História The Distance Over - A Outra Versão

   Estávamos voltando para casa, aquela foi a melhor viagem da minha vida eu estava maravilhado com tudo que aconteceu durante esse final de semana, minhas irmãs e eu nos divertimos tanto sempre era bom passar um tempo a mais com elas, a Anne era a mais nova ela tinha 10 anos e a Dinah a mais velha com 15 anos. Meus pais sempre estavam ocupados assim como minhas irmãs, pois todos só ficavam em casa final de semana por isso sempre que podíamos viajávamos e dessa vez escolhemos Curitiba e fomos de carro para poder ficarmos o máximo de tempo juntos.
   Na volta foi só alegria, cantávamos musicas aleatórias de cantores variados. Dinah implorava para cantarmos Beyoncé, já Anne só queria cantar Legião Urbana e assim tínhamos o palco armado para varias brigas sobre que música cantar.
-Agora ta na hora de cantar Queen B - disse Dinah bem irritada.
-Não, eu quero Legião Urbana - Anne cruzou o braço e fez bico.
-Já foram três músicas seguidas - Dinah aumentou o tom de voz.
-Vamos cantar Beyoncé - falei animado.
-Não, Não, Não!! - Anne gritava cada vez mais alto, típico das suas birras.
-Anne querida, para de grita - minha mãe usou tom de voz doce de sempre.
-Vamos parar com essa briga ai atrás - meu pai olhou para trás e fez contato visual com nós três.
   Ouvi minha mãe gritar e junto com uma buzina de caminhão meu pai olhou para frente imediatamente, mas já era tarde de mais. Senti meu corpo girar junto com o carro e um desespero tomou conta de mim, tudo girava e quando enfim paramos de girar sentir um impacto forte na minha cabeça e então eu apaguei.
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   Acordei todo suado, estava chorando e fiquei desesperado com o sonho que eu acabei de ter, não era a primeira vez que isso acontecia eu não estava sonhando na verdade eu estava tendo uma lembrança do dia que todo minha ruína começou, do dia que eu perdi meus pais e minha irmã mais nova.
   Olhei no relógio e era 5:30 levantei e fui tomar banho afinal hoje vai ser um dia especial e eu não posso deixar nada estragar isso. Fui em direção ao banheiro tirei minha roupa e mais que nunca a minha cicatriz na coxa esquerda me incomodava tal cicatriz que era minha maior lembrança daquele noite dolorosa onde tive que fazer uma cirurgia de emergência e quando sai da sala de cirurgia as pessoas que eu mais amava nesse mundo não estavam mais la, eles tinham partido e nunca mais voltariam. Durante o banho sem querer acabei me permitindo entrar em estado de transe e fui vagando entre minhas lembranças.
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   O dia foi muito difícil, ter que me despedir dos meus pais e da minha irmã mais nova em um enterro doloroso que parecia não ter fim, se não fosse pelo meu tio Adão com que eu estou morando eu nem sei o que seria de mim.
-Você não pode me abandonar Dinah - eu não conseguia contar as lagrimas afinal a unica pessoa que me restava estava indo embora no próximo voo para New York.
-Eu preciso Thom, eu não consigo ficar aqui nem mais um minuto - ela me abraçou - eu prometo te ligar todos os dias.
-Você não vai me esquecer né? - ela chegou a se assustar com a minha pergunta.
-Claro que não meu anjo, eu vou te ligar todos os dias - ela sorriu pra mim e pegou as malas dela - eu vou voltar para te buscar daqui a 4 anos, okay?
-Okay - falei animado.
-Se eu vim te buscar você vai ir morar comigo né? - parecia tão feliz quanto eu com a ideia de nos morarmos juntos.
-Claro que vou.
-Então ta bom - ela respirou fundo e me olhou pela ultima vez - fica bem pequeno.
   Dinah virou de costas e foi em direção ao portão de embarque e eu só conseguia chorar, Adão segurou na minha mão e me guiou para o carro. Enquanto Adão me tirava da cadeira de rodas e me colocava no carro eu me senti a pessoa mais solitária do mundo agora que tudo que eu tinha se foi.
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   Não pudi conter as lagrimas que rolavam pelo meu rosto misturando-se com as gotas de água que caiam do meu cabelo, aquelas lembranças eram dolorosas e por toda minha pré adolescência eu mantive tudo aquilo guardado dentro de mim sem nem ao menos mencionar qualquer coisa que tenha acontecido dos meus 12 anos para trás é como se minha vida antes dos 12 não tivesse existido. Minha semelhança com o Adão facilita minha vida já que todos pensam que ele é meu pai e então ninguém me pergunta nada sobre minha família.
   Fiz o maior esforço enquanto eu preparava o café da manhã do João hoje era um dia muito importante e eu não vou deixar com que nada estraga isso. Hoje foi colocar em pratica meu plano para reconquistar o João.
   Enquanto eu preparava o café da manhã dele eu quebrei minha cabeça a procura de uma frase que define o que eu quero com o João e do nado veio uma coisa na minha cabeça "Te farei feliz", pronto essa vai ser a frase já que ele me fez muito feliz desde o primeiro dia em que eu conversei com ele, a noite que eu conheci o João entrou para a historia, pois a 4 anos eu sonhava todas as noites com aquele terrível acidente e do nada após conhecer o João eu sonhei com ele e foi ali que eu percebi que ele era especial e que ele seria importante na minha vida. Meus 2 meses de namoro com ele foram incríveis porém eu sempre queria mais e mais e nada que o João falasse me satisfazia ou ao menos diminuía toda a vontade que eu tinha de ver, durante nossas conversas eu sempre pensava como seria maravilhoso se eu estivesse la do lado dele conversando cara a cara, mas isso ficava apenas na minha cabeça e já estava me sufocando foi então que eu tomei uma das piores decisões da minha vida uma decisão tão estupida quanto a que eu tomei nos planos da viagem que meu pais morreram.
   Depois que eu terminei com o João passei o resto das minhas ferias jogado no meu quarto eu apenas chorava e só saia de lá para ajudar meu tio na decoração da casa nova, ele estava tão feliz porque a namorada dele estava vindo morar conosco e essa felicidade dele de um jeito ou de outro acabou me contagiando e me dando forças para me concentrar na decoração daquela casa deixando assim completamente esquecido por algumas horas o João, mas tudo mudava de rumo assim que eu entrava no meu quarto e ia ouvir a playlist dele no spotify e ficava horas e horas olhando para as fotos dele que eu tinha um uma pasta no meu celular.
   Levei o café da manhã e deixei na cama ao lado dele, não resisti e fiquei um tempo lá fazendo carinho nele, olhando para cada detalhe daquele rosto perfeito enquanto ele dormia igual um anjo. Peguei o celular dele e usei um programa do meu computador para desbloquea, baixei uns aplicativos e usei alguns para forma a frase, passei milhares de fotos dele pro meu celular pc, coloquei para despertar e só então devolvi o celular dele. Escrevi um bilhete, dei um beijo na testa dele e sai do quarto.
   Tudo saiu conforme o meu plano, o café da manhã na cama e o almoço no auditório, agora estamos aqui deitados no meio do palco deixando o momento falar por si. Nós estávamos apenas matando a vontade que tivemos durante 2 meses quando derrepente o meu celular tocou e eu simplesmente queria tacar ele na parede, atendi e coloquei no viva voz.
-Thomaz vem na sala do diretor agora - era a Camila.
-O que aconteceu? - eu fiquei preocupado porque era típico da Camila se meter em encrenca.
-É coisa do coral, nada de mais - fiquei mais aliviado.
-Ta bom eu to indo.
   Assim que desliguei o telefone não pude deixar de notar a cara triste do João e isso me destruiu por dentro.
-Eu que hoje era pra ser o nosso dia - coloquei a mão no rosto dele - Me desculpa por ter que sair, mas já já eu volto.
-Não tem nada não - ele abriu um sorriso, eu sabia que era forçado, mas mesmo assim aquele sorriso me confortou - Pode ir.
   Sai do auditório correndo, fui para a diretoria o mais rápido possível e em nenhum momento deixei de pensar no João e em como eu ainda queria estar la deitado com ele. Entrei na diretoria e dei de cara com o diretor sentado de frente para a Camila, olhei de relance e levei um susto quando eu vi o Adão no canto da sala.
-Bom eu vou ser breve porque o seu tio quer falar com o você João - me sentei - Desde quando vocês decidem quem entra ou sai do coral - eu não acredito que era só isso - Vocês vão pedir desculpas para o João e colocar ele no coral - não pudi deixar de abrir um sorrisinho só de imaginar eu fazendo um dueto com ele - Entendido?
-Sim senhor - eu e a Camila acabamos formando um único som falando ao mesmo tempo.
-Agora pode ir Camila - ela já estava saindo da sala quando eu parei ela.
-Segue o plano sem mim - ela ficou perplexa ao ouvir minha ideia - Eu vou ter que sair.
   A verdade é que eu já sabia o que o meu queria aqui, assim que a Camila saiu da sala meu tio veio até mim e me levou rumo a porta sem falar nada. Entramos no carro e ninguém disse nada.
-Hoje faz 4 anos então eu pensei que você quisesse ir lá - ele quebrou o silencio e mesmo sem mencionar o que eu sei que ele quis meu coração já se partiu e eu não pudi conter minhas lagrimas - Não chora Thom, por favor.
-Desculpa tio - falei enquanto ele estacionava o carro no cemitério - Eu não consigo.
-Okay meu amor - ele pegou no meu rosto e deu um beijo na minha testa - Vai la eu te espero aqui.
   Sai do carro e comprei umas flores na entrada do cemitério, fui em direção as lapides onde se encontravam tudo que eu tenho nesse mundo ou que pelo menos eu tinha. Cheguei la com facilidade eu poderia repetir esse caminho de olhos fechados depois de ter vindo aqui mais de 100 vezes.
   Me ajoelhei e fiquei lá parado apenas lembrando de tudo que me remete a eles, minhas brigas com a Anne. os conselhos do meu pai, as vezes que minha mãe cantou pra mim e todas as vezes que saímos em família.
-Se eu não tivesse pedido para irmos de carro - meu corpo tremia e eu tentava de alguma maneira tentava conter meu choro - Vocês deveriam estar aqui comigo, eu queria poder contar com a ajuda de vocês para reconquistar o João - sentei e fechei os olhos lembrando dos rostos deles - Ele aceitou me dar uma segunda chance - comecei a distribuir as flores entre as três lapides - É tudo culpa minha, se eu não tivesse ped...
-Quando o Adão me disse que você se culpava eu não acreditei - levei um susto com a voz que me interrompeu e virei para ver quem era - A culpa não foi sua meu amor.
   Uma garota loira estava parada na minha frente e eu não acreditei no que estava acontecendo depois de todo esse tempo ela estava aqui, ela realmente voltou para me buscar. A Dinah não mudou nada e por isso foi fácil reconhecer ela, sai correndo e a abracei muito forte.
-Eu senti falta desse seu abraço maravilhoso - ela me apertou enquanto falava no meu ouvido - Você cresceu tampo bb.
-Você voltou pra mim Dinah - eu não conseguia para de chorar.
-Eu vim te buscar - essas palavras me doeram, eu não posso ir embora - 4 anos lembra.
-Eu sei, mas...
-Mas nada - ela me olhou no fundo dos olhos - Eu vim para morarmos juntos, para termos uma vida melhor juntos - ela me abriu um sorriso para mim - Vamos ser felizes maninho.