História The First Time Ever I Saw Your Face - 3. The first time ever I kissed your mouth

Kurt tentava de toda forma não desviar a atenção da estrada enquanto seguia o caminho para a escola, mas a presença ao seu lado parecia cobrir todo o ar do ambiente. Porque eu me sentia dessa forma? Não tinha nem 24hrs que eu havia visto Blaine pela primeira vez e só a sua respiração me causava arrepio. Ele se remexeu desconfortável no banco no carona e decidiu puxar assunto.

_ Me sinto idiota em perguntar a essa altura, já que estamos a alguns minutos no meu carro, mas você não me disse nada sobre sua vida ou sobre o que você faz nos momentos vagos.

_ O que você quer saber? _ Blaine sorriu timidamente, ele já sabia que esse assunto chegaria ao ar, mas como falar sobre a sua vida sem mencionar que ele praticamente um sem teto e que possuía uma mãe totalmente louca?

_ Coisas tipo, meu nome é Kurt Hummel, tenho 18 anos e moro com meu pai, sua esposa e meu meio irmão postiço _ o castanho suspirou ao perceber que não tinha muito a falar sobre si, mas sabia que o jovem ao seu lado tinha _ eu nunca saí de Lima e muito menos viajei para algum lugar, ou seja minha vida é colada no tédio.

Blaine tentou não rir daquela apresentação, mas era inevitável, Kurt Hummel o fazia feliz inexplicavelmente.  Como começar sua apresentação? Devia dizer o quanto sua vida era uma bagunça? Ou deveria omitir todo sofrimento que enfrentava e tentar fazer daquele momento o tanto quanto especial?

_ Deixe me ver, meu nome é Blaine Anderson, tenho 22 anos e bem eu ainda não tenho um endereço fixo, esperando que isso mude _ ele passou as mãos pelo cabelo tentando parecer descontraído, mas tal atitude não passou despercebida por Kurt _ tenho um irmão Cooper, e passei um tempo com ele em Boston, tirando essa aventura a minha vida é o mesmo tédio que a sua.

_ Boston? Sério? _ Kurt desviou o olhar da estrada e encarou Blaine com uma emoção em seus olhos _ como você despreza algo assim? Sabe quantas pessoas desejam deixar essa cidadezinha e conhecer pelo menos algo que não cheire a cidade pequena? Senhor Anderson, o senhor teve uma experiência desejada por todo jovem em Lima nesse momento.

_ Então me classifica um velho? _ o moreno tentou parecer magoado _ Hummel, só para deixar claro só temos 4 anos de diferença, não faça parecer muita coisa.

Eles gargalharam e assim seguiram até a escola. Seria mentira Kurt dizer que não estava nervoso, nunca em sua vida acadêmica tinha levado uma suspensão ou advertência, isso devido ao fato que ele fazia de tudo para não manchar seu futuro currículo e manda-lo impecável para a sua faculdade dos sonhos, e mesmo assim ali estava ele, o senhor certinho, invadindo a escola em dia de sábado.

Quando o carro estacionou Blaine esperou o jovem ao seu lado dizer alguma coisa, mas ao olhar para ele viu o quão nervoso Kurt estava. Ele podia escutar a respiração do castanho oscilar.

_ Olha Kurt, não precisamos fazer isso se não quiser, você disse que nunca fez nada de errado...

_ Mas esse é o problema _ disse Kurt suspirando _ eu estudo aqui a 3 anos e sinceramente eu nunca fiz nada de inesquecível ou algo que mais para frente quando eu olhar para trás possa dizer: você fez seu último ano ser memorável, você nunca esquecerá os momentos que passou, tenho certeza que você tem seu momento Blaine.

Sim, Blaine tinha. Perto dos seus últimos meses naquele colégio, Blaine e sua amiga Tina bolaram o trote que abalou toda McKinley, deixando os professores aliviados em saber que aquela dupla de peste não voltaria no próximo ano.

_ Sim eu tenho, mas você pode ter o seu também Kurt _ segurou a mão do castanho _Só não tente forçar, se não está pronto para o seu primeiro delito, não faça. Tenho certeza que você vai ter o seu momento Kurt.

Depois de controlar sua respiração, Kurt balançou a cabeça certo que sua decisão estava tomada. Em um salto ele soltou o cinto e abriu a porta, deixando Blaine com o ar de surpreso.

_ Você não vem Anderson?_ sorriu animado _ Estou pronto para meu primeiro delito, com você.

Blaine tentou não ver segundas intenções naquela frase, mas a quem ele queria enganar. Estava atraído por Kurt e de certa forma ele já espera por aquilo. Faziam exatos 6 meses que havia tido seu último relacionamento e depois de Jeremiah ele pensou que nunca encontraria alguém que o fizesse se sentir tão bem, não em tão pouco tempo.

Eles seguiram em silêncio até os fundos da escola e Kurt assistia atentamente todos os movimentos do moreno. Blaine se abaixar e pegar uma pequena chave atrás de um arbusto, abrir a porta e colocar a chave no mesmo lugar. Ele deveria fazer muito isso, pensou.

Blaine sempre se sentia nostálgico ao entrar naqueles corredores. Sua adolescência não fora fácil, ser descobrir gay, com uma mãe católica e todos os tais colegas de classe sendo homofobicos, ele aprendeu a se virar sozinho e podia dizer que assim seguia com a sua vida. Quando chegaram na altura das escadas Kurt se sentiu mais aliviado, as chances de serem pegos haviam diminuído, então ele se permitiu curtir o momento.

Ele realmente tinha razão, pensou Kurt ao se deparar com a vista do terraço. As árvores estavam balançando conforme o vento e ele podia ver o sol se pondo atrás delas. Uma visão mágica. Se sentou com os olhos no céu e não percebeu quando Blaine pousou uma cesta ao seu lado.

_ Ok, de onde isso saiu? _ perguntou realmente surpreso.

_ Kurt, você é um tanto desligado, não? Essa cesta deliciosa estava comigo o tempo todo, então esteja feliz em apreciar e degustar de um maravilhoso piquenique.

Sorrindo o castanho começou ajudando Blaine a tirar todos as sacolas da cesta e assim começando um papo animador. _  Você precisa me contar sobre seu momento, Anderson.

_ Tudo bem, eu e uma amiga juntamos todo o nosso dinheiro dos trabalhos de verão e compramos latas de tinta vermelha. Na última semana de aula colocamos tinta em todas as duchas dos vestiários, masculino e feminino, e assistimos as líderes e os jogadores saírem encharcados de sangue falso pelo corpo. O episódio ficou conhecido como...

_ A tarde vermelha _  Kurt completou _ Tenho dois amigos que contam sempre essa história, Kitty diz que foi a melhor coisa que aconteceu no colégio desde que ela se matriculou.

Blaine tentou não deixar transparecer o quanto aquele nome o deixou abalado. Ele conhecia sim uma Kitty, assim como conhecia o seu namorado, Artie. Eles foram um dos poucos alunos que não encaravam Blaine de forma debochada depois que ele se assumiu. O moreno lembrava de Artie pelas aulas de química avançada que os jovens compartilhavam, Artie até tentará uma aproximação mais forte de Blaine, porém o mais velho havia deixado claro que estava bem sem amigos.

- É bom saber que sou popular _ debochou fazendo Kurt sorrir _ mas como eu disse, cada um tem o seu momento na hora certa. Na verdade, levando em conta tudo que eu passei fora desse colégio, uns baldes de tinta não parece muita coisa.

Kurt ficou esperando algo mais do moreno, mas ao percebe que o assunto tinha morrido ele tentou se aproximar. Seu corpo voluntariamente chegou para o lado fazendo com que sua perna tocasse com a de Blaine, sua respiração acelerou e ele tentou ignorar as batidas rápida de seu coração. Blaine tentou ignorar toda a queimação em seu corpo ao sentir a perna de Kurt tocar a sua. Mas novamente, a quem ele queria enganar?

Tomado por coragem ele se inclinou colocando a mão sobre a bochecha de Kurt, que assustado se afastou. Seus olhos abertos em espanto e sua bola tremendo. Ele iria realmente tentar isso? Agora?, pensou assustado.

_ Kurt, me desculpe _ Blaine também se afastou sentido o peso de suas atitudes nos ombros _  Eu sou um idiota, não acredito que tentei te beijar, a gente se conheceu ontem, como sou idiota.

_ Blaine _ o castanho suspirou _ O problema não é você ter tentado me beijar e sim o porquê você ter tentado...

_ Eu não, quero dizer, eu não iria tentar...

_ Blaine você mesmo disse, esteve em Boston, conheceu outros lugares e teve experiências fora daqui. O que iria querer com um garoto que nem beijar na vida beijou? Parece errado para mim, não por ser você, mas por eu não chegar aos seus pés quando o assunto é experiência.

Blaine tentou segurar o riso, mas ao final da frase de Kurt ele se pegou rindo de uma forma que até o castanho acabou sorrindo junto. Então aquele era o problema? Experiência?

_ Kurt, eu não tenho a experiência que você acha que tenho _ virou-se na direção do castanho _ Eu tive sim relacionamentos fora de Lima, mas não foram muitos, e você não pode se diminuir por nunca ter ficado com ninguém, isso é tão errado. E idiota é o cara que desperdiçar a chance de te beijar.

Kurt sorriu envergonhado. _ Bem, quando você encontrar com algum me avise.

_ Você tem um bem na sua frente..._ Blaine tentou se aproximar de novo, e ao perceber sua aproximação Kurt disse ao seu corpo para não recuar _  Seria uma honra ser o primeiro a te beijar, Kurt.

Assim que viu que o castanho não recuou, Blaine recolocou a mão sobre sua bochecha e a acariciou, percebendo que Kurt fechará os olhos. O moreno não podia negar que sentia muito mais que apenas tesão naquele momento. Seu coração batia rapidamente em seu peito e ele se pegou analisando cada pedaço do rosto do mais novo. O tom de sua pele, clara e límpida como porcelana, seu nariz arrebitado e seus lábios pequenos e rosados. Sem se conter ele passou os dedos pelo lábio inferior de Kurt, que soltou um suspiro com o toque.

O castanho estava longe de se sentir calmo. Ele sabia, e aguardava, o dia do seu primeiro beijo. Ele imaginava como algo que seria simples e rápido, e até nojento, por não saber bem o que fazer. Pessoas na sua idade já estavam ficando sexualmente ativa e ele ainda não tinha nem dado o primeiro passo. Mas ao sentir os lábios de Blaine sobre os seus, ele sabia que não havia nada de simples naquele ato.

Blaine esperou algum tipo de iniciativa a mais de Kurt, porém ao não receber nada em troca começou a se afastar. O castanho percebendo a mudança começou a abrir os lábios dando a confiança que Anderson precisava. Sua outra mão passou para a cintura de Kurt o puxando-o para frente com uma certa força. Kurt passou um dos braços pelo pescoço do moreno e se deixou levar abrindo ainda mais os lábios. Quando suas línguas estavam perto de se tocar ambos sentiram as primeiras gotas de água cair em seus rostos. Ninguém quis ser o primeiro a se soltar, então quando a chuva começou pra valer os lábios foram separados. Blaine continuou com a mão no rosto do castanho e percebeu que não tinha nenhuma vontade de se separar.

_ Por favor, me diga de que filme você tirou essa cena _ Kurt sorriu fazendo Blaine o acompanhar.

_ Te juro, nada disso fora programado _ Blaine passou a mão pelo rosto de Kurt tentando tirar as gotas que acumulavam por ali _ Mas acho que o nosso piquenique foi cancelado, devemos ir.

Kurt sentia a necessidade de dizer ao moreno que não queria ir, que chuva não o incomodava, que estar em seus braços era a melhor coisa que o tinha acontecido, mas ele sabia muito bem o por que tudo aquilo tinha acontecido. Blaine lhe fizera um favor, o ajudara em algo que ele precisava. Aquele beijo não significaria nada para Blaine, não para Blaine Anderson, que havia tido relacionamentos. Nada para Blaine Anderson que havia ido a Boston. Nada para ele, era isso que Kurt tinha em sua mente, insistindo naquela ideia de não criar esperanças. Porém ninguém manda em seu coração e assim ele se afastou do mais velho, começando a juntar as suas coisas.

Se Kurt Hummel soubesse o que se passava na mente de Blaine Anderson naquele momento, se ele soubesse que Blaine desejava mais beijos, se ele soubesse que Blaine não havia se sentido daquela forma há muito tempo e que esse mesmo Blaine havia ficado magoado com a rapidez que o castanho se afastou, aquela noite poderia ter terminado diferente, mas mágica do que havia começado.