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História The end is just our beginning -EM HIATUS- - 23. Oceanside


Escrita por: mackenzie-

Capítulo 24 - 23. Oceanside


Katherine Pierce

Com as mãos no joelho eu me abaixo parcialmente para respirar fundo. Minha respiração ofegante e os fios de cabelo esculhambado em minha face revelavam pavor e desespero. Sinto pontadas em minha barriga, automaticamente me sento no chão, ao lado de uma arvore. Aquilo ardia como o inferno. Doía na parte inferior, latejava e ardia. Grunhi baixinho, fechando os olhos e implorando para que passasse. Arrasto meu pé pela grama revestida por uma leve camada de folhas secas, e elas se dispersam para cada lado. Mordo o lábio inferior, tombando a cabeça para o lado. Abro a boca para deixar escapar um gemido. De repente, a dor começa a sumir vagarosamente. Alguém toca em meu ombro, fazendo-me abafar um grito.

— Merda, Cyndie, que susto! — digo, me levantando.

— O que aconteceu? Por que desapareceu? — ela começa a me medir rapidamente com os olhos, para verificar qualquer machucado. Foi aí que eu me lembrei de tudo novamente.

— Eu vi ele... — murmurei.

A feição morena de Cyndie desaba, seus braços eretos caem e ela se aproxima para me abraçar de lado, enquanto andamos calmamente, como se estivéssemos em um passeio normal em um parque.

— Meu bem... — esfregou meu ombro, colocando sua cabeça no mesmo — não se torture desta maneira...

Meus olhos começam a arder.

— Ouvi a conversa do Carl com o pai dele, Rick não me viu — comentei, e algumas lágrimas descem.

— Você procurou isso — afirmou, abrindo a porta de sua caminhonete vermelha. Ela corre até a porta do motorista e se senta, partindo rapidamente daquela mata. E, quando passamos pela estrada vejo o grupo de Rick andando sem rumo, pareciam baratas tontas a procura de algo. Logo no chão consigo ver nitidamente, Carl sentado, rabiscando a terra com a ponta de sua faca, quieto.

Mordo os lábios para evitar o choro, porém vai em vão. Elas descem contornando meu rosto.

— Você vai ter que voltar uma hora ou outra. Sabe disso, né? — disse ela, enquanto girava seu volante para a direita e entrava em outra mata, esta é densa, fria e não é nada plana.

— Sei... — respondo, secando o rosto com o dorso da mão — Mas antes vou ter esse filho e entregar para a Lisa. Ela o quer.

Cyndie balança a cabeça negativamente, em silêncio.

— Natania quer falar com você quando chegar...

Descemos, logo sinto o vento gelado em contato com minha pele. Todo meu corpo se arrepia automaticamente. Ando apressada como Cyndie, que permanece com a cabeça baixa. Ouço o barulho das ondas se chocando com a areia, e, por um momento em meses, sinto meus músculos se relaxarem e uma sensação boa percorre minhas veias. Assim que adentramos a pequena aldeia, duas crianças cujo ando brincando bastante se aproximam com um sorriso de ponta a ponta, abraçando com força minhas pernas. Elas gritam meu nome e me encaram com seus olhos enormes. Embora eu não goste muito de crianças, essas são especiais.

— Katherine! — a loira, Aretha, grita meu nome, atraindo mais olhares para mim.

Não contenho a risada quando elas formam um circulo em torno de mim, com sorrisos imensos, e propostas para brincadeiras.

— Por onde esteve? Sentimos sua falta! — desta vez é Valentina, com seus olhos azuis que me lembram vagamente Carl.

— Calma, meninas, calma... — acaricio seus cabelos, sem conseguir me mover um centímetro por conta deles — tenho de ir falar com Natania. Depois brincamos mais.

Todos soltam um ‘aaa’ em uníssono, me fazendo gargalhar. Elas me soltam e se dispersam como óleo na agua pelas gramas esverdeada e mulheres trabalhando. Caminho lentamente para a grande casa de palha. Meu sorriso desaparece quando as meninas se afastam, e uma feição séria toma meu rosto. Respiro fundo. Abrindo a porta de madeira.

— Ainda bem que chegou... — disse Natania, com seu cabelo mal amarrado. Ela bate a mão na cadeira, como se pedisse para eu me sentar.

Com calma, sento-me.

— Olha, meu amor... — começou, mexendo em uma mecha de meus cabelos morenos— em momento algum estarei de expulsando daqui, todos nós de Oceanside te amamos, você sabe — enrijeci, encarando-a com sutileza— Mas... Cyndie me contou que você teve sangramentos recentemente, e não temos estrutura para cuidar aqui. Somos uma comunidade com tratamentos simples, por exemplo, gripes, temos remédios naturais. Agora, um bebê parece uma tarefa impossível. Você nos contou sobre Hilltop, que lá tem suporte — sinto meus olhos marejarem, e Natania tenta esconder o desespero, mas não consegue— Não, Kath. Não chore. Meu bem...

— Você tem razão, vó... — respiro fundo, me preparando para minhas próximas palavras, porém nada sai, apenas um suspiro longo e mais lágrimas escorrendo em minha face.

— É estranho ter sangramentos com apenas três meses — falou, e eu percebo que suas mãos enrugadas tremerem — Não precisa ir hoje, meu bem. Pode ir daqui dois, três dias.

— Sim... — solto um pigarro — É. Eu tenho que ir. — murmuro, me levantando.

— Você sabe... Não conte para ninguém sobre Oceanside. — ela diz alto desta vez.

Ignoro-a. Há coisas mais importantes que isso.

Sinto-me sufocada aqui dentro. Como se essa conversa sugasse todas minhas forças. Vou até o lado de fora, colocando as mãos na cintura para respirar com força o ar puro e denso, misturado com sal do mar. Valentina se aproxima, com seus enormes cabelos.

— Está tudo bem, maninha?

Sorrio me agachando.

— Estou sim — digo, e ela passa a mãos não tão pequena perto do meu olho, secando uma lágrima que escorreu.

— Não parece — riu de nervoso.

— Te amo, Kath — sussurrou em meu ouvido.

— Eu também te amo, irmãzinha.

Os olhos enormes e abraço quentinho me confortaram. Afago-a. Valentina é a criança mais próxima de mim. Ela foi a primeira a me encontrar e chamar para brincar e primeira que eu amei como uma irmã, mesmo tendo uma que creio estar morta. Valentina dorme comigo quando estou chorando de madrugada e me beijar na bochecha com muito carinho. Valentina é doce como um mamão papaya, e eu a amo de verdade.

Depois de sair sem rumo de Hilltop, parti pelas matas. Minha mochila tinha mantimentos e algumas facas, mas nada que me deixasse viva por duas semanas. Escondi-me, matei e comi frutas quando tudo que tinha acabou. Até que em uma noite, andando sem rumo, Cyndie apareceu. Ela disse que se perdeu e estava tentando encontrar o caminho de volta. Ela me pareceu muito convidativa como amiga, e logo nos juntamos, encontrando o rumo para Oceanside. Natania ficou feliz por reencontrar a neta e me deu um dos quartos. Depois de muitas desavenças ela cedeu a mim, me deixando morar na pequena aldeia. Todos me receberam muito bem, mesmo tendo apenas dezesseis anos.

Passei metade do meu tampo aqui chorando e partindo para caçadas. Aprendi a pescar com Cinde e nós nos tornamos muito amigas. Contudo, a minha saudade de Alexandria é constante e aumenta a cada tempo que passo aqui. Carl não sai da minha mente. Fica nela vinte e quatro horas. E, cada vez que me lembro de algo bom que vivemos juntos, desabo em lágrimas.

Mesmo me sentindo uma idiota de ter partido, tenho certeza que entregaram para ele a minha carta, e acho que não me odeia tanto assim.

Não podia fazer isso com ele. Não podia fazer isso com a gente. Carl é jovem, e eu também. Foi um erro. Não podia o deixar arcar com as consequências. O amo demais para fazer isso com a vida dele, embora dissesse que ama muito essa criança. Eu sei que ele não iria.

Vejo os cabelos loiros de Lydia se aproximar. Ela sorri para mim enquanto olho por sob o ombro de Valentina. Ela sorri fraco, e eu me afasto de Valentina dizendo a ela carinhosamente para me encontrar em sua casa que iremos brincar.

— E aí? — indaguei, cruzando os braços.

— Ele está péssimo, Katherine — disse, balançando a cabeça lentamente — Você está torturando o garoto. Falei com a Michonne e ela contou que ele não para de beber, não come faz uns dias, e só sai do quarto pegar bebidas. Aquela tal de Ellen... Ennie... — Lydia estala os dedos, tentando se lembrar.

— Enid — digo entredentes.

— Isso! — deu uma pausa — Apenas ela sobe lá para falar com o garoto, acho que transam ou algo do tipo — ela respira fundo, buscando em seus pensamentos o que tinha mais para falar — Acho que ela leva maconha para ele...

— Meu senhor...

— Você tinha que ver a cara dele, Kath... — ela murmura — Olheiras, triste, e grosso demais.

Fico em silêncio.

— Você estava na mata? Porque todos estão achando que ele está pirando...

— Estava — sorrio fraco.

— Passou o resto da caçada em silêncio, sentado. E quando chegou em casa subiu correndo...

Começo a chorar. Feito uma criança. Quando finalmente tento ajudar ele, ferro mais com as coisas.

— Kath, meu bem... Se você não voltar logo vai matar o garoto...

Abri minha boca para dizer algo, mas um tiro soou alto. Gritos e mais gritos. Olhei para um posto onde uma das mulheres atirava contra dois homens, olhei para outro lado e mais tiros soavam. Todas as mulheres corriam desnorteadas para suas casas com as crianças nos braços. Fico parada, até que Lydia me empurra para trás, me fazendo cambalear, recuando. Um tiro pinga do meu lado, e eu começo a correr para a casa de Natania, areia voava, mulheres caiam mortas, e crianças choravam desesperadamente. Não estava escalada para subir no posto e atirar, quando vejo Valentina caindo no chão. Ela choraminga, e eu me aproximo dela. Um tiro certeiro em sua barriga. Sangue jorrava e ela estava quietinha em meus braços piscando de vagar. Seus lábios esbranquiçados e um pouco roxo.

— Kath... — murmurou, então sorriu fraco — Não chora... — ela passou a mão gorda em meu rosto — vou ficar bem...

— Valentina — sacudo seu rosto, erguendo-a em meu colo.  Lágrimas escorriam pela minha bochecha e minhas mãos tremulas quase não conseguiam segurá-la.

— Eu te amo, Kath — e foi aí que eu vi os seus olhos perderem o brilho, se fechando para sempre.

Natania observava aquilo séria, um pouco abalada. Ela aponta para a casa, me mandando entrar. Carrego em meus braços Valentina, e deito-a sobre o chão de bambu. Desnorteada, vou até a cozinha, pegando uma faca. Ajoelho-me do seu lado, soluçando e chorando. Seguro o cabo da faca com as duas mãos, a cima de sua cabeça. Solto um gemido, meu coração doía demais, e aquela tarefa é impossível.

— Eu te amo, Valen — sussurro, então, depois de muito titubear, enfio a faca em sua testa.

Carl Grimes

Beijo novamente os lábios de Enid e me preparo para mandar ela embora.

— Vai embora, Katherine — ordeno, me arrependendo do que disse.

 — O quê? — ela grita, saindo de cima de mim.

— Tanto faz seu nome, só vai embora — empurro ela, Enid cai estabanada no chão.

Bebo mais um gole de Askov, e tento me recordar se a aquela Katherine era real ou eu estava drogado. Lembrar dela dói como o inferno. E, pensar que a vi  me deixa com raiva, pois deveria ter ido até e abraçado-a quando tive a oportunidade, mesmo se ela fosse uma invenção de minha mente.

Me levanto, preciso andar e tomar um ar. Desço as escadas, vendo todos conversando baixo, e quando me veem, param. Ignoro-os, saindo pela porta, segurando o ‘pescoço’ da garrafa. Tomo mais um gole, sentindo o meu suor secar com contato do vendo forte. Caminho silenciosamente, perdido em tantas perguntas sem respostas que me sinto afogado.

O portão da frente se abre, e meus olhos são atraídos para o mesmo. Os cabelos morenos e um sorriso amigável para Eugene me tira o folego. A sua voz soou como um veludo quando ela diz:

— Obrigada Eugene — disse.

Ela caminha de vagar. E, quando vê, para.

— Katherine?  


Notas Finais


O que estão achando, minhas lindas?


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