História The Devil's Pact - Capítulo II

Acordei.

   Lembranças da noite passada passavam por minha mente como breves flashes, me trazendo momentos quentes com a demônio, talvez os mais quentes que já tive.

   Abri os olhos devagar para me acostumar com a claridade do local, me deparando com um teto familiar, no caso, o que eu via todos os dias ao acordar. Olhei o lugar em volta e me surpreendi ao realmente estar em meu quarto.

   Busquei meu celular em meu criado mudo voltando a fechar os olhos e bati minha mão em algo parecido com uma caixa com um papel em cima. Trouxe o papel até meu rosto e abrindo apenas um dos meus olhos para saber do que se tratava, descobrindo um bilhete com caligrafia impecável.

  Sophia,

Cuide bem do seu presente, até uma próxima!

~Amada

  Me levantei bruscamente, pegando a caixa de presente em minha mãos, a balançando e logo em seguida a abrindo. Dentro dela havia uma simples carteira branca. Soltei uma exclamação baixa. A animação tomava conta de todo meu corpo.

  Não via a hora de poder testá-la.

  Alcancei meu celular que se encontrava do lado da caixa para me informar das horas. No visor os números 13:00 estavam em destaque, junto com 5 notificações de despertador perdido.

   - Droga, perdi o horário de novo!

  Me levantei da cama sem a menor vontade e me dirigi para a cozinha, que obviamente se encontrava vazia. Meu irmão estaria na escola e minha mãe no trabalho, mas o café que já se encontrava gelado ainda estava em cima da mesa a minha espera.

  Peguei a primeira caneca que apareceu em minha frente e enchi metade de leite e metade de café, o colocando no microondas para esquentar e em seguida me perdendo em meus próprios pensamentos.

  Ainda não tinha raciocinado bem sobre o que tinha acontecido, mas minha alma estaria condenada para sempre agora. Não teria outra opção para mim além de apodrecer no inferno, junto com todas as almas que eu terei levado para lá, apenas por minha satisfação pessoal.

   Minha vaga já estava separada. Talvez uma vaga especial para a que levou centenas de almas para o inferno, ou talvez um dos piores lugares para que o pecado de levar essa almas seja pago.

   Pelo lado bom, eu nunca mais teria que me procurar por estar pecando, a minha única preocupação no momento era de como customizar aquela carteira sem graça e não de como começar a adorar Deus para poder ir para o céu.

  O barulho do microondas mostrando meu leite pronto me voltou a realidade. Eu peguei minha caneca e me dirigi a mesa, deixando ela no local e indo pegar minha carteira e uma caneta no meu quarto, voltando para beber o líquido quente logo em seguida. Eu olhei para a carteira em minha mãos esperando para ser desenhada e quando fui pensar sobre o que desenhar meu nome veio em minha cabeça. Meu nome em todos os alfabetos possíveis.

  Depois de um breve gole em meu café com leite peguei a caneta permanente e comecei a desenhar os caracteres do meu nome com calma, retocando e melhorando alguns traços para mais ênfase nas letras. Ela continuava simples, mas agora ela era a minha carteira definitivamente!

  Acabei minha bebida e deixei a caneca na pia. Eu iria lavá-la se se meu celular não tivesse começado a tocar no meu quarto. O identificador mostrava como “a melhor” quem me ligava, mas eu não reconhecia o número.

   - Alô?

   - Sophia, finalmente acordou.- não consegui reconhecer a voz

   - Quem é?

  - Nossa, então você é a do tipo que tranza e esquece? Não esperava isso de você…- a pessoa- que agora já sabia quem era- disse em um tom sarcástico.

   - Amada…

   - Ah, então você lembra de mim.-ela continuou no mesmo tom

   - Como você sabe que eu só acordei agora sendo que é a primeira vez que você liga?

   - Porque essa já é a décima vez que eu venho aqui no seu quarto e é a primeira que eu não te encontro na cama.- eu me virei receosa e vi ela atrás da porta. Desliguei o celular. Ela abaixou o celular do rosto sorrindo e andou até a mim, me dando um breve selar.- Bom dia!

   - Por que você está aqui?- agora ela estava um pouco mais baixa do que eu pela falta de salto, devia ter 1,65 m.

   - Me lembre de não te visitar quando tiver acabado de acordar, você fica grossa!- ela disse ainda sorrindo. Eu arqueei uma sobrancelha e cruzei os braços, fazendo ela soltar um suspiro derrotada- Vim te buscar.

   - Eu acho que eu tenho mais alguns anos pela frente antes que você me busque.-falei no mesmo tom anterior e ela riu

   - Não pro inferno… pro shopping! Fui muito legal com você ontem com o Crowley, o mínimo que você pode fazer é me comprar um vestido novo, porque, não sei se você lembra, mas você derramou vinho no meu, quando cansou de minhas provocações e jogou sua taça na parede, e voltou para a cama pela, huum… quarta vez?- ela falou sorrindo de lado e se aproximando, eu tentava recuar, mas o meu encontro com a cama me impediu do ato e me fez cair sentada na mesma.

   - Você se lembra Sophia? Quando você me empurrou na cama, subiu em cima de mim e me chupou até eu gozar na sua boca naquela quarta vez?- ela disse sentando no meu colo e puxando meu rosto para olhá-la, já que estava evitando o contato visual com ela desde que a descobri ali.

   Seu olhar emitia luxúria e sua boca pintada de vermelho ficava cada vez mais atrativa em minha percepção. Eu juntei nossos lábios em um beijo atrapalhado, deixando meu coração acelerado e minha respiração descompassada. Minha cabeça estava tombada para trás e minhas mãos passeavam em seu corpo enquanto seus beijos estavam se distribuindo por todo meu pescoço me fazendo perder os sentidos.

   A manhã que estava fria até alguns momentos atrás se transformou em um clima extremamente quente. Eu ia ceder, ia ceder sem pensar duas vezes. Mas ela parou. Foi ela quem parou a brincadeira antes que não tivesse mais como voltar.

   Ela me empurrou na cama e se levantou do meu colo, passando as mãos por seu cabelo e pousando elas na cintura.

   - Vai tomar seu banho. Vou te dar 15 minutos, se não eu vou levar sua carteira para o shopping e te deixo para trás! Vai!- ela saiu do quarto e foi em direção a sala, me deixando estagnada no forno que estava meu quarto no momento.

   Me levantei, peguei as primeiras roupas que eu achei no meu armário e entrei no banheiro para um banho rápido. Passei uma maquiagem simples, amarrei meu cabelo cinza em um rabo alto, calcei um tênis e coloquei uma jaqueta por cima de tudo. Procurei meu celular no meio do meu cobertor bagunçado, peguei meu fone em cima de minha mesa de estudos repleta de livros de meu 3° ano da faculdade e sai na mesma direção que a demônio um tempo atrás, a encontrando jogada no sofá com minha carteira nas mãos.

   - O que você está fazendo?- perguntei pegando minha bolsa em cima da cadeira.

   - Huum… primeiramente passando os seus documentos para essa, agora eu só estou tentando descobrir de que língua cada caractere é!- ela deu uma breve pausa enquanto levantava  do estofado cinza, pegava as chaves do meu carro na mesinha central e me entregava a carteira- Vamos?!- eu apenas assenti, colocando um dos lados do fone e dando play nas músicas depois de tê-lo conectado ao meu celular, mas a música foi interrompida  pelo barulho de notificação.

~mensagem número privado

누구야 ?

   A mensagem em coreano perguntava quem era, mas não seria eu que deveria estar fazendo essa pergunta?

   Devolvi a mesma mensagem mas em inglês e esperei a resposta enquanto descíamos no elevador para a garagem. Sem resposta eu mandei a mesma pergunta novamente, agora em coreano, e dessa vez fui respondida com um “desculpa, número errado” em inglês.

   - Eu dirijo!- Amada falou tirando minha atenção do celular.

   Eu entrei no banco de passageiro e liguei minha músicas novamente, que foram novamente interrompidas, mas agora por uma ligação, eu desconectei os fones e atendi.

   - Alô?!

   - Hi! I’m sorry for be calling you, but my friend wanted to know from who this number was!- eu fiquei em silêncio, eu reconhecia aquela voz, tinha quase certeza de quem ela pertencia- I’m sorry again, do you speak english?

   - Huum… Yes, I do. But how did he got my number?

   - I don’t know, one minute!- eu consegui ouvir o que tinha quase certeza ser Namjoon falando ao fundo e sendo respondida por uma voz grossa que me fez parar de respirar por alguns segundo… Taehyung!- He doesn’t want to answer me!

   - And how do you know that i can speak english?

   - I didn’t, I searched from where this DDD was, and since I can’t speak portuguese I tried english...- minhas mãos estavam soando mais a cada palavra que ele dava, mas eu ainda nem tinha certeza.

   - Namjoon?- ele parou de falar, mas eu conseguia ouvir sua respiração pesada do outro lado da linha, ou era apenas a minha. Demorou cerca de 20 segundos para que ele respondesse.

   - Yes!- A resposta dele veio seguida com a minha falta de oxigênio, que me deixou um pouco tonta- And who am I talking to?- eu procurei meu nome que me havia fugido em minha memória e respirei fundo antes de respondê-lo.

   - Sophia!

   - I’m sorry about that Sophia, but can i please ask you for don’t share this number with anyone?

   - Su- sure!- Amada trocava o olhar entre a estrada e eu com um olhar curioso.

   - Okay, thank you! It is not even mine.

   -  And how did Taehyung got my number?

   - How do you know?

   - I heard his voice!

   - I don’t know! He just told me to call your number and see who it was… Huum… I have to go, sorry!

   - 저- 저는 진짜 사랑해요!- eu ouvi ele rindo soprado- 안녕!

   - 안녕!

  ...