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História The Devil's Wife - Lutas que não podem ser vencidas


Escrita por: IzaaBlack

Capítulo 6 - Lutas que não podem ser vencidas


POV Daryl           

Pela manhã o irmão de Brooke apareceu para me levar a algum lugar. Não posso negar que o cara não é de todo ruim. Seguimos até a cozinha, onde ele me oferece um café da manhã  decente e depois me puxa para dentro da cozinha, onde o outro amigo dela, Franco eu acho, está.

-Hey Kieran- comprimenta feliz o cara- É sobre o que Brooke conversou comigo?

-Sim, ela e suas ideias- resmunga o loiro balançando a cabeça- Simplesmente impossível, é isso o que ela é.

-Impossível e maravilhosa, você não poderia ter irmã melhor- responde levantando uma espátula e apontando para o outro.

Kiera se limita e dar um sorrisinho e colocar as mãos no bolso. Se vira para mim calmamente.

-Você vai trabalhar na cozinha com Francis- diz e olho para ele meio atordoado.- Pelo menos até o almoço, não sei bem o que vai fazer depois disso.

Concordo com a cabeça, sem vontade de dialogar, e ele dá de ombros.

-Boa sorte, Francis- diz e os dois batem as mãos. Ele rouba um doce que estava em cima da mesa.

-Kieran- grita o cozinheiro e o outro sai apressadamente e rindo.

Fico responsável  por lavar e enxugar algumas vasilhas, panelas e pratos. O cara é esperto o suficiente para me deixar longe dos talheres, especialmente das facas.

Trabalhar nunca foi um problema para mim, mas de alguma forma, nesse lugar parece que tudo gira em torno de inferioridade e humilhação, então não me sinto realmente bem.

Apesar dos pesares, de alguns gritos entre os cozinheiros, e mais umas coisas chatas, o tempo passa mais rápido que o esperado, bem menos maçante e enlouquecedor do que na cela.

Conforme a hora do almoço vai chegando os trabalhos começam a se acumular. Um precisa de uma vasilha de cá, outro de uma colher dali e eu fico completamente perdido.

Brooke entra na cozinha amarrando os cabeços em um coque, e para ao meu lado.

-Bom dia Dixon- diz como se não fosse nada e se inclina sobre mim pegando um pano.

-Brooke dá a honra de sua presença- grita Francis do outro lado da cozinha, e alguns outros concordam e sorriem.

Acho estranho, mas aparentemente gostam dela. Ela olha para o que estou fazendo e abre um sorrisinho que me irrita profundamente, o qual quero arrancar de seu rosto com todas as minhas forças, mas de um jeito nada legal. Desvio o olhar.

-Que bom que te mantiveram longe das facas- murmura sorrindo de lado e começando a lavar algumas coisas.

Paro o que estou fazendo e pisco atordoado. Brooke Hayes está lavando vasilhas como uma pessoa comum, desmontando toda a imagem de rainha da porra toda que tenho dela.

- O que?- pergunta ao notar que estou olhando fixamente para ela.

-Nada- resmungo voltando ao meu trabalho.

Ela agiliza várias coisas, ajuda uma garota que está picando uns legumes, e então aparentemente sem perceber volta para perto de mim. O irmão dela chega, os dois brincam entre si, fazem uma pequena guerra de água, e o amor e carinho que tem um pelo outro é quase palpável, algo que nunca tive com Merle. Eles são cumplices.

Ele começa a fazer cosquinhas nela, que por sua vez se debate e dá alguns tapas em seus braços. Solta aquela risada perigosamente hipnotizante e sorri para mim, por cima do ombro dele.

Francis anuncia que almoço está pronto, então me chamam para ir para o refeitório comer com eles. Brooke vai a minha frente, espindurada nas costas do irmão. Focalizo em meu colete, que parece ser uma peça regular em seu vestuário agora.

Dwight passa por nós e faz uma cara feia, claramente desgostoso.

-Se você acha que vai quebrar o prisioneiro colocando ele para almoçar com você está totalmente enganada Hayes.

-Que bom que eu estou 100% nem ai para o que você acha- resmunga sem se dar ao trabalho de olhar para o mesmo.

Almoço em silencio, analisando as características desse grupo em especial. O casal que saiu conosco no dia anterior também vem para cá, e eles parecem muito unidos.  Conversam por um tempo, e então terminamos todos de almoçar.

Lavo o meu próprio prato, e cada um da mesa faz o mesmo. Depois sou designado a uma tarefa braçal qualquer. Não é na cerca, mas parece ser algo como de ferreiro. É cansativo, mas não reclamo, até porque de alguma forma isso melhora meu condicionamento ente físico.

Vejo Brooke sair com um grupo, e voltar cerca de uma hora depois. Ela e o irmão conversam baixinho perto de uma das caminhonetes, e parecem tranquilos.  O motorista desce, conversa algo com eles e sai.

Noto uma movimentação estranha, e então vejo que a caminhonete desceu e bateu contra uma das cercas, derrubando-a. A coisa toda desanda e vários dos walkers que eles prendem ali se desprendem e começam a entrar, atraídos pelo barulho.

Esqueço todo o que estou fazendo, porque de uma forma totalmente retardada só consigo pensar que Brooke está lá em baixo, próxima demais daquela merda. O barulho atrai mais deles, vindos da floresta, em direção ao buraco.

Alguns homens pegam armas e descem correndo para resolver o problema, e ninguém parece ligar muito para o fato de que estou armado com um martelo.  Ouço Negan xingar a distância.

-Brooklyn- grito procurando por ela, mas não ouço resposta.

Para minha surpresa Negan também vem abrindo caminha, lucille esmagando cabeças e mais cabeças.

-Brooke- grita e parece desesperado

Ela finalmente aparece no campo de visão. Os bastões trabalham derrubando qualquer um que esteja a seu alcance, me lembra muito uma assassina como aquelas de filme : linda e mortal. Esmago a cabeça de um que se aproxima com o martelo. A situação é controlada com a mesma rapidez que surgiu, me mostrando que apesar dos pesares eles são mesmo bons e treinados. Parte deles pelo menos.

Negan finalmente chega até onde ela está e a abraça. Estranhamente sinto raiva, uma sensação estranha passando por mim, meu sangue fervendo. Eles se beijam, e depois ele se separa e começa a berrar ordens para os caras.

Os olhos castanhos dela passam por todos até que param em mim. Nos encaramos fixamente por um momento, e mais uma coisa se mistura a minha raiva.

Ela caminha com passos decididos até mim, parando bem na minha frente e erguendo o queixo para poder me encarar direito.

-Está tudo bem?- pergunto, mesmo que isso vá contra tudo em mim, preciso saber se ela está bem.

-Sim, inteira. E você?- ela desce os olhos por mim, medindo e procurando machucados.

-Nem um arranhão. – resmungo de volta e ela sorri de lado.

-Que bom.- diz.

-Brooke temos um caso de mordida no braço- alguém grita e não vejo como isso pode ser da conta dela, mas ela reage dando ordens, enviando a pessoa para a enfermaria.

-Vamos, você vai ter que voltar pra lá mais cedo- diz e parece meio culpada por isso, apesar de ainda se manter total e completamente fria.

Tenho uma estranha vontade de derreter esse gelo que a cerca. Ignoro o pensamento.

(...)

Já é noite, e é tarde, mas ainda assim ouço passos em meu corredor. É Brooke, ninguém mais nessa merda é tão leve quanto ela.

A porta é aberta lentamente, e ela ilumina o lugar com uma lanterna aparentemente rosa.

-O que está fazendo aqui?- pergunto e ela me olha fixamente por um minuto sem dizer nada.

-Eu só queria ficar um tempinho com alguém que não é salvador, será que posso?- pergunta com aquela voz típica que não demonstra emoção, mas ainda assim sai provocadora.

Dou de ombros e ela entra, fechando a porta atrás de si. Caminha totalmente segura e dona de si até parar ao meu lado, onde se senta.

-Esse lugar é uma merda- diz olhando para o nada.

-Desculpe se meu cafofo não atinge as expectativas do rainha.- digo ironicamente e ela ri.

-Tem razão, não atinge- concorda suavemente e encosta a cabeça na parede.

Está tão perto que nossos braços se tocam, sinto o calor vindo de seu corpo, e estranhamente não quero me afastar. Na verdade, quero me aproximar.

Ficamos em silencio por um longo momento, até que ela começa a conversar. É um assunto aleatório e leve, falando sobre como as coisas eram antes do apocalipse. De inicio só quero que ela vá embora e essa tortura acabe, mas então me vejo interessado no que ela fala, e acabo respondendo algumas coisas.

Depois de um tempo ela me sorri levemente, se inclina beijando minha bochecha e sai. Fico atordoado por um longo momento, admitindo para mim mesmo que ela é total e completamente bipolar e isso é quase encantador.

(...)

Pela manhã é a loira quem me busca. Está mais ou menos como sempre. Me cumprimenta, sem se importar com o fato de que nunca respondo e então me arrasta até o refeitório. Tomamos café da manhã juntos e então fico com o irmão dela enquanto ela some com o marido por um tempo. Novamente aquela sensação estranha se apossa de mim, e quero quebrar alguma coisa.

Algum tempo depois ela está de volta e  sai me puxando para fora da comunidade.

-O que está fazendo?- resmungo quando noto que estamos saindo.

A cerca já foi concertada e está firme, e nada denuncia que no dia anterior aconteceu um acidente.

-Te levando para uma caça- responde dando de ombros.

Franzo a testa para ela, mas sou ignorado enquanto a loira conversa com o cara do portão. Logo estamos na floresta, e me sinto infinitamente melhor. Aqui sim é o meu lugar.

-Já disse que não caço nada para vocês- resmungo e ela sorri de lado.

-E eu ouvi da primeira vez. Por isso quero oferecer um acordo.

-Um acordo?

-Sim. Você consegue alguma caça e 30% da carne é sua.- olho para ela interessado e ela sorri sabendo com certeza disso.

-Por que eu faria isso?

-Porque acho que gosta de carne como qualquer um- responde dando de ombros e olhando ao redor.

-Não posso caçar sem uma arma.

-Pode caçar com uma faca?- pergunta e olho para ela quase ofendido.

-Claro que posso.

-Problema resolvido então. Ainda vou arrancar a besta das mãos do D., mas por hora a faca é a melhor opção.

Ela se abaixa, pegando uma faca na bota e então a estende para mim. Olho para ela com a sobrancelha arqueada.

-Se fizer merda corto sua garganta com minha adaga- avisa e isso me faz sorrir de lado. Tenho certeza de que ela o faria.

Passamos grande parte do dia na floresta, e fico bem feliz quando consigo caçar dois esquilos e um coelho. Ela me olha surpresa, claramente não esperava por essa quantidade em tão pouco tempo.

Me sinto um pouco mais livre, mesmo que ainda não esteja de fato. Me sinto um pouquinho mais livre por causa dela.

Só por teste me viro bruscamente em sua direção, minha faca mirando  seu pescoço. Ela para meu movimento com um chute em minhas pernas e puxa a adaga em tempo recorde. É rápida e precisa e em um piscar de olhos estou no chão.

Pego impulso e rolo, ficando por cima dela, prendendo seu corpo com o meu e isso me deixa muito consciente de seu corpo e seu cheiro. Ela se move e me acerta uma cotovelada. Dói como o inferno e as posições são invertidas.

É uma briga intensa e não consigo me lembrar de ninguém me dando tanto trabalho. Ela me seguro com as pernas de cada lado de meu corpo e então os dois bastões estão contra meu pescoço. Sorrio divertido, e seus olhos se fixam nos meus. As pupilas se dilatam contra o castanho intenso e começo a me sentir desconfortável.

Ela se inclina sobre mim, o que me dá uma visão razoavelmente boa de seus seios.

-Já este querendo fugir de mim, Daryl Dixon?- pergunta contra meu rosto, seu hálito batendo em meu rosto.

Seguro um impulso de me jogar contra esses bastões e capturar os lábios vermelhos para mim, para logo em seguida me xingar pelo pensamento.

-Você  parece muito empenhada em me manter por perto- resmungo de volta, encarando-a sério, subindo minha única mão livre para sua cintura.

-Você tem que fazer por merecer para ir embora- diz e está tão perto que seus lábios quase roçam nos meus.

Um grunhido nos interrompe e ela literalmente se senta sobre meu colo, se apoiando em mim e então lança um dos bastões contra o walker, que como em um filme de ação com altos efeitos especiais, entra diretamente no olho da coisa.

Me sento e ficamos cara a cara novamente. Ela me encara fixamente por um segundo e então começa a rir. Estranhamente nossa pequena luta me fez sentir vivo e eu começo a rir também.

-Você é boa de briga- digo e ela se apoia em meu ombro para levantar.

-Você não viu nem a metade, querido- responde me lançando uma piscadinha.- Espero que tenha curtido seu período de liberdade, poque ele infelizmente acabou.

Então eu finalmente entendo. Não é que eles precisam de carne ou algo assim, mas ela veio até aqui para me tirar um pouco do lugar que considero o inferno. Me pego gostando um pouquinho dela, mesmo que ela seja a mulher do diabo, e ela mesma um tipo particular de demônio.

O tipo de demônio que me atormenta, e invade meus pensamentos, fazendo parte dos mais pervertidos e maliciosos. Desvio o olhar para o céu por um momento e respiro fundo, para só então me levantar.

-Obrigado- digo por fim, arrancando a palavra das profundezas de mim mesmo, que sou total e completamente desacostumado a isso.

-De nada- responde me lançando outro sorriso perigoso.

Caminho com ela numa boa, mesmo que odeie o destino.  Talvez eu esteja sofrendo daquela coisa em que o prisioneiro começa a gostar do carcereiro, porque de um jeito ruim não quero que nada de mal aconteça com ela, mesmo quando Alexandria se rebelar, e eu sei que vai rebelar.

Ela é perigosamente boa comigo, mesmo quando sei que é essencialmente má. Quando a luta chegar, espero de verdade não ter que faze-lo contra ela, porque apesar de estar disposto a rolar no chão em um desafio corpo a corpo contra Brooklyn Hayes, ou de fazer outras coisas vergonhosas com ela também,  com mais contato, não sei se estou disposto a mata-la.

Sei que em uma batalha não se escolhe com quem lutar, nem quem matar. É você ou o inimigo, é alguém que você ama pelo inimigo, mas me importo um pouco e essa hesitação é fatal.

Sei que vou lutar com essa coisa de me importar, mesmo que pouco, com ela. Mas também sei que entre todas as lutas que quero pegar, todas as que sei que vou pegar, algumas simplesmente não valem a pena de acontecem. Algumas lutas não precisam acontecer, porque sei que vou falhar miseravelmente já que não podem ser vencidas e talvez, só talvez, matar Brooke seja uma dessas.

 

 



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