1. Spirit Fanfics >
  2. The Empire Of War >
  3. Lute

História The Empire Of War - Lute


Escrita por: Kallberg

Notas do Autor


Revisado: 23/07/2018

Capítulo 4 - Lute


Fanfic / Fanfiction The Empire Of War - Lute

O vento cortou o caminho entre os dois amigos de infância zunindo em seus ouvidos. Eles se entreolharam, vendo nos olhos um do outro lembranças de um passado distante. Brigavam tanto quando crianças. Disputavam tudo, atenção, lutas, notas, espadas... e até a mesma garota queriam. Entretanto, no fim eles sempre se acertavam. 

Não mais. Não naquele dia. 

A luta infantil que terminava em um pedido de desculpas envergonhado, havia ficado no passado. Daquela vez o perdão viria banhado em sangue.

Os intensos grunhidos e gritos de guerra ao redor deles era o único som que quebrava o silêncio entre os dois antigos amigos... irmãos. Até que Sasuke resolve se pronunciar:

—Eu vim aqui pronto para morrer, Naruto. Nunca foi a ideia começar uma guerra. Eu sei que devo pagar pelo meu pecado. -O moreno falou sério e Naruto, instantaneamente, sabia que era verdade. —Mas não Itachi. Ele é inocente. É meu irmão. Não posso simplesmente ir agora. -Ergue sua espada decidido. —Eu vou pegar o corpo do meu irmão e leva-lo de volta para casa. Ou você me deixa passar, ou não vou hesitar em matar outro Uzumaki.

A ameaça do Uchiha atiçou ainda mais o jovem rei, que forçou sua pesada espada contra a do moreno, fazendo com que ele recuasse rapidamente, para não ser atingido pelo movimento brusco, entretanto, quase que imediatamente Naruto volta a investir com um urro, em uma tentativa de decepar a cabeça do oponente. Porém, seu grito de guerra deu a Sasuke o aviso necessário para recuar novamente, mas não escapando de um talho na face lateral.

—Você sempre foi escandaloso demais. -O ataque seguinte foi tão rápido que, mesmo estando alerta, Naruto não conseguiu impedir que seu lábio inferior fosse atingido, o gosto de sangue veio logo a seguir. Se aproveitando da abertura na guarda do loiro, acertou sua lâmina fundo no ombro esquerdo, fazendo descer imediatamente o sangue grosso do lorde, que tropeçou um pouco para o lado. —Você é como um irmão para mim. -Era verdade. —Mas ele é meu irmão de verdade.  -Sasuke girou fazendo sua espada zumbir no ar, visando finalizar a luta

Entretanto, foi interceptado novamente pela espada dourada de Naruto, com seus olhos brilhando como o ouro de sua arma sendo atingida pelos raios de sol. Oh sim, ele se lembrava dessa espada. 

Ele havia sido enviado mais uma vez a tempestade vermelha para brincar com o príncipe, Sasuke não entendia bem naquela época como todos da sua família odiavam a família real nortenha, mas ele não se importava, gostava do príncipe e seu pai, e, da mesma forma parecia reciproco. Seguiram daquela forma até que lady Tsunade Senju também apareceu em visita ao castelo e trouxe com ela sua protegida, Sakura. Naruto instantaneamente se disse apaixonado pela rosada, e assim se manteve por um bom tempo até um dia descobriu que seu melhor amigo compartilhava do mesmos Sentimento. Eles brigaram feio, trocaram socos e ponta pés. Então, Minato os flagrou e os repreendeu: "se querem brigar, que briguem como homens." 

Deu aos dois espadas de madeira e prometeu a espada de ouro do antigo rei, Senju Hashirama, ao vencedor. Sasuke sempre vencia as disputas, era mais inteligente, mais rápido... Mas não naquele dia. 

Naquele dia, de alguma forma, Naruto o venceu. 

O príncipe correu até o pai todo machucado e pulou em seus braços comemorando. Ouviu Minato sussurrar: "eu sabia que venceria filho." Sasuke se sentiu humilhado. Por que ele sabia que o rei do Norte tinha certeza que Naruto venceria. Que ele estava pronto para receber aquela herança de família. Que ele seria um bom rei. Seu pai nunca teria tamanha confiança em si. Apenas Sakura confiava cegamente nele. E ele a decepcionou.

Naquele dia Naruto venceu sua primeira luta contra o moreno, e Sasuke beijou a amada pela primeira vez.

—Eu te entendo. "Nunca mecha com a família de um homem" é o que dizem. E você matou o meu pai! –Naruto gritou trazendo Sasuke de volta de seus pensamentos, e sua desatenção deu a Naruto a abertura perfeita.

Se livrando facilmente da espada do Uchiha, e tentando ignorar a dor no ombro esquerdo, girou sua pesada espada deixando um rasgo longitudinal no peito de Sasuke, que urrou de dor desabando no chão.

Sua cabeça rodava, o cheiro metálico de sangue invadiu suas narinas lhe dando ânsia de vomito. Só agora, jogado no chão, se lembrou que outras lutas estavam sendo travadas ali, que havia sangue de outras pessoas naquele chão. A maioria que estava de pé eram homens do Norte, estavam avançando, seu clã devia estar tomando uma surra, afinal eles estavam em um número consideravelmente menor. 

Viu Naruto vindo em sua direção, mantendo os olhos fixos em seu alvo, sem vacilar. Talvez Naruto ainda o amasse, talvez ainda fossem irmãos em algum lugar na alma dele, mas naquele momento a dor da perda do pai era muito maior que qualquer outro sentimento que ele poderia sentir. Nada iria para-lo. Naruto ia para mata-lo.

Olhou o céu que já escurecia, logo a noite cairia. Sentiu as águas enfurecidas do rio de Jade estremecer a ponte. No Sul era travada a maior parte da batalha, os nortenhos os haviam feito recuar de volta para suas terras do outro lado do rio, estavam sendo massacrados. O exército Uchiha tentava se manter de pé, na verdade viu Shikamaru decepar a cabeça de um grandalhão, Juugo, era um bom soldado. Ver o moreno o fez lembrar Itachi, voltou seu olhar para a entrada das torres, no fim ponte, onde o corpo de seu irmão estava caído, mas ele já não estava lá.

Naruto balançou sua espada no ar, pronto para acabar com aquilo. Não havia outra forma de resolver aquele impasse. Iria atravessar o coração. O coração do seu irmão. Podia ouvir o seu próprio batendo enlouquecido contra sua caixa torácica. Assim como podia ouvir o grito distante de Inochi

—Recuar! Recuar! Recuem agora filhos de uma rameira!

Por que diabos eles fariam isso? Estavam vencendo... - Naruto pensou pendendo sua espada. 

Então ele viu, saindo por detrás das arvores do bosque da divisa, homens. Centenas, milhares de homens que vinham com suas espadas erguidas na direção das torres, destroçado qualquer nortenho que viam na frente. Vinham descendo a colina em alta velocidade. Os malditos Uchiha tinham reforços.

—Subam a ponte! - Shikamaru gritou enquanto corria de volta assim como o resto de seus soldados. 

Alguns que se mantinham na proteção das torres correram para puxar as correntes para a elevação.

Viu Sasuke olhando na mesma direção que si, parecia surpreso, mas um pequeno sorriso aliviado nascia em sua face. Tiraria ele fora agora. Levantou sua espada, pronto para enfia-la fundo no peito do moreno. Mas antes que o fizesse sentiu algo rasgar suas pernas e caiu de joelhos. —Que diabos?! Já não se pode se vingar em paz?!

—Olá irmãozinho. -Itachi falou segurando uma espada que Sasuke não reconhecia e exibindo em sua brilhante armadura uma grande mancha de sangue. —Você está horrível. 

A ponte começou a subir assim como os nortenhos a atravessavam. Sasuke se forçou a ficar de joelhos olhando para o irmão, ele estava pálido como a morte! Devia leva-lo de volta para cuidar de seus ferimentos ou realmente Gor, o deus da morte, iria levá-lo.

Naruto agarrou sua espada a usando como apoio, não deixaria que fugissem.

Itachi observou a movimentação do loiro, a chegada de vários nortenhos, o caminho se fechando, não havia como os dois saírem dali, mas Sasuke sairia.

—Cuida do meu filho. -Itachi falou antes de empurrar o mais novo, fazendo com que ele caísse gritando da ponte direto no tempestuoso rio, assim como seu próprio corpo tombou no piso frio.

Dessa vez ele não conseguiu se levantar.

—O Norte irá resistir, meu rei. Existem boatos que planejam tomar a coroa. -Danzou vinha sussurrando ao rei que se remexia em seu grande trono. 

A sala do trono estava vazia, nem mesmo os guardas se encontravam ali, apenas os dois homens decidindo o futuro do reino.

—Como soube disso Danzou? -O rei perguntou inquieto. Governar era tão difícil quando todos queriam seu lugar. Malditos abutres!

—Tenho meus informantes senhor. -Danzou respondeu calmamente. —O ponto é que não podemos lutar contra os nortenhos e os rebeldes ao mesmo tempo. O mais aconselhável seria aniquilar rapidamente os rebeldes e depois ajudar os Uchiha a derrubarem o Norte.

—Só descobrimos duas bases rebeldes até o momento. Uma aqui perto e a outra em terras Uchihas. Kankuro já está com os Uchihas nas torres neste momento, não posso dispensar mais homens para tão longe do castelo. Ficaríamos desprotegidos. -O monarca analisou seriamente.  —Como mataremos esses malditos?!

—Meu rei, já o fizemos uma vez, e devo ressaltar a extrema magnificência com que eliminou os insetos que pousaram em nosso território. Então, vamos fazer de novo. -Danzou se aproximou ainda mais do poderoso homem. —Tudo o que o senhor precisa fazer é...

—Meu rei. -Temari os interrompeu se aproximando e da mesma forma fazendo o velho conselheiro imediatamente se afastar do rei. —Venho me despedir. Estou partindo em missão agora.

—Espero que tenha sorte em sua jornada princesa. -Danzou falou seriamente. Eles não se toleravam. Temari achava Danzou um puxa saco, e o conselheiro via a loira uma doutrinada de meistre Tsunade. Além, é claro, de brigarem pela vida de Gaara quando seu irmão ainda era vivo, Danzou sempre foi a favor do descarte do garoto, e por isso Temari não economizou em seus chutes na canela do velho conselheiro. Sua mãe sempre a repreendia e o rei sempre acabava rindo de suas traquinagens, alegando que Temari era a única que havia puxado sua vivacidade. Na mesma proporção em que desprezava seu filho mais novo, admirava a filha.

—Ela não precisa de sorte, o sangue do império corre em suas veias. -disse o rei de maneira orgulhosa. —Sua vitória é garantida pelos deuses.

—Com certeza, meu rei. Os deuses sempre protegem aqueles que carregam o sangue do império. - Danzou comenta.

Temari sorri com desdém e decide provoca-lo

—É claro, Gaara inclusive foi...

—Não diga esse nome em minhas terras! -o rei a interrompeu gritando furiosamente. Temari podia ser sua preferida, mas nem mesmo ela tinha permissão para dizer aquele nome, e as narinas bufantes e os olhos esbugalhados avisavam para não o contrariar. 

Mas a princesa não era exemplo de obediência.

Talvez ele não devesse ter rido quando a pequena maltratava os conselheiros.

—Porque não? Ele era seu filho tanto quanto eu ou Kankuro! - A loira se exaltou. —Ou o grande rei não...

—Temari vamos! -Mei adentrou ao salão interrompendo-a antes que a discussão tomasse proporções desastrosas. —Nossas malas já estão sendo postas para partirmos.

O rei e sua herdeira travavam uma batalha de olhares, como se desafiassem a um ao outro a desviar o olhar. Mei e Danzou estavam atentos ao menor movimento brusco, quando a loira se curvou de repente reverenciando com ironia o soberano.

—Vamos. -a garota disse saindo do local com Mei logo em seu encalço. Deixando o rei o conselheiro voltarem a seus planos.

Quando colocaram o primeiro pé para fora das paredes do castelo a Terumi pôs se a falar.

—Aquilo foi loucura. Mesmo que você seja filha do rei, ele já mandou degolar homens por muito menos. -disse, repreendendo a mais nova. Mesmo que o espirito rebelde da garota seja um dos pontos que mais importantes nela, em nada ajudaria se já estivesse morta.

—Eu não me importo. -Temari falou simplesmente, cortando o assunto.

—Ok. então vamos falar de algo que você se importa. -A ruiva ironizou. — Visitaremos alguns acampamentos para você se familiarizar. -sussurrou enquanto andavam em direção a carruagem que usariam na viagem. —Eles estão em todos os cantos do reino, então pode escolher qualquer lugar para começarmos.

—Certo. -a loira murmurou incomodada.

—Vejo ainda tem receios quanto a mim. -Mei comentou com simplicidade. —Não confia em sua meistre, senhorita?

  Temari sorri irônica.

—Estou arriscando minha vida, posição e liberdade por histórias rasas que você tem me contado. A verdade é que você está me mantendo as cegas, quando tem uma espada no meu pescoço. Então não. Eu não confio em você.

—Você ainda não está pronta para saber tudo. -disse, e Temari rolou os olhos sem paciência. —Mas como prova de minha boa-fé lhe darei uma informação que você realmente precisa. -Fez uma pausa, mas voltou a falar quando Temari ameaçou retrucar. —Gaara está vivo, e tão saudável quanto um aleijado pode ser. Descubra onde ele está, o mate e estará livre, pelo menos de castely rose.

—Ele está vivo... -Ela parou de prestar atenção após essa informação. Seu irmão estava vivo. Isso lhe enchia de alegria e dúvidas sobre seu desaparecimento. Estavam mentindo para ela.

—Pelos deuses! Mais cuidado com esse baú! - Mei exclamou horrorizada, indo em direção dos guardas que guardavam suas bagagens. —Tem coisas valiosas aqui!

Temari passou alguns segundos imersa em planos e suposições que só percebeu a presença de seu cocheiro quando o pequeno homem, se acomodou no acento da frente descoberta da carruagem.

Ele vinha coçando os olhos fervorosamente, quando retirou suas mãos e a fitou, Temari pode perceber as grandes olheiras que este trazia.  

—Já, já partiremos senhorita, não gostaria de se acomodar na carruagem? O sol está muito forte para uma dama.

—Eu estou bem. O senhor já me parece um pouco cansado. - a loira comentou, afinal aquele homem estaria dirigindo aquela caixa que andava. Sempre ficava enjoada naquelas coisas. Não entendia o problema de elas viajarem de cavalo.

—Oh, cheguei anteontem de uma longa viagem. Mas já me recuperei totalmente princesa. -o homem falou sorridente, mas transparecia a cara de sono mal disfarçada.

—Anteontem? -repetiu, mesmo sendo óbvio e o cocheiro assentiu. —Estava transportando Baki, o conselheiro do Rei? -Temari questionou.

—Sim senhorita.

Temari sorriu, iria pagar para ver.

—Oh por favor, diga-me que se banhou naquelas águas, não há nada mais relaxante do que um mergulho nos rios da ilha da cachoeira.

—Não fomos a ilha da cachoeira, minha senhora, fomos ao norte. -Ele falou envergonhado por estar corrigindo a princesa. —Deve ter se enganado.

—Isso. Eu devo ter escutado errado. -disse com a face pensativa. 

Como meistre Tsunade já havia lhe alertado, há apenas mentirosos no castelo de areia e suas mentiras eram sempre derrubadas pelas ondas, é a forma como se sobrevive ali.

—Terminaram com as nossas bagagens, já podemos ir. - Mei anunciou voltando a se aproximar da loira. —Então querida, já decidiu por onde começamos?

—Para o Norte. -Temari murmurou baixo ainda aturdida, mas percebendo que os outros não a entenderam, repetiu firmemente —Iremos para o Norte. 

Ela não gostava de mentirosos.

Shikamaru observa Itachi tentando se arrastar pelo chão, deixando para trás um rastro de sangue. 

Malditos Uchihas resistentes!

Terminou de arrancar sua armadura encharcada de sangue do inimigo, andou até ele e falou:

–Seu maldito sangue Uchiha está sujando o meu chão.

–Me desculpe milorde. -Itachi disse com um fraco sorriso irônico. –Vai me matar por isso? Pode por favor faze-lo direito dessa vez? -se arrastou para mais perto o encarando, era um Uchiha, morreria com honra. Bem... O máximo que ele podia estirado sem forças no chão.

Entretanto, Shikamaru não fez nenhum movimento por alguns segundos, ele parecia pensar, e Itachi conhecia o suficiente de Naras para saber que essa era a última coisa que iria querer que ele fizesse. Contudo, nada pode fazer quando o lorde se agachou junto a sua cabeça.

–Vocês mataram o meu pai. -Começou sério devolvendo a espada a bainha. Estranho. Muito estranho. –Agora eu sou lorde das torres, e não gosto nem um pouco de você andando por aí sujando o meu chão. -e dessa vez sacou uma adaga guardada junto a panturrilha. –Então, vamos resolver este seu problema de locomoção.

Shikamaru estava sorrindo, Itachi sabia porque em nenhum momento o Nara retirou seus olhos dos dele quando fincou a adaga em sua mão estendida no chão, fazendo-o urrar de dor.

–Você sabe que sempre pode acertar a cabeça, não é mesmo? -Inoichi disse com um sorriso irônico se aproximando deles. –Esses malditos Uchihas são resistentes. Mas duvido que vivam sem ela.

–Oh não. Não vamos mata-lo. -o moreno respondeu. –Já que ele fez tanta questão de continuar vivo, vamos usá-lo. 

–o que quer dizer? - o mais velho perguntou desconfiado, como assim não matar o Uchiha..?

–Quero dizer que tem um exército três vezes maior que o nosso do outro lado. -Shikamaru argumentou se levantando, e olhando Inoichi de cima, sua estatura o deixava ter esse privilégio. –Um rio poderia funcionar mil anos atrás, mas hoje se quisermos para-los e vencer, precisamos achar um ponto fraco. E para isso vamos precisar dele vivo.

O mais velho assentiu derrotado, já estava acostumado a esse jogo de "vi o que você não viu" dos Naras, esperava que Naruto também entendesse. Enquanto isso o moreno se focou no grupo um pouco ao longe. –Kabuto! 

Um garoto que estava ao lado de um velho de longos cabelos pretos que cuidava dos ferimentos de Naruto veio correndo ao encontro dos lordes. –o que deseja milorde?

–Você vai curar esse homem. -Apontou para Itachi que formava uma poça de sangue no chão.

–Mas, meu senhor, ele já está praticamente morto. Não creio que possa... 

–Quando quebrei a armadura dele no ataque, acabei desviando um pouco minha espada, não acertou nenhum órgão vital se não ele já estaria morto. -O moreno falou sem humor. –quando Orochimaru acabar de tratar Naruto, virá terminar o serviço. Apenas faça tudo o que puder.

–Vai deixar barato Nara? Eu sou culpado da morte de seu pai, lembra?! - Itachi tentou gritar, com as poucas forças que lhe restavam. –Me mata! 

O Nara se agachou, voltando a olhar nos olhos do Uchiha. 

–Acredite em mim. Você vai desejar que eu tivesse te matado. -Arrancou bruscamente a adaga de volta, limpando-a na manga da camisa. –Levem ele.

Não conseguia ver nada. Era tudo um borrão. A penumbra da noite aliada as fortes ondas do rio de jade não o deixavam ver um palmo a sua frente.

O corte no seu peito queimava como o inferno, e mesmo se debatendo furiosamente para ficar na superfície, já começava a sentir seus membros perdendo a sensibilidade pelas águas geladas. Sasuke não acreditava que Itachi ousara fazer aquilo. Que diabos de sacrifício era aquele? Ele sobrevivera a Naruto para morrer nas águas de jade? Não. Ele era um Uchiha! Tinha que cuidar de seu sobrinho. Tinha que pedir perdão a Sakura. Tinha que conversar de verdade com Naruto, com seu pai, tinha que...

Outra onda passou o arrastando e fazendo-o beber mais água, tentou gritar, chamar por ajuda, por mais humilhante que aquilo fosse, mas já não tinha forças. Primeiro a luta com Naruto que sempre lhe queimava o emocional e físico, o rasgo no meio do seu peito fazendo-o perder cada vez mais sangue, e as águas geladas e tempestuosas daquele maldito rio, lhe roubavam toda a energia que possuía.

Mas ele não podia se entregar. Itachi riria de si e o chamaria de fracote. Isso é se o irmão ainda estivesse vivo... 

Tentou algumas braçadas dolorosas, mas não saia do lugar, não importa o quanto tentasse a correnteza era forte demais. 

Tentou novamente, e de novo e de novo, mas sempre que conseguia algum avanço uma nova onda vinha e o arrastava de volta, estava fraco demais para lutar contra. 

A noite escura agora tomava suas vistas, estava tudo preto. A mais completa penumbra. Depois uma luz longínqua e algumas risadinhas, então um longo campo verde com o rio de jade como imagem de fundo.

—Vocês são dois idiotas! -a pequena garota de cabelos rosados falou batendo o pé, e encarando os dois meninos que haviam acabado de sair de um dos túneis das torres. —Tio Minato falou que o rio é perigoso e que vocês não podem fazer disputas idiotas aqui.

—Não são disputas idiotas, Sakura! -Naruto exclamou escandaloso como sempre. —Vou provar a esse Uchiha maldito que eu nado sim melhor que ele.

—Você não seria melhor que eu nem em mil anos Naruto. -Sasuke disse se sentando com falso tédio, na verdade queria disputar tanto quanto o loiro.

—Se levante daí Sasuke! -o Uzumaki gritou. —Vamos logo!

Naruto saiu na direção do rio, mas foi interceptado por um cascudo de Sakura, a garota era mais alta que ele naquela época, não tinham mais que 10 anos.

—Isso doeu Sakura! -o garoto falou gemendo de dor.

A menina o ignorou.

—Senta aí Naruto. -Sakura disse apontando para o lugar ao lado de Sasuke. Sendo rapidamente atendida. —Tia Tsunade disse que esse rio é realmente perigoso. Tem muita correnteza, e ele nasce nas montanhas do gigante de gelo por isso são muito geladas, tanto que você pode morrer. -ela falou com algumas lágrimas pinicando em seus olhos. —e eu não quero que nenhum de vocês morra...

Sasuke e Naruto se olharam e de maneira envergonhada assentiram, abraçaram a rosada implorando para que ela parasse de chorar.

Sentiu que estava chorando, mas já nem mesmo sentia as lágrimas, tudo o que sentia era a água fria invadindo seus pulmões, sua cabeça prestes a explodir de dor. E duas mãos o agarrando.

Mas aí ele já havia parado de sentir.

Viajar sozinha era terrível. Todo o barulho que se fazia pelo trajeto era o trotar dos cavalos, seu cocheiro apenas lhe cumprimentou quando subiu no transporte e nunca mais abriu a boca. Era um Hyuuga afinal. Silenciosos e elegantes. Já estava farta daquele silêncio. Não que fosse o ser mais falante do mundo, mas já estava viajando a 2 dois dias no mais completo silêncio e tédio. 

Já estavam chegando ao norte, não sabia se ficava aliviada ou nervosa. Quase nunca tinha contato com homens que não fossem seu pai e Neji. Oh, seu primo devia estar odiando-a agora. Ele tinha esse direito de certa forma. Ela merecia.

Ok, chega de analisar toda sua vida e se auto mutilar. Já havia feito isso demais nos últimos dois dias.

Resolveu forçar o cocheiro a uma conversação. Abriu a pequena janelinha que os separava e perguntou:

—Meu senhor já é noite. Falta muito para chagarmos as torres?

O homem a olhou estranho, mas respondeu educadamente. 

—Não senhorita. Falta pouco.

—Vamos passar a noite nas torres certo? Seria deselegante se nós... -Hinata parou bruscamente. Um longínquo grito alcançou seus ouvidos.

—Princesa está se sentindo bem? -o cocheiro perguntou, mas ela decidiu ignorá-lo. 

Aguçou sua audição e se manteve quieta. O vento soprava forte assoviando em seus ouvidos. Fez-se o silencio normal de sempre por um segundo. Então, um tintilar de espadas ao longe, e um graveto se quebrando perto. Perto demais.

—De a volta! - a morena exclamou, mas o cocheiro pareceu não entende-la, pois ficou parado olhando-a como se ela tivesse enlouquecida. —de a volta agora!

Antes que ele pudesse questioná-la um homem robusto saiu correndo por detrás de uma grande árvore do bosque escuro pela noite, derrubando seu cocheiro no chão e lhe rasgando a garganta em seguida. 

Hinata voltou para dentro da cabine instantaneamente.

—Você é um egoísta Nako! - um homem corpulento gritou se aproximando do outro e segurando o cavalo que se assustara.

—Acalme-se amigo. Ainda podemos dividir a garota ali dentro. -Os dois riram juntos levantando suas espadas. Aquilo seria divertido.

Os homens se aproximaram displicentemente da luxuosa carruagem com o escudo Hyuuga. 

Uma puta nobre... Nako pensou, se aproximou da porta pronto para abri-la e reclamar seu "prêmio".

Entretanto, antes que o fizesse, a pequena porta abriu-se der repente acertando seu rosto, e fazendo sangue descer de seu nariz. —Filha de uma rameira! 

Hinata saltou para fora da cabine, e encarando os dois homens a sua frente saca a sua adaga com determinação.

—Calma garota, não queremos machucá-la. Abaixe isso. -o homem gordo disse se aproximando com as mãos erguidas. –Só queremos brincar com você.

Hinata sorri ceticamente.

—Adagas são o meu brinquedo favorito. Deixe mostrá-lo como funciona. 

Ela parte em direção ao oponente, rasgando ar com adaga quando o homem se afasta, mas volta a investir rapidamente alcançando o ombro do homem gordo. O homem se enfurece a atacando por baixo com uma luxuosa espada lhe deixando um fino talho. Ele abaixa sua guarda, sorrindo maliciosa para a garota —Querida, eu não quero machucar essa linda pele, eu só...

A Hyuuga não o deixa terminar sua fala, levantando sua adaga para fincar no inimigo em alta velocidade, mas no instante seguinte Nako aparece por trás de si, segurando com as mãos a arma da jovem guerreira.

—Garota, acho bom você valer a pena. Primeiro arranca sangue do meu nariz e agora minhas mãos estão sangrando... -Com uma mão o homem arranca sua adaga, colocando-a em seu cinto de coro. Com a outra a puxa, pressionando-a por trás. —Acho mereço uma recompensa lorde fergson. Nunca tive uma nobre...

—Certo meu bom amigo. Pode brincar com ela primeiro. - O gordo lorde diz sorrindo.

Vendo o capanga a puxando mais ainda para si, a Hyuuga dá uma forte pesada no homem que grunhi, logo depois com a pequena folga que o homem dá, lhe aplica uma dolorosa cotovelada no estômago, aproveitando para roubar de volta sua adaga.

Ela se enrosca na saia do vestido, se afastando pouca coisa antes de Nako agarra-la pelos longos cabelos negros.

—Caralho garota! Tentamos ser legais, mas você não facilita. Não importa o quanto você lutar, você vai ser nossa cadelinha. -Ele diz maliciosamente no ouvido da morena, lorde fergson ri escorado em um tronco apenas assistindo a cena, a carruagem havia sumido, provavelmente o cavalo havia se assustando e saído correndo. Hinata se manteve em silêncio.

—Entendeu? -Nako gritou novamente a girando para ficar de frente para si. A garota se aproveitando do movimento forçado levanta os braços apenas o suficiente para fincar sua adaga no pescoço do adversário.

—Não. Você não entende. Eu morro, mas nunca um porco como você vai me ter. -a Hyuuga falou enquanto sentia o sangue quente do homem descer sujando suas mãos. Se soltou do corpo dele, o vendo cair na estrada de terra.

Admirando a vida se esvair do corpo de Nako, não percebeu a aproximação de fergson até que o pesado corpo do lorde a prensasse contra a arvore por onde o outro havia saído outrora. —Agora fique quietinha...

Hinata tentava se debater e se soltar, mas o homem era extremamente pesado para empurra-lo, além de seu longo vestido continuar atrapalha-la.

O lorde desce suas mãos rechonchudas pelo corpo da garota rasgando a longa saia do vestido. — Assim é mais fácil. - disse sorrindo odiosamente.

—Eu concordo. -Hinata logo aplica uma dolorosa joelhada nos "países baixos" do lorde, que se encolhe de dor. Em seguida chuta furiosamente contra o mesmo o lançando para trás, em uma queda desajeitada no chão. Ela se joga por cima dele enfiando-lhe a arma fundo no coração. O homem tentava se debater, mas ela se mantinha firme, até que a luta do homem pela vida se findou.

Hinata rola para o lado se sentando no chão com ar de cansado, seu vestido estava rasgado e sujo, suas mãos e cabelo coloridos de vermelho pelo sangue dos homens. Viu o corpo ensanguentado de seu cocheiro estirado no chão perto do corpo de Nako, e olhou para o defunto ao seu lado. Aqueles homens não eram simples ladrões, algo estava acontecendo nas torres. 

Abaixa sua cabeça com cansaço, nem havia chegado ao norte e já arrumara problemas...

Ouve alguns estalos como outrora, olha alarmada para o bosque, mas viu nada mais que a mais completa escuridão, no espaço aberto da estrada a lua lhe iluminava, estava exposta e o inimigo se aproximava. 

Se levantou, ficando em posição com sua adaga ainda suja de sangue. Alguns segundos depois um homem grisalho com uma longa cicatriz no olho esquerdo sai por detrás das arvores lhe encarando.

—Olha só o que temos aqui... - O homem disse sorrindo, saiam pela penumbra do bosque atrás dele dezenas de homens lhe encarando maliciosamente.

Pelos deuses! Ela nunca mais reclamava de uma viagem tranquila.

Não havia uma vela acesa, tudo o que iluminava o luxuoso quarto era a luz da lua. Sakura preferia assim. Temia que alguém a encontrasse naquela situação, na verdade nem conseguia se ver fazendo aquilo. Só lhe lembrava como era fraca. Por que diabos ainda guardava aquelas coisas? Aquela época não iria voltar. Ele não voltaria. Como odiava aquele maldito Uchiha.

Alisou gentilmente o pequeno objeto, deixando escapar uma fina lágrima. Daria tudo para que aquilo não houvesse ocorrido. Para que pudesse ser forte o suficiente. Lágrimas grossas já desciam em seu delicado rosto, já estava tudo acabado. Ela estava acabada.

—Sakura você ainda está acordada? -Tsunade chamou do outro lado da porta.

—Sim tia. -a rosada falou secando as lágrimas outrora derramadas e escondendo nervosamente a caixa debaixo da cama pouco antes de Tsunade abrir sua porta, adentrando uns passos no local.

—Temos uma emergência no acampamento e preciso de sua ajuda. -Tsunade falou. Os olhos vermelhos da garota denunciavam que estivera chorando a pouco. Correndo seus olhos minuciosos pelo quarto teve um vislumbre de uma pequena manta bordada com o brasão Uchiha, delicada e pequenina, esquecida ao pé da cama. Sakura seguiu os olhos da mais velha se agitando quando também percebeu seu erro.

—É claro. Vamos lá. - a rosada a puxou desastradamente para fora, fechando em seguida a porta atrás de si num baque, deixando o esquecido no quarto, como ela já deveria tê-lo feito a tempos.

Esquecer.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...