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História The Heart of the Ocean - Newtmas - I promise


Escrita por: LadyNewt

Notas do Autor


L o v e r s,

Vamos descobrir se mantive o mesmo destino de Jack no Titanic?
Será que cabem mesmo duas pessoas no destroço?
hmmmm

Bom ano novo, amores!

B o a L e i t u r a!
LadyNewt

Capítulo 12 - I promise


Fanfic / Fanfiction The Heart of the Ocean - Newtmas - I promise

Titanic,

ATLÂNTICO NORTE

15 de Abril de 1912

02h10min

 

 

Quando o último resquício de luz dele apagou, tornando o Atlântico Norte muito mais escuro do que a aura negra do meu pai, os gritos e pedidos de socorro triplicaram pelo caminho. Formaram-se ecos carregados de medo e sofrimento, pessoas clamando por suas vidas e tinha certeza de que morreríamos ali, assim que o transatlântico entornou a 90 graus. A luz da lua era fraca, no entanto forcei minha vista, observando a silhueta das pessoas agitadas na água, umas sobre as outras, tentando sobreviver e lutar por suas vidas.

Homens, mulheres e crianças ao mar. Não era para ser assim. Não era para tudo terminar assim...

- Eu não vou soltar você. – disse ele, mirando seus olhos avelã até mim.

Seus olhos.

Foi a primeira coisa nele pela qual me apaixonei.

Concordo com a cabeça, apertando minhas mãos com afinco em torno do seu corpo, procurando não só segurança e conforto, mas acima de tudo procurando deixa-lo confiante, tentar passar para ele que eu era tão forte quanto e que não estava apavorado, o que era a mais pura encenação.

Eu nunca seria como ele. Nem em um milhão de anos.

- Eu preciso que se concentre em mim. – pede pressionando meu corpo com o seu contra a grade, tomando meu queixo com o polegar gélido.

- Por que não está de salva vidas? Por que não? – repito com um leve desespero, esfregando minhas mãos pelo seu corpo.

- Porque eu não preciso. Eu sou um ótimo nadador.

Sei que ele mente. Apenas concordo com a cabeça, me agarrando nesse pequeno fio de esperança que ele insiste em jogar para mim.

Estou tão apavorado e em choque, que meus olhos se perdem para cenas paralelas acontecendo ao nosso redor. Um senhor rechonchudo, com vestes de cozinheiro tenta se equilibrar na grade, como nós. Ao lado dele um pai aperta sua filinha ruiva, beijando o topo de sua cabeça, igualmente prometendo que tudo ficará bem. Sinto meu rosto molhar, são lágrimas descendo pelos meus olhos, incapazes de sorver e filtrar toda essa desgraça acontecendo.

- Você não está prestando atenção em mim. – ele insiste, depositando um pequeno beijo em meus lábios frios – O que vai acontecer agora é muito importante. Temos apenas mais alguns minutos.

- Sim... – devolvo ofegante, prestando atenção nele.

- Quando o navio for a pico, toda força e potencia dele vai sugar a água para baixo e tudo que estiver a sua volta. Temos que bater os braços e as pernas o mais rápido possível para cima, sem nos separarmos. Quando alcançarmos a superfície, temos que nos afastar da multidão, tenho certeza que alguns darão suas vidas por esse seu colete.

Concordo com a cabeça, assustado com o barulho alto que faz o contato do metal com o mar, estalando e provavelmente retorcendo tudo abaixo dos nossos pés. Até que me ocorre uma coisa, tão apropriada, que sou incapaz de disfarçar meu olhar.

- Não me olhe assim... – pede ele.

- Desculpe, é que... Eu... – ofego alto, notando o encurtamento da distância da onde estamos e a boca gigantesca do mar, engolindo o navio, nos dando agora apenas segundos ainda na superfície. – Eu me lembrei de algo importante... – sussurro fechando os olhos, tragando seu cheiro característico, um entorpecente natural para garotos como eu. Abro-os em seguida, fitando seu rosto beirando a perfeição.

- O que foi, meu pequeno?

Ele em momento algum desvia o olhar de mim ou se deixa abalar pelo naufrágio.

- Foi exatamente aqui que demos nosso primeiro beijo. – digo roçando meus lábios nos seus, ignorando qualquer olhar penetrante para nossa cena. Na verdade não foi um beijo, beijo, como naquele final de tarde, foi ao deixar seu corpo cair sobre o meu e resvalar seus lábios sem querer na minha boca após me salvar da minha tentativa ridícula de suicídio.

- Eu sei. É por isso que te trouxe para cá, para poder beijá-lo novamente, como se fosse a primeira vez.

Da sua boca sinto um toque cálido, bem diferente da minha. Calmo e sutil, o mundo pode estar desmoronando sobre sua cabeça, mas sei que ele fará tudo o possível para nunca me passar medo. Nossas bocas se separam e só aí ele desvia o olhar para baixo, constatando que o derradeiro momento chegou.

- Está preparado?

Nunca estaria, mas com ele do meu lado enfrento qualquer adversidade.

- Respire fundo comigo! – pede quase gritando a medida que o som do mar fica mais alto e as gotas furiosas já alcançam nossas vestes. – UM! – ele conta a primeira arfada. – DOIS! – seu corpo agarra o meu com força e eu mais uma vez respiro fundo. -  TRÊS! – ele nos impulsiona para cima, lutando contra a violência que a água escura nos traga para baixo, junto com o sepulcro do navio.

Tudo fica escuro, frio e turvo. Nossos corpos giram pelo mar, ao qual lutamos desesperadamente para voltar a superfície. Suas mãos estão aos poucos escapando das minhas e por mais que tente me concentrar em nadar, bater pernas para cima, dosar o oxigênio e tentar segurá-lo, tudo parece inútil quando me dou conta de que não disse a ele a coisa mais importante que descobri.

Eu o amo.

Eu o amo de verdade.

Não sei quem ele realmente é. Não sei o que ele tem a me oferecer. Não sei detalhes sobre sua família e seus amigos, nem quais suas perspectivas de vida. A única coisa que sei é que esse homem um pouco mais velho que eu me tratou melhor, com mais amor e carinho do que meu pai vinha me tratando em toda sua existência. Ele me fez enxergar um novo mundo de possibilidades infinitas e em todas elas eu vejo ele, o dono dos olhos castanhos e meu coração, dono do meu sorriso e minha alegrias em tempos de tormenta. Antes dele surgir eu nem sabia que era capaz de sorrir sem motivo. A culpa foi daquele sussurro que meu coração deu quando o vi pela primeira vez. Ele disse: “esse é o escolhido” e fui incapaz de resistir ao sopro que ele propagou em mim.

E eu não posso morrer sem dizer para ele o quanto o quero, o quanto o desejo e o quanto o amo.

Eu decido lutar.

Decido que não será aqui que nossas vidas vão esvaecer, já que enfim vejo uma luz do fim do túnel e me agarro a ela e ao pequeno fio de esperança que ele entregou a mim ao me salvar.

Não será sobre essas águas escuras e sombrias que meu coração padecerá, o gelo dela nunca irá apagar a chama que tenho em mim, pois foi aqui, no coração do oceano, que ele me ensinou a amar. E o seu amor eu quero para sempre, curte o que custar.

Atinjo a superfície, arfando fundo, batendo as pernas num movimento incansável, tentando aquecer meu corpo. Tommy tinha razão, estar exposto nessa água gélida do oceano é como se mil facas estivessem perfurando meu corpo. Minha carne dói, sofre com a baixíssima temperatura da água e ao rodar minha cabeça para os lados, percebo que não encontro meu amor.

- TOMMY! – grito espichando meu pescoço, mas tudo que vejo são pessoas amontoadas sobre pessoas, tentando sobreviver. – TOMMY! – urro novamente, rodando para todos os lados.

Sou tomado por um leve desespero.

Se encontro-me vivo, devo tudo isso ao moreno dono do meu coração e, ao notar que estou sozinho no meio do Atlântico, sem sua proteção e sua companhia, faz com que me sinta pequeno e perdido, como era antes dele aparecer na minha vida.

Insisto mais uma vez.

- TOMMY! TOMMY! ONDE ESTÁ VOCÊ?

Travo um monólogo, tentando fazer com que minha voz se sobressaia aos gritos das pessoas ao mar. Sou pego de surpresa por duas mãos grossas empurrando meu corpo para baixo, tentando me afogar. Tentando não, o ser está me afogando.

Luto para manter-me na superfície, dando golfadas desesperadas de ar, no entanto a cada tentativa de me livrar do ser, acabo sendo empurrado mais e mais para baixo. Poderia ser impressão minha, mas eu tenho certeza de que ele está tentando me usar de boia e logo arrancará meu salva-vidas.

- TIRE AS SUAS MÃOS DELE!

Escuto uma voz abafada e ao cavar a água até a superfície, dou de cara com Tommy esmurrando a face da pessoa que tentava me afogar.

- SEU CRETINO! – O’Brien continua a bater na face do homem, apagando ele com seus ganchos de direita.

- Tommy, chega, solte ele! – peço nadando até os dois, segurando o punho raivoso do moreno.

- Você está bem? – está desesperado, me revirando de cabo a rabo.

- Estou, só engoli um pouco de água salgada. Vou sobreviver... – tento parecer otimista.

- Perfeito! Vamos nos afastar dessas pessoas.

Meu pulso é envolto pelo seu e então passo a nadar para longe dos passageiros. Faço uma força desacerbada para me mover, estou tremendo inteiro e não sinto meus braços e pernas. Quando mais tento sair do lugar, mais parece que há mil toneladas me puxando para baixo.

- Nade, Newtie, você precisa nadar. – Tommy diz preocupado, se esforçando para me puxar.

- A água está tão fria... – murmuro com dificuldade.

- Continue tentando, meu pequeno, vamos, falta pouco.

Por sorte o mar não está agitado e não há sinais de uma tempestade. Fico me perguntando se as condições climáticas fossem o contrário, quanto tempo mais duraríamos nessa guerra inútil.

- Aqui, olhe! – Thomas aponta para um enorme pedaço de madeira, boiando um pouco mais a frente.

Já não consigo processar nem metade do que ele diz, meu cérebro está entrando em parafuso e sei que falta pouco para o mesmo acontecer com o restante do meu corpo. Eu nunca passei fome ou frio em toda minha vida, isso faz com que minhas chances de sobreviver a um evento como esse caiam drasticamente a quase zero. Olhando agora para Thomas, vendo o quanto ele ainda está firme e forte lutando por nós dois, me faz pensar em todas as dificuldades que ele teve na vida e como essas adversidades transformaram ele no homem que é . Thomas é um guerreiro, uma espécie de líder e eu o seguirei para qualquer lugar, especialmente se sobreviver a isto.

- Vamos, Newt, suba!

Tommy arrasta meu corpo e me ajuda a subir no pedaço de madeira. Ele está instável, balançando a cada movimento que tento sobre ele.

- Força, Newtie, você consegue!

Ele agarra minha cintura e iça meu corpo, praticamente me jogando sobre o destroço.

- Vem, Tommy, tem espaço aqui pra você! – digo chegando para o lado.

Thomas flexiona os braços sobre a madeira e ela rapidamente afunda com seu peso. Ele bufa, me encarando.

- Ela irá afundar com nós dois.

- Tente novamente, por favor. Você cabe aqui. – imploro ajudando ele a subir.

Eu sei que se ele continuar na água, suas chances d vida serão reduzidas a zero e seu corpo logo entrará em estado de hipotermia. Mais uma vez Thomas tenta subir, quase me derrubando de volta ao mar.

- Desculpe, Newtie, não consigo subir sem derrubar você.

- Tente novamente! – rosno firme, segurando seu rosto. – Tente novamente! Tente novamente! Tente novamente! – insisto já chorando, eu não posso perde-lo.

- Acalme-se, pequeno. Logo os botes virão nos buscar! – ele tenta me enganar.

- MENTIRA! – grito com ele, mostrando que não sou tão burro assim – Ou você sobe aqui agora, ou eu me jogo no mar com você. – ameaço.

Seus olhos castanhos estão cansados, no entanto parece que minhas palavras surtem efeito nele. Uma última vez O’Brien força a estrutura de madeira para baixo e tenta subir, jogando seu corpo sobre o meu.

- Viu! – sorrio ao sentir o peso do seu corpo acima de mim. – Eu falei que cabiam dois.

- Tente não se mexer muito. – ele pede enfiando a cabeça úmida entre minha clavícula.

Alguns minutos se passam, fico imóvel com o moreno sobre mim, tentando me aquecer, mas é tudo em vão. Estamos encharcados e ainda há um bocado de água beijando nossos corpos sobre a tábua. Meu corpo volta a tremer todinho, padecendo de frio.

- Vamos tentar inverter as posições, Newtie, você está em contato direto com a água, isso não é bom.

- Mas ai quem ficará em contato com ela é você. – protesto.

- Vamos revezar, está bem?

Concordo com a cabeça.

Thomas me abraça com força e sutilmente começa a mexer os nossos corpos para a direita, tentando ficar com baixo de mim. O destroço balança forte e quase nos derruba novamente no oceano, no entanto O’Brien é mais rápido e consegue reverter a situação, mantendo-se agora abaixo de mim, sem soltar meu tronco.

Tenciono meus cotovelos sobre seu peito, erguendo a minha face, admirando toda sua beleza pra mim.

- O que foi? – ele murmura entre os lábios roxos de frio.

- Eu te amo, Tommy. – finalmente entrego a ele a mais pura verdade que conheço.

- Hey! – ele segura meu queixo e brinca com meus lábios entre seus dedos congelantes – Nade de despedida, ok?

- Eu estou com tanto medo e com tanto frio... – meu queixo bate involuntariamente, sacudindo nós dois.

- Olha só, me escuta. – Tommy sorri ao suspirar fundo – Você terá uma vida linda pela frente. Você vai viver, Newtie, terá uma família com um monte de filhos e vai vê-los crescer. Você vai morrer bem velhinho, quentinho e confortável na cama e não aqui, agora, esta noite. Não esta noite, meu pequeno, você está entendendo?

- Não sinto mais meu corpo... – gemo movendo com dificuldade meus lábios, temendo que minha hora tenha me alcançado.

- Eu preciso te dizer uma coisa...

Apesar de fraco e lento, meu coração pulsa com suas palavras, volto a erguer com dificuldade meu rosto, até então escondido no seu peito.

- Ganhar a passagem foi a melhor coisa que já me aconteceu, porque me trouxe até você. Fico grato por isso, Newtie. – Tommy me beija, arquejando – Você precisa prometer que vai sobreviver, que não vai desistir, não importa o que aconteça, por mais desesperador que seja. Prometa isso agora, Newt.

- Eu prometo, Tommy.

- Nunca desista! – insiste.

- Nunca vou desistir. Eu não vou desistir. – reafirmo, voltando a abraça-lo com toda minha força.

Ficamos a deriva por um bom tempo e conforme os minutos iam se passando, transformando-se em uma hora, os sons a nossa voltam foram diminuindo e alguns corpos começaram a boiar perto de nós. Existem vinte botes salva-vidas na água, e até agora nenhum voltou para nos buscar ou procurar sobreviventes, acho que eles nem cogitaram isso.

- Tommy... – sussurro seu nome.

- Hm...? – ele responde alguns segundos depois, com tanta dificuldade quanto eu.

- Quando sairmos daqui, quero comer muito bacon. – digo com a barriga roncando de fome.

- Bacon é bom, mas ainda sim prefiro você! – profere rindo fraquinho.

- Eu estou com sono... – chio arrastado, tendo dificuldade até para engolir uma mísera saliva.

- Não feche os olhos, Newtie, você prometeu que ia sobreviver.

- Eu estou com muito sono, Tommy.

- Hey, olhe pra mim! – meu estado quase moribundo desperta ao sentir a mão dele passear pelos meus cabelos – Você tem gelo nos cabelos, parece um bonequinho de neve.

- E você tem gelo saindo do nariz, parece minha tia Ava escarrando. – respondo espirituosamente, fazendo nós dois rir no meio da desgraça.

- Você ouviu isso? – ele pergunta calando minha boca com a mão.

Espalmo minhas mãos em seu peito, erguendo o corpo. Lá no fundo, com muita dificuldade, enxergo uma luz.

- Parece um bote. – digo baixinho, minha voz parece ter sumido.

- Precisamos chama-los.

Tanto ele quanto eu passamos a gritar, no entanto o bote estava longe e nossas vozes enjauladas dentro de nossos peitos. Tudo era em vão, qualquer esforço nosso nunca surtiria efeito.

- Desculpe, pequeno, eu não consigo. – ele pende a cabeça de volta para trás, exausto demais para lutar.

É nesse instante em que uma chama se ascende dentro de mim, proporcionando um último resquício de força, decido que irei lutar por nós dois. Rapidamente giro meu corpo e caio de volta na água, assustando-o.

- O que pensa que está fazendo? Volte aqui, você vai morrer congelado! – ralha comigo, trôpego de sono.

- Eu prometi, Tommy. Prometi que jamais desistira.

Dou as costas para ele e passo a nadar com dificuldade, tentando me aproximar do bote. A cada braçada sou surpreendido pela magnitude de horrores a minha volta. São corpos e mais corpos congelados, boiando sobre o Atlântico. Meu peito dói e sinto que vou fraquejar com a morte tão perto de mim quase me tocando, porém não me deixo abalar.

Olho para os lados procurando por algo que faça barulho, desesperado quando o bote de afasta ainda mais da onde estou. Encontro o corpo de um oficial e preso a sua veste noto um apito, que pego para mim e passo a assoprar com rajadas vigorosas. Os primeiros sons saem fracos, como meu estado debilitado. Insisto em assoprá-lo, agora sim produzindo um apito alto, captando a atenção da pequena embarcação. Quando o oficial aponta a luz na minha direção, balanço um dos braços, garantindo que ele me veja. Aguardo um minuto que se transforma numa eternidade, a todo segundo volto minha cabeça para trás, para ter certeza de que Thomas ainda está no mesmo lugar.

- Meu Deus, isso é um milagre, filho! – o oficial diz estirando um dos remos para me puxar.

Assim que agarro a madeira ele me trás mais para perto do bote, até que seguro na borda e ele, com a ajuda de mais um passageiro içam meu corpo para dentro da superfície seca. Meu queixo produz baques violentos, chocando dente contra dente, de tanto frio que tenho.

- Tome, enrole-se nesse cobertor. – um rapaz me entrega a peça, já colocando-a sobre meus ombros.

- Precisamos voltar até ali, tem mais uma pessoa com vida. – aponto até o local onde estava até agora a pouco com Tommy.

- Certo, vamos remar até lá.

O oficial toma o comando de uma das pás e rema com a ajuda do outro rapaz. Só então percebo que tem mais duas pessoas no bote, também resgatadas da água gélida do oceano. Uma garota novinha e um senhor que deve ter a idade de meu pai.

- Onde exatamente, filho? – o oficial pergunta, tentando desviar dos corpos pelo caminho.

- Ali, sobre aquele destroço. – aponto para o corpo de Thomas sobre a madeira.

Eu estou quase roubando o remo dele e indo mais rápido que este cágado lerdo e irritante, mas sou forçado a aguardar paciente. Aos poucos o bote chega até Thomas e o oficial tenta puxar o destroço para perto de nós.

- Ei, rapaz, tente agarrar o remo. – pede o oficial, esticando a madeira cumprida até Tommy, no entanto o moreno não se mexe. – Como é o nome dele? – volta sua cabeça para trás, indagando para mim.

- Thomas!

- Ei, Thomas, tente agarrar o remo, filho, assim trazemos você mais para perto da embarcação.

Um silêncio consome a cena, eu mal consigo enxergar dez palmos a frente, de tão escuro que está o oceano. Impaciente, roubo a lanterna das mãos do rapaz que o está ajudando e miro o feixe de luz diretamente sobre O’Brien.

Solto a lanterna no bote no segundo em que vejo sua face imóvel e salto novamente para a água, nadando até o moreno.

- Ei, garoto, você vai morrer! – o oficial grita, mas não estou nem ai para suas palavras, eu só preciso chegar até meu amor.

Com o corpo já mais aquecido, nado com rapidez até ele. Alcanço o destroço e faço força para, mas desisto assim que a madeira ameaça virar. Ergo então os braços e toco o rosto de Tommy, chamando-o.

- Tommy, por favor, não faça isso comigo... – murmuro girando sua face até a minha.

Thomas está gelado, tem os lábios quase azuis, bolsas arroxeadas abaixo dos olhos e seus cabelos e sua sobrancelha estão repletos de gelo. Insisto mais uma vez. Eu não quero aceitar isso. Eu não vou aceitar isso. Não depois de tudo que ele fez por mim e depois do que vivemos nesse navio que agora caminha lentamente para o fundo do oceano.

- Tommy, acorde! Por favor, por favor, por favor. – rezo e deixo as lágrimas lavarem meu rosto.

- Hm? – ele devolve fraquinho, engolindo sua saliva com dificuldade.

- AQUI, RÁPIDO, ME AJUDEM! – peço ao oficial do bote, que cola ainda mais a pequena embarcação. – Tommy, você pode se molhar um pouquinho, mas prometo que vai passar. – digo ao pegar os pés dele e o homem o tronco.

- No três, filho. Um, dois, três.

Ele conta e forçamos o corpo de Thomas até o bote. Com a ajuda dos outros passageiros, mesmo cansados, içamos O’Brien até a parte interna do bote. Rapidamente o oficial tira metade da roupa molhada dele, enrolando seu corpo em um cobertor. Vejo que os sobreviventes fazem uma roda em torno dele, tentando aquecê-lo. A última ação a ser feita é me tirar do mar, eu não ligo, estou bem e preciso que Thomas fique bem também.

Logo que subo procuro aconchegar meu corpo ao seu, repousando sua cabeça cansada em meu colo.

- Aguente firme, Tommy, sairemos daqui juntos.

- Juntos... – murmura batendo o queixo de frio.


Notas Finais


Amores, não revisei. Me desculpem por qq erro. :)
BjinXX


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