08 de Outubro de 1987
Hoje seria o último show na Europa. Agora a minha vida era uma loucura, e a deles não era diferente. Mal dormiam, ensaiavam o tempo todo e os shows eram desgastantes já que são em grande número. Slash está cada vez mais entretido na bebida e na heroína, Axl na cocaína e era estranho o fato de ter conseguido manter os outros em uma situação melhor... Aliás, Steven estava sofrendo com a abstinência e eu passava muito tempo com ele e isso estava começando a incomodar o Duff. E obviamente ele desconta isso na bebida. Há dias atrás tentei conversar com ele, mas ele parece não me ouvir. E quem ele ouvirá?
Pelo menos tenho o Izz, o mais sensato nesse caos. Ele me ajudava a me manter firme com pequenas frases que continham uma sabedoria imensa e, aos poucos, também percebi que o vício não era algo tão fácil para ele apesar de ter se controlado ultimamente.
POV Margot:
Terceira vez só naquela semana, eu estava à beira do vaso sanitário segurando os cabelos do Steven enquanto acariciava suas costas. Sentia os espasmos do seu corpo contra minha mão e eu realmente estava começando a ficar preocupada.
- Está tudo bem? – hesitei e ele riu, enquanto cuspia mais algumas vezes depois que terminou de vomitar
- Ótimo! - debochou
Ainda era cedo e com isso eu dizia que eram umas 14h da tarde. O show seria à noite. E Steven estava péssimo, completamente cansado com a carga enorme de apresentações que teve que fazer com a banda. Mas eram nesses momentos que ele deveria ser mais forte.
- Acho melhor você dormir – aconselhei, acariciando seus cabelos enquanto ele continuava de bruços apoiado no vaso.
Ele somente assentiu silenciosamente, levantando devagar e saindo dali. Adler estava meio que tropeçando em seus próprios pés, então o ajudei a sair dali. Voltei para o banheiro, apertei a descarga e lavei as mãos, voltando para o quarto para encontra-lo esparramado na cama. Antes de sair dali, fui checar todos os armários e gavetas daquele lugar, procurando qualquer indício de droga ou algo do tipo. Faço isso porque o loiro divide o quarto com Slash e o guitarrista não tinha planos de deixar seus vícios para trás.
Depois de procurar em cada canto que pude imaginar, me senti mais segura para sair dali. Assim que abri a porta e encontrei Duff ali na minha frente, eu não fiquei surpresa. Revirei os olhos diante do seu semblante de sempre.
- Você deveria estar se preparando para o show agora – murmurei, cruzando os braços e tentando manter uma postura que escondesse, da melhor forma que eu podia, todos os sentimentos que eu nutria por ele.
- Você diz como se fosse uma roadie – disse, não escondendo em seu tom de voz como estava irritado
Na verdade, irritado era a palavra que mais definia o Duff quando eu pensava nele nesses últimos dias. Gostava de pensar que isso era somente devido à carga intensa de shows que eles tiveram todos os dias, viajando pra lá e pra cá na Europa, sem qualquer descanso – mas lá no fundo eu sabia que ele não apreciava com bons olhos todo esse meu “espírito solidário” com os rapazes. E eu não tocava no assunto, só esperava que um dia ele se tocasse que eu não era como as outras e a cada vez que chorava à noite por causa dele, eu rezava para ele não demorar para perceber como eu estou fodidamente apaixonada por ele, já que confessar isso em voz alta está fora de questão.
- Eu não vou discutir com você de novo, Duff
Presto atenção em seus olhos e vejo que ele quer seguir em diante com aquilo. Ele não iria parar de ser egoísta e teimoso tão cedo. Mas, depois de ficar encarando aqueles olhos que eu conhecia muito bem, vi sua feição relaxar e seus ombros caírem, mostrando um certo rendimento temporário
- O problema é que... – hesitou, dando de ombros e tentando não olhar para mim - Eu nem sei direito o motivo do nosso afastamento, Margot
Nem eu sabia direito. O ciúmes instantâneo e o medo da evolução da nossa relação guiou minhas atitudes e eu me afastei sem mesmo ter sido capaz de perceber isso. Já ele nem procurou saber, só nutriu um descontentamento quase tocável enquanto ficava próximo de mulheres voluptuosas e curvilíneas... Por enquanto até agora
Olhando ali, seus olhos claros que eu tanto apreciava, eu lembrei que gostava muito dele. Mas também lembrei que não pertenço a esse tempo, e ele não pertence ao meu. Ele teria uma ótima família no futuro, duas filhas lindas e se casaria com uma ex-modelo estonteante. E eu só seria um mísero ponto em sua história, tentando fazer com que todos aqueles erros não fossem tão significativos no futuro
- Olha, Duff... – respirei fundo, deixando que meus olhos encontrassem o chão – Eu não posso...
- Mas eu gosto de você, puta merda – disse entredentes como se não entendesse... E como eu o faria entender? Como eu faria meu coração parar de ser egoísta e entender?
- Eu também gosto, Duff! – voltei a encará-lo, com mais determinação dessa vez – Eu só quero que você entenda que... Eu não sou como as outras.
Era o que eu poderia confessar por enquanto. E eu realmente não era, já que eu sentia falta do século XXI, apesar de sentir que os anos 80 eram a casa da minha alma. Sentia falta dos meus pais, da minha escola e dos poucos amigos que tinha. Sentia falta dos meus discos, dos meus livros e dos ínfimos pôsteres dos anos 80 que recheavam meu quarto. Eu só era uma adolescente fodida que achava que era madura o suficiente para passar por isso. Mas, nos dois meses que se passaram, eu tive que aprender muita coisa. E sei que vou continuar aprendendo.
- Eu sinto sua falta – confessa com dificuldade – E desde que você me olhou naquela noite, naquele bar, com esses olhos enormes, tudo o que eu consigo pensar é em qual sabor você deve ter e, Deus me perdoe, mas eu te quero muito, Margot
Se ele continuasse a falar, sei que teria uma síncope ali mesmo e... Não adiantava fugir. Então segui meus instintos e, rapidamente, rondei meus braços em seu pescoço e o beijei. Inicialmente, meus lábios só ficaram colados nos seus, mas não demorou para que ele acordasse e começasse a tentar penetrar sua língua em minha boca.
Seus braços apertaram minha cintura e seus lábios eram sinônimos de um desespero profano; desconhecido por mim. E eu me sentia amada. Infiltrei meus dedos em seus cabelos, puxando-o para mim e permiti que sua língua, quente e macia, desvendasse cada canto que ele imaginava não conhecer. Não demorou para que os gestos se tornassem mais intensos: Duff encaixou sua virilha no meio das minhas pernas e o atrito era delicioso enquanto ele me beijava, entre mordidas e gemidos roucos. Eu não conseguia pensar com clareza, mas quando consegui recobrar um pouco de racionalidade mental, lembrei que estávamos no corredor nos esfregando como dois animais no cio.
- Duff, para – o afastei minimamente, somente o suficiente para que seus lábios não estivessem mais sob os meus.
A figura em minha frente era simplesmente linda: o desejo nublado em seus olhos semicerrados, os lábios inchados e avermelhados e o cabelo loiro extremamente bagunçado. Além disso, havia uma expressão de confusão em seu rosto, fato que o deixava mais adorável.
- Você vem me deixando em agonia diária toda vez que olho para você – suspirou entre murmúrios, acariciando minhas costas com suas mãos – E eu sei que você me deve achar uma piada de bêbado, mas eu gosto muito de você. De verdade.
Olhei para baixo, para os nossos pés, negando aquilo com a cabeça. Aquilo só poderia ser um sonho. Tudo aquilo era uma loucura e eu não sabia o que responder.
- Não sei o que dizer – respondi com sinceridade
- Eu sei que você sente o mesmo – voltou a aproximar os nossos corpos, sussurrando cada palavra contra os meus lábios, me deixando inerte na sua hipnose - Por favor, pare de me fazer sofrer. Pare de lutar contra, eu sei que você ainda gosta de mim.
Sabia que quando eu levantasse os olhos e o encarasse, sabia que não teria volta para o que iria acontecer. Ele me beijou, mas não foi como das outras vezes- havia o gosto de algo que estava preso dentro dele, e todo aquele fervor não era mísera coincidência.
Foda-se, era o que pensava. Foda-se
Prendi minhas pernas ao redor da sua cintura enquanto ele apertava minhas coxas, subindo as mãos para a minha bunda. Duff soltava baixos resmungos quando, finalmente, entramos em um quarto – mas eu não estava muito afim de saber se realmente era o dele. Tudo que me importava, desde que ele me encostou na cama macia, era que tudo aquilo fosse eterno: seus toques, seus olhares... Tudo.
Quando ele tirou minha camiseta, seus olhos se voltaram para mim e vi uma adoração quase religiosa em suas pupilas (eu poderia estar delirando, também, porém isso não importa). Roçou seu rosto em minhas bochechas, traçando seu nariz até o meu pescoço para deixar cálidos beijos durante o caminho
- O que você está fazendo, Duff? – murmurei sem fôlego ao perceber o ritmo lento que ele havia tomado
- Admirando você, oras – respondeu sorrindo, o ar quente do seu riso fraco batendo contra a minha pele.
Mordi os lábios e fechei os olhos, tentando pensar em tudo menos no que diabos eu estava fazendo. Quando finalmente seus pequenos beijos chegaram no cós da minha calça, eu quase tive um treco.
Ele puxou os jeans das minhas pernas e eu o ajudei no processo. Então eu estava seminua e ele parou, me olhando de um jeito que não sabia descrever e estava envergonhada demais para dizer alguma coisa. Coloquei as mãos sobre os meu rosto, escondendo meus olhos e senti um riso fraco se fazer presente.
Não demorou para que eu sentisse o calor do seu corpo vindo para cima depois de alguns segundos e, quando senti a pele quente dele em cima de mim, decidi olha-lo: Duff realmente estava, com os cotovelos apoiados no colchão e com um sorriso que era refletido em seus olhos. Antes que eu consiga abrir minha boca para dizer qualquer coisa que fosse, ele me beija enquanto me toca nos lugares certos. Ele me desperta, me norteia e me faz esquecer de qualquer arrependimento que estava cogitando. Ele está me mostrando, pacientemente, tudo o que eu preciso fazer.
Ele está me mostrando, ternamente, tudo o que eu posso sentir.
Minhas roupas, como a dele, já se foram há algum tempo. Eu o acaricio, não me importando em ser minimalista ao perceber cada gesto, cada contração e expansão dos seus músculos a cada vez que os toco. Duff beija todo o meu corpo, tão atento ao momento quanto eu, deliciando-me com palavras agradáveis ao pé do meu ouvido para, depois, voltar a beijar minha boca. Ele beija meus seios e meus mamilos, diversas vezes; me marcando, queimando cada pedacinho da minha alma. Anseio pelo gosto do seu Marlboro em meus lábios, preencho minhas mãos com fios do seu cabelo e, quando ele se afasta minimamente e morde os lábios quando encontra meus olhos, eu sei o que vem a seguir
- Eu... – sussurro em seu ouvido, quando ele se posiciona sobre mim e encaixa o seu queixo em meu ombro direito
- Eu sei – Duff volta a me olhar e me beija, enquanto se acomoda, com dificuldade, em minha entrada.
Assim que ele começa a forçar uma penetração, gemo desalentada enquanto minhas pernas se contraem e acabo levantando minha cabeça, ciente do meu choro estrangulado. Doía para o senhor caralho.
- Shhh – ele murmura, enquanto beija meu pescoço e ouve meus gemidos de protesto
Eu não sei se ele já está totalmente dentro de mim, mas ele está parado e há dor do início ao fim. Depois de alguns minutos com os olhos fechados com força, sei que ainda não me acostumei com seu tamanho dentro de mim, mas decido que devo parar de tortura-lo.
- Pode se mover – eu sussurro, tensa
Ele se move vagarosamente e eu mordo os lábios, para esconder a minha dor. Duff vai aumentando o ritmo, a velocidade e a intensidade das penetrações progressivamente e é assim que consigo distinguir o prazer da dor. Sua respiração em busca de fôlego em meus lábios, as mãos apoiadas ao lado da minha cabeça e a sensação... É quente e me preenche, despertando coisas desconhecidas e prazerosas dentro de mim.
Até que, por fim, McKagan solta um gemido rouco e longo em minha boca e, então, libera-se dentro de mim fazendo com que, a seguir, eu sinta a primeira centelha de prazer.
É como calor líquido. É como o maldito yin e yang. É exatamente, pura e simplesmente, como deveria ser.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.