“Let's destroy, each mistake that we made”
(Vamos destruir cada erro que cometemos)
-Olá. -A latina se encaminhou para a recepção e cumprimentou cordialmente o homem barbudo que estava tentando arrumar alguns papéis. -Sou Camila Cabello, preciso falar com Scott...
-Ele está na sala de depoimento, não poderá falar com a senhorita no momento. Talvez demore tempo demais para se esperar. -O homem diz calmo, Camila suspira e assente se encaminhando para a saída.
Seus olhos tentando entender o que havia acontecido até alguém parar em sua frente. Os olhos castanhos claros, a pele branca, quase tão branca quanto Lauren, os cabelos raspados de forma ousada a deixando com uma beleza fora do comum.
-Como Lauren está? Eu vi você lá fora com ela. -Camila arqueia uma sobrancelha e mede a garota de cima a baixo, as mãos se agarram a alça da mochila e ela dá de ombros. -Sou Halsey.
-Camila Cabello. E Lauren foi para casa com Dinah... Sua namorada. -Ela havia dado a informação somente para provocar e sorriu de canto ao ver a mulher torcendo a boca, os olhos se inflando de raiva por não ser aquela que Lauren considerava segura.
-Obrigada. -Ela diz com muito custo, tentando soar calma, mas perdendo o controle por segundos.
A mulher some pelo corredor deixando a latina parada ali. Havia algo de estranho em tudo aquilo, Sam era um cara que tentava com todas as forças controlar todas as pessoas ao seu redor, sua criação o permitiu que ele achasse que poderia fazer tudo quando e onde quisesse. A hora que quisesse.
Jhonny seguia a mesma filosofia. E quando dois caras que tratam pessoas como propriedades se encontram, se tornava uma disputa de quem conseguia ser mais babaca. Mas algo nos dois, alguém em comum, era vítima do sentimento de posse dos dois, e Camila sabia que Melissa era especialista em jogar com esse tipo de gente. Ela era esse tipo de gente.
(...)
-DINAH. -Lauren grita assustada e move o sabonete de lugar outra vez. Mas ele não estava no lugar certo.
A agua caia da torneira e se tornava avermelhada ao sumir pelo ralo. A cor deixando Lauren agitada demais, as unhas se arrastando pela pele até deixá-la sensível.
Três vezes por cima, três vezes por baixo. Ainda não estava limpo então teria que refazer o processo. Filetes começavam a se formar e ela entrou em desespero.
-Não! Chega, Lauren. Está limpo. -A loira segura o rosto entre as mãos e passa a toalha molhada pela pele, tirando o sangue seco espalhado por toda a bochecha branca. -Tomar banho? -Lauren assente e pisca diversas vezes.
Dinah tira a roupa da morena e liga o chuveiro segurando as mãos de Lauren. A água estava morna e fez todo seu corpo levar um pequeno choque. Seu controle voltando aos poucos, seus olhos verdes voltando para o foco, mas a agonia ainda estava lá.
-Está limpo. -Dinah diz e mostra as mãos brancas, com grandes marcas rosadas e sensíveis. Mas limpa. -É a quinta vez em menos de dois meses, Lauren.
-Desculpe, desculpe, desculpe. -Ela respira fundo e fecha os olhos com força, as unhas sendo fincadas nas palmas.
-Eu concordei com tudo isso, pois sei o quanto é importante para você. -Dinah diz baixinho, suas mãos passeando pelo rosto molhado, os fios pretos grudando nas bochechas, o nariz vermelho pelo machucado. -Mas isso está afetando tudo o que você aprendeu a controlar em anos. Seus pesadelos voltaram, seus surtos estão maiores...
-Voltarei a me consultar com o psicólogo. -Dinah suspira, mas assente contrariada.
-Faça o que tem que ser feito. E depois esqueça tudo isso.
O TOC de Lauren sempre fora severo. A impedindo de viver normalmente, seus alarmes soando até causar um zunido em seus ouvidos. A agonia de ver algo desalinhado, ou seus passos sobre as linhas de divisão da calçada. Sua mente criando armadilhas onde ela enxergava germes entrando em sua pele, as folhas na calçada a obrigando a ir para o meio da rua sem se importar com o perigo dos carros.
Não era apenas uma mania chata de organização, não era se incomodar com as cores fora do lugar ou a comida misturada. Era seu cérebro gritando para ela que cada coisa tinha que ser movida diariamente seis vezes até estar no lugar certo, era as cores se misturando até ela organizar por uma paleta da mais clara até a mais escura, e caso faltasse uma cor ela teria que refazer todo o processo por mais seis vezes, era separar a comida e tê-la que comer lentamente, contando cada mastigada mentalmente para não atrapalhar os outros, e então cada dia da semana era um prato diferente e todas as semanas eram assim até o mês mudar e novos pratos surgirem para a felicidade de suas namoradas.
E caso algo disso desse errado, ela ficaria perdida e entraria em pânico. O alarme soando, mesmo quando ela não percebia que havia feito algo errado, ele estava lá para deixá-la em alerta.
Então restava a Lauren respirar fundo, seis vezes, e soltar o ar pesadamente. E então o processo se repetia ate ela estar de volta no controle, sem alarme, somente seus números, seus toques e tiques nervosos.
Dinah desliga o chuveiro e enrola Lauren em uma toalha, a morena estava em choque então não se incomodou por ter outra pessoa fazendo o que somente ela sabia fazer da maneira correta para si mesma.
Ela agradecia mais do que tudo por ter Dinah e Normani em sua vida, a puxando de volta para a realidade quando ela se afastava demais. As duas cuidavam dela da mesma forma que eram cuidadas e, mesmo que todos fizessem careta para esse relacionamento, ele era o melhor possível.
O telefone toca fazendo Lauren piscar incomodada e Dinah atende rápido.
-Lauren Jauregui?! -Uma voz forte do outro lado soou.
-Ela não pode falar no momento, sobre o que se trata? -Dinah ajuda Lauren a se vestir, o celular apoiado no ombro enquanto ela se movia lentamente.
-É sobre o caso de Melissa McAvoy e Logan Wesley. Sou Shawn Mendes.
1997.
-Melissa?! -A loira se vira e sorri de canto ao ver o amigo a olhando com cobiça. Seu cabelo loiro escuro jogado para do lado, o sorriso revelando as dobras fofas de sua bochecha e quase fechando os olhos castanhos tão escuro que beiravam ao preto.
Melissa sempre se perdia quando olhava fixamente para aquele olhar e se via refletida ali, ela se sentia despida diante daquele olhar e, era uma das poucas vezes em que se sentia culpada pelas coisas ruins que fazia.
-Logan... -Ele abre os braços e a abraça forte, seu rosto se enterrando no pescoço dela e fazendo uma cosquinha gostosa com a barba por fazer.
-Jhonny chegará de viagem amanhã. -Ele diz, sua voz pesando em tristeza. -Caleb disse que comprou a câmera que você pediu.
E lá estava a Melissa que faria de tudo para nada escapar de seu aperto possessivo. Jhonny era dela, Caleb, Logan também a pertenciam, e seu irmão, Daniel, o único que não se deixava levar pela beleza manipulativa de Melissa, esse a pertencia mais do que qualquer outro.
-Perfeito. -Ela sorri mostrando toda a malícia que existia em sua mente. -Aquela vadia vai se arrepender de querer entrar para a minha família. Daniel é meu.
Seu plano, cruel demais para qualquer outra pessoa sequer imaginar, mostrava para os três amigos quem ela era de verdade e o quão inteligente ela sabia ser. Mas sua inteligência costumava ser manipulável.
-Às vezes você me dá medo, querida. -Ele faz um leve carinho em sua bochecha corada e se afasta olhando para os lados.
-Fique de olho no Caleb. -Ela diz e ele trava o maxilar. -Ele costuma ser covarde demais.
Logan era um dos poucos que conhecia todos os lados de Melissa, talvez o único. Mas na mesma medida em que amava a garota, seu coração também pertencia a Jonathan. E esse era um dos maiores pesos que ele carregava nas costas.
-Caleb fará o que nós mandarmos. O que Jhonny quiser que ele faça. -Eles sorriem cúmplices e se beijam.
Logan também era um dos poucos que sabia que jamais deveria confiar em Melissa. Mas ele não conseguia resistir e lutar contra o coração que superava sua inteligência quando se tratava dela. Ou de Jonathan.
Por fim, Logan sabia que deveria se afastar. E se considerava um estúpido por saber disso e ainda continuar insistindo em seguir hábitos maléficos. Ele só gostaria que Melissa parasse de agir como agia, pois, como sempre, ele era o único que a observava o suficiente para perceber o quanto aquilo os levaria para baixo.
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