Lá estava eu, de novo, sentada sozinha em um dos bancos de concreto isolada de todos os alunos que as vezes me encaravam famintos, como se eu fosse a caça esperada de semanas deles, aquela escola era diferente, por mais que o dia estivesse ensolarado, dentro daquela propriedade o céu era imediatamente coberto por nuvens, e hoje, em especial, estava um frio absurdo, tinha quase certeza que iria nevar, nunca senti sequer um momento de felicidade neste lugar, o tempo todo eu sinto tensão, raiva e entre outras emoções ruins. A todo momento em que estava sentada lá, eu me sentia observada, eu procurava o ser responsável pela aquela sensação mas nunca achava; faltando um minuto para o sinal tocar indicando o inicio da aulas do dia, sinto uma respiração em meu pescoço, mãos em meus ombros e alguém falando: "Bom dia meu anjo da noite.". Sem qualquer tensão, me viro levemente e vejo o habitante que apartir de hoje é de meus pesadelos, Oliver.
-Oque faz aqui?-Disse seca.
-Nada, só te atormentando.-Ele sorriu sádico e começou a enrolar uma mecha de meu cabelo em seu dedo indicador.
Me esquivei dele a continuar enrolar meu cabelo em seu dedo e me levantei indo em direção à sala na qual teríamos aula, ouvi ele gritar um "Você é muito chata" mas logo foi abafado pelo som estridente do sinal. Fui para a sala de química e me sentei no último par de cadeiras que haviam ali, me debruçei na mesa e apoiei a cabeça em meus braços fechando os olhos levemente e fiquei ouvindo os sons mais longes que minha audição captava. Julguei que a sala estaria cheia e o professor tivesse chegado, então abri os olhos e fiquei vendo o sermão que o professor faria por metade da sala estar em pé conversando alto; depois de alguns minutos, o professor começou a aula anunciando as duplas de laboratório. Um ser que não conhecia com outro pior e assim vai, até eu ouvir meu nome, levantei a cabeça para ouvir melhor quem seria minha dupla, quando ele falou quem seria minha dupla, eu quis vomitar naquele exato segundo, a sorte não está ao meu lado, mais uma vez, aquele ser que eu não suportava ficaria comigo, Oliver...
[…]
O dia passou mais lento que o normal, principalmente porque Oliver me seguia aonde quer que eu fosse, ele não parava de me atormentar, era horrível. Quando o período das aulas acabaram, eu queria bater palmas e começar a cantar "hallejulah" de Panic! At The Disco; esse dia, mamãe não estaria em casa, então, resolvi ir ao bosque atrás da escola, mas antes passei no starbucks e comprei um capuccino, já que o dia todo estava com um sono infernal. Quando saí do pequeno lugar ajeitado, percebi que alguns flocos de neve caiam sobre as ruas mortas da cidade que eu sequer sabia o nome, voltei a escola e durante o caminho, a neve foi caindo em maior quantidade e percebi que o chão todo estava branco e com pelo menos 2 centímetros de altura somente de neve. Enquanto andava pelo bosque, a neve continuava a cair e destacava os troncos escuros das grandes árvores nas qual eu passava entre; durante um tempo andando, eu comecei a ouvir, bem ao longe, uma música com a batida forte, fui seguindo o som e me deparei com uma enorme clareira com um tipo de galpão abandonado, as paredes de concreto cinza escuro, janelas quebradas e adolescentes fumando e bebendo do lado de fora, percebi uma enorme porta e foi quando comecei a reparar na letra da música "So lets just sing along! A little goddamn louder! To a happy song! And pretend its is all okay!", por completo impulso, entrei no lugar e vi um palco enorme com um demônio com voz de anjo cantando aquela linda música, Oliver. Ele estava gritando "a little fucking louder" enquanto todos os outros dançavam, fumavam, se drogavam e bebiam, quando Oliver parou, os olhos dele que misteriosamente estavam inteiramente pretos se encontraram com os meus e vi um sorriso surgir em seu rosto, fiquei vermelha, mas mesmo assim, continuei lá, ouvindo ele cantar com os olhos fixados em mim. Quando a música acabou, ele deixou o microfone no pedestal e pulou do palco, indo em minha direção, pensei em começar a andar pelo lugar tentando despistar ele, mas eu dei dois passos e senti alguém me puxar pelo braço me fazendo colar nossos corpos. Tentei me debater mas a pessoa que estava me segurando era mais forte, olhei pra cima e vi Oliver sorrindo olhando - com os olhos normais agora - em meus olhos.
-Que linda, veio aqui só pra me ver cantando-Ele disse sorrindo.
-Não vim não, não fazia ideia que você estivesse aqui, se eu soubesse, mandava exorcizar esse galpão.-eu disse isso e ele ficou com certo medo e então, depois de muito tempo, eu sorri com felicidade verdadeira.
-Ta ta, faça oque quiser, mas antes de tudo, você nunca me disse seu nome.-ele sorriu sádico de novo e um brilho estranho em seus olhos me deixavam com um pouco de medo.
-E nunca direi, todos falam que você não é nem um pouco confiável.-disse tentando me soltar de seu "abraço".
-Ahh, então é isso que andam falando de mim? Bom saber...-Ele deu um sorriso meio malicioso e eu imediatamente saí correndo daquele lugar que pra mim era o inferno.
Corri em direção à escola e quase chegando lá, eu caí no meio do caminho e eu ouvi uma risada debochada do inferno, olhei pra trás e vi Oliver de braços cruzados sorrindo, como ele chegou aqui tão rápido? Levantei e tentei correr, mas ele foi mais rápido e me segurou pelo braço.
-Por que vive fugindo de mim? Deveria é correr atrás de mim.
-Correr atrás de um babaca ignorante como você? Nunca, até no inferno nunca faria isso.-Disse tentando me soltar dele.
-É, parece que eu sou muito impregnante não é? Eu vou te deixar ir embora sã e salva, mas antes, que tal eu impregnar você por dias?-Ele disse e me beijou, tentei o empurrar-lo, mas o meu corpo não queria rejeita-lo. Quando ele nos separou, ele me soltou e eu fiquei estática por alguns segundos, mas logo a ficha caiu e eu voltei a correr em direção à minha casa. Cheguei, tranquei-a inteira e fui pro meu quarto e me joguei na cama, que porra está acontecendo?
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