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História The Falling Grace - Home


Escrita por: AquariusDark

Notas do Autor


Espero que gostem, boa leitura a todos. :3

Capítulo 26 - Home


Fanfic / Fanfiction The Falling Grace - Home

* "So will you be my life support? [...]" ~Life Support, Sam Smith

Nego-me a abrir os olhos. Não poderia aguentar mais um vislumbre do cenário que me cercava. Estavam todos mortos: Rowena, Daniel, Nataniel, Toby. Toby...Como que em uma cadeira de balanço, oscilo meu corpo para frente e para trás, sabendo que a criança em meus braços não dormiria para acordar mais tarde... Dormiria para nunca mais acordar. Lágrimas continuam a escorrer de meus olhos como a nascente de um rio sem fim, traçando seu caminho pelo meu rosto. Deveria eu também adormecer para nunca mais acordar?

Uma canção de ninar preenche os espaços por todos os lados, cantada por uma criança, uma menina. Mesmo a voz sendo fina e calmíssima, ela se sobressai diante dos demais sons do ambiente.

                  One, too, Aerico's coming for you

                  Three, four, better lock you door

Passos pesados ressoam contra o chão, chegando cada vez mais perto. A música pausada agride meus ouvidos e fazem arrepios me percorrerem o corpo.

                  Five, six, grab your crucifix

                  Seven, eight, you don't need to fake

Aperto meus dedos sobre a carne morta de Tobias, rezando para que tudo acabasse logo. Mas não importa o quanto eu rezasse, não importa a qual Deus eu rezasse, todos Eles sabem que não devem vir aqui.

                  Nine, ten...

A criança para de cantar. Mas então sinto um leve frescor na parte de trás da minha nuca e logo entendo. Ele está aqui.

                  Never awake again

A voz grossa e penetrante ressoa no meu ouvido direito. Sou capaz de sentir o fedor da morte logo atrás de mim pouco antes de sentir algo rasgar minha derme. Lentamente, sou perfurada, sentindo a carne ser lacerada e só parar ao abrir buracos do outro lado do meu corpo. Uma lufada de ar é puxada para dentro dos meus pulmões, e minha cabeça cai para baixo. Ao abrir os olhos, vejo cinco pontas afiadas saindo do meu peito. Sangue quente escorre vagarosamente pela minha barriga e encharca minha roupa.

Mas então, as cinco pontas são puxadas para fora de mim abruptamente. Todo o ar corre para fora dos meus pulmões. Sinto o sangue vazar mais rapidamente, traçando seu caminho pela minha barriga e costas afim de se esparramar pela grama e juntar-se aos corpos mortos da minha família.

Reúno todas as forças ainda restantes em mim e levanto a cabeça, olhando para o que quer que estivesse na minha frente. Meus olhos imediatamente encontram o de outra criatura. Seus olhos eram completamente brancos, leitosos. Por isso eu não conseguia ver seus olhos... E o nariz também... O olfato da besta se resumia a dois furos imitando formatos triangulares. Dois rasgos em cada bochecha mostravam a parte de dentro de sua boca. Inúmeros dentes, enormes, pareciam ser capazes de despedaçar até mesmo pele de dragão, sem maiores dificuldades.

Acima de sua cabeça, dois chifres se erguiam aos céus. Chifres com espinhos e negros, assim como o resto do seu corpo. Seu corpo era musculoso, mas parecia grudento, com grandes bolhas se espalhando pelo casco da besta. Os braços também tinhas espinhos, mas estes eram em menor número, porém maiores e mais grossos. No lugar onde deveriam estar os dedos, cinco grandes garras, afiadas e manchadas de sangue. A seiva pingava das pontas de seus dedos para cair na grama. Pling, pling, pling.

De dentro de sua boca, sai uma língua longa e bifurcada, maior que de uma cobra. O fedor se esgueira de seus lábios, se arrastando para envenenar o ar límpido que nos cercava. Cheirava a morte. Cheirava a dor e angústia; tristeza e amargura. A língua oscila no ar até encontrar minha face. Ela, então, se move até meus olhos e lambe a última lágrima que cairia, a última gota da nascente do rio que acabara.

 Minha visão se embaça, e não sou capaz de respirar mais. Puxo o ar para dentro com teimosia. A Morte teimava em me abraçar e eu teimava em ser livre para correr até os braços da Vida, eu e Tobias. Eu e Rowena, Nataniel e Daniel. Eu e minha família.

Após uma luta efêmera, a Morte vence, me abraçando como uma manta calorosa, enquanto meu sangue, viscoso, escorria para fora do meu corpo. Pendo para a direita, e vou ao chão.

Um longo tempo parece ter se passado, mas quando volto a abrir os olhos, vejo-me ainda deitada na grama. Tobias está parado ao lado da árvore, com a mão sobre o tronco áspero. O quê...? Logo ele se dobra sobre o corpo, apertando a barriga. Corro até ele, mas de novo, eu não sou capaz de salvá-lo. Observo ele tossir seu sangue, manchando seus lábios. Observo ele padecer novamente, e eu sou incapaz de ajudá-lo...

As lágrimas familiares voltam a rolar sobre minhas bochechas antes dos corpos de Daniel, Rowena e Nataniel aparecerem a minha volta. A música é cantada de novo, e a besta volta a aparecer, rasgando-me com suas garras. Sinto meu sangue saindo para fora de mim tudo de novo. Tudo se repete. Eu caio, inerte, novamente.

A mesma cena se repete de novo e de novo. Eu canso de vê-los morrer. Canso de chorar. Canso de sentir dor. Canso de morrer.

Chega um momento no qual, quando abro os olhos, não vejo mais grama. A grande árvore se foi, a luz do sol não queima mais minha pele. Sinto algo mole sob mim, e me assusto. Mexo-me rapidamente, mudando de posição, mas minha visão pousa sobre algo que me chama a atenção.

Tobias está sentado em uma poltrona, com os olhos fixos em algo em seu colo. Ele se arruma sobre a cadeira, franzindo o cenho, e imediatamente sento-me, na iminência de pular sobre os pés e correr até ele uma vez mais.

Ele levanta o rosto, exaltado, e me encara. Cuidadosamente, ele coloca o livro de lado e levanta lentamente da cadeira, como se eu fosse um esquilo prestes a fugir.

– Ei, calma. Tá tudo bem, você tá bem.

Não consigo entender o que está acontecendo. Olho para os lados, tentando me localizar. Duas poltronas, parede com listras azuis, sacada com cortinas brancas... Mas o quê...? Estou em casa?

– T-Toby? – Minha voz soa chorosa, e sinto-me prestes a quebrar em mil pedaços. Baixo os olhos para minhas mãos, apoiadas sobre meu colo. Não consigo parar de tremer.

– Pequena, ei. Estou aqui, tá tudo bem – Ele agacha na minha frente, segurando minhas mãos com força – Tá tudo bem.

– Toby... Você está aqui? – Ele acena que sim com a cabeça – De verdade?

– Estou aqui, minha pequena, estou aqui – Só percebo que estou chorando quando ele estica o braço e limpa minhas lágrimas com o dedão.

Tobias se estica e me envolve em um abraço caloroso. Sinto seu perfume em sua pele, e sei que voltei para casa.


Notas Finais


* "Então você será meu suporte de vida? [...]"
Tradução da música cantada pela criança:
Um, dois, Aerico está vindo atrás de você
Três, quatro, melhor trancar sua porta
Cinco, seis, agarre seu crucifixo
Sete, oito, você não precisa fingir
Nove, dez...
Nunca mais acordado


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