História The Experience - Camren - Conexão- 2006

[19 de Novembro- 2006]
POV CAMILA
É como se algo dentro de mim gritasse com todas as forças para que eu me aproximasse de Lauren, eu não sei explicar bem o que está acontecendo comigo, é como se ela fosse um imã que me atraísse, desde o primeiro momento em que meus olhos encontraram os dela senti algo dentro de mim, como se todas a minhas defesas estivessem sendo desfeitas e eu ficasse totalmente vulnerável a essa garota que todos apontavam como perigosa. Depois do castigo ela estava de volta a ALA A, minha mãe estava com um humor melhor e me deixou ir até lá, observei Lauren de longe e ela interagia com Lucy e Vero, pelo que Ally tinha dito ela nunca falava com ninguém, talvez aquilo fosse um progresso. Pedi para que os guardas abrissem a porta e entrei, todos olharam pra mim ao mesmo tempo inclusive ela que manteve sua cara fechada como da última vez, até parecia que sente raiva de mim, sendo que eu não lhe fiz mal algum, pelo contrário eu quis ajudá-la. Ally foi a única que veio até mim e me abraçou, os outros ficaram observando a nossa interação de longe

-desculpe fazer isso sem pedir

-os melhores abraços são assim, sem que precisamos pedir, pode me abraçar sempre que quiser, você está bem?

-essa é uma pergunta não tão frequente aqui dentro até porque ninguém se importa

-eu me importo e quero saber se está bem

-de certa forma sim, é cansativo viver presa aqui dentro, nunca respirei ar puro, lá fora deve ser tão legal, sentir o vento, o sol, aqui parece uma cadeia, só fico olhando para a TV e desejando viver tudo que vejo lá, algum dia talvez..

-nunca deixe de acreditar Ally, pode ser que aconteça ainda

-Lauren hoje está mais calma, até falou comigo

-eu notei que ela está mesmo, estive com ela ontem e praticamente fui expulsa do local onde ela estava, ela é sempre tão agressiva?

-ela é inconstante Mila.. eu posso te chamar assim?

-claro, fique a vontade

-as vezes ela está calma, outros dias ela está agitada e ataca as pessoas, eu não sei o que se passa na cabeça dela

-eu gostaria muito de saber o que se passa dentro dela

-porque quer tanto saber coisas sobre ela?

-eu.. não sei, quando éramos pequenas Lauren fugiu aos 3 aninhos e foi para a porta do meu quarto, acho que temos uma conexão desde crianças, ela só não reparou nisso ainda mas eu sinto.. alguma coisa, eu sinto uma coisa aqui -apontou para sua própria barriga - como se algo estivesse se mexendo dentro de mim, como um vendaval aqui dentro

-tipo borboletas?

-exatamente! acho que isso pode se encaixar a essa sensação, é estranho mas eu queia me tornar amiga dela, queria poder ajudá-la de alguma forma mas ela não me deixa se aproximar

-porque não tentar falar com ela hoje que está calma?

-mas como? eu tenho medo de estar no meio dos outros, eu não sei se são pessoas de bem assim como você

-nenhum nunca fez nada de ruim pode ficar tranquila. está quase chegando a hora de se recolher, cada um fica em seu quarto é fechado apenas essa porta daqui para que ninguém saia, mas as portas do quarto de cada um de nós se mantém aberta, poderia ir até o dela, é o  L10

-pode não ser uma boa ideia

-a sua pulseira, ela me faz sentir-se um pouco fraca, acho que isso é com todos nós, apenas não tire ela do braço e estará um pouco protegida de Lauren

-não sei se ela tem esse mesmo efeito, ela é muito forte, cheguei perto dela e em nenhum momento ela aparentou se sentir fraca diante dessa pulseira

-pois então sua mãe deveria averiguar e dobrar a segurança

-vou falar isso pra ela. eu vou tentar fazer o que você disse mas pra isso eu preciso do cartão para abrir a porta

-você é filha de Sinuhe isso será fácil, ela deve ter outros cartões de abertura das portas, apenas procure e pegue escondido

-irei fazer isso!

Um alarme havia tocado, acredito que era o toque de recolher deles, todos saíram da sala direcionando-se para seus quartos, me despedi de Ally e encarei Lauren mais uma vez antes de sair da sala. Meus mais estavam mais interessados em ficar trancados no laboratório então no meio do caminho encontrei com Megan, a mulher parecia cansada, já não tinha aparência jovem de antigamente

-está indo se recolher?

-sim, precisa de alguma coisa?

-eu queria a sua ajuda, poderia me emprestar o seu cartão de abertura de portas?

-posso saber o porque?

-não posso te contar mas eu juro que não é nada que vá te prejudicar aqui dentro ou me prejudicar, apenas confie em mim, ninguém irá saber, por favor Megan, deixo no seu quarto antes de voltar para o meu, se não me ajudar terei que roubar um da minha mãe ai será pior

-ok Camila, eu não vou fazer perguntas, te conheço desde criança e sempre foi responsável não acho que vá aprontar nada, aqui está o cartão, me entregue mesmo antes de ir dormir

-pode deixar, obrigada!

Pulou em cima da mulher quase derrubando-a no chão

-desculpe rs tenho esse hábito

-tudo bem não tem problema, já estou até acostumada

Ela esperou uma hora que era o tempo que levava para os guardas saírem da porta da ''Ala A'' e foi sorrateiramente até lá passando o cartão e abrindo a porta, foi em passos lentos até chegar em um corredor um pouco escuro, tinha apenas uma luz verde acesa e um dos quartos estavam com a luz acesa, foi caminhando sem fazer barulho olhando em cima de cada porta até chegar na que estava de luz acesa L10, era exatamente a de Lauren, ela foi logo entrando, a garota estava deitada em uma pequena cama com um livro em mãos, Camila parou ali na entrada para observá-la, ao se dar conta da presença dela Lauren levantou da cama rapidamente e jogou o livro em cima

-o que você está fazendo aqui?

-eu queria ver você

-você me viu hoje não faz nem muitas horas

-eu sei mas, eu queria falar contigo, ficar perto

-eu não quero te ter por perto ainda não entendeu isso?

-por que me trata dessa maneira? o que eu te fiz?

-você é filha da mulher que me transformou nisso!

-nisso? você é perfeita Lauren

-não! eu sou uma completa aberração

-isso não é verdade

-é sim! e você tem que colocar isso na sua cabeça, não lembra do que te fiz?

-você estava alterada, foi culpa minha

-não, eu fiz porque quis! eu queria te machucar e ainda quero

-Jane Austen

-o que?

-o livro que estava lendo é da Jane Austen, uma das minhas escritoras favoritas, é bom que ocupe a mente com a leitura

-eu estava falando sobre outra coisa! sobre querer machucar você

Mesmo para dormir ela ficava presa a uma correte em um dos pulsos, Camila ao notar olhou para o braço dela vendo as marcas roxas em sua pela alva, ela queria a todo custo mudar de assunto

-prendem vocês até pra dormir!

-pra você ver o quanto sua mãe é maravilhosa! -disse irônica

-eu não sou ela, não sou do mesmo jeito

-como ela sempre diz, é você que dará continuidade com tudo aqui

-eu posso optar por não querer

-não tem escolhas assim como nenhum de nós aqui tivemos, fomos arrancados dos braços de nossos pais biológicos e usados como cobaias por uma cientista louca

-não fale assim, ela ainda é minha mãe

-eu não me importo!

-não se importa em ferir os sentimentos de alguém?

-NÃO!

-você é fria como gelo Lauren.. mas poderia não ser

-eu estou bem assim! e quero que se retire, não deveria nem estar aqui trocando essas palavras com você, eu te odeio garota só por ter o mesmo sangue daquela mulher!

Ouvir isso era como um soco no estômago da latina, mas ela nada disse apenas começou a se aproximar

-o que pensa que vai fazer?

-te dar um abraço, é bom sabia? nos deixa mais calma

-não me toque! nenhum passo a mais ou eu cumpro o que eu te falei! eu mato você

-essa pulseira me protege

-contra mim não! 

Segurou no braço da latina onde estava a pulseira quebrando-a

-você se regenera sozinha, tem uma força fora do comum, o que mais você faz?

-sai daqui garota! eu não quero falar com você, não aguento mais ouvir a sua voz! me deixa em paz!

-porque não podemos ser amigas?

-porque eu não acredito nas pessoas, eu não confio em NINGUÉM daqui! e eu não quero fazer amizades! e se eu quisesse você seri a última a estar na lista

-eu poderia ser a sua única exceção

-acho que tem algum retardo mental porque eu já falei diversas vezes que EU NÃO TE QUERO PERTO DE MIM!

-CANSEI.. eu vou sair e te deixar com a sua solidão! talvez assim aprenda a dar valor a alguém um dia, a única pessoa que tentou de alguma forma estabelecer um contato contigo você simplesmente trata dessa maneira! -seus olhos estavam marejados enquanto falava 

-eu não pedi para que se aproximasse e nem que tivesse um mínimo de contato 

-você pode fazer o que quiser comigo mas eu só saio daqui depois que te abraçar

Se aproximou e Lauren deu passos pra trás até que seu corpo batesse contra a parede

-não queira me fazer sentir pois não vai funcionar! um abraço não tem o mesmo efeito em mim como tem em você que é humana

-você também é.. só precisa estar menos na defensiva 

-eu sou uma aberr..

Antes que pudesse completar a frase Camila pegou o seu braço direito onde estava a corrente e colocou em sua cintura, depois fez o mesmo com o esquerdo e envolveu os seus em volta do pescoço dela unindo seus corpos, a latina encaixou o rosto no ombro dela e fechou os olhos por breves segundos, Lauren não deixou seus braços no lugar que ela havia colocado mas eles estavam imóveis como se não quisesse abraçá-a ou como se lutasse para não fazer isso, o coração dela começou a aumentar o ritmo e seu corpo se aqueceu como se estivesse ardendo em febre, Lauren empurrou Camila fazendo-a cair no chão e bater com a cabeça na quina da cama cortando de leve a região frontal da cabeça

-Aiii!! -levou a mão até a cabeça e seus dedos estavam manchados de sangue -droga!! você me machucou!

-eu te disse pra ficar longe de mim! agora vai embora, pare de tentar ter contato comigo, PARE!

Não tinha mais o que fazer ali, seria humilhante permanecer depois de tentar fazer Lauren sentir algo que não fosse apenas revolta e ser machucada daquela maneira, a garota então saiu dali indo deixar o cartão no quarto de Megan como prometido, ela já dormia e nem percebeu, ao chegar em seu quarto limpou a região da cabeça que tinha um pouquinho de sangue e passou uma pomada colocando um band- aid logo em seguida, talvez realmente fosse melhorar parar! essa conexão talvez fosse apenas da parte dela porque tudo que Lauren transparecia era uma enorme frieza.

(...)

A garota ainda tentava se acalmar, nunca tivera alguém tão perto de si como aconteceu a alguns instantes atrás, seu corpo ficou frebil e sua audição aguçada podia ouvir perfeitamente os batimentos cardíacos de Camila e o quanto o sangue dela circulava depressa. ela odiou essa sensação de tê-la tão perto, Lauren não queria sentir, mas querendo ou não ela sabia que tinham uma conexão, ao se deitar na cama para tentar dormir escutou os lamentos de Camila.. ela tinha seus pensamentos, podia ouvi-los de vez em quando, as vezes só parte deles e nesse momento ela sabia que a latina resolveu desistir de se aproximar dela, pelo menos por enquanto. Era o melhor a se fazer.

''Diga algo, estou desistindo de você

Eu serei o único se você me quiser também

Eu teria te seguido para qualquer lugar

Diga algo, estou desistindo de você

E eu

Estou me sentindo tão pequeno

Foi demais para minha cabeça

Eu não sei absolutamente nada

E eu

Tropeçarei e cairei

Eu continuo aprendendo a amar

Estou apenas começando a engatinhar

Diga algo, estou desistindo de você

Me desculpe por não ter conseguido chegar até você

Eu teria te seguido para qualquer lugar

Diga algo, estou desistindo de você''