Jake mantinha-se inexpressivo em minha frente, sem saber o que dizer. Dei alguns passos em sua direção, e o garoto não escondeu o seu receio, como se eu pudesse fazer alguma coisa. Quase soltei uma risada debochada. Meu irmão mais novo sempre teve conhecimento sobre o meu temperamento. Posicionada em frente ao garoto, minha primeira atitude foi levar minhas mãos até o seu casaco e puxá-lo para trás, revelando a regata que meu irmão usava. Em seu braço direito, como eu imaginava, estava a tatuagem. Meus dedos correram para o desenho, onde a letra “O” estava vermelha. Afastei rapidamente, como se manter-me perto daquela tatuagem fosse perigoso.

— O que você está fazendo aqui? — foi a primeira pergunta que conseguiu escapar dos meus lábios.

— Eu não sabia que ia te encontrar ali — ele murmurou. — Quando você sumiu, eu tentei te procurar mas... — um suspiro fundo escapou dos seus lábios, incapaz de continuar a frase. Comprimi meus lábios, sabendo exatamente do que ele estava falando. Eu teria passado pela mesma coisa.

— O que você está fazendo com eles, Jake? — reformulei minha pergunta. — Eu não acredito que você é um deles — murmurei.

— E o que você estava fazendo na Central? Fez uma pausa para tomar um café? — retrucou, debochadamente.

— Eu fui pega! — não controlei-me, falando mais alto que o habitual. — Que escolha eu poderia ter?

— Você poderia ter fugido! — meu irmão retrucou. Mesmo com a diferença de idade, Jake era mais alto do que eu, o que obrigava-me a ficar na ponta dos pés para que nossos rostos ficassem frente a frente. — Você poderia muito bem ter encontrado um jeito de fugir!

— E você? — dei-lhe uma risada cínica. — Ninguém colocou uma arma na sua cabeça obrigando que você fizesse essa tatuagem! Que você se juntasse a eles! — apontei para o garoto, meu dedo afundando contra seu peito.

— Era o único jeito de sobreviver — ele respirou fundo. — Era você que conseguia dinheiro, lembra? Você poderia se teletransportar e roubar qualquer coisa! O que eu poderia fazer? Colocar fogo nos bancos — meu irmão fechou os olhos, passando as mãos pelos cabelos, frustrado. — No dia do ataque, eu estava ajudando os rebeldes. Quando terminou, eles pediram-me para acompanha-los — quando abriu os olhos, encontrar dor nos olhos do meu irmão caçula quebrou meu coração em diversos pedaços. — Eles me ofereceram abrigo, comida e segurança.

— Em troca dos seus poderes — sussurrei, fechando os olhos. — Foi a mesma coisa lá.

— Eu não tive escolha, Grace — Jake aproximou-se de mim. — E, sinceramente, eu prefiro estar com eles do que dentro da Central.

Mordi meu lábio inferior, não sabendo o que dizer, perdendo minhas próprias forças para continuar aquela briga. Para estender aquela discussão, porque com toda a certeza eu tinha muito mais coisas para jogar na cara do meu irmão mais novo. Eu estava irritada, mas, no fundo, eu conseguia compreende-lo.

— Estou feliz que você esteja vivo — sussurrei.

— Digo o mesmo — ele sorriu fraco.

— Mas, agora precisamos dar um jeito de fugir daqui — contornei o corpo do garoto, passando a olhar por todos os lados do cômodo, questionando-me internamente do porquê Suzane ter me soltado. O que ela esperava? Que eu atacasse meu irmão?

— O quê?

— Deve existir algum jeito de fugirmos — murmurei, encarando as maquinas, como se elas pudessem dar-me alguma resposta. — Preciso saber onde eles estão para podermos sair daqui. Podemos tentar ataca-los quando eles voltarem e...

— Eu não vou embora, Grace.

Virei-me.

— O que você quer dizer com isso?

— Eu quero continuar aqui, Grace — o garoto disse firme. — Eu não vou fugir.

— Você me disse que só está aqui porque não tinha escolha — encarei-o, voltando a caminhar em sua direção, completamente desacreditada. Eu tinha acabado de receber outra facada em minhas costas.

— No início — encolheu os ombros. — Mas, eu gosto de estar aqui. Eles me apoiaram do jeito que eu sou e me ajudaram a controlar meus poderes — o garoto ousou dar um sorriso fraco. — Eu fiz algumas amizades e... — ele parou de falar ao notar minha expressão de descrença. — O que você espera que vai acontecer se eu fugir com você, Grace? Que vamos felizes e sorridentes para a Central? Que eu vou treinar e me encontrar ali?

— E o que você quer? Que eu me junte a vocês? — soltei uma risada sarcástica.

— Eu não posso ir para a Central, Grace — o garoto murmurou. — Muito menos abandonar minha facção.

— Eles não vão fazer nenhum mal para você lá, eu não vou deixar — murmurei. — Nem Drake.

— Eu soube que ele está lá — Jake deu de ombros, indiferente. Eu não teria sido a única de guardar rancor do que Drake teria feito. — Não acredito que você perdoou ele.

— Eu não podia passar o resto da minha vida guardando rancor — semicerrei os olhos para Jake. — Porque, querendo ou não, gostando ou não, ele é nossa família!

— Você está tão diferente — meu irmão mais novo deu um passo para trás, balançando a cabeça em forma de descrença, quase desgosto. — Aposto que você fez amiguinhos e até mesmo tem um namorado lá

— Quer saber, Jake? — dei um passo em direção ao meu irmão. — Sim. Eu fiz amigos na Central e “até mesmo tenho um namorado” — fiz aspas com os dedos. — Que a propósito, vocês também sequestraram! Porque quer saber, Portman? — dei mais um passo. — Porque eu me encontrei na Central. Porque, mesmo que eu estivesse desesperada e que Drake e eu tivéssemos iniciado uma busca por você, eu não vou mentir: Eu gosto de fazer parte da Central! Porque lá eu aprendi a ser quem eu sou, eu aprendi a ser uma pessoa melhor!

Quando meu irmão caçula abriu a boca, ameaçando dizer algo, as portas metálicas rangeram atrás de nós.

— Acabou-se o tempo, queridos — Suzane adentrou, a garota loira e Tyler logo atrás, como fiéis súditos. Não segurei revirar meus olhos. — Prendam-na novamente.

Cogitei a ideia de lutar contra. De pular em cima de Suzane e tentar ataca-la e, talvez se obtivesse êxito, conseguiria lidar com os outros dois. Porém, todas as minhas possíveis ideias foram dissipadas quando meu corpo foi lançado contra a cadeira. Os olhos escuros e frios da líder focaram-se nos meus por alguns minutos, enquanto sentia meus pulsos e pernas sendo presos novamente. A garota parecia tentar encontrar algum vestígio de medo em meu olhar, de pavor, de receio. Infelizmente para Suzane, ela não encontraria esse olhar tão cedo.

— Agora que as coisas foram resolvidas — seu sorriso debochado era nítido em seu rosto, o que fez-me bufar. — Podemos mudar o tópico dessa reunião.

Limitei-me a fazer uma breve mesura com a cabeça, com indiferença.

— Infelizmente, apesar de ter adorado te conhecer, eu não posso te contar todos os nossos planos, Grace — a garota falou cinicamente. — Afinal de contas, não é algo muito relevante no momento.

Ela começou a caminhar pela pequena sala. Tyler, a garota loira e meu irmão mantinham-se relativamente distantes, atentos ao que a garota ia dizer. Era possível perceber que eles esperavam pelas palavras de Suzane tanto quanto eu, como se a garota fosse imprevisível demais.

Não duvidei que fosse.

— Você sabe como nós funcionamos, não é? — ela virou-se para mim, sorrindo. Um sorriso que demonstrava orgulho. Como amasse fazer parte de tudo isso. — Somos divididos em quatro facções e cada uma é extremamente regrada — explicou. — Todos nós servimos a um único líder, mas cada facção possuí o seu próprio líder — seu corpo tomou uma postura e imaginei o que viria segundos depois: — Eu sou a líder da facção Oeste.

Lancei um olhar para Jake, lembrando-me de sua tatuagem que teria invadido meu campo de visão minutos atrás.

— Sim, eu sou a líder do seu irmão — a garota riu. — E também sou a líder de Tyler e de Genevieve — apontou para os outros dois. — Aliás, o mínimo que você precisa saber é que o Oeste foi responsável pela invasão no seu precioso prédio — seu sorriso atingiu um tom doentio, que não surpreendia-me mais. — Apenas para você ter ideia do quão poderosos podemos ser quando queremos.

Comprimi minha boca, reprimindo um comentário debochado que insistia em querer escapar dos meus lábios. Suzane caminhou até um dos armários e abriu-o, passando alguns poucos segundos fitando-o. Aproveitei o momento para fitar Jake, que já encarava-me. Eu esperava alguma reação dele. Qualquer mínima reação do meu irmão mais novo que pudesse ajudar-me, dar-me qualquer dica de como escapar dali. Todavia, não ganhei mais que o vazio da expressão de Jake, mesclada a um silencioso pedido de desculpas.

— Passamos anos planejando nossos ataques e mais alguns aninhos tentando descobrir as melhores formas de fazer isso — a voz firme e ríspida da garota invadiu novamente meus ouvidos. — E por isso, criamos algumas belezinhas que você já conheceu.

— Aqueles monstros? — arqueei a sobrancelha.

— Exatamente — ela sorriu. — Fico feliz que você tenha tido a oportunidade de conhece-lo — o tom da garota enojava-me, assim como a maneira com que ela falava sobre as coisas, como se fossem nada. — Eles foram resultado de um trabalho duro e sacrifício de alguns rebeldes, principalmente do Leste — deu de ombros. — Você já deve ter ouvido do quanto eles dão trabalho para nós.

— Eu era uma órfã, não uma rebelde — murmurei. — Eu não sei nada sobre vocês.

— Cada facção é muito independente, Grace — ela começou e, pela primeira vez desde que teria começado seu monólogo, o tom de Suzane atingiu a normalidade. — Porém, ao mesmo tempo, somos muito dependentes uma das outras. Precisamos das informações e as invenções do Norte, os armamentos do Sul. Somos como uma família.

— E o Leste é a ovelha-negra da família? — debochei.

— Quase isso — assentiu. — De qualquer forma, os monstros foram criados por cima de um ser humano — ela sorriu novamente, doentiamente. — Você entende o que quero dizer com isso? — a garota deu um passo em minha direção. — Estou querendo dizer que pegamos um rebelde do Leste, retiramos partes do seu corpo para substituir por aquelas camadas grossas de pele. Retiramos parte da sua consciência, deixando-o focado apenas em matar vocês e colocamos uma espada envenenada na mão deles.

Meus batimentos cardíacos reduziram. Tudo ocorria em câmera lenta. Minhas pernas tremeram e meus olhos demonstravam apenas o puro nojo, a pura descrença. As imagens do dia em que fomos invadidos retomou a minha mente. A espada em minhas mãos atravessando o corpo o monstro. Os olhos desesperados que enxerguei antes de tudo dissolver em pó.

— Vocês são monstros — sussurrei.

— Fazemos sacrifícios, Portman — seu rosto estava próximo do meu. — Atire a primeira pedra quem nunca fez isso.

Semicerrei os olhos para ela, tentando sustentar o olhar da garota. Porém, os olhos sérios e o sorriso doentio, mesclado as memórias que insistiam em rondar minha mente, fez com que eu abaixasse o olhar, arrancando de Suzane uma gargalhada.

— Temos muito mais desse gênero — felizmente, a garota afastou-se. — Aliás, temos um experimento que recém concluímos e eu adoraria mostrar para você.

Franzi meu cenho enquanto observava a garota retirar do bolso da sua calça um pequeno tubo de ensaio. Ela mostrou-me, sorridente. Os três adolescentes prenderam a respiração.

— Suzane... — Tyler sussurrou.

— Foi feita uma pesquisa sobre o vírus que nos atacou — o tom de Suzane aumentou, como se fingisse que não teria ouvido o garoto. — Como o vírus modificava nosso corpo e como nosso corpo reagia — seus olhos estavam fixos no tubo de ensaio. — Graças a um grande prodígio, foi descoberto que cada vírus se manifesta de um jeito e é por isso que cada Darksouls possuí um poder diferente — sorriu. — Às vezes dá o mesmo poder, mas claro, somos rodeados de poderes diferentes.

— Suzane... — foi a vez de Genevieve sussurrar.

— Vou te livrar das informações científicas e chatas, Grace — a garota voltou a se aproximar-se de mim. Eu estava confusa, mas mantive uma expressão de indiferença. A expressão que eu mais sabia forjar. — Basicamente, um Darksoul não possuí dois poderes, porque o vírus só se manifesta uma vez — uma pequena pausa. — Mas, e se colocássemos o vírus novamente dentro do organismo de um Darksoul?

— O que você quer dizer com isso? — perguntei, arqueando a sobrancelha. — Um Darksoul com dois poderes diferentes? — não escondi meu tom de surpresa e confusão. — Como se ter apenas um não fizesse estragos suficiente — resmunguei.

— Você ainda não aprendeu, Grace? — Suzane entortou a cabeça, fitando-me. — Não existe “o suficiente” para o ser-humano.

— Suzane, o que você vai fazer? — Tyler manifestou-se, seu tom saindo mais alto do que anteriormente. O garoto arriscou aproximar-se da morena, que meramente fitou-o.

— Sabe, Grace, isso não foi muito testado — a garota ignorou o garoto, apesar de não mover-se e apenas virar-se em minha direção novamente. — E como não é nada confirmado, não obtivemos muitos voluntários — ela deu um passo em minha direção. — Então, o que você acha — seu corpo parou em frente ao meu. — De se voluntariar?

— Não, obrigada — sorri, debochadamente.

— Foi uma pergunta retórica.

E então, a garota retirou, do seu outro bolso, uma seringa.

— Suzane, lembre-se do que Kylie disse — Jake manifestou-se, mas a garota completamente ignorou-os. Eu ainda sentia-me confusa e, ao mesmo tempo, sentia a verdade cair duramente em meus ombros. Todos estavam assustados, receosos. Suzane, todavia, parecia decidida. — Não sabemos se isso realmente funciona e você sabe o quão arriscado é testar isso em alguém.

— Por isso que usamos prisioneiros, querido — ela sussurrou, mas alto o suficiente para que eu pudesse ouvi-la.

Senti um pânico invadir meu corpo.

— Você é louca?! — não sabia distinguir se meu tom saía em forma de pergunta ou de afirmação. — Você acha que isso magicamente vai me trazer outro poder?

— Testar é de graça. E, aparentemente, morrer também.

Enquanto Suzane passava o líquido do vírus para a seringa, as portas rangeram, revelando um garoto relativamente baixo. Ele parecia ser mais jovem do que Tyler e Suzane, por exemplo. Porém, quando fitaram-no, todos pareciam conhece-lo.

— O que você está fazendo aqui, Mason? — Jake perguntou, surpreso.

— Ótimo! — Suzane sorriu animada, fazendo um rápido gesto para o novo garoto que aproximava-se do grupo. — Você chamou o seu namorado para conhecer a sua irmã.

— O quê? — Mason parecia confuso. — Eu vim chamar Tyler — porém, ele virou-se para o meu irmão caçula. — Ela é a sua irmã?

— É uma pena que vocês irão se conhecer neste momento — a morena deu de ombros, a seringa já preparada.

Naquele momento, senti o pânico invadir meu corpo, transbordando em forma de uma fútil tentativa de fuga. Eu mexia-me descontroladamente, tentando, de alguma forma, afastar Suzane de mim. Simultaneamente, os adolescentes ali tentavam convencer a líder que era uma má ideia, mas nenhum deles parecia ter o poder o suficiente para impedi-la de fato. De alguma forma, eles tinham o dever de servi-la.

— Tyler, segure o braço dela.

— Suzane, eu acho que isso é uma má...

— Você não irá querer me desobedecer, Tyler — ela semicerrou os olhos para o garoto, que apenas respirou fundo, parando ao meu lado e segurando meu braço, mantendo-o imóvel, apesar do resto do meu corpo manter-se agitado, desesperado.

— Jake! — gritei, involuntariamente, meu olhar lançando um silencioso pedido de ajuda.

Meu irmão fitou-me, uma expressão de dor preenchendo o seu rosto. Mason segurou sua mão, entrelaçando seus dedos em uma tentativa de confortá-lo.

— Devo confessar que eu não sei qual poder irá se manifestar em seu corpo — Suzane murmurou enquanto passava o polegar pelo meu braço. — Mas, vamos torcer para ser um poder muito legal — debochou e senti a seringa furando minha pele.

Mordi meu lábio inferior, suprimindo um grito de dor. A região ardia, e então senti todo o meu corpo reagir da mesma intensidade, como se eu estivesse em chamas. Eu quase podia sentir o vírus percorrendo meu corpo, da maneira mais rápida e dolorosa possível. Era como reduzir as semanas de agonia que teria passado anos atrás em apenas alguns minutos.

Fechei meus olhos enquanto sentia a seringa abandonar minha pele. Quando abri-os novamente, apenas Suzane estava em foco em meu campo de visão; os demais estavam espalhados pelos cantos da sala. Minha cabeça estava uma repleta confusão. Muitos pensamentos rodeavam e torturavam minha mente, e, ao mesmo tempo, tudo parecia uma enorme tela em branco. Eu não sabia com o que preenche-la. Apenas sentia uma dor que dissipava do meu corpo aos poucos e um ódio nascendo dento de mim.

— Quem criou isso? — perguntei em um sussurro.

— Como assim?

— Quem fez essas pesquisas? Quem teve essa geniosa ideia? — fitei Suzane em uma expressão de raiva. — Qual o nome dele?

— Ah, esse garoto era muito inteligente — suspirou. — Ele era o líder do Norte. Um grande líder, aliás — uma risadinha saiu de seus lábios.

— Eu só quero saber o nome — disse, ríspida.

— Só irei te dizer porque você fez um grande favor para nós — a morena sorriu. — Hamilton — anunciou, tão rápido quanto um tiro. — Porém, ele nunca gostou muito desse nome, então chamávamos ele pelo nome do meio. — ela fez uma rápida pausa. — Nash. Nash Grier.


Notas Finais


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