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História The Dragon Hunter - 10 anos depois.


Escrita por: Drake_Lord

Notas do Autor


Finalmente 2° cap admito que minha decepção foi bem grande, simplesmente não teve visualização nenhuma praticamente :/ mas ainda assim os 7 favoritos que eu tive aqui me deram a esperança de que a história vai ir bem. Obrigado a todos vocês.
@i--magination (meu mozão <3) @BlackMoon71 @miminu @BaixinhaXY
@Hadez @Zdragon @OotautsukiKuro

Capítulo 2 - 10 anos depois.


Mais um golpe da espada, mais um corte no boneco de palha, mais feno espalhado pelo chão.

Esse era o meu cotidiano desde que fui enviado para o orfanato do reino onde recebi treinamento e estudos. Eu treinava, me fortalecia, me moldava.

A espada nas minhas mãos deixou de ser apenas uma arma no meu primeiro ano como órfão, a espada se tornou parte do meu corpo, o cabo girava com graciosidade entre os dedos, era fácil para mim começar um ataque pela esquerda, e ao ver a guarda levantada eu poderia facilmente girar a lâmina em 180°, segurar a lâmina como uma faca e atravessar o corpo dos meus adversários.

Mas não era o suficiente, eu ainda era fraco, eu ainda não recebi o meu Dom. Não sabia com qual animal iria compartilhar a minha alma. Mas eu já escolhi meu ofício.

Desferi mais golpes de espada, pensando apenas no ritual pelo qual passarei no dia seguinte, o altar já tinha sido preparado e o deus da sabedoria Opal já estava no reino, a cidade recebia as caravanas com os jovens de todo o reino, jovens que assim como eu completaram 18 anos e estavam prontos para descobrir seus Dons e seus futuros.

Eu já tinha visto o ritual desde o primeiro ano em que vim para a capital do reino, eu já sabia o que iria fazer, meu corpo seria pintado com tinta negra por toda a extensão dos braços e pernas, abdômen e rosto, essas marcas, após o ritual ser completado, iriam mudar, se assimilando a marcas relacionadas ao seu dom, como listras de um tigre, ou manchas para os guepardos, e então elas queimavam e desapareciam, a partir daquele momento elas faziam parte da sua alma. Durante o ritual o deus Opal, iria enviar a alma dos jovens para um mundo diferente, mas seus conhecimentos acabavam aí. Não era permitido a ninguém contar as crianças sobre como era o desafio. Foi descoberto a muito tempo que quando as pessoas sabiam o que iriam enfrentar elas se preparavam, criavam planos, estratégias e durante o ritual isso impedia que a alma do animal se juntasse a alma humana, o que gerava Dons fracos e praticamente inúteis. 

Eu desferi outro corte e finalmente o boneco se rasgou. Toda a palha caiu no chão, procurei por outro boneco, mas este era o último, os outros já estavam tão rasgados quanto este. Suspirei e guardei a espada, comecei o caminho para a saída do orfanato, eu precisava fazer alguma coisa para que esse dia passasse mais rápido.

- Will, deus Opal deseja falar com todos os que farão o ritual amanhã – disse uma freira que trabalhara no orfanato nos últimos anos. Eu mordi o lábio e dei de ombros.

- Eu não vou, mais um monte de informação inútil, ou aquele discurso sobre responsabilidade em nossos ofícios – eu dei as costas e segui para a porta enquanto falava comigo mesmo com uma voz de desânimo – Já sei de tudo isso desde os 10 anos.

- Ele lhes dirá sobre o ritual, Will, sobre o outro mundo e o desafio que irão encontrar. Além da teoria de como aumentar o poder do seu Dom – isso despertou o meu interesse, dei meia volta e andei para a porta sem agradecer. A freira não fez mais do que era obrigada a fazer.

Quando cheguei ao refeitório, onde o deus Opal já fazia o velho discurso sobre a responsabilidade dos ofícios, o homem aparentava ter 60 anos, mas era difícil determinar a idade de Opal que além do deus da sabedoria era também o deus do tempo, ele poderia ter mil anos e aparentar 20 se quisesse. 

Opal tinha olhos castanhos e era careca, seu rosto tinha rugas de expressão ao redor dos olhos, tinha uma barba bastante grande que descia até metade do peito, ele andava sempre apoiado em um cajado, ele vestia uma toga negra como a dos padres e tinha uma coruja da igreja pendurada no seu pescoço.

- Já estamos cansados desse discurso – gritei, atraindo a atenção de todos no refeitório, a maioria não gostava de mim, sabe, eu nunca consegui fazer amigos no orfanato, é complicado quando aos 8 anos você decide dedicar a sua vida a treinar e matar monstros. Eu levava todas as aulas a sério e as brincadeiras idiotas das outras crianças me estressavam, e também a falta de vontade. Quando eu gritei todos ali começaram a me encarar, eu disse o que todos ali queriam dizer, mas eles eram covardes demais, então, como é normal dos seres humanos, eles tinham raiva daqueles que tinham características que eles não tinham, no caso a coragem de dizer para um deus parar de enrolar e ir logo para a parte interessante..

- Sei que já ouviram, mas essa sua atitude demonstra que...

- Demonstra que eu estou a 8 anos esperando pelo dia de amanhã, por 8 anos ouvindo vocês dizerem que os nossos Dons decidem nossos ofícios na sociedade. Já sabemos disso, pode fazer um favor a todos e pular para as novidades?

Opal me olhou incrédulo, acho que ninguém jamais o desafiou dessa maneira, o velho desceu do palco que foi montado para que todos conseguissem vê-lo e caminhou até mim, enquanto andava ele crescia, e rejuvenescia, sua barba encolheu até sumir, seus cabelos cresceram primeiro na cor branca e depois escureceram, seu corpo se tornou maior e mais forte, ele não se apoiava no cajado, o cajado agora era uma arma que eu tive a sensação que Opal manejava muito bem.

- Você ousa desafiar a mim – disse o deus agora com uma voz firme e mais jovem, ele disse trincando os dentes e se erguendo acima de mim, numa tentativa inútil de me colocar medo – um mísero garotinho que ainda nem sabe o seu Dom está desafiando Opal, o deus do tempo? – ele ergueu a voz na última parte. Todos, inclusive as freiras, começaram a se afastar.

- Você sabe melhor que todos aqui – eu disse baixo e friamente e encarei os olhos do homem, eles ferviam com ódio, mas não eram assustadores, não como os olhos de um dragão – Você não é um deus, é só um humano com um Dom muito especial que foi endeusado pelo povo. É tão mortal quanto um rato – eu disse e sorri com o canto dos lábios, a maneira mais pura de mostrar que eu não tinha medo dele.

O homem rejuvenescido me encarou, eu via a raiva fervilhando nos olhos dele, ele tinha muita vontade de me matar ali mesmo, mas eu via outra coisa, um tipo de olhar que as pessoas fazem ao se agradar com uma surpresa, estava bem escondido e a maioria estaria tão nervosa que não perceberia isso, mas eu não era a maioria, eu prestei muita atenção em cada uma das aulas sobre leitura corporal e os olhos do homem me diziam que ele estava feliz pela surpresa de ser desafiado, mas Opal não me deixaria saber disso.

- Irei poupar sua vida medíocre por uma única razão. O seu desejo pelo conhecimento e por novas descobertas é digno de respeito, porém se me desafiar mais uma vez eu não vou hesitar em te atacar – ele não estava brincando. Ele se agradou com a surpresa, mas ainda era um deus e não gostava de ser interrompido.

Eu não respondi, entendam, eu fazia leitura corporal em mim mesmo, eu tinha certeza que não conseguiria dormir a noite pensando no dia seguinte. Logo se ele me atacasse eu poderia, com sorte, ficar inconsciente até o dia de amanhã, com azar eu poderia morrer.

Opal voltou a envelhecer 30 anos em 30 segundos, as pessoas que haviam se afastado agora se sentavam em suas mesas e eu me encostei em uma das paredes e olhei para o deus.

- Já que vocês estão tão apressados, vamos direto para as informações sobre a alma e o Dom. Will Savina, pode explicar o que é o Dom?

Eu suspirei bastante entediado, no fim das contas eu continuaria tendo que ouvir as mesmas informações de sempre, fechei os olhos e escolhi rapidamente as palavras que usaria para explicar.

- O Dom é o nome dado a parte animal da nossa alma que receberemos durante o ritual, parte da sua alma humana, normalmente 30% dela é enviada para um animal ao redor do mundo e este animal enviará a mesma porcentagem de sua alma para você – fiz uma pausa para respirar e então continuei minha explicação – Como eu disse o normal é que humano e animal troquem 30% da sua alma, assim o humano continua sendo mais racional, mais humano, e o animal continua sendo mais instintivo, mais animal. Quanto mais da alma for trocada, mais poderosos os dois ficam, os mais poderosos são os que trocam 50% da alma, pois estes são perfeitamente equilibrados, mas nunca ninguém do continente despertou com esse poder. O mais próximo foi 51% que em toda a história apenas 3 pessoas despertaram.

- Exatamente. Uma explicação muito boa devo dizer – o deus sorriu e então olhou para outro garoto – Você, Antras Kniven, qual os benefícios que se obtém ao receber o seu Dom?

- Após receber, o ser humano pode materializar a parte animal da sua alma, dando a ela uma parte humana para manter a conexão, isso não enfraquece o ser humano, muito pelo contrário isso o fortalece o permitindo usar a magia – disse Antras.

- Muito bom, mas devemos dizer, não é necessário invocar o requisito, para a ativação da magia é a proximidade dos portadores, quando os dois estão próximos e em corpos diferentes.

Isso era uma informação nova, eu nunca ouvi falar que a invocação não era obrigatória, será que existe alguma diferença?

- Pode explicar melhor isso? – pedi e o salão todo voltou a me olhar, eu só sinalizei para que dessem atenção ao deus que sorria, prrovavelmente, pensando em como eu tinha fome de conhecimento.

- Os primeiros homens, quando recebiam o seu Dom começavam uma longa jornada para encontrar seu parceiro – disse Opal – é possível sentir a proximidade, alguns afirmam que eram simplesmente puxados e encontravam seus parceiros. Mas um dia um homem tentou fazer magia sem o seu parceiro, e de alguma maneira ele libertou parte de sua alma para fora do corpo, e desde então a busca pelos animais nunca mais aconteceu, era perda de tempo não havia vantagem em ter o corpo real e muitos morriam durante a jornada.

Então era isso, no fim não havia nada de útil nessa informação apenas um fato interessante.

- Drake Denver, como o Dom afeta o seu papel na sociedade?

- Cada espécie de animal tem forças e fraquezas, baseando-se na sua espécie receberá um ofício no reino que explore a força da sua espécie, animais marinhos acabavam se tornando pescadores e membros da marinha do reino; os predadores, como lobos ou raposas, se tornam caçadores; aves possuem vários ofícios, algumas são guerreiras, outras mensageiras. E o ofício mais importante o de rei, todos com o Dom do leão e mais de 25 anos devem lutar e o último de pé é eleito o novo rei.

- Uma ótima explicação. Isso é basicamente tudo que sabemos sobre o Dom – Opal sorriu – Agora começará o desafio, hora de revelar a vocês como ter mais sincronia com seu parceiro – ele sorriu e me encarou, o deus sorriu ao ver que agora meu olhar estava fixo nele eu nem sequer piscava – primeiro quero que entendam o termo harmonia. Sabem o que é?

- É de onde tiramos a magia, o equilíbrio entre a alma humana e a alma animal, quanto mais equilibrado, maior é a harmonia e mais poder vamos poder liberar. Mas a harmonia é diferente do equilíbrio. O equilíbrio é fixo, mas a harmonia você alcança quando homem e animal pensam a mesma coisa, agem pelas mesmas razões, sentem as mesmas emoções, na harmonia perfeita os pensamentos de um se tornam o pensamento do outro - eu expliquei.

- Darei um exemplo da diferença entre equilíbrio e harmonia – ele pegou um pote e colocou água e óleo, a quantidade de água era claramente maior do que a de óleo – A água representa sua alma humana e o óleo sua alma animal esse é o equilíbrio, fixo e imutável a harmonia está na linha em que elas se conectam, ambas estão planas, mas qualquer agitação – ele sacudiu o copo e todos observaram enquanto a linha da harmonia fica balançando e não ficava plana – qualquer sentimento pode romper a harmonia. Na hora de invocar seu parceiro, você deve entrar em harmonia com ele e invocar a parte animal de sua alma mantendo um pouco dela dentro de si e um pouco da parte humana dentro do seu parceiro para ter equilíbrio, a harmonia vocês tem quando forem movidos ambos pela mesma razão

Observei a explicação atentamente, não era nenhuma novidade até então, eu já havia lido sobre a harmonia e já tinha aprendido como controlar e usar essa força, eu esperava que a harmonia tivesse importância no que Opal iria dizer em sequência.

- Agora o segredo o que vocês devem saber... durante a prova a harmonia define o seu equilíbrio – ele fez uma pausa e viu as pessoas conversando com seus amigos.

Isso era uma informação muito boa, mas difícil de aplicar, é difícil atingir a harmonia com o seu parceiro antes de poder conhecer ele, imagine na primeira vez que vocês se encontram? Seria muito difícil, mas nada me impediria de tentar.

- Durante a prova, tudo que vocês precisam é entrar em harmonia com seu parceiro, isso vai afetar seu equilíbrio, e torná-los muito poderosos após o fim da prova.

- Você faz parecer fácil.

- Se fosse fácil todos teriam a harmonia perfeita, perfeitamente equilibrados, mas ninguém tem ela até hoje, alguns dizem que ela nem é possível.

- E os detalhes da prova? – gritou uma garota.

- Tudo o que posso dizer é que a prova é dividida em duas partes, na primeira é onde o equilíbrio e harmonia se tornam um. Seu parceiro não vai ser um animal, ele vai ser uma sombra, um tipo de fantasma, quando completarem a primeira etapa vão enfrentar uma segunda prova que é diferente para cada pessoa, vão enfrentar uma memória em comum, qualquer que você e seu Dom tenham vivido, podem ser desafios simples como escalar uma árvore para conseguir comida, podem ser coisas complexas como monstros que ambos enfrentaram, na segunda prova o equilíbrio já está decidido, mas tem algo que devem saber sobre a segunda prova – ele fez uma pausa – Vocês podem morrer.

Eu engasguei e arregalei os olhos e então me afastei da parede, isso não pode ser verdade, como poderia morrer se o corpo real estava apenas parado e inconsciente no altar de pedras.

- Como podemos morrer? Aquele mundo nem sequer é real – disse um garoto.

- Não pode ver, não pode ouvir, não pode cheirar, não pode sentir, isso não significa que não seja real – disse Opal -- existe mais realidade do que vocês podem imaginar naquele mundo.

O tom de voz do deus me fez pensar que ele sabia de mais coisas do que gostaria sobre esse mundo, eu percebi um certo medo na voz do deus e qualquer coisa que pudesse assustar a um deus com certeza não era bom para o nosso mundo.

- Isso é tudo por hoje – disse o deus – usem a resto da tarde para pensarem e tentem dormir cedo, nos veremos de novo ao meio dia para o ritual do despertar – Opal sorriu e seu corpo começou a ficar menos visível, mais fantasmagórico e ele simplesmente sumiu.



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