História The end is just our beginning -EM HIATUS- - 16. I need her more than she need me

[...]

Katherine Pierce 

— Mas, vocês mataram o Negan, e não sabem quem é? — perguntei, ao Rick.

— Sim. Na verdade, havia bastante pessoas lá, não tínhamos como saber... — Rick responde, hesitando as mãos no volante.

— Caramba — suspirou Steve que estava ao meu lado.

Essa van tinha o clima mais pesado do que quando juntava eu, Enid, Carl e Steve no mesmo lugar. Carl me fitava com os olhos de vez em quando em seu banco, e eu tentava fingir atenção naquele jogo da velha que eu fazia num papel.

— Ganhei — Steve sorri, fazendo um risco atravessado no pequeno jogo.

— Desisto — falo baixo, colocando meu lápis e o papel no colo de Steve.

Me viro para frente, cruzando os braços. Eu não estou me sentindo nada bem ultimamente, e agora é um dos momentos que eu quero descer daqui e vomitar. Desde que Carl se foi da minha vida me sinto assim, vazia. Como se arrancassem uma parte de mim, mas ele parece estar vivendo muito bem sem mim, então tentarei viver da mesma maneira. Ontem, quando pedi que ele prosseguisse sua vida, o meu coração doeu, fui jantar e fiquei quieta o tempo todo, ele fez o mesmo. Queria saber o que se passa na mente de Carl.

Ele está feliz com a Enid, e eu não posso simplesmente dizer: ‘Você não vai ficar com ela’, eles estão juntos há mais tempo. Ultimamente ando para baixo, tento evitar ao máximo Carl e ficar mais tempo escrevendo músicas, ou saindo de Alexandria com o grupo.   

Três semanas que não falo com ele. Isso parece uma tortura das mais piores. É difícil vê-lo e saber que não posso beijá-lo, ou toca-lo, ou nem ao mesmo fazer nossas piadas. Ai, porra, ele estava certo, eu não vou aguentar ficar sem ele por muito tempo. Meus dias andam muito sem graça. Com ele tudo era mais divertido. Sinto muito a sua falta. Passo noites chorando e necessitando de seu amor ardente. 

Ele me deixou... doeu, mas conclui que era melhor assim.

Descemos da van, Rick rapidamente começou a pegar gasolina, eu, Carl, Michonne, e Steve fomos a conveniência. Todos em silêncio, evitando conversas aleatórias. O clima está seco e as nuvens negras se aproximam cobrindo o céu que costumava ser azulado, os mortos-vivos pareciam estar mais ouriçados hoje, pois estavam se aproximando de nós conforme andávamos para a loja de conveniência.

Tiro minha arma da cintura quando Michonne abre a porta de vidro, adentramos todos juntos, mirando as armas para os cantos a procura de uma cabeça para atirar. Por sorte estava sem ninguém. As prateleiras cheias nos convidam para encher nossos sacos, e foi exatamente o que fizemos. Tratei de pegar tudo o que via, desde comidas, até coisas desnecessárias. Tento ao máximo evitar olhar para Carl, o que é vai quase em vão. Até que Rick chama Michonne, eles planejavam algo, e Rick apenas saiu de Alexandria para verificar se não havia alguma ameaça de gente planejando coisas contra nós.

A minha barriga fazia barulhos internos, e meu estomago se embrulhava cada vez mais. Nenhuma comida passaria pela minha boca, estou completamente enjoada e sem fome.

— Katherine, quer? — Steve me chama, mostrando uma barrinha de chocolate em mãos, faço que não, lembrando do gosto do chocolate, o que me fez revirar o estomago mais ainda— Vamos lá, coma! — ele insiste, me forçando a colocar na boca.

— Sai, Steve! — murmuro, empurrando seu peito.

— Ela disse que não quer, cara — Carl se aproxima.

— Ora, ora, ora. — Steve começa provocando-o — Como vai a Enid? — Steve morde com rapidez o chocolate, sorrindo de lábios fechados.

— Vai se foder — Carl tranca o maxilar.

— Não tem mais como você a salvar — Steve diz, andando até uma prateleira, abrindo um pacote de salgadinho sabor picanha.

O cheiro daquilo invadiu a minha narina com força, recuei alguns passos sentindo refluxos indo e vindo.

— Eu posso a salvar sim — Carl bate no peito de Steve— Você é apenas um filho da puta, querendo se aproveitar da Kath.

O gosto amargo se instala em minha garganta, sinto algo estranho, fazendo-me tossir com força, mas eles ignoram. Caminho cabisbaixa e com as mãos na garganta, dando desdém aos dois que trocavam farpas constantemente. Michonne se aproxima, tocando no meu ombro.

— Está tudo bem? — ela dá uma pausa, olhando para cima e fitando a situação entre Steve e Carl, ela me deixa, indo separar a briga.

Mais um refluxo, outro... corri para um matinho, inclinando-me parcialmente para vomitar tudo o que havia tomado nesse café da manhã. Joguei tudo para fora, com as mãos na barriga presumo que ainda tinha mais o que vomitar. Até que me levanto, com a cabeça meio tonta. Minhas mãos tremiam muito, assim como os lábios. Limpo o canto de minha boca com a manga da blusa, recuo passos, vendo Michonne, Carl e Steve me olharem sem reação.

— Está tudo bem? — Michonne pergunta, a final.

— Sim — vasculho a sacola, jogando uma balinha de menta na boca.

[...]

Carl Grimes 

— Sim, Carl, eu preferia ter ficado em casa, ao sair e brincar na lama — Enid ria, lembrando de um acontecimento que tivemos há um bom tempo atrás.

Forcei uma risada, cruzo os braços e aguardo ela parar de rir.

— Bem, tenho que procurar Rick e falar com ele, amorzinho, beijos — ela passa por mim, de cabeça levantada.

Após chegarmos em Alexandria, Katherine sumiu. Tentei procura-la, mas não encontrei. Ela sumiu. Continuo a andar pelas ruas sem fim, até que resolvo ir até o lugar que eu ficava sozinho constantemente.

Atravesso o gramado esverdeado, olhando para o céu rapidamente, ele está nublado e sem vida. Minhas necessidades andam alavancadas, necessito de sexo o mais rápido possível. Enid e eu ainda não tivemos nosso momento, e eu ainda acharia estranho se tivéssemos novamente, faz tanto tempo que não a vejo.

Subo as pequenas escadas, atravesso as arvores e as luzinhas que ficam no chão, venho o pequeno monte de terra, e em cima dele vejo Katherine e Steve conversando.

Me aproximo com cautela, tentando ouvir o que diziam.

— Não pretendo voltar com o Carl, e... ele está namorando, então... — ela fica sem palavras.

— Ele é um babaca! — Steve diz sem titubear, colocando as mãos atrás do corpo.

— Eu ainda amo ele — Kath cobre o rosto com as mãos, e eu sinto uma ponta de esperança brotar em mim, sentindo meu coração palpitar mais forte.

— Esquece o Carl, Katherine — Steve se aproxima dela, acariciando seu rosto, e ela sorri— Se ele não te valorizou, eu irei. Sempre te valorizei...

Mas que cara de pau! Ele xingou Katherine, e eu nem sei como ela voltou a falar com ele. Os lábios dela estava prestes a tocar nos dele, e eu não pude continuar a assistir aquela cena. Me virei, saindo dali. Ando em passos longos até minha casa. Eu queria ter entrado ali e socado a cara dele e dizer que amo Katherine, mas não pude. Não posso interferir a vida dela pessoal. Eu que escolhi isso.

Sentia algo em minha garganta, que mesmo se engolisse não descia. Ao entrar em casa, vejo Michonne sentada na cozinha, lendo gibis. Seu olhar segue para cima, me olhando. Ela abaixa o gibi e diz rápido:

— O que houve? Está pálido.

— Eu perdi a Katherine, Michonne — minha voz falha, entregando uma gota molhada no canto de meu olho, que escorre e para no meu queixo.

Michonne se levanta, caminha até mim de braços abertos.

— Você não perdeu a Katherine, Carl, ela ainda gosta de você — ela tenta me confortar, acariciando minhas costas.

— Você não está entendo. — afundo meu rosto em seu abraço.

— Sim, eu entendo. Já aconteceu isso comigo uma vez, eu pensei que morreria se não ficasse com um garoto, mas... — eu a corto.

— Você não está entendo, Michonne. Eu preciso da Katherine mais do que ela precisa de mim. E só agora eu percebi que foi um idiota com ela — cafungo, contendo o choro. Creio que aquela lágrima já foi o suficiente — Eu perdi a Katherine.