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História The Dream - Did He Wake Up?!


Escrita por: SrtaPRMendes

Notas do Autor


Eu ainda estou traumatizada

Capítulo 2 - Did He Wake Up?!


Fanfic / Fanfiction The Dream - Did He Wake Up?!

Gabriel P.O.V

          Sinto meu corpo acordar. Abro os olhos e uma luz branca me cega. Fecho eles. O barulho de bipes é presente. Sei que existem conversas sussurradas do outro lado da porta. Também escuto uma TV ligada no quarto. Tento abrir meus olhos de novo, dessa vez com cautela. Consigo ver o lugar onde eu estou aos poucos. Definitivamente um quarto de hospital. Não lembro como cheguei aqui. Reviro minhas memórias e a ultima coisa que me lembro é de estar no carro indo pra uma festa com o Lys e a Vicky. Não lembro da festa.
          Percebo duas pessoas sentadas de costas pra mim. A menina está sentada na poltrona, lendo um livro. Não vejo seu rosto. Ela tem um cabelo castanho, liso, muito bonito. O menino sentado no braço da poltrona passa a mão no cabelo dela enquanto assiste a TV. Sinto ciúmes mesmo não reconhecendo nenhum dos dois.
          De repente, a Vicky entra no quarto e olha pra mim, paralisada. Um sorriso surge no rosto dela, que parece estranhamente mais velho.
          - VOCÊ ACORDOU!
          Ela quase grita e as duas pessoas do quarto se viram pra mim, percebendo que eu estava vendo eles ali o tempo todo. Eu me assusto. Eu conheço a garota. É a garota que sempre aparece nos meus sonhos. A quanto tempo não tenho nenhum sonho? Não lembro também.
          - Gabriel! - A garota fala e se inclina pra me abraçar. Retribuo de maneira estranha. O garoto me encara sem falar nada
          - Ahn, será que vocês podiam me deixar falar com a Vicky sozinho?
          - Claro - ela fala e o menino leva ela pra fora do quarto, com a mão em sua cintura. Vejo que ela começou a chorar e ele a abraça quando passam da porta. Me sinto estranho.
          Quando olho pra Vicky de novo, ela está chorando também.
          - Por que vocês estão chorando? E o que aconteceu? E quem é aquela menina?
          - Você não lembra?
          - Lembro de estar indo pra uma festa com você e o Lys. Alias, cadê ele? - Falo e ela começa a chorar - Vitória, o que aconteceu?!
           - Eu não sei como te falar essas coisas. Não sei nem se posso te falar isso antes do médico chegar aqui. Foda-se. Eu não ligo. - ela me ajuda a arrumar a cama pra eu ficar sentado e se senta do meu lado, respirando fundo e secando as lágrimas - A gente foi pra aquela festa. Pelo que a Ana, a menina que estava aqui, me contou, vocês sonhavam um com o outro. Certo? - faço que sim com a cabeça - Enfim, vocês ficaram. Bem mais do que beijos, na verdade. Eu e o Lys estávamos bebendo. Você foi dirigindo na volta. Um caminhão estava na contra mão. Eu e o Lys estávamos dormindo no banco de trás. Eu saí com uma perna quebrada. Você entrou em coma. Mas o Lys - ela começa a chorar de novo - ele não resistiu. Ele morreu, Gabriel.
          Começo a chorar involuntariamente - Eu... Eu quero ir no enterro dele. Me leva, por favor.
          - Gabriel - ela chora mais ainda - Já faz dois anos.
          - O quê?!
          - Você ficou em coma por dois anos. Por isso a gente estava chorando.
          - O que aconteceu comigo?
          - Os médicos não sabem. Seu corpo apenas apagou. A gente veio aqui todos os dias. Eu e a Ana. Com a esperança de você acordar. Os médicos achavam que você ia ficar daquele jeito pra sempre.
          - Eu não lembro da festa. Não lembro da Ana. Eu quero ver o Lys.
          - Eu também queria ver ele.
          Choramos mais um pouco. Sinto meu corpo doer. Um médico entra pra me examinar e a Vicky sai pra encontrar a Ana. Ainda não sei como me sentir em relação a ela. À Ana, no caso. Não me lembro da sensação de estar com ela, mas de alguma maneira eu sinto que aconteceu. E o Lysandre. Meu Deus, o Lysandre. Não consigo imaginar a barra que a Vicky passou nesses dois anos. Nem a barra que eu vou passar agora. Preciso organizar meus pensamentos, mas não sei como.

Ana P.O.V

          - Ainda não sei por que esse drama todo. Aliás, nunca soube nada da sua amizade com esse menino. - o Lucas fala enquanto eu pego um lanche na cantina do hospital. Me sento numa mesa e ele se senta ao meu lado
          - Ele é muito importante pra mim. Ok? A gente se conhece muito antes de eu começar a namorar você. Então não tente me separar das pessoas. Você me conheceu por causa dele. Porque eu venho aqui todos os dias.
          - Desculpa. Não quis parecer ciumento. Acho que só estou nervoso de te ver chorando. E dele ter acordado depois de tanto tempo. Sei como seu ano foi complicado.
          Dou uma mordida no meu sanduíche e vejo a Vicky vindo na nossa direção. Ela pega um café e se senta na minha frente. Consigo perceber que ela chorou.
          - Como ele está?!
          - Bem. Não lembra de algumas coisas. - ela me olha com uma expressão angustiada
          - Algumas coisas tipo...?
          - Ah, algumas coisinhas.
          - Lucas - me viro pra ele - você pode ir pegar minha bolsa que eaqueci lá no quarto do Gabriel? - pergunto pra me livrar dele e fazer a Vicky falar
          - Claro - ele sai
          - Vitória, do que ele não lembra? - Pergunto e ela respira fundo
          - Ele não lembra daquela noite.
          - Ah, normal não se lembrar do acidente.
          - Não. Ele não lembra da noite toda.
          - Como assim ele não lembra?! A gente passou a noite juntos!
          - Não sei. Ele só lembra de estar indo pra festa. Desculpa.
          Começo a chorar e a Vicky me abraça. Como ele pode não lembrar? Eu vim aqui por dois anos só pra ver ele. Mesmo começando a namorar nesse meio tempo, eu vim aqui todos os dias. A dois anos eu não sentia a felicidade que eu senti quando eu vi que ele estava acordado. E agora ele não se lembra?!
          O Lucas volta com minha bolsa e me pergunta por que estou chorando de novo. Não respondo.
          - Bom, por que você não vai lavar o rosto e sobe lá no quarto? Seu amigo pediu pra te ver. Eu fico aqui com a Vicky.
          - Tem certeza que ele pediu pra ME ver?!
          - Por que não pediria? Vocês são amigos, certo?
          - Sim, claro... Eu vou lá então.
          Pego o elevador e subo até o 9° andar. Meu coração está disparado e meus ombros pesados. Paro em frente à porta, respirando fundo duas vezes antes de bater e abri-la devagar.

Gabriel P.O.V.

          Estou sentado perto da janela. O trânsito parece estar correndo bem. Imagino quantos acidentes como o meu acontecem todos os dias. Sete bilhões de pessoas no mundo e exatamente naquele dia, as vítimas fomos nós. Logo aquele dia o Lys e a Vicky estavam comigo. Logo naquele dia eu conheci literalmente a garota dos meus sonhos. É difícil pensar nisso. A gente sempre pensa que nunca vai acontecer. Mas acontece. E aconteceu. Eu sei que estive com a Ana aquela noite. Eu sinto isso. Mas não lembro a sensação, não lembro o toque dela. Não lembro das nossas conversas, nem do quarto. Não lembro do karaokê. E não lembro daquele caminhão vindo na nossa direção. Faço força pra me lembrar, em vão. O garoto que estava com a Ana entra no quarto.
          - Err, eu bati. Acho que você não ouviu.
          - Desculpe. Não estou prestando muita atenção. Acho que não nos conhecemos. Meu nome é Gabriel - estendo a mão e ele a aperta
          - Lucas. Eu sou... Namorado da Ana.
          - Imaginei - dou um sorriso sem graça - ta tudo bem?
          - Sim, claro. Só vim buscar a bolsa dela que ela pediu.
          - Ah. Tudo bem. Acho que é aquela - aponto a bolsa no canto onde eles estavam antes - Será que quando você descer, você pode pedir pra ela vir aqui? Faz dois anos que não vejo ela - faço a piada e ele não ri. Só acena e sai do quarto. Mandou bem Gabriel. Só que não.

          ...

          Dez minutos depois eu ainda estou na mesma posição. Ouço duas pequenas batidas na porta e a ouço se abrir devagar. Me viro. Ela fecha a porta e se encosta devagar, sem se aproximar. Nos encaramos por segundos que parecem uma eternidade. Ela é tão bonita que não sei realmente como reagir.
          - Você disse que queria me ver?
          - Ah, sim. Queria sim. Na verdade eu... Eu não sei bem o que eu tenho ou deveria que te falar.
          - A Vicky me contou que você não lembra. Não... Não precisa se preocupar em me falar isso. Se era só isso, acho melhor eu ir - ela se vira e abre a porta
          - Não. Por favor, não vai. Eu quero realmente me lembrar daquela noite.
          Ela fecha a porta e encosta a testa na parede. Então ela se vira, se senta perto de mim e começa a contar a história daquele dia. Não do jeito que a Vicky me falou. Uma história com vida. Falada por quem viveu. Com sentimentos à mostra. Depois falamos sobre assuntos aleatórios. Não sei quanto tempo conversamos. Perdi as horas e a noção. Ainda não lembro daquela noite. Mas já tenho a sensação de ter sido incrível. Por enquanto, isso basta. A gente pode ter tido alguma coisa, mas agora ela tem um namorado. E eu tenho que respeitar isso.
          A Vicky e o Lucas entram no quarto de repente com minha comida. Já é hora do jantar. Janto enquanto nós quatro conversamos sobre o filme que está passando na TV. No meio tempo, uma enfermeira entra pra me examinar e eles saem do quarto por 10 minutos.
          - Você tem bons amigos. - ela sorri
          - Parece que tenho sim.

~ 1 hora depois ~

          O telefone da Vicky toca e ela sai pra atender. Estou me despedindo da Ana e do Lucas. Eles vão pra casa deles e a Vicky vai passar a noite aqui comigo. Os médicos querem me manter aqui por enquanto, em observação. A Vicky volta com uma expressão que não identifico.
          - A gente tem um problema. Eu tenho, na verdade.
          - Aconteceu alguma coisa?
          - Aconteceu. O idiota do meu irmão fez uma merda e eu tenho que ir atrás dele.
          - Então vai logo
          - Não quero te deixar aqui sozinho. Você acabou de acordar. Não é certo. E se você precisar de alguma coisa?
          - Eu estou num hospital né? Aposto que alguma enfermeira poderia me ajudar - brinco e ela revira os olhos
          - Não vou te deixar aqui sozinho Gabriel. Ponto final.
          - Vai lá Vicky. Eu fico com ele. - a Ana fala e todos nos viramos pra ela
          - Tem certeza? - A Vicky pergunta e ela assente - Muito obrigada!
          Ela sai do quarto, deixando nos três lá dentro. O Lucas encara a Ana e eu encaro a porta. Não sei se ele sabe de tudo e prefiro não arriscar. Eles são um casal, vão se entender.
          Dez minutos depois e ninguém falou nada ainda. Ok. Aparentemente eles não vão se entender.
          - Ana, você pode ir se quiser. A Vicky já deve estar longe agora. Vou ficar bem sozinho.
          - Não. Eu concordo com ela. Você não pode ficar sozinho na primeira noite depois de acordar.
          - Ana a gente pode se falar lá fora?
          Eles dois saem, me deixando sozinho com a TV ligada. Já imagino a briga que eu causei. Ele sabe. Com certeza ele sabe. Consigo ouvir a discussão sussurrada que se segue do outro lado da porta. Quinze minutos depois ela entra sozinha.
          - Ta tudo bem?!
          - Sim. Claro. Ele só ficou chateado. Ele não sabe muito sobre você e é ciumento. Nada demais.
           Ela se senta na poltrona ao lado da cama e assistimos um filme. "Moulin Rouge". Muito bom, por sinal. Não lembro em que momento ela se deitou naquela cama minúscula junto comigo. Assistimos o resto do filme assim.

          ...

          Acordo sozinho. A ultima coisa que me lembro é de estarmos acordados às 3 da manhã falando sobre o namoro dela com o Lucas. Ela conheceu ele a seis meses, em uma das diárias visitas dele. A mãe dele estava no quarto vizinho ao meu. Alguma cirurgia sem importância. Ele pediu o número dela e ela deu. Ele ligou no mesmo dia e eles tomaram um café na lanchonete do hotel. Ela nunca contou pra ele o motivo de vir me ver todos os dias. Ele acha que somos melhores amigos ou coisa do tipo.
          A Ana entra no quarto com a bandeja do meu café da manhã. Meu Deus ela é linda demais. Ela coloca a bandeja na bancada do lado da cama e me diz bom dia. Retribuo. Ela diz que precisa ir pra aula, mas que mais tarde volta e que a Vicky já estava a caminho daqui. Me despeço dela com um beijo na bochecha.

          ...

          São três da tarde e ainda sinto o cheiro dela. A Vicky está apagada no sofá. Penso em ligar pra Ana, mas lembro que eu nem tenho mais um celular. A única coisa que me resta é esperar ela chegar.



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