Trovão
Estava chovendo forte aquela noite, os raios faziam barulhos estrondosos e violentos como se o mundo fosse acabar em dilúvio outra vez. Eu estava com Selena no sofá enquanto assistíamos um seriado qualquer na televisão:
- Aff, podia pelo menos ter uma pipoca. - Ela resmungou.
- Como você é exigente - Indaguei - O programa de hoje é ficar em casa no sofá assistindo televisão. - A encaro sorrindo. - Não combinamos que teria pipoca.
- É que quando o seu namorado te chama pra assistir algo na casa dele - Ela revira o olho e me encara - Eu suponho que tenha pipoca.
- Pois é, mas eu ainda não sou seu namorado. - Rio e a beijo na bochecha.
- É verdade, ainda não namoramos. - Ela limpa o rosto. - Nada de beijos enquanto isso não acontece.
- A é? Não mesmo. - A agarro e começo a beija-la, ela tenta se esquivar, mas logo se rende, riamos como se fossemos realmente um casal feliz, pensei como a pediria em namoro.
A luz começa a piscar:
- Pronto, nossos jaja vão por água abaixo.
- Também, olha a chuva lá fora. - Ela olha para a janela. - Está caindo o mundo, não acha mais seguro tirar as coisas da tomada?
A luz apaga e então um breu toma conta de todo ambiente. Ligo a lanterna do celular ao mesmo tempo que Selena.
Ouço um barulho vindo do lado de fora da janela.
- O que foi isso? - Selena pergunta assustada.
- Não sei. - Me levanto e tento olhar pela janela. - Acho que não é nad... - Algo vem correndo em minha direção e quebra a janela, caindo em cima de mim e me encarando, era peludo e tinha olhos azuis brilhante, parecia um, não, devo estar maluco, mas realmente parecia um lobisomem. Ele olhou para Selena e começou a avançar, pegando-a pelo braço, encarando-a e urrando de raiva. Me levantei logo assim que ele a tocou:
- LOGAN, ME AJUDA! - Ela gritou, enquanto tentava se soltar.
Peguei um caco de vidro da janela quebrada e subi em cima das costas dele, o golpe-ei perto da costela. Ele rugiu de dor e jogou Selena na parede que ficou inconsciente na hora. Ele me puxou pelo braço direito e me arranhou.
Gritei, era uma dor insuportável, como se estivesse queimando a pele. Ele me jogou no chão e ficou parado por uns segundos, comecei a me arrastar para perto de Selena, ela estava respirando, o que era um bom sinal. Olhei para o monstro e ele me olhou de volta, seus olhos eram azuis vibrantes e brilhantes, vinha andando em minha direção:
- Se afasta de mim, VAI EMBORA! - Dizia com o caco na mão o ameaçando feri-lo.
Ele continuou avançando, olhei para meu machucado e ainda doía demais, sentia que estava prestes a desmaiar, meus olhos queriam fechar, mas continuei resistindo. O lobisomem começou a encolher, como se estivesse virando humano, por um momento podia ver o rosto de um garoto que me era bem familiar, não resisti e acabei desmaiando.
No dia seguinte.
Acordei no hospital em pânico perguntando por Selena, a enfermeira chega rapidamente no quarto:
- Calma. Calma.
Ela examinava meus olhos e meus sinais vitais, aparentemente estava tudo ok.
- Selena está bem, ok? Preciso examina-lo primeiro.
A enfermeira mechia no curativo que agora havia em meu braço, não doia mais e parecia bem menos pior do que eu me lembrava:
- Está quase cicatrizando, está ótimo. Bom, quer ver Selena?
Na hora me coloquei de pé e segui a moça até um quarto depois do meu. Lá estava ela, mais inteira do que eu:
- Foi um urso. Pelo menos foi o que a polícia disse.
- E você acredita neles? - Perguntei.
- Obvio que não. Eu sei o que eu vi. Aquilo era… - Dava pra perceber o medo em seu olhar. - Um lobisomem.
- Ele te feriu? - Procurava por sinais mas ela parecia bem. Sem curativos.
- Não, apenas me arremessou longe, apenas desloquei o braço mas já estou bem. E você?
Mostrava para ela meu braço direito.
- Arranhão.
- Sinto muito, Logan. - Ela dizia com pena, me dando um beijo de consolo.
Um médico entrava e então se sentava em sua mesa.
- Bom, os exames de vocês estão ok. Só peço que troque o curativo duas vezes por dia e lave bem com soro fisiológico. De resto, descansem e estão liberados.
Ele nos entregava um papel.
- Dipirona de 8 em 8 horas caso sintam dor. Podem ir para casa.
- Obrigado, doutor. - Olhava para Selena que dizia o mesmo. Ela levantava e íamos embora.
Algumas semanas depois.
A volta as aulas nunca era algo bom, odiava ter que acordar cedo e ainda ter que jogar no time de futebol apenas para garantir uma vaga numa universidade boa. Me levantava e via que estava atrasado. Tomava um banho e começava trocar o curativo, mas me assusto quando via que o ferimento simplesmente havia se curado sozinho. Tento entender por uns minutos e então dou de costas, estava atrasado e não poderia faltar o primeiro dia de aula. Pegava minhas coisas e entrava no carro levando algumas panquecas mal feitas de café da manhã pra comer no caminho. Parava na casa de Selena que me encarava furiosa.
- Sério, atrasado logo no primeiro dia? - Ela bufava.
- Calma, amor, eu vou rápido prometo.
Chegávamos na escola, Dylan estava na porta e pela primeira vez em meses eu o via novamente, saio do carro e vou correndo lhe dar um abraço.
- Cara, nunca mais suma assim, ta me entendendo? - Lhe dava um sermão.
- Longa história, talvez para outra hora. Soube o que aconteceu, seu braço esta ótimo pra quem foi atacado por um urso.
- Acho meio estranho, ainda tenho certeza que não era um…
Ele me interrompe.
- Selena, quanto tempo!
Ela o abraçar forte e logo lhe encara feio.
- Porque você sumiu o verão inteiro? Tínhamos marcado tantas coisas pra fazermos juntos. O que rolou??
Ele pigarreia e apenas abstrai a pergunta:
- Estamos atrasados, é melhor irmos.
…
Foi um dia cansativo de aula, minha cabeça estava explodindo e eu sentia como se estivesse com febre, fui a enfermaria mas a temperatura estava normal. Ia pra casa com Dylan e Selena como sempre fazíamos, deixava cada um em suas casas e ia pra minha. Mais um dia monótono em Hilltown. Depois de dar um beijo de despedida em Selena fico sozinho com Dylan:
- Bom, e ai? Você acha mesmo que foi um urso que nos atacou? Eles não costumam ser violentos assim. - Pergunto a Dylan.
Ele fica quieto, algo me dizia profundamente que ele sabia muito bem o que nos atacou àquela noite.
- Foi um urso, Logan. A policia investigou e todo mundo concordou que realmente pode ter sido apenas um desespero por comida. Para de pensar nisso. - Ele dizia e eu não acreditava em uma palavra que dizia.
Tirava o curativo e mostrava o ferimento totalmente curado, apenas com a cicatriz das garras.
- Um urso teria feito simplesmente um corte feio desaparecer do nada?
- Logan…
- E por onde andou suas férias inteiras? Eu te liguei e você não atendia. Seus pais diziam que você estava fora da cidade. Qual é Dylan, desde quando guardamos segredos?
Ele descia do carro, me olhava melancólico com um sorriso forçado.
- Até amanhã, Logan.
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