The girl who went to the purgatory – Capítulo 4
(…)
-Eu fiz chá para você beber, também estou fazendo uma sopa- Disse, mostrando a xícara com o líquido fervente.- Melhor você deitar, eu irei ao meu quarto e pegarei meu kit de primeiros socorros, acho que lá deve ter um remédio para resfriado e um termômetro. Eu preciso checar sua temperatura.- Ele sentou em uma das camas, lhe entreguei o chá.
-Obrigado- Disse ele rouco de maneira formal.
-Não há de quê.- Respondi, abrindo um pequeno sorriso.
Saí do cômodo, segui pelo corredor escuro e entrei em meu quarto, segui para o banheiro. Ao entrar acendi as luzes, abri a porta do armário e lá tinha uma caixa branca com uma cruz vermelha, era meu kit de primeiros socorros. Retirei-a de dentro do armário e a pus sobre a pia, abri e logo procurei adesivos mentolados para colocar na testa de Leo, também peguei comprimidos antitérmicos para a febre baixar junto com anti-inflamatórios para sua garganta.
Com tudo em mãos, saí do banheiro, desliguei as luzes, saí do meu quarto e me encontrava novamente no corredor. Cheguei em frente ao quarto em que Leo estava, a porta estava semi aberta e eu podia vê-lo sentado na cama, já debaixo dos cobertores lutando para se manter ereto e não cair pelos lados.
Dei dois toques na porta para avisar que estava entrando.
-Trouxe remédios para você tomar, também trouxe isso. - Mostrei o adesivo mentolado para colocar em sua testa. Depositei os remédios em cima do criado-mudo do lado da cama, onde a xicara, que tinha levado anteriormente o chá, estava vazia. “Ainda bem que ele foi capaz de tomar tudo, isso é um bom sinal”. Leo somente me fitava quieto, com a mesma expressão facial que sempre faz indecifrável. Aproximando-me dele, disse – Me permite?- Segurando com as duas mãos agora o adesivo, indicando se não podia coloca-lo em sua testa. Ele assentiu com a cabeça. Inclinei meu corpo, chegando um pouco mais próxima, retirei o papel da parte mentolada do adesivo e o coloquei sobre sua testa. Ele estava quente, menos quente que antes, mas a febre ainda era alta. Alisei o adesivo sobre a testa de Leo, me certificando que ele estava grudado, foi quando me toquei o quanto nossos rostos estavam perto, e ele me encarava de uma maneira que podia ver através dos meus olhos. Conforme nossos olhares se cruzaram, ele não desviou o olhar, me fazendo corar. Para sair daquela situação um tanto constrangedora, me afastei.- Eu vou checar a sopa, acho que ela deve estar quase pronta e ... hum... vou buscar um copo de água para você tomar os remédios.- Disse, dando um sorriso sem graça. Meu coração estava palpitando e eu tinha que disfarçar meu nervosismo.
Peguei a xícara vazia, saí do quarto, desci as escadas rumo à cozinha.
“Recomponha-se Aphrodite, ele é muito gato, mas não é pra tanto, respira.”
De volta aos meus sensos, já na cozinha, fui checar a sopa e ela estava praticamente pronta. Lavei a xícara a qual Leo tinha usado, abri um dos armários da cozinha, peguei um vasilhame para colocar a sopa para Leo comer. Segundos depois, desliguei o fogão, peguei uma concha e despejei a sopa no vasilhame, estava bem quente.
Eu nunca fui uma pessoa com boa coordenação motora, somente pra dançar, e com meu comportamento desastrado eu acabei deixando derramar em minha mão um pouco daquele líquido fervente.
-AI AI AI!- A dor da queimadura na minha mão esquerda era bem forte. Fui à pia, abri bem a torneira e deixei a água gelada escorrer sobre minha pele para aliviar a queimadura, entretanto, minha pela estava bem vermelha e sensível, provavelmente uma bolha ia surgir no mesmo lugar.
Após a dor ter diminuído um pouco, peguei uma colher, um copo de água e o vasilhame com a sopa, coloquei-os sobre uma bandeja. Saí da cozinha, segui para as escadas, subindo para o segundo andar fui até o quarto que agora estava com a luz acesa.
Como estava com as duas mãos ocupadas e a porta encostada, empurrei-a com a lateral do meu corpo e entrei no quarto.
Me deparo com Leo de costas, mexendo nas coisas de Ken com sua parte superior completamente despida. Ele tinha tirado a blusa que estava antes, com isso, eu podia ver suas costas largas com músculos definidos e pálidas. Era uma vista e tanto, mas logo desviei o olhar.
-Des-Desculpe-me, entrei sem bater porque minhas mãos estavam ocupadas. Deveria ter avisado que estava entrando.- Eu disse, tentando não olhar em sua direção.- Eu trouxe a sopa e o copo de água. – Completei.
Ele levantou-se, talvez muito rápido e ele perdeu o equilíbrio. Nisso ele já tinha vestido uma blusa mais grossa, agora um moletom azul marinho.
-Eu estava com frio, achei melhor colocar algo mais pesado.- Disse ele em um tom baixo. O adesivo ainda estava em sua testa.
Segui em sua direção, ele já estava novamente sentado na cama e estava se cobrindo.
-Essa sensação de frio deve ser por causa da febre. Com licença- Deixando a bandeja ao lado da cama sobre o criado-mudo, aproximei-me mais e coloquei minha mão sobre sua testa para checar sua temperatura. Com minha outra mão, a puis sobre minha testa para comparar nossas temperaturas.- Você ainda está bem quente, a febre não quer baixar.- Com isso peguei as caixas dos remédios, peguei um comprimido de cada uma e peguei o copo d’água.- Tome isso, logo logo a febre irá baixar.- Lhe entreguei as coisas que estavam em minhas mãos. Ele pegou os dois comprimidos e colocou-os a mesmo tempo na boca e após tomou a água do copo de uma vez só. – Agora tome a sopa, seu corpo precisa estar nutrido para combater o resfriado.- Disse, já colocando a bandeja com a sopa e a colher em seu colo.
-Obrigado, novamente. - Disse ele timidamente, evitando me olhar.
-Não há de quê- Respondi. - Agora tome a sopa logo, para você poder dormir e se recuperar. - Sorri.
-Você pode ir para o seu quarto dormir agora, já é bem tarde e você tem de acordar cedo. - Ele disse sério.
-Tudo bem, não estou com muito sono – Eu estava sim com sono, mas não iria conseguir dormir se o deixasse sozinho ali sem me certificar que estava tudo bem – Eu vou ficar por aqui até você terminar de comer e deitar-se para dormir. Seu estado ainda não está completamente estável. – Então me sentei no chão, do lado de sua cama e sorri.
Ele pegou a colher, pegou um pouco da sopa e elevou até a sua boca, engoliu com facilidade.
-Está gostoso. - Leo disse.
-Que bom! Não sabia o que fazer então pesquisei na internet algo bom para resfriados. Ainda bem que tinha todos os ingredientes na geladeira.- Falei.
Com isso, ele continuou comendo silenciosamente e eu ao observá-lo reparava em seus trejeitos. Diferentemente de Ravi, Leo parecia ter uma figura mais angelical, não gritantemente máscula como o outro, mas suas mãos eram igualmente grandes e muito bonitas. Leo tinha um perfil bonito e sua boca era também pequena, mas os lábios eram mais generosos em comparação a Ravi. Ah, os dois eram lindos, cada um de sua maneira.
Mais aliviada, vendo Leo comer, o sono foi batendo mais forte e sem perceber caí no sono ali mesmo, sentado no chão.
No dia seguinte, acordei com a luz do Sol entrando pela janela. De repente me lembro que perdi a hora para ir para a empresa e levantei-me rapidamente. A cama estava tão confortável, acabei dormindo mais do que devia.
Espera.
Cama?
Como eu vim parar aqui?
Olhei ao redor, era o quarto de Ken e N, a cama a qual estava era a cama de N.
“Espera, de novo. Eu lembro de estar no chão... Leo? Leo me trouxe aqui? AAAAH, Aphrodite, ele estava fraco do resfriado e ainda te levou pra cama. Eu não faço nada direito!”
Olhei pra cama de Ken, que era o lugar onde Leo dormira. Ela estava arrumada, como se ninguém tivesse estado ali.
Conforme saí debaixo das cobertas, olhei para minha mão esquerda onde tinha derramado a sopa e onde deveria ter uma bolha tinha um curativo.
“Não me diga que ele fez isso também?”
Arrumei a cama de N, ainda estava de pijama e rapidamente fui ao meu quarto me trocar. Peguei o celular para ver que horas eram e... 11 FUCKING HORAS DA MANHÃ.
Eu estava SUPER atrasada.
Coloquei uma calça jeans, a primeira blusa que vi na gaveta. Peguei meu moletom, coloquei meu casaco por cima dele e peguei minha bolsa. Puis minhas meias e saí correndo, desci as escadas rapidamente e fui diretamente em direção à porta da frente.
Quando estava para sair, escuto uma voz vindo da sala, me assustando.
-Você vai aonde?- Era Leo, ele estava em um dos sofás, tomando algo quente (provavelmente um chá) vendo TV.
-Aonde mais poderia estar indo?! Pra empresa é logico, eu estou MUITO atrasada.- Respondi afobada com pressa.
Estava pra sair, de novo, ele diz:
-Você não precisa ir hoje.
Parei bruscamente, surpresa.
-Não preciso?- Me voltei em sua direção, agora olhando diretamente para ele.
-Liguei para JongGi, disse que você não estava bem e não poderia ir treinar hoje.- Ele respondeu, dando um gole no chá logo depois.
Eu fechei a porta ao ouvir aquilo, não sabia o que pensar. Fui até a sala, Leo mantinha seus olhos fixos no noticiário que se iniciava. Sentei em um sofá diferente e disse:
-Então eu vou ter ficar o dia todo aqui para dar um ar de veracidade nessa historia que você inventou não é? Tudo bem, agradeço. Se não fosse por você eu não saberia o que fazer.
-Não sei por que esse seu agradecimento não foi tão convincente. Não entenda mal, eu só quero retribuir o que você fez por mim – Ele disse. Talvez essa história dele não gostar de mim era invenção da minha cabeça... - Não gosto de ter dívidas com os outros. - Ou talvez não. Argh.
-Ah, claro – Falei com um tom meio irônico. - Acho que você melhorou, não é? Você parece saudável...
-Melhorei. - Leo disse, seco e direto.
-Tá bom então... -Um silêncio constrangedor tomou o lugar, somente o som da TV ecoava. - Você está de folga hoje?- Diz que não, por favor, se não vai ser somente nós dois aqui o dia todo.
-Estou, exceto N e Ken que ainda não voltaram de viagem, todos estamos...- Menos mal, quer dizer que Hyuk, HongBin e Ravi estariam aqui.- Mas o HongBin e o Hyuk resolveram ir visitar a praia hoje, Ravi saiu para algum lugar e não voltou ainda, não sei que horas ele chega.- Completou ele.
“Tomara que o Ravi não demore a voltar”, pensei comigo.
Não era somente porque achava que o Leo não gostava de mim que eu não queria ficar às sós com ele, mas sim porque toda vez que eu olhava pra ele a imagem dele me carregando em seu colo enquanto eu dormia brotava em minha mente, isso me deixava muito inquieta e dava palpitações em meu coração. Também havia o fato de eu não saber o que ele estava pensando, todo tempo ele sempre mantêm as mesmas expressões faciais perto de mim... Espero que com o tempo isso mude.
Fiquei sentada no sofá durante uma meia hora, enquanto eu e Leo assistíamos a TV. Não prestava atenção nas noticias que passavam, vagava mentalmente para outros lugares, como a minha casa no Brasil, pensava na minha família e como todos iam sem mim. A saudades eram muito fortes.
Antes que eu pudesse ficar mais depressiva ao pensar em casa, ouvimos alguém digitando a senha à porta. Essa se abriu, e a figura alta e máscula, com o cabelo, que agora estava preto, armado com um topete (como de usual), entrou Ravi.
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