História The Dreamer - Epílogo

Atrás de seu balcão de madeira rústica, Paul McCartney franzia o cenho para a senhora que acabara de entrar na loja e pedir por um disco do Elvis Presley. Para ele, apenas adolescentes "perdidos na vida" poderiam apreciar o Rei, não que isso seja algo ruim, já que ele se encaixa na lista desses mesmos. A senhora devia ter uns sessenta anos e era estranho alguém dessa idade amar Rock 'n Roll, então Paul entrou correndo no armário de discos mais raros antes que aquilo se tornasse pura ilusão. Os discos eram divididos por que qualquer dia desses Elvis seria coisa do passado e seus discos valeriam MUITO mais do que valiam hoje em dia, então, para manter conservado o dono da loja decidira comprar um armário apenas pra discografia do amado Rei.

Assim que Paul entregou o disco, guardou o dinheiro recebido e a madame fora embora, o telefone tocou. O coração do garoto fora a boca com o susto levado pelo toque repentino e ele logo atendeu.

- Alô? - Disse calmo.

- Paul, puta merda, Paul! - Uma voz conhecida passou pelo telefone até seus ouvidos.

- Que merda você fez agora, John?

- Como sabe que é merda? - Perguntou o outro, incrédulo.

- Você sempre começa a contar a merda dizendo: "Puta merda, Paul!" - Sorriu o mais novo.

- Só que agora não é algo fácil de se resolver, Paul, eu juro que não é. - Disse John, ofegante. - Eu estou preso.

- Você tá brincando? - Riu fraco. - Por que se for brincadeira não tem graça nenhuma, seu bosta!

A voz de John começara a gargalhar do outro lado do telefone e os ombros de Paul relaxaram até que o amigo retornasse a fala:

- Paul, seu inocente. - John voltara ao normal, seu tom poderia até mesmo estar mais grave. - Eu não estou brincando nem um pouquinho.

Paul se calou por poucos segundos. OK, era real. O que iria fazer agora?

- Vou explicar tudo, mas eu tenho que ser rápido por que o guarda chato ta do meu lado me apressando. Espera porra. - Paul pode ouvir John falando rapidamente com quem julgava ser o guarda. - Me culparam por algo que eu não fiz. Eu não matei o Brian Paul. JURO. Você sabe que aquele maldito era um dos meus melhores amigos e só perdia pra você.

- Brian morreu? - OK, definitivamente Paul estava delirando. Como assim o seu chefe morreu e como assim seu melhor amigo que  matou? Quer dizer, John jurava não ter matado, mas McCartney não sabia se podia confiar no mesmo.

- Por favor. Venha até aqui o mais rápido o possível. Estou na prisão de Liverpool até o julgamento e disse pra eles que você é meu advogado. Me ajude a sair dessa, Paulie Paul?

- Ajudo. - Disse sem nem mesmo pensar. - Claro que ajudo.

- Te espero aqui amanhã, então. - John desligara o telefone.

Que merda acabou de acontecer? Como Paul poderia ser advogado de John, se ele não tinha nem idade o suficiente pra trabalhar de carteira assinada? E falando em trabalho, seu patrão morreu, e a loja? E como John fora incriminado? O que diabos estava acontecendo em Liverpool?

Alguns quilômetros dali uma velha bebia chá e aproveitava seu disco do Elvis na maior calmaria.