História The First Time Ever I Saw Your Face - 1. The first time ever I looked at you

Blaine sabia que tinha muita aprender com a vida e aquela altura nada parecia mais difícil do que sair de casa sem que sua mãe notasse. Seria tudo tão mais fácil se papai não estivesse no congresso, pensou colocando algumas peças de roupas em sua mochila. Fazia algumas semanas que ele não dormia mais em sua própria casa, estava cansado dos gritos e dramas de Angelica e toda a sua crença religiosa. Sentia falta de seu irmão Cooper, mas o mesmo já havia tomado o seu caminho e fazia anos que não aparecia nem para os natais.

_ Blaine. Sei que esta aí _ o moreno escutou a voz de sua mãe perto da porta _ Estarei indo ao armazém, então faça questão de sair antes que eu volte e tente não ser visto, a última coisa que quero é ser assunto na missa de domingo.

Nenhuma atitude diferente era esperado da mulher, seu próprio filho sabia o que havia naquele peito, amor, muito amor próprio e um tom de egoísmo. Mas Blaine não ligava mais para isso, não ligava mais para nada. Com uma expressão mais leve ele se dirigiu ao carro e assim partiu para o bar, o único lugar onde ele sabia que teria sossego e claro, um pouco de diversão.

[...]

Kurt estava exausto de toda conversa e alegria naquela mesa. Finn e Rachel não se largavam e ele sabia muito bem aonde os olhos de seu meio-irmão iam a cada 5 segundos. Pobre Rachel, a verdade sobre Finn nunca ouvir o que ela diz deveria vir a tona, pensou o castanho junto toda a coragem para contar a amiga sobre as verdadeiras intensões naquele relacionamento, porém nada daquilo era da sua conta. Burt e Carole tinham acabado de casar e ter seus filhos brigando em casa não seria uma boa ideia.

Há um ano Kurt foi bombardeado com a notícia que seu pai, após 10 anos de solidão, havia encontrado a mulher perfeita em uma viagem e eles estavam prontos para juntar todos os seus trapos, e seus filhos. Finn e Carole se mudaram para Lima, Ohio com poucas malas e muita vontade de recomeçar. Finn não era o irmão que o castanho queria, mas o que deixava seu pai feliz, o deixa 100 vezes mais radiante.

_ Ok, bando de perdedores, tenho a ideia de começar nossa semana de escapada _ Santana chegou sorrindo _ Finn, por favor, ninguém precisa ver você e a anã fazendo sexo visual e sobre a escapada...

Kurt pareceu bloquear a voz de Santana e passou a olhar cada pessoa naquela mesa, seus amigos. Duas líderes de torcida lésbicas que haviam começado um tempestuoso e secreto romance a alguns meses, Santana e Brittany, uma promissora cantora de r&b que o castanho tinha o prazer de chamar de melhor amiga, Mercedes, duas irmãs gêmeas que não eram nada parecidas, Kitty e Quinn, e por último e menos importante, Puck, o melhor amigo de Finn, a quem Kurt odiava.

_ Vocês podem tirar meu nome da lista _ suspirou Kitty apaixonadamente _ Artie conseguiu tirar a semana de férias da faculdade e eu vou aproveitar cada momento com ele enquanto estamos morando em lugares diferentes.

_ E o que seus pais acham dessa ideia louca de vocês morarem juntos em Nova York? _ Rachel era uma das poucas pessoas, além de Kurt e Quinn, que se preocupava com a historia da loira.

_ Eles estão aceitando _ Quinn deixou uma risada sair por seus lábios fazendo a irmã suspirar _ ok, eles não estão aceitando, mas não a nada que eu possa fazer. Eu amo o Artie e ele me ama, o problema dos meus pais com a deficiência dele é algo que todos devem se acostumar.

Kurt ficou admirado com a amiga e toda a sua atitude. Ele se recordava como há três, logo quando foi transferido, conheceu Kitty e Artie e como a química emanava dos dois. Artie era um sênior e tinha conseguido uma bolsa de cinema para a faculdade do Brooklyn. Kitty ficará orgulhosa do namorado, mas quando contou aos seus pais seus planos de tentar uma bolsa para NYU e seguir Artie, era como se tivessem começado uma guerra na família Wild-Fabray. Lembrava de quando Kitty chegou em sua casa chorando e contando como seus pais haviam humilhado Artie, usando a falta do movimento de suas pernas como desculpa. O romance deles, apesar de toda a confusão e reluta, ia melhor a cada dia. E o castanho olhava todo aquele romance se perguntando se um dia ainda teria aquilo.

_ Tirem meu nome da lista também _ disse tentando parecer desinteressado _ a última coisa que preciso é de outra aventura naquela montanha-russa e estragar outra roupa com poeira que tem naquele brinquedos velhos.

_ Gay _ Kurt ouviu o comentário de Puck e se mexeu na cadeira desconfortável. Aquele movimento chamou atenção de Finn que deu um tapa na cabeça do amigo. Por mais que ele e Kurt não fossem tão próximos ele sentia o dever de proteger aquele garoto, como se ele fosse realmente seu irmão.

_ Eu também não quero ir, desculpe Sant _ Brittany bebeu mais um gole de seu suco _ parques de diversão me deixam confusa e enjoada, eu nunca sei se devo comer antes ou depois de ir aos brinquedos, minha digestão é bem ruim, eu nunca sei por onde vai sair primeiro.

_ BRITTANY QUE NOJO _ gritou Mercedes se fazendo presente _ mas ela tem um ponto aqui, também não me sinto confortável em parques, sabem quantas pessoas já se machucaram ou morreram naqueles brinquedos? Muitos queridos, muitas pessoas.

_ Uma boa escapada tem que ter bebida, e eu sei muito bem onde conseguir e um lugar perfeito para podemos celebrar, um lugar que vai agradar a cada um de vocês, até você Lady Hummel _ Puck sorriu perverso e naquele sorriso Kurt percebeu que sua ideia de ir para casa após a aula e maratonar alguma série estava definitivamente cancelada.

[...]

Blaine observava a noite cair por entre as janelas da Scandal, enquanto passa um pano entre o balcão. O bar ainda não estava cheio, mas ele sabia que era questão de minutos até vários jovens chegarem a procura de diversão na grande tela de karaokê que havia no bar do seu melhor amigo. Ele avistou Sam do outro lado o salão e pensou em como seria sua vida se não tivesse conhecido o loiro.

Há dois anos atrás o moreno, após uma briga com sua mãe, acabou encontrando o pequeno bar e assim desafogou todas as suas mágoas em vários shot's de tequila. Ele não se lembra bem daquela noite, mas segundo Sam, ele foi encontrado deitado em seu próprio vômito. O loiro após fechar o bar o ajudou a sei limpar e o deixou dormindo no quarto que havia nos fundos. No dia seguinte, depois de muitas doses de café, Sam explicou ao garoto que por horas ele havia ouvido toda história sobre a mãe religiosa e homofóbica que habitava na vida de Blaine e que ele nunca deixaria alguém desamparado daquela forma. Sam tinha sua própria tragédia familiar para servir de lição. E assim uma amizade começou.

Blaine balançou a cabeça espantando aqueles pensamentos e colocando um sorriso no rosto ao ver um grupo de jovens entrando, enquanto conversam animadamente. Um casal correu direto para o karaokê enquanto o resto procurava uma mesa, o moreno abaixou para terminar de arrumar alguns copos e assim não viu quando o primeiro cliente se aproximou do balcão.

_ Licença, eu gostaria de uma dose, por favor _ Kurt disse olhando os cabelos escuros e enrolados se perguntando a quem pertenciam, já que ele nunca havia visto um bartender com aquela descrição por ali.

_ Preciso da sua identidad...

Blaine ficou paralisado ao se deparar com o dono daquela voz. Era um garoto, aparentava ter entre 17 ou 19 anos, seus cabelos eram castanhos e estavam para o alto em um perfeito topete, trajava um sobretudo escuro e um cachecol enrolado em seu pescoço. Mas o que mais chama a atenção do moreno eram os olhos, aqueles olhos, azuis como o céu, Blaine se sentia sendo puxado para aquele olhar e estava gostando da sensação.

_ Oh não, desculpa, eu quero uma dose de refrigerante, nada de álcool para mim, tipo nunca_ Kurt soltou uma risada que fez Blaine sorrir junto _ Você é novo por aqui? Estou acostumado a ver um outro atendente, sabe, loiro, alto e tem uma boca meio grande...

_Sam_ Blaine conseguiu dizer, porém sua voz saiu um pouco rouca_ ele é o dono, as vezes eu trabalho aqui para ajuda-lo. Somos amigos.

Kurt tentava discretamente analisar o rosto daquela pessoa na sua frente. Porque ele me chamou tanta a atenção?, pensou o castanho espantando qualquer sentimento que poderiam querer abitar em seu coração. Quebrando o contato procurou por Finn e Rachel no palco enquanto eles cantavam animadamente um dos sucessos de Grease. Porque não posso ter isso?, aquele pensamento passou novamente pela cabeça de Kurt o deixando irritado.

_ Por experiência própria, é melhor dizer logo o que sente por ela _ Blaine chamou a atenção de Kurt enquanto apontava para Rachel que agora fazia passos de dança com Quinn _ ou senão guarda seus sentimentos só lhe farar mal.

Kurt tentou ver algum tipo de graça naquela frase. Sério? Ele apaixonado por Rachel Berry, a garota mais exibida e irritante que ele conhecia? Nunca, em milhões de anos. Mas sua raiva já o havia atingido em cheio e ele não conseguiu segurar as palavras de saíram de sua boca.

_ Primeiro, isso não é da sua conta, bartender _ disse com desdém enquanto Blaine arregalou os olhos _ não, não tenho sentimentos reprimidos por ela, porque sou gay. Eu e ela? Gostamos da mesma coisa, ok? E antes que você venha com outras conclusões, não estou apaixonado ou tendo sentimentos pela carinha no palco porque ele é meu, escuta essa, meio-irmão, e claro para finalizar você pode guardar todos os seus comentários heterossexuais e ficar calmo porque não vou te seduzir ou tentar te agarrar. Então prefiro que você fique calado e faça o seu trabalho.

Blaine ficou impressionado com a quantidade de palavras que saíram da boca do castanho, ele não havia parado para respirar nem uma vez. Ele tem muita raiva repreendida, pensou o moreno, mas decidiu guarda o pensamento para si mesmo e continuar seu trabalho em silêncio. Kurt por outro lado se sentia culpado por tudo que havia dito, ele chamará Rachel de irritante, ele tinha acabado de humilhar uma pessoa, que aos seus olhos agora, só queria ajudar.

_ Me desculpe _ começou envergonhado quando Blaine deixou a taça em sua frente _ eu apenas estou acostumado a ficar na defensiva, sempre deixando os outros passarem por cima de mim.

_ Eu entendo...

_ Mas isso não me dá o direito de dizer a aquelas coisas, ser um bartender não significa algo ruim, é até uma profissão boa e ... Digna? _ Kurt ficou vermelho e isso fez com que Blaine caísse em uma gargalhada espontânea, do tipo que ele não tinha a anos.

_ Quando eu digo que entendo, eu realmente entendo _ levantou as sobrancelhas e abriu os braços esperando que Kurt finalmente percebesse a dica. Porém ele não percebeu _ eu sou gay.

Kurt queria abrir um buraco naquele momento e se pudesse ser engolido, porque todo aquele discurso irritado agora ficará ainda mais ridículo. Muito bom, Kurt.

_ Olha, qual seu nome? _ quando foram apresentados formalmente Kurt continuou_ Blaine, me desculpe de novo, eu não estou acostumado a conhecer pessoas homossexuais, na verdade você é a primeira que eu conheço além, claro, de mim mesmo.

_ Lima é um lugar muito paralisado _ o moreno desabafou_ muitas coisas que aprendi, sobre nossa orientação sexual, aprendi fora daqui. Acho que o termo correto é que todos por aqui são muito mente fechada.

_ Sim! _ exclamou Kurt empolgado_ o mundo parece evoluir, mas as pessoas daqui gostam de dar pequenos passos para trás. Parte da minha raiva é por causa disso, ninguém com quem conversar, sabe?

Blaine percebeu que o garoto apenas precisava de incentivo. Mas o que ele podia fazer por alguém que parecia tão perdido como ele? E como uma luz em sua mente, a ideia surgiu.

_ Kurt, tenho a ideia perfeita_ pegou na mão do castanho e tento ignorar a corrente elétrica que passou por seu corpo, deve ser apenas o choque de temperaturas, pensou _ porque você não chama as suas amigas e canta a música mais gay que tiver naquele repertório? Não vai resolver todos os seus problemas de convivência, mas pode ajudar com a sua raiva. Vá, eu estarei aplaudindo daqui.

Sendo incentivado por aqueles olhos verdes Kurt foi, pegando Mercedes, Rachel e Quinn para o palco. Quando o sucesso das Spice Girls, Wannabe, começou Blaine sorriu sabendo que Kurt havia feito uma ótima escolha.

E ali vendo aquele garoto extravasar toda a sua irritação enquanto dançava com as amigas, Anderson percebeu que durante toda a conversa ele havia esquecido a mãe e sua própria raiva.