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História The Devil's Wife - Raiva, ódio e um pouco de descontrole


Escrita por: IzaaBlack

Notas do Autor


Hey

Capítulo 4 - Raiva, ódio e um pouco de descontrole


POV Daryl

O casal infernal discute baixinho na minha frente. Ela está com os cabelos amarrados em um rabo de cavalo alto, meu colete e uma expressão séria. No final das contas rola os olhos e vai embora sem olhar para trás.

O filho da puta quer ir até Alexandria, mesmo que o prazo de uma semana ainda não tenha vencido. Ele organiza um comboio de carros, caminhões e motos. Alguns já vi por aqui, outros não. Aparentemente os capangas se multiplicam sozinhos nessa porra.

Presto o máximo de atenção possível no caminho, e depois de um tempo vejo minha casa de novo. Meu coração falha uma batida de saudade e preocupação.

Negan desce do carro todo dono no mundo, andando calmamente e assobiando, e bate no portão com o taco.

-Little pigs, little pigs, deixem me entrar- diz como se cantasse, um sorriso enorme e debochado em seu rosto.

De um modo irritante isso me lembra Brooke e o modo que interrompeu os capangas. Little pigs, ela disse. Olho ao redor, esperando encontra-la com sua pose de rainha em algum lugar, mas não a encontro.

Alguém me puxa pelo moletom e me joga no chão, mas não chego a cair. Procuro manter o olhar baixo, evitar problemas para os outros, mas meu corpo inteiro quer levantar a cabeça e enfrentar de frente todos eles.

Spencer abre o portão  sendo o idiota de sempre, e logo em seguida Rick aparece para controlar a situação. Até porque se ele não fizer isso é muito provável que o babaca acabe sem cabeça.

-Veja isso Rick- diz o desgraçado rodando lucille e então acertando na cabeça de um walker  aleatório que qualque um de Alexandria poderia ter dado conta sozinho- Vocês precisam de nós, e é muito muito bom para vocês que estejamos aqui.

O olhar de Rick encontra o meu e me sinto mal. Me sinto inferior e quero acabar com isso, mas sei que não tem um fim. Não agora.

Os Salvadores entram na comunidade, como uma massa de insetos, como pragas.

-Oh merda. Oh merda- diz olhando ao redor e então se virando para Rick novamente- Sim, sim. Esse lugar é... Como dizem? Ah, chique no ultimo. Tenho certeza que tem muito a nos oferecer.

Rick olha fixamente para mim e vejo um pouco do Rick quebrado ali. Isso me preocupa, mas não digo nada. Praticamente não me movo.

-Daryl?- ele chama se movendo em minha direção.

-Não- interrompe Negan- Não. Ele é o empregado. Você não olha para ele, você não fala com ele, e assim quem sabe eu não te faço cortar um pedaço dele.

Rick concorda e abaixa a cabeça, claramente perturbado. Ninguém diz nada.

-Isso vale para todos- completa se virando para Rosita. Não me viro para saber o que exatamente está acontecendo porque sei que pode complicar tudo. Quero soca-lo. Quero que arda no inferno.- Estamos entendidos benzinho?

Ela sai sem dizer nada e ele ri. Solta o ar pela boca e se vira para Rick.

-Uh. Tinha tanta tensão ali e ela nem fazia ideia- ele balança a cabeça e passa os olhos por ela- Se eu já não tivesse a Brooke...Hmm, isso seria interessante.

O cara poderia ter a porra que ele quisesse. Poderia brincar com a porra da mulher que ele quisesse, mas de uma maneira estranha ele parece querer só uma. Só Brooklyn Hayes.

Ele ri, flerta e provoca um pouco mais.

-Nós podemos te dar a metade de...- começa Rick tentando controlar as perdas de suprimento mas Negan começa a negar com a cabeça.

-Nanani-não. Não Rick.-ele meio que passa um braço pelos ombros dele- Você não me diz o que levar. Eu digo.  Andem por ai, peguem o que for útil.

-Vocês ouviram o homem- grita uma mulher que eu nem tinha notado- Movam-se.

Eles se separam como formigas, e eu sou ando atrás de Dwight como um cachorrinho. Ouço a distancia ele pedindo para Rosita buscar minha moto. O filho da puta não se cansa. Parece ter um tipo de problema em ser ele mesmo, porque tem que ir pegando as coisas dos outros.

Sigo-os pelas ruas do que costumava ser minha casa, mas agora é só mais um lugar invadido. Eles pegam tudo. Pegam colchões, sofás confortáveis, o que eles acharem bom o suficiente.

Padre Gabriel aparece, e depois de uma pequena conversa sinto como se não pudesse respirar ao me dar conta de que Maggie não resistiu. Não resistiu e é minha culpa. É por minha causa que Glenn morreu,  e a dor de perde-lo causou a dela. Sinto meus ombros se curvarem diante de mais esse peso.

Ele faz algumas piadinhas sobre Maggie ser bonita demais para ser uma viúva, que ele daria o suporte necessário para ela, a acolheria e faria da vida dela uma boa, porque era bonita demais para continuar sofrendo.

Aperto meus punhos, tentando contar minha raiva. E então chegamos a parte que eu não queria que chegássemos: o depósito. Como o cara não é bobo nem nada, ele sabe  das armas, e ele as quer. Aposto que quer todas.

Banco o empregado. Aceito as ordens, mantenho a cabeça baixo. Deixo parecer que sou o cachorrinho bem treinado e humilhado que eles querem que eu seja. Talvez eu esteja muito perto disso, mas não vou ser um salvador, não vou ser um Negan. Prefiro ser o empregado do que o capanga que rouba comida dos outros, que tira as chances de sobrevivência que outros lutaram para conseguir.

Acontece algum problema com as armas, e Olivia vira refém. Vejo a distância uns caras intimidando Enid. Tudo parece infinito.

O tempo parece se arrastar, enquanto aquele bastardo filho da puta ameaça mais uma vida, se divertindo com isso e com todo o resto. Parece estar num parque de diversões e que o brinquedo preferido é humilhar os alexandrinos, pisar porque pode.

Finalmente acaba. Suspiro aliviado quando finalmente estamos de saída e estão todos vivos.  Estão todos inteiros na medida do possível.

Dwight consegue minha moto. Faz a maldita pergunta novamente, como se ter minha moto de volta fosse mudar o que eu penso, o que eu quero, o que posso aceitar. Não muda. Continuo não tendo um porque ceder, ou um porque deixar de resistir.

Me deixo ser levado para um dos veículos. Ele dá a volta e posso ver Rick. Posso ver a mim mesmo abandonando minha casa, meus amigos, minha família, total e completamente imponente. Tão inútil quanto eu era antes do apocalipse. Tão fraco quanto isso.

É vergonhoso, mas sinto lagrimas escorrendo por minhas bochechas. Sou o maldito marica que Merle me acusou de ser anos atrás, porque não consigo fazer isso parar, não tenho forças para fazer essa agonia parar. O peso do mundo está em minhas costas, e é culpa minha, não posso reclamar se só estou ganhando o que mereço.

A viagem é parecida com a primeira, exceto pelo fato de que paramos em um lugar qualquer para queimarem os colchões. Os desgraçados pegaram os colchões apenas pelo prazer de tirar o conforto dos outros. O caminho é o mesmo, mas presto atenção de qualquer jeito. Tenho que faze-lo, porque se eu não fizer alguma coisa vou enlouquecer.

O caminhão para e alguém me pega pela gola e me puxa para baixo. Não me dou ao trabalho de ver quem é, porque quando eu tiver a chance não vou parar para distinguir rostos. Vou matar todos, manda-los diretamente para o inferno.

Não preciso realmente olhar para saber que estão me arrastando para a cela. Para aquele maldito espaço. Eu sempre odiei ficar enjaulado, e acabei exatamente assim.

Sou jogado bruscamente para dentro e a porta é fechada com um baque seco seguido pelo som da chave virando. Arquejo no escuro por um momento, tentando me acalmar, mas é em vão.

Soco a parede repetidas vezes tentando extravasar a raiva. Chuto os panos que Brooke me deu, chuto tudo o que posso chutar nessa merda de lugar o que não é muita coisa. Quero deixar essa raiva sair, e como não vejo nenhum modo plausível soco a parede novamente. E novamente. E novamente. Minhas juntas doem e o sangue pinga, mas a raiva não passa. Lágrimas escorrem e me sufoco nisso tudo. A raiva é infinita.

(...)

Não sei quanto tempo passou. Não parece ter passado, mas algo em mim diz que sim. Acredito que seja a exaustão que me atinge aos poucos. Me deixo cair no chão, colocando a cabeça entre os joelhos e tentando voltar a controlar a mim mesmo.

Ouço passos felinos no corredor e sei que é ela. Sei que é ela e simplesmente não posso lidar. Não quero lidar.

A porta se abre lentamente, revelando-a com aquele olhar de descaso de sempre. A luz me cega por um instante, mas esse não é o ponto. O ponto é que enquanto todos que amo estão sofrendo ela está ali, inteira, bem cuidada e com esse maldito olhar de descaso estampado no rosto. Está ali dando para o diabo e sendo muito feliz por isso.

-O que você quer?- rosno sem me levantar, mas ainda assim olhando-a nos olhos.

-Vim ver você- responde dando de ombros.

-Vá embora.

-Vou embora quando  eu bem entender. Vamos lá, Dixon, converse comigo.

-Não sou seu amigo para conversar com você- respondo apoiando a cabeça me meus joelhos novamente.

-Quero saber como foi a visita a sua casa- diz como se estivesse falando do tempo, enquanto entra na cela e se encosta em uma parede qualquer, na parte iluminada.

Me levanto em um rompante a caminho até ela. Ficamos cara a cara, ela não se move um passo, apenas levanta as sobrancelhas para mim.

-Como foi minha visita a minha casa?- grito em sua cara, perdendo o controle- Foi realmente maravilhosa. Tomamos sorvete e trocamos algumas novidades, e foi realmente muito divertido assistir seu marido ameaça-los de morte a todo momento. Foi realmente muito bom ver ele pegando as coisas dos outros, coisas das quais ele nem precisava. Fazer coisas apenas para humilha-las e deixa-las sem isso, senti-se superior sobre os outros. Foi a merda de um dia maravilhoso. Porra.

-Não grite comigo- diz colocando uma das mãos em meu peito e me afastando levemente. – não sou uma qualquer para você sair gritando.

-Você acha que eu ligo para quem você é? Acho que eu ligo para a porra do fato de que dá para ele? Acha que vou te respeitar por isso?- grito e assisto os olhos castanhos dela se tornarem gelados conforme as palavras vão saindo de minha boca- Você é só uma maldita vadia que pega o que é dos outros, que rouba e que oprime. É só uma puta que teve a sorte de receber a proteção de um psicopata.

O tapa me atinge em cheio, e em seguida um soco pelo outro lado. Dou dois passos para trás, mas ela não se move. Me encara friamente, inclina o rosto e olha dentro dos meus olhos.

-Você não vai gritar comigo, Daryl Dixon, e não vai faze-lo porque sou uma pessoa e isso não tem nada a ver com quem me deito. Não venha me falar merdas, porque você não me conhece. Quer bancar o machão? Vá em frente. Quer expressar sua raiva me xingando? Faça. Mas não grite comigo porque você não tem esse direito.

Ela não aumenta a voz em nenhum momento. Se aproxima de mim lentamente e ando para trás instintivamente porque algo nela me intimida. Dou passos até que sinto a parede atrás de mim.

-Ah, eu não sou uma vadia. Tenho essa escuridão em mim, e você não tem noção do que eu sou capaz de fazer. – ela para e abre um sorrisinho- Ou talvez tenha, já que também faz parte da merda do apocalipse.  Só tenha em mente Dixon que eu faço a porra que eu quiser pelo simples fato de que eu quero fazer. Não fui eu quem fiz aquelas merdas, e se parar para pensar sou a porra da única pessoa que te trata como uma pessoa de verdade ultimamente, então enfie essa sua raiva no cu, ou então a jogue na cara de quem realmente fez alguma coisa.

Ela começa a andar para fora, mas para e se vira para mim.

-Eu queria arrebentar a sua cara agora. Oh, eu poderia fazer isso. Mas não seria uma briga justa, nem mesmo divertida, porque você não vai reagir, já que eu sou a esposa de Negan e se você fizer algo comigo as coisas podem piorar. Quero uma briga de verdade e você não pode me dar uma.

Olho para ela atordoado. Toda essa frieza me lembra uma assassina profissional ou uma merda dessas, mas ainda assim não consigo pensar nela como apenas isso. Odeio admitir, mas sim, ela me trata com respeito.  Foi a única pessoa a faze-lo, e o fez porque quis.

-Isso não é verdade- me ouço dizer. Ela se vira para mim surpresa.

-Não é?

-Não revidaria porque é uma mulher e eu não bato em mulheres. Mulher de quem você é não faz diferença nenhuma.

Ela ri. Solta aquela risada hipnotizante e estranhamente erótica e balança a cabeça negativamente.

-Você tem toda essa pose de mal, mas é um maldito de um bonzinho- diz sorrindo- Mas isso eu já sabia.

-Mas isso não quer dizer que eu não gostaria que você fosse um homem apenas para eu poder te dar umas pancadas.

-Talvez em outra vida, hã?- diz começando a puxar a porta- Mas ai não teria tanta graça, anão ser, é claro, que nessa outra vida você seja gay.

A porta se fecha em um click suave, como um encerramento de conversa. Odeio Brooke e suas mil faces, sua frieza e capacidade de me tirar do sério, tão grande quanto a de me trazer de volta para a lucidez, ou algo perto disso.



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