Noite de Luzes
Beijei lábios frios, com o relento da garoa...
Senti o gosto de bocas mortas.
Sussurrando, entre palavras fáceis, o desejo carnal,
De receber de volta o beijo que cada uma delas me deu.
Quando o que mais podia ter feito,
Era admirar o show de luzes pirotécnicas.
Sob o olhar cansado da noite que olha ao leito...
E o vê como cama para um conclamado descanso,
Exalando os diversos odores trazidos junto ao manto.
Toquei peles tão gélidas, cujo tato enganou...
Se a superfície possuía circulação sanguínea,
Se o pulso verde com vermelho ainda batia.
Nada foi leviano a tal ponto,
Deixando-me desamparado, portanto,
Em uma festa de animais muito zonzos.
Pelo licor, agridoce e especial...
Fazendo das ilusões e fantasias,
O perfeito clima oriundo do real.
Mesmo escuro, consigo de fato sentir...
Um amargo cheiro de enxofre que infesta a festa,
Vindo justamente da única luz que, em constante sintonia, muda,
Para azul, turquesa, laranja, vermelho, púrpura.
Ouço sons tão primitivos quanto inovadores...
Energizados e potencializados pelos novos computadores.
A “última geração” é o que diz cada letra,
De uma canção escrita sem letra,
Com falta de emoção.
E clareza...
Vejo luzes ao longe na festa, como fracas velas acessas.
Serei eu material de cera?
Derreterei sob a ótica de um fogo que queima,
Enquanto o som lamuriante ainda teima...
Em tocar.
Ora, começo realmente a invejar o fogo...
Depois de tantas bocas frias e álgidos toques.
Sinais de fumaça e incêndio começam a ressoar,
Mas não do fogo que veio a queimar
Tão ao longe.
Não, isso vem da música que ensurdece,
Junto às luzes que cegam,
E das superfícies ásperas que inutilizam o tato.
Disseste-me, noite, que era repleta de tácitos pecados...
Não de luzes incessantemente brilhantes,
De sons inebriantes,
E frias amantes.
~Gabriel.
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