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História The freedom in red is blue - A verdade dói....


Escrita por: Gabymeme

Notas do Autor


E aí, meus amadinhos?
Estava ansiosa para a reação de vocês, e adorei saber que ainda tem gente que tava esperando e quer mais.
Um pouquinho mais de mistério nesse capitulo.

Capítulo 7 - A verdade dói....


Olho incrédula para ele e quase, apenas quase, sinto vontade de rir.

- Você está querendo me dizer que tudo que aprendi até agora sobre o reino, que a rainha que todos amavam e que eu aprendi a amar, era na verdade, uma bruxa cruel e inescrupulosa?

- Não.

- Então, o que quer dizer com a rainha nem sempre tomou decisões justas?

Ele suspira, parece pensar numa forma mais branda de dizer que a rainha boa, na verdade era uma mentirosa.

- Mirana era casada quando começou a reinar. – Suas palavras são calmas, como se estivesse falando com uma criança. Talvez por que você seja a criança iludida aqui. – Nosso falecido rei, era digamos, um homem inteligente.

Minha expressão devia estar no mínimo com uma interrogação cintilante, por que Mctwisp revira os olhos, e reinicia seu relato.

- O rei tinha uma rainha prometida, Alice. E o que posso dizer, é que não era Mirana.

Meu cérebro começa a reagir.

Se havia uma rainha prometida (?) e ela não foi coroada isso só poderia querer dizer que...

- Mirana matou a outra rainha?

- Mirana nunca matou ninguém, Alice. - Por um instante parece ofendido, mas continua - Ela só foi, digamos... Condescendente.

Eu dei um passo para atrás, aturdida com o que acabará de ouvir.

- O que isso tem haver com as bruxas? – Minha voz sai baixa e aguda demais. – Medo da concorrência?

Ele sorri da minha cara.

- Talvez. Eu nunca questionei as ordens da rainha.

- Isso tem haver com o medo dos outros soberanos em relação as bruxas?

- Você estava certa, todo mundo trai todo mundo. Os reis usaram as bruxas, as bruxas usaram os reis, os reis traíram as bruxas, as bruxas iniciaram a guerra.

Essa guerra.

- Você achou que um rei sozinho conseguiria manter uma guerra nesse mundo por tanto tempo?

Eu nego.

- Mirana expulsou as bruxas de seu reino. A morte dela poderia ter sido muito bem uma vingança planejada, Alice.

- Por que Mirana também as traiu.

- Possivelmente.

- Como assim “possivelmente”?

- Eu só sou conselheiro da rainha, Alice. Tem coisas que nem eu sei. – Ele me leva para fora da saleta que instantes atrás nem sabia que existia. – Iracebeth sabe de muitas coisas. Pergunte para ela.

- E como eu faria isso? Caso não se lembre, ela é insana.

Ele ri.

- Acho que está na hora de você aprender a jogar o jogo.

*

O palácio agora parecia um grande palco de mentiras e traições. Muito parecido com meu mundo cinza. O mundo da superfície.

Quantas mentiras não devem ter contado para a humana iludida? E cada vez mais, minha mente começava a doer, e meu coração a pesar.

Se nem mesmo Wonderland estava livre desses imbrólios, que dirá esse mundo todo lá fora. Essa guerra com bruxas e tudo mais. Essas criaturas morrendo em nome dos erros dos grandes. Um erro dos grandes.

- Descobrindo que o arco-íris, na verdade é uma ilusão óptica, rainha de Wonderland?

- Não estou disposta a lidar com você, Hector.

Ele levanta suas mãos como que rendido.

- Ei... Eu vim em paz. Me desculpar pelo meu ato de ontem a noite, me deixei levar pelo vinho.

Eu assinto.

- Só tome mais cuidado, da próxima vez, possa ser que eu não segure o Chapeleiro real. – Um sorriso dança em meus lábios, ao lembrar que Tarrant me defendeu. Logo ele murcha. Tarrant não é mais nada meu.

- Segurar o chapeleiro? Está bem engraçadinha, majestade. Eu que ia ter que ser segurado.

- Pra não cair pelos corredores, ou pra não bater a cabeça de verdade enquanto apanhava? – Digo divertida.

Ele parece pensar.

- Opções difíceis essas, posso pensar?

Eu gargalho. A raiva de Hector passou, pelo menos, ele me fez enxergar a verdade mais rapidamente. Deus sabe quanto tempo eu perderia acreditando no mundo colorido.

- Sabe, acho que formaríamos uma boa dupla.

- Claro, o Garanhão do Mundo Impossivel, e a Humana Iludida. Até prevejo nossa sorte.

O sorriso dele é triste, espelha o meu que murcha a cada vez que enxergo que fui mais peça desse joguinho de interesses.

- Mirana não era tão ruim no passado quanto pensa. Ela nunca foi inescrupulosa quanto as outras bruxas.

- Como você pode ter certeza? Eu convivi com ela, e nunca percebi que ela estava me enganando.

- Não se menospreze, Alice. Você não é tola, apenas, acreditou naquilo que quis acreditar. – Ele coloca a mão no meu ombro e senta ao meu lado na fonte. – Não é como se fosse fácil sair de um mundo onde tudo era visivelmente ruim, cair num mundo cheio de esquisitices, e não pensar que chegou ao paraíso.

- Eu só não consigo acreditar que fui tão burra. Era para eu ter percebido, eu vim de um mundo onde isso era tão natural.

Ele suspira.

- Eu não sei se teria sido mais inteligente. Sua ingenuidade não foi tão grande quanto a sua coragem. Eu teria saído correndo.

Ficamos alguns minutos em silencio, escutando o barulho da água da fonte. Se tivessem me dito, que o homem que tentaria me levar para a cama a força, seria o único a me dar apoio moral, eu talvez tivesse dito que essa pessoa era maluca demais até mesmo para os padrões de loucura a que eu estava acostumada.

- Você acha que ele sabe?

- Sinceramente?

Eu assinto.

- Acho bem possível. – Ele segura minha mão, como se isso evitasse que toda a decepção não se abatesse sobre mim. Sinto que estou triste. Sinto que fui enganada. Sinto que estou prestes a chorar, mas não vou faze-lo por que esse mundo não pode ver que me venceu.

- Eu queria ir embora, mas eu sei que não posso.

- Fugir não resolveria mesmo as coisas. E chego a duvidar que seu coelhinho apressado lhe levaria de volta lá para cima.

Eu suspiro pesadamente.

- Eu preciso resolver tudo isso, antes que a guerra bata em minha porta.

- Tem minha ajuda para o que precisar. – Ele oferece.

Nada é de graça, mas, Iracebeth é a única que pode me esclarecer as pontas soltas. E eu tinha que começar a usar as armas que tinha. Hector era uma delas.

- Convença Iracebeth a falar. E eu ficarei lhe devendo um favor.

Ele pondera por alguns instantes.

- Trato feito.

*

Marmoreal é sem dúvida o palácio mais lindo que eu já vi. Não que eu tenha grande experiência com palácios, mas, seus tons claros sempre me acalmaram, seus corredores tão longos quanto a vista alcança, sempre me ajudam a pensar.

No entanto, o que não consigo parar de maquinar em minha mente, é em quantas intrigas não podem ter sido arquitetadas nestes mesmos corredores. Em quantas pessoas já não tiveram seu futuro decidido aqui, pelas mãos dos reis e rainhas que governaram este mundo antes de mim. Eu sou apenas uma engrenagem de tudo isso, uma peça minúscula nesse jogo de poder, que se eu não aprender a jogar logo, serei descartada como a inútil que tenho demonstrado ser..

As bruxas também invadem meus pensamentos.

No outro mundo, elas eram sinônimo de maldade, de traição. Aqui parece que é igual. Exceto a falecida rainha Mirana, que se arrependeu.

Arrependeu do que? Será que se arrependeu mesmo?

Isso eu ainda não tenho como saber.

Quando me dou conta, estou na porta do quarto dele. Uma simples placa de madeira me separando do meu passado, me separando da Alice de Ontem. E pela primeira vez, tenho medo de que eu dê um passo para trás.

O amor do Chapeleiro, apesar de sua loucura, era verdadeiro, eu sei. Ou quero achar que sei. Seu carinho e preocupação palpáveis, seu toque despreocupado com o que Wonderland vivia ou iria viver.

Nostalgia é aquilo que sinto.

Nostalgia de um passado que não mais voltará, de um futuro que está totalmente fora de questão.

- Por que você não entra, Rainha? – Sua voz é calma, posso até sentir aquelas ondas formigando em mim. Ele sai da porta ao lado.

- Eu... – mordo meus lábios. – Eu tenho outras coisas para fazer.

Ele dá um sorriso amarelo.

- Ora! A soberana de Wonderland também seus deveres com o Chapeleiro real. – Ele não diz com malicia e isso me decepcionaApesar de todo o trabalho que a senhora me delegou, ainda tenho um vestido para fazer alguns ajustes.

Eu sei e tenho plena certeza que é um erro me deixar levar. E antes que isso aconteça, nego com a cabeça e me viro.

- Não tenho tempo para isso, Tarrant. – Não sei bem em relação a que eu digo isso. – Sinto muito.

Sua decepção é visível, seus olhos verdes se abaixam como se carregassem toneladas caso elevassem o olhar.

- Eu fui ridícula com a sua punição. – admito na esperança que ele me encare.

Ele não o faz.

- Ela está revogada, e você pode voltar as suas atividades habituais.

O tempo passa rápido ou as batidas do meu coração me enganam e quando vejo, ele esta entre mim e o corredor vazio.

- E se minhas atividades habituais forem faze-la feliz? – Sua boca está perto da minha – E se minhas atividades habituais forem querer você, Alice? Forem espera-la?

Meu coração está aos saltos, minhas mãos inquietas, entretanto, eu me livro da proximidade dele.

- Não posso fazer nada a respeito. Nunca daria certo, e eu ainda tenho que descobrir toda a verdade. A verdade que você deve saber. – Ele puxa meu braço, seu olhar perdido. – Tenho que ir.

Talvez eu tenha saído correndo, talvez não.

Talvez eu apenas tenha fugido. Da verdade, e tudo o que sabia.

Não há tempo para amor quando se tem que salvar a própria coroa cabeça. 


Notas Finais


Gostaram? Estou testando coisas novas.


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