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História The gay dictionary - 2.0 - The hydra shot


Escrita por: HugoDiaz

Capítulo 2 - 2.0 - The hydra shot


- Franta - Enquanto amarrava minha chuteira de cores chamativas para falar o mínimo, ouço o treinador dizer meu nome do outro lado do vestiário e logo viro a cabeça para ter uma visão melhor do adulto de meia-idade.

O chamávamos de Hernandez apesar do nome real ser Diego e, na minha humilde opinião, combinava muito mais com sua enorme cara de latino. O bigode ralo ia de ponta a ponta dos labios. A pele morena contrastava com a minha cor branca assim como os olhos escuros.

- Você vai marcar o número Dezessete, entendeu? - Um esboço de sorriso se forma nos lábios dele ao mesmo tempo que segura a prancheta com as táticas do jogo. Um "jóia" na mão esquerda fica pela espera da minha confirmação.

Recebido e vizualizado, senhor.

Pensei em responder com alguma palavra de incentivo, mas já estávamos quase a subir do vestiário para o campo então apenas subo a faixa que fazia de mim o capitão como uma alternativa das palavras.

Os outros meninos que faziam parte do Hidra (nome que tínhamos passado parte do ano de 2014 escolhendo a dedo para compor a última coisa que faltava no time, a identidade) eram um abismo de agitação nesse momento. Colocando o meião, camisa, chuteira, caneleira... tudo com muita ansiedade instantes antes de entrarmos para o primeiro jogo de 2016.

Uns corriam. Outros chutavam o ar. Urravam gritos de guerra. Testosterona para todos os lados daquela escadaria que todos subiam como uma alcatéia de lobos. Degrau por degrau em passos ritmados pela adrenalina todos subiram para o tão esperado jogo.

Os holofotes fazem o papel da luz solar que em plena seis e meia da tarde já estava se esgotando.

De longe, como um ponto reluzente na arquibancada, eu tinha a visão turva das roupas fosforescentes de Troye e ao seu lado Alina tentando brilhar como ele com seus cabelos loiros. Sem sucesso. Eles foram os únicos a se agitar junto conosco. O restante da platéia do lado Hidra não passava de algumas namoradas dos jogadores ou pessoas que não tinham mais o que fazer numa terça-feira à noite.

Depois, meu olhar se volta para o campo, procurando o tal do número dezessete que o treinador me avisara pouco antes. Demorou um bocado até que finalmente eu pudesse encontrar o que deveria ser a muralha da china ambulante.

Eu

Estou.

Ferrado.

Como alguém como eu, mirrado do jeito que sou, pode marcar um King Kong de uniforme? Até mesmo a agitação da torcida (composta por duas pessoas) diminuiu naquele momento. Devo ressaltar que apesar da ausência do óculos, percebi o sorriso de Troye murchar quando indiquei quem seria minha marcação.

- Você consegue! - Posso ouvi-lo gritar.

- Eu não consigo! - Grito de volta.

- Claro que consegue, seu frouxo! - Ele põe um ponto final na breve discussão, usando ambas as mãos para aumentar a voz próximas a boca. Era quase um dom de Troye acabar com qualquer conversa quando bem entendia.

Então está decidido. Claro que eu consigo.

O juiz joga a moeda e fica para mim decidir entre o campo e a bola. Sinceramente não faria diferença nenhuma - contando que no segundo tempo seríamos obrigados a trocar - então escolho a bola porque me parece mais legal de escolher quando o campo já é da minha escola. Ele a deposita no chão e apita, dando início a partida.

A princípio me parece fácil, levo a bola com o peito do pé até certa parte do campo e logo chuto para Allan, que me acompanhava um pouco mais ao lado.

Allan, o atacante.

Allan era o tipo de cara com a amizade que eu levaria para o túmulo (não era como Sivan, que tinha todos os conselhos de vida e frases da Inês Brasil para me acalmar). Havia coisas que eu só conseguia falar com Allan. Claro que não eram tão importantes. A maior parte delas envolvia algum vídeo game novo que lançou. Coisas que Sivan não fazia ideia de como mexer, ou melhor, como ganhar qualquer um deles.

- Vai, Connor! Passa para mim! - Quando Allan me devolve, vem na minha mente exatamente o que ele queria. Uma tabela. E é isso que faço e, por um tempo, ficamos nessa.

Com dez minutos de jogo eu não esperava gol nenhum, apenas um ataque.

O problema veio quando chegou a hora de defender, especialmente nos lances de cabeça. Muitas vezes tive que correr como um desesperado para alcançar a bola depois que o adversário que mais parecia um armário ameaçava domina-la.

Eu sou pequeno, portanto, rápido. Já o King Kong (meu rival já apelidado) tem mais de dois metros de altura, deveria ser muito mais fácil me desmarcar. Tão fácil que cheguei a brincar com ele de vez em quando nas vezes que atacávamos.

Observação consumada, toda vez que pego a bola não deixo de sorrir e encarar o gigante, apesar da visão prejudicada pelo astigmatismo (ou seja, minha habilidade de ver tudo embaçado). Descobro depois de um tempo que minha gargalhada o irritava.

Eu sou um cara bem cretino quando se trata de jogo de futebol (gosto da sensação de poder que estar com a bola me trás e encher meu adversário com palavras de incentivo era quase um dom. É o único lugar em que eu realmente falava muito) E sem eu perceber, foi se esgotando a paciência do King Kong progressivamente. Cada vez que qualquer coisa saia da minha boca ou qualquer arte dos meus pés, ele se enfurecia ainda mais.

- Quer brincar, Grandão? - Digo eu para atiça-lo. O brutamontes grita como um ogro e ameaça puxar-me pela camisa, o que me faz gritar o juiz algumas vezes.

Continuamos a jogar por muito tempo - 30 minutos. Meu suor baixava o cabelo e a visão que já não era boa passa a ficar ainda pior, mesmo que isso não interferisse no meu ótimo humor. A bola chega no meu pé novamente.

- Franta, Cuidado! - Posso ouvir a voz de Troye bem ao longe da minha mente.

Não entendo o que ele quer dizer. Com o franzido e o suor começando a incomodar meus olhos, viro para poder responder Troye. O que com toda certeza do mundo foi uma péssima opção.

- Franta! - A voz do treinador foi a última coisa que ouvi. Juro por Deus.

O King Kong bate de cara comigo.

E. Eu. Apago.



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