Encontram-se na lavanderia. Cada um no seu canto, nunca tinham se falado, mesmo morando no mesmo prédio.
A azulada já queria há muito tempo falar com o rapaz, mas nunca teve coragem suficiente para fazer isso. Estava colocando sua roupa na máquina até que...
- Você poderia me emprestar o sabão em pó? - sua voz rouca ecoou pelos seus ouvidos.
- Claro! - pegou o pote em cima da máquina e entregou para o rapaz. Ele se virou e voltou a fazer o seu trabalho.
A menina olhava com atenção. Estava atenta em cada coisa que o grandalhão fazia em sua frente. Não, ela não estava apaixonada por ele, apenas a sua curiosidade a corroía por dentro. Morava há tanto tempo naquele prédio e nunca o viu com alguém, nunca o viu sair com os amigos e muito menos viu sua família o visitando.
- Bom dia. - Finalmente tomou coragem.
- Bom dia. - respondeu seco.
- Desculpa, mas já faz tempo que ando reparando algumas coisas sobre você.
- Como é? - o rapaz franze o rosto. Que menina louca, pensava consigo.
- Meu nome é Levy! Sou do apartamento 10. - esticou sua mão em forma de comprimento. O rapaz ainda estranhava a atitude da pequena. Ele apenas dá um passo para trás e coloca suas mãos no bolso da calça.
- Sou o Gajeel. Do apartamento 12.
- Você deve achar que eu sou uma maluca. - sim, ele achava - Mas não sou. Apenas tenho reparado algumas coisas em você.
- Tsc. Você é o que? Um detetive?
- Não, apenas vejo que o senhor não sabe lavar roupa - apontou para a máquina. - Você não deve colocar as roupas coloridas com as roupas brancas. - riu. Gajeel analisava. Que diabos aquela menina era? Além de maluca, queria ensinar ele lavar a roupa? - Notei também que você não tem a mínima ideia da quantidade do sabão em pó!
- Quer me ensinar como lavar a roupa?! - Gajeel se irritou - Melhor. Quer lavar a roupa para mim?
- Eu só...
- Nem vem. - pegou o cesto de roupa e colocou na frente de Levy - Se quiser pode lavar, pelo menos você poupa o meu tempo!
- Não vou lavar essas roupas horrorosas! - chutou o cesto de roupas. - Tento ser legal em puxar assunto com você e... - aponta o dedo para ele - E você age dessa maneira!
- Não te pedi nada. - encarou a menina - Quer saber? Reparei que você gosta muito de se meter na vida dos outros!
- Eu não faço isso!
- Não? - perguntou sorrindo - E por que estava mexendo na minha caixa de correio? - A azulada ficou assustada.
- B-Bem eu... - nesse momento já estava toda vermelha de vergonha.
- Gihi. Também olhei as suas.
- Olhou?
- Aham. Sua mãe tem uma letra bonita.
- Você abriu minha carta? - gritou.
- Lógico que não! Vi pelo envelope. - suspirou aliviada. - Parece letra de professora. - disse pensativo.
- Escritora, na verdade. - encostou-se na máquina - Também sou sabe, só me falta um pouco de inspiração para escrever.
- Por isso tinha alguns papeis amassados no seu lixo.
- O que? Agora você está fuçando o meu lixo também? - deu um soco no grandalhão.
- Só confiro de vez em quando, baixinha.
- Não me chame assim - bufou - Não tenho nenhuma intimidade contigo.
-Gihi.
- Desculpa, mas vi que tinha um envelope de telegrama. - o Gajeel desviou os olhos para o chão. - Tudo bem?
- Era do meu pai. Ele morreu. – suspirou - Estava viajando quando a carta chegou.
- Sinto muito. - chegou mais perto e passou sua pequena mão no braço do rapaz. Que estranhou seu pequeno ato de caridade. - Por isso que voltou a beber?
- Como você sabe?
- Ontem à noite. Já faz um bom tempo que não ouço um barulho que nem aquele.
- Eu não estava bêbado.
- Não, só quebrou tudo que estava no seu caminho de proposito, né? - ironizou a pequena.
- Tsc. Como se você não fizesse a mesma coisa.
- E não faço.
- E o escândalo que você e o seu namorado fizeram na semana passada?
- Aquilo. Você conseguiu ouvir? - confirmou com a cabeça. - Ainda dói, sabe? - colocou a mão no peito.
- Estou morrendo de dó.
- Você não tem sentimento não?
- Não.
- Não? E aquelas mulheres que você sempre se encontra?
- Opa! Baixinha, acho que você está tomando conta de mais da minha vida.
- Não estou tomando conta, só reparo demais nas coisas.
- Ou seja, esta tomando conta da minha vida.
- Você é muito chato, sabia?
- Isso é um dom e eu não posso desperdiça-lo. Gihi.
- Falando em dom, você toca muito bem.
- Tenho uma banda.
- Que legal! Qual é o nome?
- Não tem ainda. Alguma sugestão?
- Hm. Que tal... Gajeel, o chatonildo?
- Vou fingir que não ouvi isso.
- Sem graça. Era apenas uma brincadeira. - fez pico - Notei também que você compõe.
- O que? - cruzou os braços em frente ao peito - Ok. Agora você foi fundo demais.
- Isso é meio obvio! Dã - Gajeel revirou os olhos - Você tem uma banda, alguém tem que compor as músicas!
- Não sou eu que componho.
- Não?
- É complicado. Minhas músicas não são lá grandes coisas.
- Está errado. - a fala da pequena surpreendeu Gajeel - Eu li algumas - a azulada abaixou- se e pegou algo que estava em seu cesto de roupa - Achei isso no corredor, provavelmente deve ter caído enquanto você vinha pra cá. - entregou as folhas para o rapaz.
- Valeu.
- De nada. - sorriu.
Alguns dos amigos de Levy sempre diziam que o sorriso da pequena era um dos melhores acessórios dela. Com ele, a azulada conseguia mudar o humor de uma pessoa ou apenas conquistava as elas com a sua gentileza.
E justo o rapaz mais rebelde, malandro e sem sentimentos - segundo a pequena - foi pego pelo sorriso dela.
- Porque você veio falar comigo? - Gajeel perguntou enquanto colocava as roupas na máquina ao lado da azulada. Levy coloca uma mecha de seu cabelo atrás da orelha, olha para os lados, pensando no que responder.
- Não sei. - sorriu.
- Você é muito estranha. - disse Gajeel.
- Sei disso.
- Gostei de você.
- Como?
- Gostei de você. - o grandalhão se aproximava da pequena. Levy estava totalmente confusa. Aonde ele queria chegar?
- Também gostei de você - respirou fundo - Você é uma pessoa super legal! - Gajeel estava cada vez mais perto. A cada passo que ele dava, ela ia para trás.
O espaço acabou. Levy agora estava entre a máquina e Gajeel, que olhava fixamente em seus olhos.
Não tinha mais ninguém na lavanderia do prédio, apenas os dois estavam lá e a máquina ainda continuava batendo.
- Sabe outra coisa que eu notei? - Gajeel perguntou para Levy que apenas negou com a cabeça. - Quão burro eu fui, por não falar com você antes. - Levy conseguiu ver sinceridade nos olhos do rapaz. Ele já estava perto o suficiente para beijar ela.
Mas de repente a máquina atrás da pequena faz um barulho. Água com sabão em pó é espalhado por toda a lavanderia. Os dois levaram um susto com o barulho, acabaram perdendo o equilíbrio e caíram um por cima do outro.
- Como você é burro! - a pequena ria - Falei que não era... - parou a frase no meio assim que percebeu que Gajeel estava em cima dela. - Então...
- Ah! Foi mal. - saiu de cima da Levy e sentou no chão. O silêncio parou sobre eles.
- Meu Deus! - uma voz chamou atenção dos dois. - O que aconteceu aqui?
- Lucy, o que faz aqui? - perguntou Levy indo em direção da loira.
- Queria chamar você para darmos uma volta no shopping.
- Quero sim, mas preciso de um banho. - riu
- Estou vendo... - a loira inclinou a cabeça para o lado e viu Gajeel sentado no chão. - Gajeel, desde quando você conhece a Levy?
- Oi?... Ah! Conheci agora pouco. Gihi
- Um momento. - azulada balançou a cabeça confusa - Você conhece ele?
- Ele é da banda do Natsu. - disse Lucy.
- Seu namorado? - perguntou Levy.
- Aham.
- Entendi.
- Vamos então? - perguntou Lucy.
- Vamos sim - Levy se virou e olhou para o Gajeel - Quer vim junto?
- Não posso - a garota franze o cenho - Preciso dar um jeito nessa roupa.
- Deixa ai. - disse Lucy
- Lucy.
- Sim, Levy.
- Pode ir na frente, vou ajudar arrumar as coisas aqui e te encontro no meu apartamento. Ok?
- Ah!! Entendi... - chegou mais perto da pequena - Vou deixar vocês se divertirem. - riu. A azulada apenas deu um soco em seu braço - Até mais!
- Até loirinha! - disse Gajeel
- É LUCY! - gritou.
Levy olhou a bagunça em volta, tinha muita coisa para fazer. Foi até o armário e pegou alguns panos, um balde com água. Eles precisavam limpar toda aquela bagunça, se não iam acabar se ferrando.
Despois de um tempo brigando, conversando e rindo, finalmente conseguiram limpar tudo e conseguiram lavar também as suas roupas.
- Viu como é fácil. - disse Levy
- É.
- Então... A roupa foi uma aposta?
- Sim. Acabei perdendo e tive que lavar as roupas deles. - Levy riu.
- Foi bom o dia de hoje, mas estou precisando...
- Vai lá tirar o fedo. Não estou aguentando esse cheiro de amaciante. - Gajeel tampou seu nariz.
- Que engraçado. Você também está precisando de um.
- Sabe, notei outra coisa em você.
- O que? - "Essa eu quero ver" pensou consigo mesma.
- Que você não sabe cozinhar.
- De onde você tirou isso?!
- São exatamente 13hs e você vai sair sem almoço?
- E como isso prova que eu não sei cozinhar?
- Vai sair pra almoçar fora? - Levy olhou assustada. - Gihi.
- M-Mas isso não prova nada.
- Pensa que eu não lembro que foi você que ativou o alarme de incêndio dois dias atrás?
- Eu estava testando uma comida nova! Não vejo mal nenhum em errar.
- Você ativou o alarme duas vezes. E foi na mesma semana.
- Vai me dizer que você nunca errou?
- Não. - respondeu sério.
- Mentir é feio.
- Não estou mentindo.
- Quero uma prova.
- Ok. Sábado à noite, na minha casa, eu te mostro que sou melhor que você na cozinha!
- U-Um encontro?
- Chame como você quiser, Baixinha.
- Não me chame de baixinha.
- Baixinha. Gihi.
- Ai Gajeel! Você é muito chato!
- Já disse - passou a mão pelo cabelo comprido - Isso é um dom e eu não posso desperdiça-lo.
- Arg! - revirou os olhos - Eu vou embora! - Novamente Gajeel conseguiu irritar ela. Levy odiava que a chamassem de baixinha, era um adjetivo que fazia ela se sentir tão... Inútil.
A azulada se direcionou até a porta da lavandeira, pegou na maçaneta e puxou a porta, mas ela não abria.
- Ai meu santo unicórnio! - tentava a todo custo abrir a maldita porta, mas ela insistia em permanecer fechada.
- Aprende - Gajeel apareceu. - Pega a maçaneta, gira ela, e empurra a porta. - sem nenhum esforço a porta abriu.
-Obrigada. - ele não respondeu, apenas continuou seguindo o seu caminho. Levy ia logo atrás, analisando cada detalhe do grandalhão. Desde seu longo cabelo, até a suas botas pretas.
Finalmente chegaram aos seus apartamentos.
- Gajeel
- Oi
- Bem...
- Até Sábado, pequena - devagar Gajeel beijou Levy. Um beijo delicado e sem pressa. Pela primeira vez em anos, finalmente alguém conseguiu fisgar o coração de ferro de Gajeel.
Afastaram-se. Gajeel deu um pequeno riso, a pequena estava atordoada, mas tinha um grande sorriso no rosto.
- Até Sábado, então. - disse Levy.
- Até. Gihi. - Gajeel acenou e entrou em seu apartamento.
Levy sorriu pela última vez e adentrou ao seu apartamento.
Daquele dia em diante a vida dos dois jovens irá mudar. Finalmente o mundinho deles que, antes era preto e branco irá ganhar cores novas.
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