História The Day You Arrived - Blood

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Acordei nada disposta naquela manhã, não mesmo. Meu peito doía demais, e sentia muito incômodo para respirar às vezes.

Nas últimas semanas, eu tenho piorado bastante. As tosses se tornaram frequentes, assim como as dores no peito e a falta de apetite e de ar. Eu também havia emagrecido demais. Ainda bem que minha mãe tinha voltado de viagem e, apesar de quase um mês ou isso fora de casa, quando ela voltou, estava mais do meu lado e, agora, preocupada com minha saúde. Não cheguei contar a ela que tinha desmaiado na escola e dos vários acontecimentos com minha pessoa. Ainda não sentia total confiança nela, mesmo sendo minha mãe, vocês sabem o porquê.

Depois daquele dia, cada vez mais, ao longo da semana, eles acabaram esquecendo da situação, principalmente depois que o professor deu um basta nesse “bullying” que eu estava sofrendo quando o Jackson bateu de frente com Alex. Quase que eles foram suspensos.

Falando no Jackson, nós saímos de novo. Dessa vez, fomos num evento juntos e, logo depois, ele foi tentar, mais uma vez, a me ensinar a andar de skate. Já sabem que não deu certo né. E bem como Emma disse, parecíamos que estávamos ficando. Acho que para todo mundo que nos via, nós éramos um casal. Pra mim, isso ainda soa meio estranho.

Com Jack, as conversas ainda eram frequentes, e em alguns finais de semana, virávamos a noite conversando, mas na última semana, deixei tanto o twitter de lado por conta da semana de provas que quase não nos falamos. Isso doía um pouco também.

E foi antes dessa semana que, como disse, minha saúde piorou demais. Ainda bem que, agora na minha escola, as provas começavam às 7h30 e logo que acabasse-a, podia ir embora. O ruim é que eram duas provas ou mais por dia, mas não tinha do que reclamar: quanto mais por dia, mais rápido acabava.

Hoje seria a última delas. No dia seguinte, conselho e na sexta não teria aula. Que bom.

Levantei na cama, sentindo meu corpo pesar um pouco e fui tomar um banho morno para meu corpo relaxar um pouco e ver se aquela sensação passasse.

Terminei o banho, me arrumei, peguei minhas coisas e desci, me dirigindo à cozinha e sentando num dos bancos e apoiei meus braços no balcão. Logo minha mãe se virou pra mim e beijou minha testa.

– Bom dia filha.

– Bom dia.

– Está melhor?

– Acho que não... Meu peito tá doendo muito e to sentindo meu corpo pesar – ela se aproxima e coloca sua mão em minha testa.

– Está febril... Tem certeza que quer ir pra escola hoje? Você sabe que estou trabalhando esses dias só à tarde. Se quiser, você pode ficar e eu te levo no hospital e pego atestado.

– Hoje eu só tenho uma prova, a última, então eu vou sair mais cedo que nos outros dias. Você me busca e vamos.

– Tem certeza mesmo?

– Sim mãe.

– Então ta. Toma um café quente pra te aquecer um pouco e toma um remédio pra ver se essa dor passa.

– Ok então – fiz como pedido e, assim que terminei, coloquei meu moletom, peguei minhas coisas, me despedi e fui pra escola.

Como eu acordei um pouco tarde, cheguei lá quase na hora de começar a prova. Ao entrar, andei um pouco até encontra-lo junto com Harry, sentados numa das escadas conversando. Me aproximei e os cumprimentei. Outra coisa que eu não disse é que acabei me aproximando do Harry, que acabou virando meu amigo. Só não gostava dele porque, desde sempre, Emma gostava dele.

Assim que Harry nos deixou, nos aproximamos e ele me abraçou, me fazendo deitar a cabeça em seu ombro, em seguida, ele beijou minha cabeça e entrelaçou nossas mãos. A gente estava muito casalzinho esses dias mesmo.

– Bom dia meu bem.

– Bom dia girafa.

– Já falei pra você não me chamar assim formiga.

– A culpa não é minha que você é muito alto.

– Tá... Mas e ai, está melhor?

– Mais ou menos, hoje eu to com dor no peito.

– Já está na hora da senhorita ir num médico não acha?

– Eu vou hoje assim que acabar a prova. Eu só não fui antes porque minha mãe ta trabalhando, já te disse.

– Eu sei, é porque eu não gosto de te ver mal desse jeito.

– Não precisa ficar tão preocupado assim, eu vou melhorar tá? – disse segurando seu rosto com cuidado, logo beijando sua bochecha.

Depois de breves minutos, o sinal bate, avisando que devíamos ir para sala que iria começar a prova.

Chegamos lá e dirigimos as nossas carteiras. A prova era de matemática, fácil. Sempre fui boa em matemática e acabava as provas rápido. Nessa, durante ela, acabei tendo uma crise de tosse, e dessa vez, senti um gosto estranho na garganta, e tinha certeza que não era de vômito.

Terminei a prova, me levantei e entreguei a prova para o professor, e fiz um sinal pro Jackson avisando que eu estaria no corredor esperando ele.

Assim que sai da sala, fui para o banheiro. Percebi, ao olhar no espelho, que meus lábios estavam brancos e tinha um pouco de sangue no canto da mesma, assim como uns respingos que, só depois de olhar bem, estavam no moletom. Isso foi bem estranho, era a primeira vez que isso acontecia. Então peguei um papel e limpei minha boca, arrumei meu cabelo e sai do local, me dirigindo para o corredor, indo em direção ao bebedouro.

Só depois que bebi um pouco de água que eu vi Lindsay vir em minha direção bem rápida e logo me abraçando.

– Miiiiiiii!

– Oi meu amor – retribui o abraço.

– Você ta viva.

– Estou ue, porque a pergunta?

– Eu não tenho te visto nos últimos dias, então pensei que tinha acontecido algo.

– Doida. Eu vim todos os dias, você que não me viu.

– Sério?  Sua cabeça não está funcionando mesmo hein.

– Boba – ri – Mas e ai, qual era a resposta da 6? – sim, nos duas éramos do segundo ano, mas de turmas diferentes.

– Eu não lembro, acho que... – então eu começo a tossir novamente, dessa vez, minha garganta ardia toda e eu sentia algo nela. Curvei minhas costas e coloquei a mão na boca, apoiando a outra na parede. Estava doendo muito.

– Mi, ta tudo bem?

– S-sim... – mais uma vez eu volto a tossir, dessa vez parecia que ia vomitar e fecho os olhos.

Quando abro e tiro a mão da boca, vejo que a mesma estava com sangue e que o mesmo estava pingando pouco no chão.

– A-ai meu Deus... Mi, fica aqui que eu já volto, vou chamar alguém.

– T-ta, só não demora.

– Ok – então ela sai correndo em direção à secretaria.

Nessa hora, eu respirava bem ofegante e, a cada uma média de trinta a quarenta segundos, eu voltava a tossir. Quando eu já não tinha mais força nas pernas, eu cai de joelhos no chão em frente a pequena poça de sangue que tinha se formado ali. Minhas mãos já estavam bem manchadas de sangue, assim como meu moletom cinza. Meu favorito. Estava começando a demorar demais, e a cada segundo que passava, eu me sentia pior.

– Mirana?! – ouço alguém chamar meu nome em voz de desespero e quando consigo virar minha cabeça para o lado, vejo Jackson correr em minha direção o mais rápido que podia, logo se abaixando ao meu lado.

– J-Jacks... – volto a tossir, soltando ainda sangue.

– C-calma, vai ficar tudo bem... – ele tentava me acalmar, enquanto uma de suas mãos estava em minhas costas e a outra sobre minha mão que estava no meu peito – Vou pedir ajuda, espera aqui...

– N-não... – seguro sua mão – A Lindsay já foi. F-fica aqui comigo.

– Ta – ele começa acariciar minha mão e me consolar mais uma vez, enquanto eu tinha mais uma das crises de tosses que me faziam perder cada vez mais sangue, e aos poucos.

Em segundos, eu começo a ouvir algumas vozes e barulhos de câmeras tirando foto.

– Vejam só, até parece a Carrie a Estranha – disse Alex. Ela que estava fazendo isso com o pessoal junto? Eu não acreditava que ela, mais uma vez, iria fazer algo pra me prejudicar. Eu até diria algo, mas voltei a tossir.

– Alex, dá um tempo, por favor – disse Jackson.

– Agora o namoradinho vai te defender Mirana? – disse me dando um chute de leve nas costas, o me fez cair e me apoiar sobre as mãos, enquanto eu tossia mais sangue.

– Já chega disso Alex, você não está vendo que ela está passando mal? Queria ver se fosse você no lugar dela, onde ninguém ficasse do seu lado, que não tivesse essa gente toda do seu lado, que não passam de uns interesseiros. Queria ver se você passasse por tudo que ela passa e passou um dia pra ver se é legal ficar fazendo essas coisas com as pessoas. Não é só porque você tem dinheiro que é melhor que todo mundo. Dinheiro e bens materiais não definem caráter, e já está mais do que na hora de você entender isso.

– Hm – acho que, mais uma vez, a boca dela foi calada com sucesso. Nessa hora, pude ouvir os passos dela se afastar, assim como o do pessoal que estava junto com ela.

– O-obrigada...

– Eu não fiz nada demais, estava mais do que na hora de colocar aquela garota no lugar dela. Viro com dificuldade pra ele e sorrio, fraca.

– J-Jackson, e-eu... – antes de completar, volto a tossir, dessa vez não aguento e caio deitada em seu colo por conta da posição que ele me colocara.

– Mirana...

– Jacks... – eu, nessa altura, já não conseguia falar direito.

– Não force demais – dizia enquanto tentava me acalmar, acariciando meu rosto.

Eu também estava tentando, me manter acordada e, talvez, viva. Mas eu não estava conseguindo isso. Em certo momento, olhei-o e me fixei nele, até tudo em minha volta se tornar escuro.