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História The Fabulous Mystery Of The Iero Family (Hiatus) - Jealousy -Gerard


Escrita por: tasse_noire e Nikki_Mary

Notas do Autor


♩Aleluia, aleluia, aleluia...♩

• Desculpa a demora, foi quase um mês de espera, masss... cá estamos com um cáp ENORME DA GERARD ❤

• Perdão pela formatação do capítulo, tentei arrumar mas não tá dando. ,_,

• Vai ter interações news nesse cáp.

Então até lá embaixo e Boa Leitura! ❤

Capítulo 7 - Jealousy -Gerard


Fanfic / Fanfiction The Fabulous Mystery Of The Iero Family (Hiatus) - Jealousy -Gerard

  Suspiro resignadamente ao fechar a porta atrás de mim com força, provocando um alto estrondo que ecoou alto, podendo possivelmente ser escutado do outro lado da rua, mas não ligo para isso, já que neste horário estou sozinho em casa e ninguém reclamará comigo. Contudo, mesmo que houvesse alguém, eu não daria realmente a mínima. Estou frustrado demais para ouvir repreenções a respeito de coisas banais como essa.

Jogo minha mochila despreocupadamente no sofá, sentando-me em seguida. Não me importo em pôr os pés sobre o tecido que cobre o mesmo, por eles estarem tecnicamente limpos já que estavam protegidos pelas meias e sapatos que a pouco deixei próximo à porta. Todavia, quem limparia tudo seria eu, então tanto faz.

    Apoio os cotovelos nas pernas e o rosto nas mãos, puxando fracamente meus fios negros, procurando me acalmar. Vários dias se passaram e nada, absolutamente nada! Eu já sabia que conseguir um emprego é difícil, mas não quase impossível. Procurei em todos os lugares que pude, em busca de qualquer tipo de serviço; desde os que eu já tenho algum tipo de experiência - o quais são poucos, mas ainda sim um número considerável - até os mais inusitados. Contudo, ainda sim, não fui aceito em lugar nenhum.

    Bufo, jogando novamente o cabelo que cai sobre meu rosto para trás. Não sei mais o que fazer.

  Levanto-me e pego a mochila, arrastando-a comigo até meu quarto, onde a ponho sobre a cama de casal. Depois de escolher uma muda de roupas confortável, dirijo-me ao banheiro, mas antes que possa fazê-lo, uma lembrança vem em súbito na minha mente. Tenho que ir até o porão buscar uma lâmpada que substituirá a que iluminava o jardim até ontem à noite, quando queimou. Deixo as roupas no banheiro e volto para o quarto.

   Abro um dos compartimentos da mochila; o menor deles para ser mais exato; em busca do molho de chaves onde deixo a cópia de todas as chaves da casa. Acabo não o encontrando tão facilmente, então retiro tudo o que há no bolso, para enfim encontrá-lo. Quando volto a pôr os objetos onde estavam antes, algo me chama a atenção.

   Um pequeno papel retangular que estranhamente se destacava em meio ás outras coisas.

   Sento-me na cama, segurando o pequeno cartão mesclado em diferentes tons de azul entre os dedos. Nele estão algumas informações sobre o homem que o me deu, junto à outras coisas como telefone para contato e o endereço da empresa. Todavia o seu nome se destaca no alto do cartão. Frank... Frank Iero.

   Ao analisar o cartão com mais atenção, inevitávelmente lembro-me de seu rosto, tendo sua voz ecoando em minha mente, ditando suas últimas palavras antes de ir. "Esse é o cartão da minha empresa. Se não conseguir um emprego, procure-me lá".

   Continuo o observando fixamente até o vento forte adentrar a janela e bater de leve a porta do quarto, trazendo-me de volta a realidade.

   Estou realmente relutante em aceitar sua proposta. Ele já fez muito por mim, não precisa fazer mais isso, além de que tenho certeza de que o único motivo pelo qual me ofereceu ajuda, foi pena, e eu realmente odeio que alguém sinta isso por mim. Contudo não tenho muita escolha. Por mais que Bert trabalhe e ajude com a maior parte das contas, isso não pode continuar assim.

   Tamborilo os dedos da mão livre sobre a cama, mergulhado numa profunda dúvida proporcionada por meu subconsciente, entre aceitar a ajuda do desconhecido que salvou minha vida ou teimar insistentemente e continuar procurando emprego por conta própria, sem precisar da ajuda de ninguém; por mais que seja extremamente difícil.

   Largo o cartão sobre o colchão, deixando esse assunto de lado ao lembrar do que iria fazer antes de buscar pelas chaves e as pego, indo finalmente ao porão buscar a lâmpada.

   Não demoro a encontrá-la, mesmo estando em meio a diversas caixas e mais algumas outras coisas que não são necessárias no dia a dia. Saio do cômodo empoeirado trazendo comigo uma escada e vou rapidamente ao jardim, posicionando-a próxima ao local.

   - GERARD! - Me assusto um tanto ao ouvir meu nome ser gritado próximo a mim, segurando-me instintivamente nas laterais da escada com força.

   - Estou no jardim, Bert! - Grito de volta para que ele possa me ouvir de onde quer que ele esteja e ele não demora a chegar. Por algum motivo Bert me encara de um jeito estranho, franzindo o cenho ao me ver em cima da escada, com uma lanterna e uma lâmpada na mão.

- Não deveria fazer isso de dia?

- Prefiro fazer agora, - disse, já encaixando a lâmpada no bocal. - Posso não ter tempo amanhã. - Ele apenas concorda dando de ombros, antes de entrar em casa. Logo termino o que fazia e desço cuidadosamente os degraus, levando-a em seguida para onde anteriormente estava.

Como estou coberto de poeira por ter mexido nas coisas guardadas a muito tempo e cansado por ter passado o dia todo fora de casa, opto por antes de qualquer coisa tomar um banho demorado, para só depois falar com Bert.

Ao terminá-lo sento-me á mesa, onde como sempre espero por Bert para jantar, o que faz parte de uma rotina a qual já estou acostumado a um bom tempo. Como todos os dias começamos a comer e falamos sobre nosso dia, o que no meu caso foi totalmente frustrante, então dei-lhe abertura para que falasse a vontade, o interrompendo apenas para, em alguns, casos dar minha opinião. Entretanto, posso sentir que há algo de errado com ele, só não sei ao certo dizer o que é.

   - Está sendo difícil para você não é? - Pergunta, chamando minha atenção. Desvio os olhos do prato para encará-lo. - Sempre sai de manhã cedo e na maioria das vezes volta tarde da noite e ainda sim não conseguiu nada.

   - É, - enrolo uma parte do macarrão no garfo, sem muita vontade de comê-lo. - Não sei mais onde procurar. - Desvio o olhar do seu, levando o garfo rapidamente até a boca. Sei que podia ter o dito sobre o cartão da I.C. e que com sorte talvez Frank Iero realmente me ajudasse em alguma coisa, mas preferi ocultar. Conheço o homem que mora comigo a ponto de saber perfeitamente que não seria uma boa idéia.

Mal percebo quando o silêncio se instala entre nós, como está constantemente acontecendo últimamente. Ando muito distraído com banalidades ou simplesmente com o nada.

Por mais que o fato de não falarmos seja um pouco desconfortável, não ouso dizer nada. É melhor ficarmos assim do que os pensamentos que acredito estarem rondando a cabeça de Bert romperem seus lábios e começarmos uma discução sem sentido.

   - Quanto tempo mesmo já faz? - Ele começa batendo levemente o talher contra o fundo do prato. Eu suspiro, largando o meu.

   - Quanto tempo já faz o quê?

   - Que foi demitido.

   - Duas semanas, - encosto-me com os braços cruzados na cadeira, já prevendo o que viria a seguir. - Por que está pergunta agora?

   - Por nada - responde rapidamente, levando o garfo à boca. Pode ter sido impressão minha, mas senti um pouco de ironia em sua voz. Ele continua depois de engolir. - Eu só acho um pouco estranho, sabe? Você sempre teve tanta facilidade para isso, não entendo o porquê de não estar sendo igual agora.

     - O que quer insinuar com isso, Bert?

   - Eu já disse, nada - semicerro os olhos, buscando os seus, mas ele continua não olhando para mim, como se a comida fosse realmente a coisa importante no momento. - Só achei estranho.

  Reviro os olhos diante do seu comportamento e bufo, me levantando da mesa, pegando o prato para levá-lo à pia. Quando o faço o silêncio volta a ficar entre nós, então apenas começo a lavar prato onde comi e guardar no armário tanto ele quanto alguns que estão secando desde de cedo, e então me retiro. Contudo, antes que eu possa atravessar a porta do meu quarto, ouço a voz de Bert novamente, levemente irritada.

     - Não vai mesmo me contar?

   - Contar o quê? - Pergunto confuso, voltando para perto da mesa. Ele revira os olhos e emite um estalo de língua, como se eu tivesse sido cínico ou algo assim.

   - Não se faça de inocente. - Larga o garfo rudemente sobre o prato, provocando um tilintar alto e agudo.

   - Não estou fazendo isso! - Elevo um tanto a voz, me arrependendo em seguida. - Eu realmente não sei do que você está falando.

   - Oh, não sabe? - Diz, levantando-se vagarosamente da cadeira. Leva a mão a um dos bolsos e dele tira um pequeno papel meio amaçado, que a princípio não reconheço, mas segundos depois, a compreensão atinge minha mente. O cartão da Iero Company. - Então presumo que não saiba o que é isto. - Ele passa a brincar com o papel entre os dedos.

    - Onde o achou?

   - Na cama. - Responde, finalmente me olhando nos olhos, com o azul dos seus orbes gélidos. Como eu pude dar esse vacilo sabendo como ele é?

   Desde que Frank ligou á alguns dias atrás, Bert passou a cismar com ele, principalmente por eu ter - mesmo não o conhecendo direito - o defendido de suposições um tanto exageradas que Bert fez sobre ele, dizendo que Frank queria apenas falar comigo e que o mesmo poderia ser policial ou algo do tipo - o que não é o caso.

   Ser assim faz parte da minha personalidade e Bert sabe disso, contudo ainda sim teve uma reação extremamente desnecessária, como se estivesse com ciúmes de um homem que só vi duas vezes na vida. E agora eu sei que está.

   Desde então ele tem passado a implicar com o Iero de uma forma realmente irritante, que pensei ter deixado de lado no dia seguinte ao que ele me ligou, mas pelo visto estava totalmente enganado. Fiquei tão distraído com a dúvida entre aceitar a proposta de Frank ou não que nem me dei conta de onde havia deixado a porra do cartão. Sou um idiota mesmo!

   Me aproximo dele para pegar o papel, mas quando estou prestes a alcançá-lo Bert afasta a mão, impedindo-me de fazê-lo.

   - Me dá. - Digo engolindo em seco, ainda tentando pegar o cartão; sem sucesso.

   - Ora, achei que não soubesse o que era. - Ele se afasta de mim, dando passos largos para trás. Eu o fuzilo com os olhos. - Bom saber que ainda mantém contato com aquele cara que te ligou no outro dia, - seu rosto molda uma expressão pensativa. - Qual é o nome dele mesmo? - finge dúvida- Oh sim, como eu pude esquecer!? Frank. - Suas feições se endurecem, deixando explícita sua raiva.

   - Bert... Me dá logo o cartão.

   - Como esquecer o nome do homem que ligou para o seu celular, de forma nada suspeita, não querendo nem ao menos dizer quem realmente é?

   - Bert... - Tento interrompê-lo, mas ele continua falando.

  - O cara com quem você anda "conversando" últimamente. - Faz aspas com os dedos, o que me faz franzir o cenho diante da falsa acusação implícita em suas palavras.

   - Não ouse...

   - Com quem você está provavelmente "pulando a cerca"!

   Minha mão se fecha fortemente em punho e a maior vontade que tenho agora é socar algo, ou melhor, alguém. Mas me controlo ao máximo para não fazê-lo, levantando-a apenas para tomar o papel firmemente preso em seus dedos, não me importando d'ele se rasgar um pouco. Bert me olhava como se esperasse uma resposta.

   - Ao contrário do que pensa, eu não faria isso com você. - Digo, sentindo os olhos levemente marejados. Pisco as pálpebras, evitando demonstrar qualquer sinal de mágoa neles. - O cara que você parece odiar não faz nada além de me oferecer ajuda para conseguir um emprego. Não te contei nada porque sabia que ficaria assim. - Ele revira os olhos.

   - Me poupe, Gerard. Ninguém faz essas coisas assim do nada.

   - Talvez ainda hajam pessoas boas no mundo.

   - E quem teria a sorte de encontrar uma delas seria justamente você? - Trinco o maxilar, contendo minha raiva, segurando-me para não a despejar em palavras.

   - Essa é a verdade, se quiser acreditar, acredite. Mas se não quiser, estou realmente cagando para o que você pensa! Não te devo satisfações de tudo o que faço em minha vida. - Afasto-me da mesa, já indo para o quarto. O dia foi muito cheio, não quero me estressar mais ainda.

   - É claro que deve, sou seu namorado! - Ouço-o gritar, indignado, ao chegar no corredor, mas não volto para continuar a discurção, apenas grito o xingamemto antes de entrar no quarto e bater a porta com força suficiente para que tremesse:

- Foda-se!

¤¤¤

   Acordo cedo no dia seguinte, mais do que de costume, por não querer cruzar com Bert e deixar meu humor pior do que já é pela manhã. Infelizmente ele acorda antes do esperado e nos vemos antes que eu saia de casa. Todavia como ele não diz nada e eu também não, apenas ponho a mochila nas costas e finalmente saio, murmurando um baixo "Até de noite" cruzando a porta, sem saber ao certo se recebi ou não uma resposta.

   Durante toda a manhã fiz o que ultimamente faço todos os dias, procurar emprego em todos os lugares que posso, e como sempre falho miserávelmente, não encontrando nada. Não é como se eu não estivesse me acostumando com isso.

   Depois do almoço sento-me num banco de uma praça qualquer, apoiando o queixo na mão e o cotovelo na perna, pensando seriamente no que farei a seguir.

   Uma metade de mim diz para que eu vá até á I.C. falar com o Frank Iero, para finalmente dar fim à minha aflição. A questão não é apenas conseguir um emprego; e sim o que tenho que pagar com o salário que receberei dele. Além de pagar a mensalidade da minha faculdade, tenho que mandar dinheiro para minha mãe e ajudá-la com as contas, por mais que ela afirme não ser necessário. Todavia sei que ela só diz isso para que eu não me preocupe com isso e pense mais em mim mesmo; mas eu não consigo. Ela sempre me deu apoio quando precisei, quero retribuir agora.

   Contudo, a outra parte de mim parece me prender firmemente aonde estou, como se me alertasse que há algo errado, que não é seguro e que não devo aceitar a ajuda do único que em muito tempo me estendeu a mão, por mais louco que isso parece ser.

   Passo a mão nos cabelos, batendo a sola do coturno negro ritmadamente no chão. Não posso continuar assim.

   Levanto-me do banco, tirando o cartão meio amassado que pus dentro do casaco antes de sair de casa, verificando o endereço da empresa. Não fica muito longe daqui.

   Pego minha inseparável bicicleta que deixei acorrentada numa árvore próxima ao banco e destranco o cadeado, para em seguida subir nela e começar a pedalar. Mesmo estando inseguro, não posso deixar com que a briga que tive com Bert não tenha valido de nada, além do mais, nem ao menos tenho certeza de que isso dará certo. Frank deve ser um homem muito ocupado, tenho quase certeza que nem sequer lembra de mim, ainda mais tendo tantas pessoas que o rondam e provavelmente atiram-se nele diariamente - rio fracamente, fazendo uma careta com meu próprio pensamento, imaginando a cena, mas logo a deleto do cérebro (Eu e minha imaginação fértil. Senhor...!) - Entretanto não tenho nada a perder. Se não der certo será só mais uma tentativa frustrada da minha parte, onde confirmarei meus pensamentos e seguirei para outro lugar como se nada houvesse acontecido.

   Não demoro a chegar no meu destino.

   Paro a bicicleta a alguns metros de distância da grande construção à minha frente, realmente impressionado com seu tamanho. Já imaginava que ela seria grande, mas não tão grande. Não faço idéia do quão grande ela realmente é, mas tenho certeza de que tem mais de vinte andares, disso não restam dúvidas. Respiro fundo, fitando as grandes letras "IC" na faixada do predio, apertando o gidão com um pouco de força entre os dedos. Okay, é agora; vamos lá!

   Demoro um pouco para encontrar a vaga para bicicletas onde possa deixá-la e quando finalmente acho, observo um pouco a mim mesmo, depois de acorrentá-la devidamente. Pergunto-me mentalmente se não deveria estar usando algo mais apresentável já que entrarei num lugar onde - com toda certeza - todos estarão muito bem vestidos, mas até que o necessário. Contudo procuro afastar esses pensamentos da cabeça, pois sei que se não fizer o que tenho que fazer agora, não farei mais.

   Aperto as alças da mochila ao passar pelas portas automáticas, procurando pela recepção do térreo. Ao longe a vejo e caminho rapidamente até lá. Como imaginei, todos usam roupas sociais, me causando um pouco de desconforto.

   - Er... Bom dia... - Começo, tentando chamar a atenção da recepcionista, mas ela parece não me ouvir, provavelmente por causa dos fones. - Moça... - Chamo novamente, um pouco hesitante. Como ela novamente não me ouve, inclino-me um pouco e toco seu braço, tendo finalmente sua atenção. A morena murmura "Só um minuto" para alguém com quem falava através dos fones.

   - O que quer? - Pergunta rudemente. Mais direta, impossível.

   - E-eu... - Gaguejo um pouco, desconcertado pela forma com que suas palavras me atingiram. - Preciso falar com Frank Iero. - Digo de uma vez, apertando as alças da mochila com um pouco mais de força. Ela arqueia uma sobrancelha, fitando-me de cima a baixo, como se me avaliasse. Franzo o cenho, sentindo-me ofendido com isso.

   - E o que quer com ele? - Diz, não se importando muito comigo, logo voltando sua atenção o computador onde digita alguma coisa referente ao seu trabalho.

   - Ele pediu para que eu o procurasse aqui.

   - E quer que eu acredite realmente nisso? - Suspiro alto, fechando a mão em punho. Por que todos acham que eu estou mentindo nas últimas horas?

   - Não estou mentindo! - Sinto minha voz elevar-se um tanto, mas nada de mais, fazendo com que olhasse novamente para mim.

   - Olha só, garoto. Muitos já tentaram fazer isso com desculpas muito mais elaboradas que a sua e ainda sim não conseguiram, - fala, cruzando os braços contra a bancada. - Afinal, inúmeras pessoas desejam fazer uma espécie de "tour clandestino", ou conhecer um dos donos da empresa. Então por que acha que eu acreditaria que o Frank Iero escolheria justamente... - Ela me fita de cima a baixo novamente, franzindo o nariz ao terminar de fazê-lo. - Você, um moleque comum sem graça nenhuma para falar com ele, tendo tantas pessoas a quem poderia chamar?

   - Olha aqui sua va... - E eu juro, juro que estava prestes a falar mil e uma coisas para ela, pouco me lixando sobre estar onde estou ou se alguém iria me expulsar por gritar como um louco com aquela mulher no meio de tantas pessoas, começando por dizer que não sou um moleque; eu nem sequer pareço tão novo assim, e que ela não é ninguém para falar desse jeito comigo. Contudo, antes que possa despejar toda minha raiva acumulada nela, uma outra mulher me interrompe, pouco se importando se estava atrapalhando algo importante ou não. Mesmo irritado, agradeço internamente por ela ter aparecido.

   - Karen, a entrega já chegou? - Pergunta, recostando-se ao balcão. Ajusta a armação dos óculos sobre o nariz.

   - Já - A recepcionista busca algo na parte interna da bancada, deixando o pacote sobre ela. As duas ignoram minha presença. Que ótimo.

-    Perfeito.

   - É para o senhor Iero não é? - A morena pergunta, aperentemente curiosa, inclinando-se sobre a superfície lisa sob a caixa lacrada.

   - Sim, é para o Frank.- A outra revira os olhos por aparentemente a loira o chamar pelo primeiro nome.

   - O que acha que é?

   - Seja o que for, não é da sua conta. - Sorriu um tanto debochadamente.

   - É por isso que ninguém gosta de você, Camily! - A loira ri.

   - Estou pouco me fodendo para is... - Após pegar a caixa ela passou a andar distraidamente enquanto ainda falava, mas acabou esbarrando em mim, por pouco não derrubando o pacote. Envolvo meu braços ao seu redor, temendo que caía. - Obrigada, - agradeceu, ao se pôr devidamente de pé, ao contrário da outra ela não me analisou. - Er... Eu nunca te vi por aqui. Parece meio perdido e pelo o que pude ver antes de chegar não estava numa conversa muito tranquila com essa daí - aponta para recepcionista que Franze o cenho, aparentemente ofendida. - Precisa de algo?

   - Para dizer a verdade, preciso sim.

   - Ele quer falar com o Sr. Iero. - A recepcionista diz antes que eu possa fazê-lo, conseguindo conquistar um pouco mais da minha raiva por ela. Camily dirije sua atenção para ela e logo depois novamente para mim.

   - Não quero fazer um "tour clandestino" ou algo do tipo, - me explico rapidamente, fazendo o possível para não me enrolar, falhando miseravelmente. - Frank... Digo, o senhor Iero me pediu para vir falar com ele, e tudo que deixou comigo foi esse cartão - tiro-o de onde o tinha guardado, mostrando-o a ela. - Então presumi que deveria vir até aqui. Mas acho que não vai dar para falar com ele, então como isso tudo é apenas uma grande perda de tempo, não vou mais atrapalhar o trabalho de vocês e ir emb...

   - Não, espera! - Interrompe-me quando faço menção de me virar em direção a saída. - Qual é seu nome?

   - Gerard... Gerard Way, por quê? - Pergunto um pouco confuso, ficando mais ainda quando ela exclama um "finalmente!" Que me faz arquear uma sobrancelha.

   - O Frank mencionou você, é o ex garçom do Coffee Black não é? - Meneio a cabeça, respondendo positivamente a pergunta. - Fique tranquilo, ele me disse que falaria com você quando viesse, embora quase pensamos que não viria mais. - A última parte disse mais para si mesma, baixando o tom de voz, todavia ainda sim consegui ouvi-la.

   Então a mulher - vulgo Camily - segura meu braço novamente e puxa-me por ele até as catracas onde pega um crachá de visitante para mim e usa o dela para passar por elas. Em seguida me leva, ainda com os dedos em volta do meu braço até a porta do elevador, onde finalmente me solta. - Não posso subir com você agora pois tenho algumas coisas para resolver no momento, mas por favor, espere-me lá em cima; chegarei em poucos minutos.- Fala apressadamente e antes que eu pudesse entender direito o que acabou de acontecer e agradecê-la, Camily murmura um animado "Até depois!" Antes de subitamente desaparecer da minha vista, misturando-se às várias pessoas que circulam pelo térreo da empresa.

   Pisco os olhos, processando todas informações.

   Então ele realmente não esqueceu de mim.

   Distraidamente sorrio pouco comigo mesmo, mas logo desfaço o sorriso, voltando à realidade. Chamo o elavador, recostando-me na parede enquanto espero por ele. Quando após alguns segundos ele chega, meu olhar acidentalmente segue uma linha quase reta ao que sinto o peso de um olhar sobre mim. A recepcionista praticamente me fuzila com os olhos. Antes que as portas metálicas se fechem meus lábios desenham um sorriso convencido e levanto meu dedo médio, fazendo-a se enfurecer mais ainda. Rio comigo mesmo quando a perco de vista.

   Quando as portas se fecham totalmente a primeira coisa que espero é a típica música monótona e chata dos elevadores de grandes empresas e hotéis de luxo, mas sou totalmente surpreendido quando Enter Sandman do Metallica, invade meus ouvidos, fazendo-me arregalar ligeiramente os olhos. Mas que tipo de empresa é essa? Penso animadamente.

   - Por essa eu não esperava. - Falo comigo mesmo, recostando-me a uma das paredes vermelhas do elevador. Demoro um pouco a chegar no meu destino, pois nesse horário todos parecem estar um pouco agitados, tendo muitas pessoas entrando e saindo constantemente do cubículo metálico em quase todos os andares. Ao chegar no último andar, solto um suspiro, aliviado.

   Quando saio me deparo com o largo hall, onde o piso é escuro e as paredes são cobertas por um tom quase dourado, junto ao vermelho escuro, quase vinho. Passando pelas portas de vidro que separam o hall da área onde ficam as secretárias, deparo-me com algumas delas atrás das bancadas, que ficam consideravelmente distante umas das outras. Apenas uma delas está vazia, então presumo ser a de Camily. Caminho até ela, sentando-me numa cadeira próxima a parede.

   Bato o pé ritmadamente nos poucos minutos que passo a espera de Camily, não podendo deixar de notar sua presença assim que aparece. Ela me chama até sua bancada, onde me informa que Frank Iero saiu para resolver alguns problemas e por isso não falei com ele ainda, mas que quando chegasse falaria comigo.

   O que chama um pouco minha atenção é que diferente das outras funcionárias ela não parece tão atarefada assim. Noto isso quando ao invés de voltar a fazer apressadamente seu trabalho, como vi muitas outras pessoas fazendo, ela apenas se debruça sobre a madeira lisa, aparentemente entediada.

   - Quem escolheu a música do elevador? - Pergunto, quebrando o silêncio que era interrompido apenas pelo som de teclas ao longe. Camily corrige a postura, olhando para mim.

   - Fui eu. - Ela ri fracamente e eu franzo o cenho.

   - Você? - Sinto minha voz sair um pouco mais alta. - Quero dizer; não me leve a mal, isso é só um pouco... Incomum.

   - Relaxa, eu entendo, - diz, gesticulando um pouco. - É que o chefinho estava reclamando já a algum tempo sobre a música do elevador ser chata e blá blá blá, - rio do modo com que fala, pondo também os braços na bancada - que aquela melodia era extremamente irritante e torturava os seus ouvidos, dentre outras coisas. Então, nada melhor do que Metallica para agradar todo mundo; por mais que alguns tenham reclamado.

   - Foi uma ótima escolha.

   - Obrigada - agradece, corrigindo a postura. - Então quer dizer que gosta de rock?

   - Gosto sim, desde pequeno. - seguimos conversando animadamente no decorrer dos minutos e sem percebermos, eles acabaram se transformaram em horas; e nada de Frank chegar...

   No geral Camily é uma pessoa muito animada além de extremamente sincera e extrovertida. Não tem como não gostar dela. Quando ela estava prestes a iniciar um novo assunto seu celular toca e ela o pega. Sua expressão se converte levemente em preocupação ao ler o nome escrito na tela. Ela rapidamente atende.

   Não sei ao certo o porquê, mas sua súbita mudança de comportamento me deixa um pouco aflito e preocupado com ela.


Camily


   Enquanto eu conversava com Gerard nas últimas horas me distrai totalmente, chegando até a me esquecer do tempo e do fato de Frank ter saído da empresa já a muito tempo, garantindo que voltaria logo; o que não aconteceu. Contudo, toda a preocupação retorna quando vejo seu nome no visor do celular. Logo atendo apressadamente a ligação.

   - Alô, Frank? - Digo, esquecendo-me completamente que Gerard está bem aqui, à minha frente.

   - Camily, está na empresa? - Pergunta com a voz falhando, tenho dúvida se é por que tem algo errado com ele ou com a ligação. Ao fundo tudo o que posso ouvir é o som de motores e carros a toda velocidade. Ocasionalmente ouço também um ou outro derrape.

   - Sim, estou - respondo, franzindo o cenho ao ouvir um provável disparo de tudo e outro derrape. - Onde você está?

   - Isso não importa agora.

   - É claro que importa! - Praticamente grito, batendo o punho fechado contra a bancada, vendo oa olhos verdes de Gerard arregalarem-se de relance. Frank parece ignorar o que acabei de dizer, murmurando um xigamento qualquer.

   - Espere-me no lugar de sempre, já chego aí. - Antes que eu possa falar mais alguma coisa ouço o som que indica o fim da chamada. Franzo o cenho e dou um soco na mesa, dessa vez mais forte. Argh! - Eu não acredito que aquele puto desligou na minha cara! - Exclamo realmente alto, pegando a bolsa ma parte interna da bancada, um tanto enfurecida. Minha maior vontade, mesmo morrendo de preocupação, é de socar a cara daquele baixinho atrevido. Procuro a bolsa em busca de um molho de chaves, deixando-a de lado assim que o pego.

   - Camily, está tudo bem? - Gerard pergunta, preocupado. - Parece nervosa, posso te ajudar em alguma coisa?

   - Não, não precisa. Não aconteceu nada, - falo, já descendo da cadeira. - pode me esperar aqui, tenho que resolver uma coisa lá em baixo.

   - Claro... - Diz hesitante, ainda parecendo um pouco preocupado, evidentemente desconfiado da veracidade das minhas palavras.

   - Não saia daqui, volto em alguns minutos! - Digo andando de costas, antes de caminhar apressadamente até o elevador, tendo seus olhos sobre mim até que eu cruzasse as portas que levam ao hall desse andar. Tamborilo os dedos sobre as dobras dos meus braços que estão cruzados, esperando o elevador chegar. Agradeço mentalmente por ele só parar duas vezes antes de me deixar no estacionamento, que felizmente está vazio.

   Não demoro a ir para uma área mais afastada daqui, onde sobram algumas vagas e quase ninguém frequenta justamente por ser distante da saída, parando em frente à um grande armário rente a parede, quase camuflado pela falta de iluminação. Paro de virar o molho de chaves no dedo, forçando um pouco a vista até encontrar a chave certa. Encaixo a mesma na fechadura, deparando-me - como sempre - com o armário vazio ao abri-lo.

   Tateio o ferro gélido até encontrar o encaixe para outra chave, quase invisível e imperceptível que ao ser aberto, revela um painel numérico. A porta secreta enfim se abre depois que digito a senha.

Acendo a luz e fecho as duas portas antes de começar a descer as escadas que me levarão a uma área no subterrâneo, a qual pouquíssimas pessoas têm conhecimento sobre sua existência. Essa não é a única entrada para ela, mas é a mais próxima no momento. Sento-me num banco de três lugares, esperando por Frank.

   É sempre aqui que nos vemos e resolvemos algumas coisas referentes ao seu "trabalho secreto", na maioria da vezes quando ele volta de um lugar provavelmente perigo e suspeito - como hoje - e aparece com algum tipo de problema, como quando teve um corte profundo e se recusava a ir para um hospital por ainda ter que resolver outros problemas. Não sou médica, mas minha mãe sim. Ela me ensinou a fazer algumas coisas básicas como aplicar uma injeção ou estancar um sangramento, além de que eu a observava muito quando me levava para ver seu trabalho por eu não querer ficar sozinha em casa, onde cuidava de várias pessoas num hospital público. Por isso, cuidar de Frank de vez em quando não é nada de mais, dependendo da situação.

   Somos amigos a tempo suficiente para saber que não vai deixar de fazer o que faz, por causa do principal objetivo daquela organização, ou seja lá o que ela for. Contudo, mesmo já tendo passado um bom tempo, não consigo deixar de me preocupar com ele; Frank é como um irmão para mim.

   A maioria das pessoas ao fazerem o que ele faz perdem a razão e o foco, transformando-se em sádicos que só querem mais e mais sangue. Tenho medo que Frank se torne um homem tão sedento e amargurado como eles. Todavia, mesmo chegando a ter um certo apreço pelo o que faz, que seja um tanto sádico e masoquista, e até mesmo "esquentado", meio louco e agressivo, sei que não chegará a esse ponto; sei que não se tornará um homem igual a seu pai.

   Ainda lembro-me como se fosse ontem dos dias em que Frank passou a ir para escola cabisbaixo, não querendo falar com ninguém, nem mesmo comigo, tão distante que parecia estar em outro universo. Até que depois de muito insistir, ele acabou enfim despejando toda sua mágoa em mim, deixando uma infinidade de lágrimas escaparem por seus olhos avelãs tão vivos, mas naquele dia completamente opacos e escuros. O abracei forte, quase o esmagando entre os meu braços, mas ele não pareceu se importar com isso, apenas retribuiu o abraço com a mesma força, prendendo a cabeça sobre meu ombro, deixando suas lágrimas derramarem-se ali. Prometi ao meu melhor amigo que nunca, nunca o abandonaria, não importasse a merda que ele fizesse ou o que aconteceria dali para frente.

   Foi a partir daquele dia que passei a odiar Anthony. Desde que me aproximei pela primeira vez tive um mal pressentimento, e não estava errada.

   O som de um carro se aproximando corta minha linha de pensamentos, trazendo-me de volta à realidade. Fico de pé, preocupada e inquieta. Em súbito vejo Frank atravessar uma porta, trazendo o cheiro de sangue consigo.

   - Frank! - Corro até ele, segurando seus braços.

   - Calma, - diz, mas eu não fico calma, (todo mundo sabe que dizer isso só piora!) E continuo o fitando e tateando dos pés à cabeça, em busca de algum felemento grave. Sua roupa está repleta de sangue! - Camily, pelo amor de Deus, calma! - Eleva a voz e tira minhas mãos do seu corpo, prendendo-as entre as dele agora. - Eu estou bem.

   - E todo esse sangue?

   - Não é meu. - Solto o ar preso nos pulmões, aliviada. Ele faz o mesmo em seguida. Sem que ele espere dou um soco em seu peito, e não pense que por ser mulher sou fraca, já lutei karatê e ninjutsu na época da escola (confesso que o último por causa do Naruto, mas essa é outra história).

   - Ai! - Reclama franzindo o cenho, massageando o lugar onde o atingi. - Por que fez isso?

   - Por ter me deixado preocupada e desligado na minha cara, - digo, com falsa irritação. - Mas agora vem aqui, preciso dar um jeito em você. Não pode aparecer lá em cima assim - o puxo pelo braço, deixando-o perto do banco, onde se senta. - Está com algum ferimento? - Pergunto abrindo um dos armários do lugar e pego um tipo de caixa de primeiros socorros. Em seguida pego também um pouco de água e uma das camisas sociais dobradas que ficam aqui em casos como esse. Deixo tudo ao seu lado, sobre o banco.

   - Obrigado - agradece, tirando o paletó e a camisa, revelando o torso tatuado e manchado com o sangue que ultrapassou o tecido. Ele logo pega um pedaço de tecido que deixei próximo à água e o umidece, retirando o líquido avermelhado e ferroso. Ao passá-lo em certo ponto, ouço-o soltar um baixo ruído de dor que tentou reprimir, mas ainda sim percebi.

   - O que aconteceu aí? - Pergunto, me aproximando.

   - Nada.

   - Quem nada é peixe. - Retruco afastando sua mão, tateando rapidamente a área da barriga até arrancar a reação que quero dele. Frank morde ligeiramente os lábios quando pressiono um lugar próximo ao seu estômago. - Dói muito? - Ele me olha como se me repreendesse por ser insistente, mas logo se rende.

   - Não muito.

   - Você não tem jeito não é? - Digo após pegar um gel dentro da caixa, sorrindo fracamente. Ele suspira um "acho que não" sorrindo também. Quando meu sorriso morre minha expressão fica séria. - Resolveu tudo o que tinha para resolver?

   - Não - desvia o olhar para o tecido que agora passa nos braços. - Esse caso está mais complexo do que eu imaginava. Tem muita gente envolvida nisso.

   - E o que pretende fazer? - Pergunto casualmente, como de costume.

   - Podemos falar sobre isso mais tarde? - Deixa o pano de lado, sobre suas roupas ensanguentadas.

   - Claro - respondo, respeitando sua decisão de não falar agora e logo mudo de assunto. - E vista-se logo, ainda tem muita coisa para fazer. - Frank bufa, aparentemente voltando a à sua manha habitual, massageando as têmporas.

   - Tenho mesmo que voltar para o trabalho hoje? - Perguntou abotoando a camisa limpa.

   - Tem sim - falo, guardando a caixa. - E ah, onde está seu carro?

   - Lá fora.

   - Por que não o trouxe para cá?

   - Porque não estava afim. - Levanta-se, já caminhando em direção a porta, como se nada houvesse acontecido. Franzo o cenho o seguindo.

   - Então é assim que agradece sua melhor amiga por te ajudar? Você merece outro soco, mas dessa vez bem no meio da cara! - Passo por ele pelas escadas, para abrir a porta.

   - Não seja tão dramática, Camily - Sorri cinicamente, desgraçado! Não falamos mais nada no caminho até o último andar.

   Durante os últimos dias notei que Frank últimamente estava distante, quem não o conhece bem diria que ele estava apenas calmo, mas sei que não é isso. Não sei se algo estava acontecendo ou o que se passava em sua cabeça, mas uma coisa é certa: Frank calmo não é bom, nada bom. Apesar de tudo ele sempre foi um cara muito "animadinho", mesmo que não pareça e que revele esse lado seu apenas para alguns, além de que o que sente na maior parte do tempo é mal humor. O problema é que nem as típicas "patadas" que constantemente me dá - a quais são muito bem retrebuidas, diga-se de passagem - ele estava me dando. Esse comportamento já estava me deixando inquieta e preocupada, mas pelo visto ele já voltou ao normal junto a todo o mal humor que o acompanha.

   Sorrio comigo mesma por ter meu melhor amigo totalmente seguro ao meu lado.


Gerard



   Olho meu relógio de pulso, constatando que já passam da 04:00 PM. Camily disse que voltaria em alguns minutos, mas lá se foram mais de meia hora. Pelo que pude perceber antes que fosse embora, falava com Frank pelo celular e parecia muito preocupada com ele. Posso não conhecê-lo direito, mas espero que esteja bem.

   Sinto o alívio me percorrer ao ver Camily passando pelas portas de vidro e logo em seguida Frank.

   - Er... Frank, aqui está a pessoa que quer falar com você. - Camily começa, olhando de soslaio para mim.

   - Eu já disse que não tenho tempo para isso agora, Camily. - Ela revira os olhos, franzindo o cenho.

   - Deixa de ser chato e vê pelo menos quem é. - Antes que pudesse retrucar ela o puxa pelo braço, com a aparente delicadeza de sempre, forçando-o olhar para mim. Sua expressão séria converte-se em surpresa ao incrivelmente me reconhecer.

   - Gerard?

   - Oi... - Respondo um pouco sem graça, também surpreso, no meu caso por ele ainda lembrar do meu nome. Camily se inclina um pouco sobre seu ombro, pondo a mão sobre o mesmo e sussurra algo em seu ouvido, que o faz arregalar ligeiramente os olhos e dar um tapa na sua não, a fazendo retirá-la imediatamente. Ela ri voltando para o seu local de trabalho quando ele solta um "e depois sou eu que não tenho jeito!".

   - Me acompanhe. - Ele diz, antes de suspirar alto e caminhar até onde creio ser a porta da sua sala. Apenas o sigo, sem falar nada.

   Assim que entramos ele gesticula, indicando que me sentasse numa cadeira em frente á sua mesa enquanto fecha a porta.

   - Admito estar um pouco surpreso, - senta-se na sua cadeira, fazendo com que fiquemos agora de frente um para o outro. - Achei que não viria.

   - Também achei que não. - Finalmente falo, posicionando a mochila sobre o colo.

   - Parecia tão decidido a rejeitar o que lhe ofereci da última vez que nos vimos, - cruza os braços sobre a mesa . - O que o fez mudar de ideia?

   - Se não se importa, prefiro não falar sobre isso. - Digo entrelaçando os dedos inquietamente. Ele estreita ligeiramente os olhos, mas logo concorda, com um sorriso estranho no rosto.

   - Tudo bem não precisa responder.

   - Obrigado. - Agradeço, abaixando levemente a cabeça. Ele levanta, indo até uma das laterais da sala.

   - Aceita alguma coisa para comer? Café, água... ?

   - Não, não precisa.

   - Tem certeza? - Pergunta, separando duas xícaras enquanto deixa a máquina de café fazer seu trabalho sozinha. - Camily disse que já faz algumas horas que está aqui, deve estar com fome.

   - Já está fazendo demais por mim, não precisa fazer mais nada. - Deixo inconcientemente o orgulho falar por mim, voltando minha atenção a Frank, que mantém os braços cruzados, recostado a mesa sob a máquina de café.

   - Não seja orgulhoso.

   - Não estou sendo. -Retruco, direcionando toda minha atenção a ele. Frank ri.

   - É claro que está, - diz, virando-se para por o líquido quente é escuro nas xícaras. - Desde o início está se deixando levar pelo orgulho, por isso não quis aceitar minha proposta assim que a fiz - retorna à mesa, repousando as xícaras sobre a mesma. Empurra uma delas na minha direção, deslizando-a sobre a superfície lisa. - Vai negar? - Eu poderia até abrir a boca para contestá-lo e dizer que não, falar que está errado, entretanto, no fundo, ele pode ter razão, mas obviamente não vou admitir. Encaro a xícara por alguns segundos antes de empurrá-la em sua direção.

    -Vou. -Nego e Frank sorri fracamente, como se com isso eu o houvesse desafiado e ele aceitasse o desafio.

   - Eu insisto, senhor... - Interrompeu-se por não saber meu sobrenome, mas ainda sim empurra a porcaria da xícara de volta.

   - Way... - Completo, repetindo seu movimento. Posso ser tão insistente quanto ele. - E eu insisto que não. - Dessa vez Frank ri antes de segurar a porcelana pela parte de cima e empurrá-la com a força certa para que venha sozinha até mim, sem que pare no meio da mesa ou caia no chão.

   -Podemos fazer isso o dia todo, senhor Way. - Semicerro os olhos, fuzilando-o com os mesmo, principalmente quando vejo um sorriso cínico enfeitar seu rosto. Quando eu estava prestes a abrir a boca para retrucar, alguém bate na porta, parando nossa pequena troca de farpas. Frank leva os olhos até a mesma, parecendo não gostar da interrupção.

   - Entre! - Ele eleva o tom de voz para que a pessoa atrás da porta o escute, e ela não demora a entrar. Não me viro para ver quem é, até porque não conheço quase ninguém daqui, mas assim que o homem vem até a mesa, ficando ao lado dela, o reconheço na hora. É o loiro azedo da cafeteria.

   - Frank, precisamos convers... - Ele começa, mas se enterrompe assim que me vê. Me encolho um pouco sob o peso do seu olhar. - O que ele está fazendo aqui?

   - É uma longa história - diz rapidamente, tomando um gole do seu café. - Seja o que for, Christian, não vou resolver agora.

   - Você nunca quer me escutar na hora certa, Frank! Será que não entende que... - Suas palavras são novamente interrompidas, mas dessa vez não por ele e nem por Frank, e sim pela porta escancarando-se bruscamente, me fazendo dar um pequeno pulo pelo susto. Por ela passam um homem e uma mulher, a última carregando algumas pastas rente ao peito.

   - Mas que porra está acontecendo? - Frank quase grita, realmente indignado.

   - Nos desculpe, Senhor Iero, - o homem diz, já sentando-se na cadeira ao lado da minha. - Mas precisamos resolver nosso problema pendente o mais rápido possível.

   - E será que não podia ter esperado só mais um dia, ou ao menos alguns minutos?!

   - Visto que o senhor rejeitará todos que selecionamos; não - chama a mulher com um movimento de mão e quando ela está próxima o suficiente, pega as pastas de suas mãos, colocando-as sobre a mesa em seguida. - Por favor, comece a descartar. - Frank bufa, pegando uma da pastas. Em súbito Camily também entra na sala.

   - Foi mal, Frank, não pude evitar. - Ela gesticula para o homem e a mulher que entraram á alguns segundos.

   - Tudo bem. - Murmura irritado, sem desviar o olhar das fotos que começou a - pelo o que entendi. - avaliar á poucos instantes. Apenas alguns minutos se passam e sem que eu perceba, outra mulher entra na sala com uma pequena pilha de papéis nas mãos, também colocando-os na superfície amadeirada.

   - O senhor Toro pediu para que lhe entregasse. - Frank franze o cenho ao encarar os papéis, parecendo frustrado. Respira fundo tentando se controlar e massageia as têmporas.

   - Deixe aí, depois que olhar as fotos os lerei.

   - Então vai realmente dar mais valor a essas coisas sem importância do que o que tenho para falar? - O loiro azedo diz, indignado. Iero não responde nada e sim o homem sentado ao meu lado.

   - Como assim sem importância? Esse é um dos principais pontos para a divulgação do RZ-3!

   - Importante? Isso não tem importância nenhuma, já deveriam ter resolvido isso a semanas! - E assim todos com exceção de Frank, Camily e eu, começam a discutir um com o outro, cada um defendendo seu ponto de vista. Me escolhi na cadeira, agradecendo mentalmente por parecer estar invisível.

   De repente sinto algo como um nó no estômago, e logo depois o ouço roncar baixo. Que ótima hora para isso. Observo a xícara à minha frente, tão convidativa, exalando o magnífico cheiro de café.


   Me repreendo por querer pega-la, não quero dar esse gostinho a Frank. Mas ainda sim...

   Emito um baixo estalo com a língua antes de hesitantemente pegar a xícara e levá-la à boca. De relance vejo os lábios de Frank se curvarem num sorriso vitorioso, mesmo ele não tendo olhado em nenhum momento para mim. Estreito os olhos, me arrependendo um pouco por ter pego a xícara, mas só um pouco...

   Alguns minutos se passam e a discução não se encerra. Ouço Camily murmurar algumas vezes um "vai dar merda" baixo e quase inaudível, o qual presumo que só eu possa ouvir. Giro o que resta do café dentro da xícara, aguardando o desfecho disso tudo. De relance, vejo Frank a minha frente com o cenho firmemente franzido, aparente irritado, mas se controlando, até que chega um momento em que não aguenta mais.

   - Calem a porra das bocas! - Grita realmente alto, fazendo a voz repercutir por toda a sala, batendo as mãos em punho sobre a mesa usando tanta força que a faz tremer. Todos se calam imediatamente, abaixando de leve a cabeça. O clima fica um pouco tenso. Após terminar de avaliar as fotos, ele entrega as pastas para quem as trouxe.

   - E então? - O homem pergunta, ansioso.

   - O mesmo de sempre. - O outro murmura um "já era de se esperar" passando as mãos nos cabelos. - Isso está consumindo muito tempo, escolha quem quiser e dê logo um fim a isso.

   - Mas não podemos escolher qualquer um para ser o modelo, tem que ser o homem ideal.

   - E até quando esperaremos por ele? - Iero suspira. - Tem até hoje para escolher. Mesmo que não seja um que considere estar a altura. - O homem passa a entrelaçar os dedos sobre a mesa, pensativo. Após franzir os lábios passa a mapear toda a sala com os olhos, como se fosse encontrar uma solução nela. Coitado, ele só quer fazer o melhor que pode. Seus olhos pousam sobre mim quando levo a xícara pela última vez à boca, franzo o cenho ao me dar conta que eles não fitam mais a sala e que estão fixos em mim. Em súbito seus orbes parecem se iluminar.

   - Você! - Exclama, fazendo todos se assustarem com sua repentina mudança de humor e sua voz estridente quebrando o silêncio que se fez a alguna segundos, enquanto aponta para mim. Quase engasgo com o café. Todos me olham como se eu tivesse a resposta para isso, mas eu realmente não tenho, muito pelo contrário, também quero saber. - É você!

   - Eu? Eu o quê? - Pergunto confuso. Em súbito ele se levanta e vem até mim, para me puxar pelo braço, levantando-me. Consigo pôr a xícara na mesa antes que ela tomasse o mesmo rumo que minha mochila; o chão. Já de pé, o homem passa mão ligeiramente por mim, ajustando minha roupa corretamente no corpo e até mesmo mexendo em meu cabelo, não sei ao certo se estava o arrumando ou o despenteando ainda mais. Quando enfim tira as mãos de mim, me fita da cabeça aos pés, como se me avaliasse, para então me segurar pelos ombros e me empurrar levemente para frente.

   - É ele - todos ainda o olham como se não houvessem entendido nada que acabara de acontecer, nem o porquê de tanto apontar para mim. O homem revira os olhos, como se não estivéssemos vendo algo óbvio. Em súbito um pensamento me vem a mente, do que poderia ser. Mas não, não é isso, não pode ser... Ou pode? - Ele será o novo modelo da Iero Company!


Notas Finais


Ui ui ui! E então o que vocês acharam?

• Tomara que tenham gostado das novas interações ❤

• Se tem Camily, tem COMÉDIA ❤

• Fronks só nos 'foras' ❤

• Metallica tem um 'pedacinho' do meu coração (Já que o 'pedação' é do MCR) ❤

Não sabemos quando vamos postar o próximo cáp, mas acho que não vai ser tão grande quanto esse.
Falo muita merda nas notas né? ...Tá vou parar!
Bjsss 💋


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