Na segunda-feira, me levantei cedo como de costume, às 6h30am. Fui ao quarto de Sofia e a mesma estava calçando suas pantufas de porquinho. A pequena já era bem independente em relação à horários, mas as vezes se perdia no meio deles, ou fazia de boba para que eu a acordasse, afinal ela tinha 2 despertadores no quarto.
-Bom dia, meu bebê grande! -Ela disse abraçando meu pescoço.
Bom dia, meu bebê pequeno. Vamos nos arrumar?
-Vamos, hoje eu vou com a minha saia xadrez e o meu casaco cinza. -A pequena disse sorrindo.
Uau, vai estar linda. Algum motivo especial?
-É aniversário da Briana, então temos que ir bem arrumadinhos. -Sofia riu. - O aniversário vai ser lá na escola, no salão do auditório.
Ah sim, e você comprou um presente?
-Eu não, ela não merece um presente. Ela é chata pra burro!
Sofia! - Camila a repreendeu. -Você não pode ir ao aniversário da menina e não lhe dar um presente.
-Estou brincando, Kaki. Eu comprei uma blusa de estrelinhas pra ela. -Sofia apontou para o pacote em cima da escrivaninha.
E porque você não está nem um pouco animada pra essa festinha?
-Porque a Briana se acha a melhor de todas, só porque alugou o auditório da escola pra essa festinha boba. -Sofia cruzou os braços. -Ela deixou bem claro que ninguém da sala ia fazer uma festa mais legal que a dela.
Isso não é verdade, Sofi. Você sabe disso. Papai pode fazer uma festa tão legal quanto a dela pra você, mas você sempre preferiu viajar!
-Sim, mas eu acho que talvez esse ano eu queira uma festa. -Disse com a mão no queixo pensativa.
Mas seu aniversário já passou, Sofi. Nós fomos pro parque dos Pinguins de Madagascar.
-Mas uma festa não precisa necessariamente ser de aniversário, não é? Vocês grandes dão várias festas! -A pequena acusou.
Mas o papai só faz festas quando é nosso aniversário. -Camila explicou pacientemente.
-Você tem razão, Kaki. -Disse cabisbaixa vestindo o casaco. -Vou descer para comer com o papai.
Camila assentiu e voltou para seu quarto à fim de se arrumar também. A mesma colocou uma calça jeans em um tom de azul bem vivo, um tênis preto com detalhes brancos, uma blusa cinza de estampa antiga e um casaco preto por cima. Soltou os cabelos na frente dos ombros e desceu as escadas segurando sua mochila por uma alça.
Bom dia! - Uma voz estranha falou.
-Quem disse isso?! -Sofia se engasgou com o cereal que tomava.
Oi, eu sou a moça do tradutor. -A voz computadorizada disse.
Camila se pôs a rir e sentou-se na mesa junto com Sofia.
-Que susto, eu achei que era você, Kaki! -A menor deu um soco no ombro dela.
Ouch!
-Na verdade eu nem me lembro da sua voz, por isso eu achei. -Deu de ombros e voltou a comer.
-Bom dia meu amor número 1. -Alejandro beijou a testa de Camila. -E meu amor número um e meio. -Beijou a testa de Sofi.
-Porque um e meio?! -Sofia perguntou indignada.
-Porque você é pequenininha. -Ele bagunçou seus cabelos.
-Não sou não, eu já sou grande! -Cruzou os braços numa cara emburrada.
-Tá bem, meu amor.
Camila se levantou e foi até o quadro de avisos pregado na geladeira. Suspirou fundo ao ver que hoje à tarde teria consulta com a sua psicóloga e fonoaudióloga.
-O que foi, Kaki? -Alejandro perguntou ao escutar seus suspiros.
Tenho consultas praticamente a tarde toda.
-Mas elas são pro seu bem, meu amor. -Tentou confortá-la.
Papai, eu já faço isso há 6 anos e não tive nenhum resultado até agora. Isso cansa!
-Às vezes você só precisa de um empurrãozinho de alguém.. -Ele sorriu sugestivo.
O que o senhor Alejandro está tentando insinuar?
-Nada, só que talvez alguém que já se encantou por você, se encantaria ainda mais ao ouvir sua voz.. -Ele sorriu.
Ai, papai.
Camila riu e o abraçou fortemente.
-Gente, já tá na hora de ir! -Sofia corria em volta da mesa.
"Quanta energia uma criança pode ter?" Camila pensava.
A mesma subiu as escadas para escovar seus dentinhos, enquanto Camila comia na velocidade da luz. A latina tomava seu copo de suco de laranja por cima dos pãezinhos, se engasgava e tomava mais suco.
-Vou tirar o carro da garagem! -Alejandro disse girando as chaves no ar com o dedo.
Camila assentiu terminando de engolir seu pão e correndo para escovar os dentes. Sofia puxava sua mochila e o presente de Briana com desânimo. A pequena entrou no carro se sentando em sua cadeirinha, e Camila, como sempre : atrasada.
-Ande logo, Camila! -Alejandro buzinava impaciente.
A mesma veio correndo com os tênis nas mãos e pisando nas pedrinhas da grama com suas meias listradas, enquanto trancava a porta da frente. Jogou a mochila de qualquer jeito pelo vidro do carro e se sentou no banco do passageiro, colocando o cinto e rindo.
07h em ponto, papai!
Alejandro negou com a cabeça rindo, enquanto a mesma apoiava os pés nos airbags para calçar o tênis.
°°°
-Lauren vamos nos atrasar! -Ally sacudia a maior que ainda estava jogada na cama.
-Eu poderia muito bem faltar hoje... -A morena resmungou. -E eu não deveria ter tomado a tequila que fica embaixo da sua cama.. -Ela riu.
-Se eu soubesse que você era tão fraca pra bebidas, nem tinha te mostrado o esconderijo dela! -Ally reclamou lançando um chute nas coxas de Lauren. -Eu vou falar pela última vez. LEVANTA, LAUREN! -A baixinha gritou quase que em um falsete, puxando o lençol e derrubando Lauren no chão frio.
-Droga, Ally! Eu só queria dormir mais! -Lauren se levanto rápido sacudindo a menor.
-Já são 6h45, e você não se arruma em quinze minutos nem aqui nem na China, ainda mais agora com a Camila pela escola.
-Oh meu Deus! A Camila vai estar lá! -Lauren concluiu abestalhada.
-Duuuh?! É uma escola?! -A menor debochou.
-Preciso me arrumar! Porque não me acordou antes, Ally?!
-Vá se foder, Jauregui! -Ally deu um tapa nela e saiu do quarto correndo.
No corredor, deu de cara com seu pai que acabava de acordar. Riu de nervoso, e desceu as escadas quase rolando.
-Essa hora da manhã e vocês com essa animação toda?!
-É isso, papai! -Ally ria nervosamente.
-Allyson Brooke, eu escutei muito bem seu palavrão, pare de sorrir feito um boneco de cera. -Jerry disse se sentando na mesa.
-Ah, mas que droga, papai. Que mal tem xingar algumas vezes?! -A baixinha reivindicava.
-Ah eu não sei, pergunte à sua mãe. -Deu de ombros colocando bacon em seu prato.
-BOM DIA, FAMÍLIA BROOKE! -Lauren descia as escadas maravilhosamente linda.
-Você se produziu toda em dez minutos? -Ally perguntou boquiaberta.
-Tenho motivos pra isso. -Lauren piscou o olho.
-Hummm. -Jerry disse risonho. -Bom dia minha filha número 2. Sente-se e coma!
-Não estou com fome, obrigada. -Lauren sorriu educadamente.
-Vai comer, agora! Fiz panquecas! -A mãe de Ally disse fingindo estar brava.
-Agora sim, eu como. -Lauren riu se servindo de algumas panquecas. -Estão uma delícia! -Comentou ao garfar um pedaço.
E aquela foi uma manhã feliz para Lauren, e normal para a família Brooke.
°°°
-Bom dia, meninas! -Lauren chegava sorridente na escola.
-Bom dia, Lauren! -Normani a abraçou fortemente. -Onde você se meteu o fim de semana todo?
-Na casa de uma anã. -Lauren riu e logo após levou um tapa de Ally. -Oh, me desculpe, Ally!
-Só não te bato mais porque você não pode ficar acabada quando Camila cheg.. ela chegou. -Ally apontou para o carro de Camila que acabava de parar na calçada.
A morena sorriu ao vê-la descer do carro com a mochila em uma mão, o dever de casa na outra, enquanto tentava andar e guardá-lo ao mesmo tempo. Sofia estava no carro observando tudo, divertida. Ao cruzar o olhar com o de Lauren a pequena ficou eufórica. Soltou-se da cadeirinha e abriu a porta do carro.
-LOLO! -Correu ao encontro da maior que a pegou no colo. -Sou eu, a Sofia Isabela Cabello Estrabao! Você lembra de mim?
-Deixa eu ver... -Lauren fingia pensar. -É claro que eu lembro, minha amiguinha! -Sorriu enchendo a pequena de beijos.
-Eu senti saudade de você! E eu ia te convidar pra ir brincar lá em casa! -Sorriu grande.
-Brincar do que em? -Dinah fez uma cara sugestiva.
-Dinah, é só uma criança, shhh! -Lauren a repreendeu. -Eu adoraria brincar com você, Sofia!
-Hoje na escola eu tenho uma festinha, mas é de uma menina que se acha muito, eu não gosto dela. -Sofia deu língua fazendo cara de nojo.
-Pessoas assim não são legais, não é? -Lauren conversava com ela animadamente.
Camila as observava com um sorriso bobo no rosto, era bonita a interação das duas como se fossem amigas de longa data. E para Sofia, elas eram.
-É, eu queria uma festa melhor que a dela só pra ela deixar de ser besta! -Sofia disse decidida.
-Mas talvez você possa ser convidada pra uma festa melhor e usar isso à seu favor. -Lauren deu uma idéia.
-E quem vai me convidar? -Sofia perguntou curiosa.
Lauren se afastou com ela e as duas começaram a cochichar a idéia mirabolante. Camila ria sozinha enquanto isso.
-Elas se deram tão bem, Chancho! -Dinah comentou chegando perto de Camila.
-Verdade Cheechee, eu gosto tanto de ver como Sofia fica feliz com ela. Lauren se dá bem com crianças.
Nota da vida de Lauren: Ela gostaria de se dar bem com as crianças de sua casa também.
-Sofia, está na hora de irmos, se despeça da sua amiga. -Alejandro disse educadamente olhando seu relógio.
-Tchau, Lolo! E obrigada pelo combinado! -Disse baixinho risonha. -Papai, não é verdade que a Lauren pode ir lá em casa hoje de tarde andar de bicicleta comigo?
-Claro que sim, meu amor. -Alejandro sorriu. -Lauren, você é muito bem vinda lá em casa. -Disse apertando a mão da morena.
-Muito obrigada, senhor Cabello. Irei hoje mesmo. -Sorriu para a pequena Sofia que comemorava em seu colo.
-Sem formalidades, me chame apenas de Alejandro, ou tio. -Ele riu.
-Ok, tio Ale! -Ela riu. -Bem, Sofi está na sua hora! -Lauren colocou-a cuidadosamente na cadeirinha pondo o cinto logo em seguida -Tchau, meu anjinho!
Sofia acenava animada pra Lauren, e o carro partiu. Ao se virar, Lauren deu de cara com uma Camila sorridente.
Você acaba de deixar meu dia melhor.
-Eu? Porque, Camz? -Lauren riu.
Gosto de ver o modo com trata a Sofia, ela gosta de você e fica muito feliz. O assunto principal lá em casa era "O quanto a Lauren é legal". Obrigada!
Camila num ato impensado abraçou a maior que demorou breves segundos para apertá-la em seus braços. Camila sorriu recostando a cabeça no ombro da maior, sem dúvidas era um bom abraço.
-É minha obrigação causar sorrisos em quem eu gosto. -Disse simples. -Hoje eu estou sem flores, mas.. Um docinho de banana por esse sorriso?
Eu aceito!! Como sabe que gosto deles?
-Digamos que eu andei te observando por um bom tempo. -Disse e depois se repreendeu ficando vermelha logo em seguida.
Camila riu e entrou em sua sala de Química, enquanto Lauren seguia para a sua de Matemática.
°°°
-A minha festa foi a mais legal de todas. -Briana se gabava na hora da saída.
-É claro que não, eu vou ser convidada pra uma festa muito mais legal que a sua e ainda é de adolescentes. -Sofia dizia olhando envolta do pátio.
-Isso é tudo mentira, Sofia! Ninguém iria convidar um bebê feito você! -Briana lhe deu língua.
Sofia olhava pelos cantos à procura de uma pessoa, que no exato momento acabava de chegar.
-Olá, Sofia! -Lauren sorria superior.
-Oi, Lolo. -Sofia olhava diretamente pra Briana.
-Estava passando por aqui, e vim te convidar para a minha festa, no sábado. -Lauren lhe estendeu um convite falso.
-Ai, muito obrigada, Lauren! -Sofia a abraçou dando língua pra Briana por cima do ombro da maior.
-E eu, não vou ser convidada? -Briana cruzou os braços.
-Eu não conheço você, e não convido bebês metidas! -Lauren disse dando a mão à Sofia e indo até a portaria.
-Identificação, Senhora?! -O porteiro da escola pedia barrando a passagem das duas.
-Lauren Jauregui.
-Eu a conheço, deixe a gente passar logo! -Sofia respondeu bufando.
-Ok. -Ele abriu o portão para as duas.
-Lauren, você foi incrível! -Sofia a abraçava. -Você é a melhor amiga de todas!
-Own, minha pequenininha! Você também é! -Lauren disse abrindo uma garrafinha de água que estava em sua mochila.
-Se a Kaki fosse uma irmã ruim, eu diria que eu gostaria que você fosse a minha irmã. -Ela desatou a falar. -Mas você bem que podia investir na Kaki, eu deixo. Você sabe né? A Kaki gosta de garotas...
Lauren se engasgou com a água cuspindo tudo no chão.
-A Camila gosta de garotas. Hihihihihi! -Sofia contava com entusiasmo.
-Isso é sério?! -Lauren perguntava animada.
-Sim, é sério. Pelo menos foi o que ela me disse. Mas se você for daquelas que machucam a minha irmã, saiba que eu não vou mais ser sua amiga e irei te dar um chute na canela.
-Eu jamais machucaria a sua irmã, Sofia. -Lauren riu. -Eu gosto dela.
-Uuuh! O amor está no ar! Você tem a minha ajuda se quiser conquistar a Kaki. -Sofia riu.
-Ajuda aceita. -Lauren apertou a mãozinha dela e a levou até o carro de Alejandro.
°°°
-Olá, Camila! -A Doutora Mitchell, sorria simpática como sempre.
Camila acenou acanhada e a acompanhou até a maca do consultório. Após se livrar de seus sapatos e pertences, deitou-se fitando o teto azul claro.
-Pode começar me contando o que têm acontecido com você nesses últimos dias. -A Doutora pediu calmamente.
Eu conheci uma menina super gentil e legal na escola. Na verdade todos já a conheciam, menos eu. Eu sou muito aérea nesses quesitos que envolvem a escola. Mas eu estou gostando bastante da companhia dela, ela me dá uma sensação de segurança.
-Muito bom, Camila! -Ela exclamou animada. - É sempre bom fazer novas amizades, em especial essa que você diz gostar da forma que ela te trata.
Sim, ela é incrível e eu acho que não seria exagero ficar com ela um dia inteirinho. O nome dela é Lauren Jauregui, tem 17 anos.
-Muito bem, gostei de ver. -A doutora segurou a mão de Camila. -Você quer falar sobre sua mãe? O que você sente em relação à ela agora?
Pode ser.
-Então, quando estiver pronta.
Falar dela é fácil, ela sempre estava ali pra quando você precisasse. Ela me apoiava em todas as minhas escolhas e sempre estava presente em todas as festinhas da escola. Ela era uma mãe esforçada, eu me lembro disso. - Camila limpou uma lágrima. - E eu realmente sinto falta dela, muita falta. E o pior é quando a Sofia sonha com ela, e a chama de noite, corre e me abraça de noite. Isso me destrói aos poucos. Eu cuido de Sofia com todo o carinho, mas eu não Sinuhe Cabello, eu não sou a mãe de Sofia. E não estava preparada pra assumir esse papel na vida de alguém ainda. É difícil pra mim tomar decisões por ela, quando eu ainda deveria ter alguém que as tomasse por mim. Ser mãe é uma coisa única, eu acho. E eu só vou saber realmente como é ser uma quando gerar uma criança. Mas eu jamais vou abandonar a minha irmã. -Camila limpava as lágrimas insistentes, uma a uma em desespero.
-Camila não precisa limpar suas lágrimas, deixe-as cair. Pra mim você não precisa adotar essa postura forte. Todos sentem dor, todos sentem saudade, e cometem erros. É comum do ser humano. Errado é se culpar de uma coisa que todo mundo faz. -Ela sorriu segurando a mão de Camila.
E por favor, hoje eu não quero fazer a sessão de fonoaudiologia.
-Tudo bem, tentamos outro dia.
Obrigada por me "ouvir" Doutora Mitchell.
-Sempre, Camila.
°°°
Depois de pegar um táxi, Camila comprou alguns sorvetes na esquina de sua casa e foi até a mesma cantarolando uma canção qualquer. Ao entrar, foi até a cozinha e os colocava no congelador até escutar risadas animadas de Sofia, e uma até então desconhecida por ela, no quintal dos fundos. Parecia um bebê.
Sofia quem está aí?
-Oi, Kaki! É a Lolo! -Sofia apontou pra Lauren que se encontrava suada enquanto tentava consertar a corrente da bicicleta de Sofia.
Camila percorreu os olhos para a blusa de Lauren amarrada na altura dos seios, o suor escorrendo no vão deles e um sorriso em seus lábios. Sofia ao ver os sorvetes correu para dentro de casa eufórica, Lauren e Camila ainda trocavam olhares bobos.
-Hey, Camz! -Lauren apertou a mão dela. -Eu posso entrar?
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