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História The Devil's Wife - Última barreira


Escrita por: IzaaBlack

Capítulo 10 - Última barreira


POV Daryl

Ela se afastou. Me deixou com outra pessoa, e foi viver a vida dela, pois aparentemente o brinquedinho não tem mais tanta graça depois de dizer não. Eu queria dizer que foi um alivio sem fim não ter que vê-la ou ter que aguentar seu sarcasmo constante, mas a verdade é que eu quase sentia falta.

Suas palavras ecoavam em minha cabeça, suas mentiras. Ela disse que achava estar apaixonada, mas sinceramente, para se estar apaixonada imagino que seja necessário ter sentimentos, e a rainha do gelo nunca teve nenhum. Esse era o ponto que me salvava de afundar ainda mais na merda.

O tempo que passamos juntos foi diferente. Seus beijos me faziam pensar que talvez eu nunca tivesse beijado ninguém de verdade antes dela. Intensos, deliciosos, excitantes. Sempre me fazendo querer mais e mais. A sensação de seu corpo gostoso contra o meu me enlouquecia. E eu odiava cada segundo disso, porque não poderia evitar. Era como um imã, me puxando incessantemente.

Gostosa, sedutora, perigosa, e de alguma maneira encantadora. Desde a primeira vez que a vi sabia que era uma armadilha. Ninguém pode ser tão linda assim no apocalipse. E para piorar, ela ainda sabia ter respeito pelas pessoas. Contraditória até o ultimo fio de cabelo loiro.

Eu sei que Brooklyn Hayes é uma maldita psicopata manipuladora, mas algo insistia em tentar me iludir dizendo que essa filha da puta em algo bom. Mas não tem.

Assassina a sangue frio, calculista, esposa do diabo, uma inimiga de peso. Quanto mais tempo passei com ela mais soube disso. E ainda assim a vontade de tê-la só aumentou mais e mais. Cada lampejo de bondade, gentileza ou algo assim que ela expressava  me confundia. O fao de um bom número de pessoas gostarem dela de verdade me confundia.  Ela me confunde.

Nós brigamos. Dois lados de uma briga, então é claro que brigamos. Mas os beijos começaram a ficar frequentes. Ela passou a ficar mais tempo, conversar mais. Eu sabia que era manipulação, mas tudo bem, porque era bom e eu estava me aproveitando disso. Eu estava me divertindo, tendo prazer. E o desejo só aumentando. Mais e mais.  A curiosidade e fascínio se misturando com o desejo bruto por seu corpo atraente. Inferno.

Como uma sereia ela foi me enfeitiçando aos poucos, e eu fui caindo cada vez mais. Esse importar estranho surgindo mais e mais. Preocupação. Tudo muito... errado. Coisa de viado.

E então Negan apareceu em um dia qualquer e a beijou. Passou as mãos por seu corpo, apertou, beijou novamente.  Meu sangue ferveu e uma raiva descomunal me atingiu. Eu queria soca-lo por estar beijando a própria mulher.  Filha da puta. Assistir aquilo foi como a gota d’agua para qualquer controle.

E ela manteve o jeito de rainha do gelo.  Não esta com ele obrigada, mas sim porque quer. E eu joguei coisas em sua cara. Joguei minha raiva em cima dela. Ela me olhou com os olhos castanhos variando entre frieza e fogo de raiva. Normalmente eu me divertiria ao ver uma ruptura em sua armadura, mas naquele momento eu só consegui ficar atordoado por descobrir que era possível existir uma. Mas ela assumiu o controle novamente, ergueu a coluna e me olhou friamente. Torceu os lábios e virou as costas sem dizer nada.  A porta se fechou com um baque seco, raivoso.

E então ela não apareceu no outro dia. Eu ainda a vi a distância em uma refeição ou outra, mas aparentemente o jogo tinha acabado.  Talvez tenha notado que nunca conseguiria nada de mim. E eu infernalmente senti sua falta.

No segundo dia eu não tive nem se quer um vislumbre. Nada. Como se ela nunca estivesse em lugar nenhum. O único lugar que eu podia imagina-la para sumir assim era no quarto fodendo  com o marido, e esse simples pensamento me deixava mais puto que o normal.

(...)

Acordei com a porta se abrindo bruscamente e a luz entrando. Pisquei várias vezes, meio sego pela luminosidade, e só então consegui distinguir Francis ali. Estranhei o fato de não ser Kieran.

-Vamos lá, Dixon- disse calmamente- Ainda tenho muito o que fazer na cozinha.

Ele não era um cara mal. Um dos poucos que estavam sendo guiados por um desgraçado, mas não é um. Me levantei e segui-o sem problemas.  Paramos no banheiro, e aproveitei para lavar o rosto.

Depois de um tempo reconheci o caminho como o do quarto de Brooke. Uma sensação estranha me atingiu quando me dei conta disso, mas resolvi ignorar.

-Brooke- ele chama ao mesmo tempo que bate na porta.

Alguns barulhos são ouvidos no quarto e ela abre a porta com a expressão fechada e...preocupada? Ela passa os olhos  por nós dois, se demorando um pouco mais quando nossos olhos se encontrar e franze a testa.

-O que foi, Francis?- pergunta e me dou conta de que não estava em seus planos ser minha babá hoje. Rolo os olhos.

-Kieran teve um problema e não vai poder hoje. Eu tenho muito que fazer. Vai ter que ser você, Brooke.

-Kieran saiu?- pergunta depois de coçar os olhos e prender os cabelos em um coque.

-Saiu de madrugada ainda, cerca de duas horas atrás. Deve estar voltando- diz- E você não queria que o caçador ficasse preso na cela o dia todo então...

-Tudo bem- ela diz depois de um suspiro.

Os dois se abraçam e ele some em seguida.

-Você já, hmmm, comeu?- pergunta finalmente voltando a me olhar.

-Você sabe que não preciso de uma babá, não é Brooke?

-Precisa sim, sei muito bem o estrago que pode fazer no menor discuido- diz e em seguida boceja.- Desculpe, eu estou meio cansada. Não dormi nem um pouco essa noite e...

-Sinceramente, Brooklyn, você acha mesmo que eu quero ouvir o porque de você não ter dormido? Que quero saber como foi sua noite com Negan?

-O que? – ela franze a testa meio confusa e depois abre um sorriso. A filha da mãe abre um sorriso.- Você está com ciúmes.

-O que?- franzo a testa atordoado. Ciúmes? -  Não mesmo.

Ela abre a boca para dizer algo, mas Sherry aparece.

-Brooklyn, precisam de você na enfermaria. O...-  ela nem tem a chance de terminar de falar, porque no segundo seguinte a loira saiu em disparada, correndo em direção a enfermaria.

-Acho que ela esqueceu você- diz por fim olhando para mim. Olhar para ela faz um pouco de raiva vir a tona, enquanto me lembro de que deixei tanto ela quando Dwight vivos, só para me roubarem em seguida- Vamos lá, melhor você vir também senão vai arranjar encrenca.

Essa poderia ser minha chance. A chance que venho esperando desde que cheguei aqui. Mas antes que eu sequer possa completar um plano em minha cabeça Kieran aparece.

-Cadê a Brooke?- pergunta ao notar a porta do quarto aberta e eu aqui de fora.

-Enfermaria- responde Sherry de pronto.

-Ainda? Caralho- xinga e eu só consigo ficar subitamente curioso. Como assim ainda?

-Você vem também Dixon. Ela esqueceu você aqui, não foi?- diz Kieran balançando a cabeça e começa a andar.  Tanto eu quando Sherry o seguimos.

Fico momentaneamente atordoado com o que encontro. Um garotinho de cerca de cinco anos está deitado em uma maca, parecendo sonolento, mas sorrindo para Brooklyn, que por sua vez sorri e conversa com ele enquanto checa seus batimentos cardíacos.

-Me contaram que você abriu minha barriga e tirou a dor de lá, tia dra Brooke- diz o menininho com a voz meio enrolada e piscando pesado. Ela lhe lança um sorriso carinhoso do tipo que nunca vi antes - Cadê minha mamãe?

-Já está vindo, Jasper- responde fazendo um carinho nos cabelos cacheados do menino- Você sente alguma dor? Segue a luz pra mim, por favor.

O menino faz todo o que ela pede, e quando ela termina de examina-lo suspira aliviada. Um casal entra apressado e a mulher chora feliz enquanto abraça o filho.

-Como ele está, Brooke?- pergunta o cara. Ela sorri de lado.

-Está bem, sem nenhuma dor, sinais vitais perfeitos. Tudo ocorreu bem, Vítor.- responde e recebe um abraço do casal em seguida.

-Muito, muito muito obrigada, dra.- diz a mulher ainda emocionada.- Não sei como podemos agradecer. Vamos dar um jeito de pagar os recursos, pode  falar pro Negan

-Não precisa me chamar assim, Clarice.- responde fazendo um gesto de descaso, e bocejando em seguida.- E os recursos foram por minha conta. Eu escolhi usa-los e vocês não tem nada pelo que pagar.

Eles ficam ainda mais agradecidos, além de aliviados. Vão para perto do filho, que já está caindo no sono novamente.  Olhar aquela criança ali me lembra de Judy, e me faz pensar que quando a guerra começar- eu sei que vai- vamos ter que tomar cuidado com as crianças de ambos os lados, se é que aqui tem outras, já que nunca vi.

Ela dita ordens para algumas enfermeiras e o outro médico, falando alguns remédios. Parece exausta, e agora imagino que seja por algo que fez aqui. Ali parece uma pessoa totalmente diferente, e inferno, ali descubro que Brooklyn tem sim sentimentos. E pelo jeito, é capaz de ter dos melhores. Me sinto meio culpado por ter sido grosso.

Ela boceja de novo, o que evidencia seu cansaço. Quero entrar lá e a ampara-la, pedir para que vá dormir um pouco, prometer um café. Sinto uma barreira desmoronando.

Ouço o assobio, e então Dwight está em cima de mim me fazendo ajoelhar. Negan entra imponente no cômodo. O casal fica um pouco mais sério.

-Soube que você estava aqui, de novo-diz para Brooke que rola os olhos- Baby você precisa de um descanso.

-Estou bem, vou tomar um café e depois volto.- diz e ele balança a cabeça negativamente.

-Não mesmo, Baby-diz e apoia Lucille no chão- Está na hora de você dormir. É uma ordem.

-Você não manda em mim- responde sem se abalar, virando de costas e guardando alguns aparelhos.

Ele trinca o maxilar e aperta os olhos, encarando suas costas por um momento.

-Então eu estou te pedindo como seu marido, que você vá descançar.- diz e a puxa pela cintura, fazendo-a se virar para ele – Brooke você é uma médica incrível e já fez o seu trabalho. Agora tem que descansar. Outros ficam de olho no moleque.

Ela olha para o menino meio preocupada.

-O Negan está certo, irmãzinha- se pronuncia Kieran ao meu lado e ela olha para ele meio raivosa- Descanse um pouco. Se algo acontecer alguém te chama.

-Chama é o caralho- se intromete Negan- Você vai ter um dia todo de descanso. Ninguém vai me incomodar.

-Só aceito sair daqui agora se eu souber com certeza absoluta que me chamarão caso algo mude no quadro- responde firmemente, mãos na cintura, olhar de dona da porra toda.

Sorrio com a cena. Personalidade indomável, é isso o que ela é. Ela me encara fixamente por cima do ombro dele por um segundo e então desvia o olhar.

-Feito- responde Negan e em um movimento rápido a pega e joga no ombro. Se vira para sair, ignorando os protestos dela- Melhoras pro moleque.- diz e passa por mim e Kieran na porta- Leve ele de volta pra cela.- manda antes de sumir.

Sinto raiva dele. Mais do que o normal, e ainda assim diferente. Ele entrou ali e cuidou dela de um jeito que se eu falar sinceramente, eu queria fazer. Ele pode pega-la no colo, pode chama-la de minha mulher, e pode cuidar de seu sono ou sua saúde. Eu sou o prisioneiro.  Esmurro alguma coisa.

-É ótimo ver ela trabalhando como médica- diz Kieran do nada e olho para ele surpreso- É a Brooke incansável dos hospitais de novo. Salvando vidas e mais vidas.

Ele sorri orgulhoso, mergulhado em lembranças.

-O que o garoto tinha?

-Apendicite. Precisou de uma cirurgia, acho que houveram algumas complicações. Ainda bem que Brooke estava aqui para identificar o que estava acontecendo e operar.- paramos em frente a cela por um minuto e ele me encara de um modo analisador- Vou mandar alguém te trazer alguma comida.

Em seguida fecha a cela com um baque seco, e eu fico parado no mesmo lugar, encarando a porta no meio de escuro. Xingo alto. Brooke ser uma médica foi um murro no estomago. Minha maior barreira contra essa coisa estranha que sinto por ela sempre foi o fato de que ela não sente nada, e então ela está sorrindo carinhosa e preocupada para crianças. Está salvando vidas porque se importa, sendo gentil com pais preocupados e me jogando na cara, mesmo que indiretamente, que tem sentimentos sim.

E então está tudo acabado, porque não tenho mais nenhuma desculpa para evitar isso. Gosto de Brooklyn sim, e não posso mais negar.



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