História The Girlfriend Of My Friend - O buraco agora é mais embaixo.

POV LAUREN

- "Filha? Lauren, você bebeu?" – Ally perguntou do outro lado da linha e em seguida soltou uma risadinha debochada, aquilo me irritou ainda mais. Qual é, o assunto é serio aqui eu não estou entendendo qual é a graça.

- Allyson, pelo amor de Deus eu estou falando sério. Eu tenho uma filha, e ela está bem aqui na minha frente comendo um patinho de borracha, será que da para você parar de rir e vim pra cá, eu estou tentando falar sério aqui caramba – Falei tudo em um fôlego só, completamente desesperada. Eu estava desesperada.

- "Lauren, você não vai  me pegar nessa" – Soltou uma risadinha debochada e eu fechei os meus olhos respirando fundo me controlando para não xinga-la. Eu já teria desligado na cara dela se eu não precisasse tanto da minha amiga como agora. – " Você não está brincando?" – Perguntou ao notar o meu silencio e eu suspirei sentindo um bolo formar em minha garganta.

- Claro que não Allyson, pelo amor de Deus! Como que eu vou brincar com uma coisa dessa? –Respondi exaltada e arregalei os meus olhos olhando para a bolinha branca que ainda estava sentada no tapete do chão da sala. Dei graças a Deus por ela não chorar, e estar bem distraída com aquele patinho.

Um silencio reinou do outro lado da linha e eu me mexi inquieta no sofá. Será que ela desmaiou?

- Ally? – Chamei receosa e no segundo seguinte eu me vi sendo obrigada a afastar o telefone de meu ouvido.

- "LAUREN, PELO AMOR DO MEU SENHOR JESUS CRISTO, ME FALA QUE VOCÊ ESTÁ BRINCANDO!" – Ally berrou do outro lado da linha e eu suspirei. Eu queria muito falar que estava brincando. Mas então Angelica soltou um gritinho agudo e jogou o patinho para longe, e em seguida saiu engatinhando atrás do patinho. Sorri com a fofura. – Isso foi um barulho de bebê – Ally perguntou e lá estava eu afastando o telefone do meu ouvido novamente – "PUTA QUE PARIU JAUREGUI, VOCÊ ESTÁ MESMO COM UMA BEBÊ A!" – Revirei meus olhos e escutei uma movimentação do outro lado da linha – "Não sai dai, eu estou chegando" – Foi o que ela disse e o telefone foi desligado, na minha cara.

- Eu não vou a lugar nenhum – Respondi em meio a um suspiro e olhei para a pequena garotinha no meio da sala e sorri fraco.

As vezes eu queria voltar a ser criança, porque olhando para ela agora eu percebo o quanto uma criança é feliz. Ela não tem problemas, não tem com o que se preocupar. Digo, a mãe dela não está aqui e ela nem ao menos se importou, eu aqui desesperada e ela nem ao menos se importou, ela está ali, no mundinho dela, alheia a todos os problemas que lhe rodeiam, gargalhando e brincando sozinha. Vocês conseguem imaginar o quanto é bom ser criança? Bem que minha mãe me dizia que eu deveria aproveitar a minha infância. Olha onde estou agora? Olha para minha vida. Namoro sem querer namorar, eu não consigo me ver presa em alguém e transando todo dia com a mesma pessoa, beijando a mesma pessoa, eu não sou assim e nem nunca vou ser. Ao mesmo tempo carrego a culpa de que sei que vou acabar a magoando um dia, parece que não, mas eu me importo sim com ela, Lucy é uma garota incrível e eu juro que tentei ser diferente, mas eu não consigo, eu não sou assim. Se eu pudesse voltar no tempo, eu nunca teria dado encima de Lucy, talvez eu não precisasse passar por isso. Até hoje me lembro o quanto foi constrangedor a minha mãe entrando no quarto e me pegando com o pau enfiado na Lucy, eu queria poder apagar essa cena da mente de minha mãe, porque foi só por esse maldito flagra que me meti nessa encrenca. Já não basta minha mãe espalhar para todos incluindo o Carlos Vives que estávamos namorando, ela idolatra Lucy, como ela diz “ Minha norinha preferida, só você para colocar juízo na Lauren”, mal sabe ela. E para completar o desastre da minha vida, eu tenho uma filha. Vocês tem noção disso? Uma garota, de 18 anos com a vida pela frente, faculdade para entrar, festas para curtir, tem uma filha. Uma filha.

- Cadê? – A porta da sala foi aberta com agressividade me fazendo pular assustada e a pequena Angelica olhou para a porta com os olhinhos arregalados e um biquinho de choro se formou em seus lábios. Oh não... – Ai meu Deus! – Ally parou no meio da sala encarando Angel com a mão sobre a boca e os olhos arregalados enquanto apontava para a pequena, que no mesmo instante começou a chorar.

- Oh, não, não chora – Digo com voz mais calma que consegui e me levantei do sofá, caminhei até ela – Não chora por favor – Me abaixei na frente da pequena e a peguei no colo – Allyson, você assustou ela.... – Resmunguei enquanto balançava o meu corpo com ela, e ela não parava de chorar. – MÃE – Gritei em desespero. Eu senti vontade de chorar também – Mãe – Gritei novamente. Allyson ainda estava parada com a mão na boca e eu senti vontade de soca-la, essa desgraça assustou a minha filh... a Angel e fica parada igual uma retardada, não faz nada – Não chora, não chorar – Cantarolei, musica sempre resolve. Eu já li em algum lugar – Mãe – Gritei novamente e ela apareceu na sala com uma expressão cansada no rosto – Ela não para de chorar eu... – Eu não sabia o que fazer. Qual é, eu gosto de criança, mas nunca cuidei de uma.

Minha mãe suspirou e caminhou até mim e a pirralha fofa chorona já foi estendendo os bracinhos para minha mãe.

- O que foi princesinha? Passou – Mamãe falou com uma voz infantil e eu fiquei chocada quando a garotinha simplesmente PAROU de chorar, e ficou encarando a minha mãe –  Isso, passou – Sorriu acariciando o rostinho dela e eu me aproximei hipnotizada e fiquei encarando aquela garotinha. Eu já disse que ela é a bebê mais linda que já vi? – Você tem que ter calma, se ficar gritando ela vai chorar ainda mais – Minha mãe falou agora olhando diretamente para mim e eu assenti sem ao menos olha-la.

- Meu deus, ela é a cara da Lauren – Ally falou espantada e só então eu notei que ela estava ao meu lado e com a cara praticamente grudada na de Angel – Não da para negar – Me olhou e cobriu a boca novamente – Puta que pariu – Xingou chocada

- Allyson, você não está ajudando, por que eu te chamei mesmo? – Perguntei irritada. Mas logo suspirei quando percebi que havia sido grossa demais – Desculpa – Suspirei mais uma vez e passei a mão em meus cabelos.

- Eu vou levar ela para comer, desde que a peguei com Alycia, ela ainda não comeu nadinha – Minha mãe avisou e já foi saindo com a pequena no colo, franzi o cenho.

- Mama? – Como assim, Alycia? Minha mãe conhece ela? Porque ela nunca me falou? Eu estava com todas essas perguntas na cabeça, mas parece que minha mãe não estava disposta a responder nenhuma, já que ela sumiu de minha visão sem ao menos olhar para trás.

- Alycia? – Ally perguntou com o cenho franzido e eu olhei para ela – Quem é Alycia? – Perguntou confusa e eu suspirei.

- Vem aqui – Caminhei até o sofá e senti seus passos atrás de mim. Peguei as folhas que eu havia deixado encima do sofá e respirei fundo me sentando e entregando as folhas para ela – Leia – Pedi e ela me olhou e pegou as folhas se sentando ao meu lado.

Um silencio extremamente desconfortável se exalou naquela sala. E eu conseguia ouvir até as batidas do meu coração que estava descompassado. Eu queria ir lá na cozinha ver se Angélica estava bem. Incrível a sensação de vazio que eu senti agora quando eu olhei o patinho jogado no chão e ela não. Talvez eu devesse levar para ela? Fui dispersa de meus pensamentos quando escutei uma fungada. Olhei para o lado e vi Ally fazendo uma careta em uma tentativa de controlar o choro, eu conheço muito bem aquela careta, e eu teria rido se não estivesse com um bolo na garganta também. Suspirei e sequei o canto dos meus olhos que estava prestes a derramar uma lagrima, e Ally levantou o rosto e me encarou.

- Lauren – Sua voz saiu rouca e embargada – Eu... eu... eu... – Se perdeu nas palavras e me olhou – E agora? – Perguntou e eu suspirei me encostando no sofá.

- E agora que... eu vou cuidar dela, isso é o certo – Olhei para ela – Não é? – Perguntei em duvida e Ally assentiu rapidamente limpando as suas lagrimas.

- Eu lembro dessa garota na festa, ela... meu deus Lauren – Ally estava mais desesperada do que eu – Eu quero te ajudar, você me deixa te ajudar eu posso... – Parou de falar – Eu não vou te deixar sozinha – Falou por fim e eu sorri.

- Eu sei, por isso te chamei, você é a única pessoa que confio aqui – Respondi em um suspiro – Eu estou com medo – Confessei e ela me encarou como se esperasse eu continuar – Eu não estava esperando por isso, eu não estou preparada para isso, mas se ela for realmente a minha filha é a minha obrigação, e... eu quero a proteger. Mas eu nem sei nem me proteger direito – Confessei e Ally não falou nada apenas me abraçou.

Ficamos ali abraçadas por longos minutos. Eu não precisava de mais nada, eu estava me sentindo segura e aquecida ali. Ally era meu porto seguro, eu me lembro de quando conheci Ally, a gente se conheceu pela a internet e chega a ser engraçado, porque eu me lembro de que estava no twitter, quando postei uma critica sobre a nova musica de JLO, e ai chegou uma louca que eu nem ao menos sabia que eu seguia, começou a discutir comigo pela DM, porque aquela musica era incrível e bla bla bla e no outro dia estávamos conversando como se fosse melhores amigas. E quando percebi, eu já não conseguia mais viver sem a louca barraqueira fã da JLO, e quando eu cheguei em Miami, a minha amizade com ela cresceu três vezes mais. A Ally é literalmente a minha alma gêmea, só que de amizade. Engraçado, que eu já dei em cima de Miami todo, menos de Ally. E olha que a baixinha é bonita, mas ela é minha irmã e isso seria bem estranho.

- A Lucy sabe disso? – Ally perguntou quebrando o silencio e eu a olhei com as sobrancelhas arqueadas – Ok, ela vai ficar louca – Constatou e em seguida riu. Bufei revirando os meus olhos.

- Velho, eu odeio você. Sério – Digo em um suspiro. Eu aqui acabei de descobrir que tenho uma filha, e ela vem me falar de Lucy?

- Querida, eu estou aqui para te trazer à realidade. Querendo ou não a Lucy é a sua namorada, você tem que falar com ela, afinal, é uma filha, não é uma boneca.

- Ai Ally – Revirei meus olhos.

- Ai Ally nada, você tem que entender que a partir do momento que você deixou que essa historinha de namoro de vocês seguir em frente, você tem que dar explicações para ela sobre a sua vida. Estamos falando de uma criança aqui, não é nenhuma fodinha escondida sua que você vai poder esconder dela, você está me entendo? – Suspirei – Lauren, o buraco agora é mais embaixo. Você tem sim que conversar com ela agora, e quem sabe terminar esse namoro e você desempaca a vida da menina, porque você sabe que ela é uma pessoa incrível e merece alguém que realmente de valor a ela. – Falou e eu revirei os meus olhos bufando.

- Quem? A perna de pau da Verônica? Ah, me poupe Allyson. E você sabe que eu não posso terminar dela – Dei de ombros e passei a mão em meus cabelos.

- Você pode sim, afinal, quem namora ela é você, não é sua mãe. Aposto se a Tia Clara soubesse das palhaçadas que você faz com a coitada, aposto que ela.... – A cortei.

- Iria cortar o meu pau fora, e jogar para os cachorros comer. – Completei e Ally bufou.

- Querida, você tem uma filha, se ela não cortou até agora pode ficar tranquila – Sorriu e eu revirei meus olhos mais uma vez. As vezes a Ally é pior que minha mãe.

- Okay Ally, amanhã, eu vou conversar com a Lucy, satisfeita? – Perguntei impaciente e ela sorriu assentindo.

- Satisfeitíssima. E eu te desejo toda sorte do mundo nessa conversa – Sorriu cínica e eu revirei os olhos e me deitei no sofá colocando a cabeça em seu colo.

- Eu não vou precisar. Até porque quando eu peguei a Alycia, eu ainda nem tinha pegado a Lucy, então... Ela vai entender, ela sempre me entende. – Sorri convencida.

- Assim espero. – Ally respondeu e enroscou seus dedos nos fios de meu cabelo começando um cafuné gostoso.

Eu também espero Allyson, eu também espero!