História The Dirty Spoon - Apologie Bear

Quando chegamos na casa de Rosé, Jennie pareceu ficar mais calma e começou a chorar menos, mas mesmo assim ela ainda fungava e as lágrimas continuavam a rolar do seu rosto. Durante a ida para a casa de Rosé, eu me acalmei e parei de chorar, mas ainda estava para baixo.

O carro do motorista de Yoongi tinha sete lugares, um do lado do motorista (onde Rosé se sentou para dar as direções) e mais três atrás do motorista, onde as meninas se sentaram e mais três lugares atrás, onde eu e Yoongi nos sentamos, cada um em uma ponta, do lado das janelas.

Fiquei na primeira metade da viagem só olhando para a janela e pensando em Jimin, claro. Eu não sabia por que eu estava tão triste por causa de algo que Jimin havia dito. Eu já não deveria estar esperando algo daquele tipo? Quero dizer, sem contar o atropelamento, ele jogou aquele suco em mim e socou Jungkook.

Mas ele me beijou. E pediu um recomeço. Será que ele tinha de arrependido? Será que eu tinha destruído uma chance de alguma coisa?

Comecei a sentir que ia começar a chorar de novo, mas antes que eu pudesse realmente deixar uma lágrima escapar dos meus olhos, senti alguém segurar a minha mão que estava descansando no assento entre eu e Yoongi. Olhei para o lado imediatamente. Yoongi estava segurando a minha mão e olhando para a janela, como se nem soubesse o que estava fazendo.

-Mye? –perguntou Lisa.

Eu não conseguia nem acreditar que tinha ficado repassando na minha mente o quão fofo Yoongi tinha sido mais cedo durante tanto tempo. Do segundo que eu tinha devolvido o paletó dele até o segundo que me sentei no tapete de Rosé eu fiquei com a mente em Yoongi.

Jisoo entregou uma caneca de chá para Jennie, que estava sentada na cama de Rosé, com o rosto inchado e meio molhado. Ela tinha acabado de parar de chorar, mas ainda soluçava. Jisoo sentou do lado de Jennie assim que ela começou a beber o chá bem rápido.

-Eu não acredito que fui tão idiota! –ela lamentou, com mais raiva do que tristeza e colocando a caneca no chão do nosso lado. –Eu devia ter ouvido Tae! Eu devia! –ela lamentou, ainda com raiva, e se jogou deitada na cama.

-Tae te disse alguma coisa? –Jisoo perguntou.

-Disse. Ele implorou para que eu não fosse ao baile com Jay Park umas horas atrás... umas seis da tarde. –ela explicou colocando a mão no rosto. –Ele disse que tinha medo de que eu me magoasse, que Jay Park era um cuzão...

Ficamos caladas olhando para ela, meio atordoadas com a informação.

-É sério? –Lisa perguntou.

-É. –Jennie disse entregando o seu celular para Jisoo. -Podem ler.

Jisoo nos juntou ao chão e lemos as mensagens juntas.

{18:34}

[Tae:]  Jennie, aparece por favor.

             É importante, sério.

            Eu sei que eu vou parecer louco em te pedir para fazer isso depois de te ignorar por dois dias, mas me escuta.

            Não vai no baile com Jay Park

            Eu estou com MUITO medo dele te magoar.

Jennie deslizou para fora da cama assim que terminamos de ler.

-Eu ignorei. Eu fiquei com tanta raiva quando li as mensagens... –ela lamentou pegando o celular. Notamos claramente que ela estava ficando triste de novo.

-Vamos falar de outra coisa. –Rosé sugeriu segurando a mão de Jennie, que a agradeceu com o olhar. Rosé olhou para mim meio apreensiva. –Mye... por que você estava chorando?

Tive um debate mental se deveria contar para as meninas a história do atropelamento ou não. Uma parte de mim gritava que não devia, que isso ia piorar minha situação com Jimin, mas outra parte queria aliviar esse peso que eu tinha ao menos parcialmente com as meninas (e que Jimin fosse se fuder).

Respirei fundo. Eu ia contar.

-Desculpa por esconder isso por tanto tempo, mas eu não tinha muito como não esconder... –eu comecei a falar e as quatro olhavam para mim preocupadas. –Eu já tinha conhecido Jimin antes de ser adotada, antes, inclusive, da minha mãe morrer. –admiti.

-O que? Como? –Lisa perguntou confusa.

“Eu estava indo comprar alguma coisa para eu e minha mãe comermos, e quando eu ia atravessar a rua eu fui atropelada. Eu não me lembro de absolutamente nada, só de um som de freio e umas luzes bem brilhantes... enfim, eu acordei no outro dia no hospital, o pai de Namjoon estava lá, uma enfermeira e... Jimin. Me disseram que eu tinha levado alguns pontos na parte de dentro da coxa, e que Jimin salvo minha vida... que ele tinha me achado no chão da rua, feito uma bandagem para que eu parasse de sangrar e que me levou para o hospital.”

-Jimin salvou a sua vida? –Lisa perguntou me interrompendo. Estavam todas boquiabertas e de olhos arregalados.

-Sim, se não fosse a bandagem eu ia sangrar até a morte... –eu constatei e Jisoo levou a mão á boca. –Mas isso não é tudo. A arte que ninguém sabe é que... é que Jimin que me atropelou.

Rosé se disparou em pé enquanto todas as meninas perguntaram um “o que” bem alto.

-Eu quero muito bater nele... –Rosé bufou em pé. –O que aconteceu depois? Você denunciou ele?

Respirei fundo e continuei a contar.

“Quando eu estava saindo do hospital, Jimin me ofereceu carona e quando eu vi o carro dele eu reconheci-o. Eu tentei fugir, mas Jimin segurou meu pulso antes que eu pudesse e me explicou que estava com problemas em casa... eu não pensei muito nas coisas, queria só ir para casa ver a minha mãe então garanti que não ia denunciá-lo e só pedi para ele me dirigir de volta para casa.”

-Mye! –Rosé gritou com raiva. –Isso não é desculpa para quase matar alguém!

-Eu sei! Mas eu tenho que pedir para que vocês não contem para ninguém! –eu implorei.

-Por que não? Ninguém sabe disso? –Jennie perguntou com raiva.

-Não, e ninguém pode saber! Isso não pode vazar... –fui interrompida de novo.

-Jimin tem que pagar por o que ele fez! –Rosé argumentou ainda com raiva.

-Deixa eu me explicar! –eu pedi puxando Rosé para o chão. Ela sentou do meu lado meio impaciente. –Jimin, não só pagou pelos pontos, quanto ele também não me abandonou no meio da rua! Ele é Park Jimin ele podia me deixar para trás e ninguém nunca ia saber... e eu nem ia estar aqui mais. Além disso, ele usou a própria camisa para conter o meu sangue, o banco de trás do carro dele estava todo cheio de sangue no dia seguinte de manhã! E ainda mais, quando eu disse que não ia o denunciar ele ainda me ofereceu uma bolsa na escola do pai dele. Para mim! Uma menina que estudava em uma escola horrorosa!

As meninas olharam para o chão, pensativas.

-E também, na época eu tinha que estudar e trabalhar o dia inteiro, não tinha tempo para um processo judicial que... querendo ou não ia acabar no pai dele pagando a fiança e para que ninguém nunca soubesse do acontecido na ficha dele! E eu também não queria preocupar minha mãe... E a gente já conversou várias vezes sobre isso ele já pediu desculpas milhões de vezes...

-Mye! –Lisa me interrompeu pegando no meu braço. –A decisão é sua, okay? E eu acho que você nos deu motivos o suficiente para se explicar. –ela sorriu e eu sorri de volta.

-A gente não vai contar. –Jennie concluiu.

-Não mesmo. –Jisoo afirmou.

-É, desculpa por ter me descontrolado. –pediu Rosé meio envergonhada. –Não tem problema.

-Quem mais sabe disso? –Lisa perguntou.

-Bom, além de vocês quatro, Jimin e Minjun, a minha amiga que eu morei na casa dela antes de vir para cá ninguém... isso a história toda... –respondi, com a minha cabeça voltando para a noite de hoje.

-Como assim? Alguém sabe só um pedaço? –perguntou Jennie.

-É, o Dr. Kim comentou com Namjoon e Hoseok, mas como ele só sabe a parte de Jimin ter me salvado, eles só saber essa parte também... –voltei a pensar na noite de hoje, enquanto mexia nos meus anéis.

-Mas... –começou Jennie de novo. –Por que você chorou hoje?

-Eu... encontrei Jimin durante a dança. A sós, em uma sacada nos fundos do salão. –deixei um sorriso escapar. –A gente conversou e ele foi... tão fofo, propôs para que a gente começasse de novo... e ele me... –eu hesitei um pouco mais do que o normal e as meninas olharam para mim curiosas. –E ele me beijou.

As meninas suspiraram surpresas. Todas sorrindo.

-Ah, eu sei que isso é muito errado de dizer, mas: que lindo! –Jisoo comemorou colocando as mãos no rosto.

-Parece o início de um filme de romance... –Rosé disse sonhadora.

-É, isso se eu não tivesse contado para ele que Hoseok e Namjoon sabiam que ele tinha só salvado minha vida e ele tivesse dito que desejava que eu não estivesse aqui. –eu ri, mas fiquei séria logo depois, assim como as meninas.

-Por isso que você chorou... –Jennie concluiu baixinho. –Mas pensa, ele deve ter ficado com muito medo e “explodido”!

-É! Não tem como ele ter sido tão fofo com você e depois dizer isso e realmente ser o que ele pensa. –Jisoo argumentou.

-Eu não sei... nem quero saber por enquanto! Não podemos só dormir?

(***)

Acabei dormindo na casa de Rosé mais um dia e, na segunda, fui para o colégio com as meninas. Estávamos todas praticamente nos arrastando para a sala de tano sono... não sei nem que horas fomos dormir ontem, mas era tarde!

Estávamos no corredor quando Jennie deu um berro e saiu correndo para mais adiante no corredor. Tomei um susto, mas assim que raciocinei o que estava acontecendo, vi Jennie perdurada no Tae e repetindo “desculpa” umas mil vezes. Taehyung sorria e para cada vez que ela dizia desculpa Tae respondia com um “tudo bem” ou algo do tipo.

-Uau, Jennie, já está pendurada em outro cara? –perguntou Jay Park logo atrás de nós três. –Você foi tão fácil e ainda não aprendeu a se controlar?

Jennie e Tae lançaram olhares mortais para o desgraçado e eu andei para longe dele, já que sentia nojo em estar só perto.

-Vai agir como se não estivesse triste? –o garoto insistiu em provocar.

-Vai agir como se ainda tivesse moral com alguém? –Taehyung perguntou em um tom desafiador. Eu nunca, repito: NUNCA tinha visto Tae assim.

A boca de Jennie se tornou um sorriso e seus olhos arregalaram surpresa. Jay Park ameaçou avançar em Tae, mas uma mão segurou o ombro dele. A mão de Namjoon, que estava acompanhado de Jungkook e Yoongi. Ambos tinham olhares bem confusos para a cena.

Jay Park deu uma última olhada para Taehyung e fez a curva em outro corredor, em direção á nossa sala. Todos os restantes no corredor começaram a rir e Namjoon fez uma expressão de orgulho meio engraçada, mas não demorou para ele ficar sério e ir na direção de Rosé.

-Eu acho que a gente precisa conversar. –Rosé ficou claramente vermelha e o mais velho segurou o sorriso.

-Claro.

-E eu acho que a gente precisa conversar. –disse Lisa, meio envergonhada para Jungkook, que fez uma expressão surpresa.

O clima ficou bem mais tenso no corredor, agora silencioso.

-Okay, vocês quatro conversem, eu vou para sala compensar o sono que os dois me tiraram! –Yoongi declarou estressado e com os olhos entreabertos.

Todos rimos e o acompanhamos para dentro da sala. Quando chegamos lá a primeira coisa que aconteceu foi eu ser abordada por Sana, uma menina muito legal que sentava na mesma mesa que eu no laboratório.

-Mye, acho que hoje é o seu dia de sorte... –ela provocou sorrindo.

Fiquei confusa, mas quando olhei para a minha mesa vi, sentado na minha carteira um urso de pelúcia bege GIGANTESCO que segurava um coração vermelho sentado na minha cadeira. Todos da sala olhavam para o urso e para mim, alguns apenas confusos, outros sorrindo.

Jisoo e Jennie correram para o urso e eu tive que correr atrás dela.

-Cadê o cartão? –Jennie riu abraçando o urso. –Aah, acho que vou roubar para mim.

Comecei a apalpar o urso procurando um cartão enquanto Tae (meio que o palhaço da sala) virou-se para o resto dos colegas e perguntou:

-Qual de vocês fez uma merda colossal? –todos riram, todos sempre riem de Tae, mas depois desviaram suas atenções para outras coisas.

Quando achei o cartão, as meninas foram correndo ler junto de mim.

DE: Babacão, o rei dos babacas

PARA: ❤❤

Eu tentei achar um urso do tamanho da MERDA que eu disse, mas acho que esses não existem...

Por favor me perdooa.

~Um idiota que não merece seu perdão mas ficaria muito feliz se os ganhassem

As meninas fizeram um “awwwn” coletivo e depois ainda fizeram um teatrinho perguntando de quem vinha e eu dizendo que não sabia. Olhei para Jimin, que deu uma olhada para trás, sorriu e eu li os lábios dele dizendo: “desculpa”.

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