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História The Heart of the Ocean - Newtmas - The bet


Escrita por: LadyNewt

Notas do Autor


L o v e r s,

Vamos conhecer outra pessoas especial em T.H.O.T.O?
Obrigada pelos novos followers! <3

B o a L e i t u r a!
LadyNewt
Muah!

Capítulo 3 - The bet


Fanfic / Fanfiction The Heart of the Ocean - Newtmas - The bet

Southampton,  HEMPSHIRE

UK

09 de Abril de 1912

23h13min

 

TOMMY

 

- Aposto o que você quiser que aquele cavalheiro não consegue. – sibilo para meu melhor amigo, virando minha quinta caneca de cerveja gelada.

- O que eu quiser? – ele questiona estreitando ainda mais seus olhos puxados na minha direção.

- É, Minho, o que você quiser! – confirmo minha oferta, sorrindo.

- Tom, você não tem dinheiro, quanto mais vergonha nessa cara, o que pode me oferecer em troca de aquele senhor conseguir beijar a cortesã sem ter que desembolsar 15 libras por isso?

- Uh... – gemo para ele, arrotando – Você podia ser um pouquinho mais espirituoso.

Reviro meus olhos, ainda prestando minha total atenção na cena do homem de cinquenta anos, barrigudo e dono de um bigode terrível cortejar a garota de vestido vermelho e salto boneca, cabelos na altura dos seios e um sorriso encantador, se não fosse a falta de um dente da frente.

- Viu! Eu falei pra você! – cutuco Minho no instante em que a cortesã dá as costas para o velho e segue para outra mesa, sem beijá-lo.

- Você parece muito entendido do assunto, O’Brien!

Giro meu corpo na banqueta redonda do bar, dando de cara com Zart, o cretino que me tira o sono desde que vim parar em Southempton atrás de um serviço decente, que não seja levantar peso, carregar coisas, construir coisas, sujar minhas mãos, ficar exposto no sol, ter que limpar privadas, recolher a sujeira dos outros, acordar cedo, sair depois das dezessete horas, trabalhar aos sábados e domingos, enfim, como todos a minha volta notam, trabalho é algo extremamente difícil de se conseguir para alguém como eu, por isso estou desempregado desde que terminamos de montar o transatlântico que parte amanhã.

“Terminamos” é empregado no plural apenas para me sentir parte de algo nessa vida, sendo que quem realmente trabalhou no projeto, dando seu sangue e alma foi Minho, tanto que o sortudo até ganhou uma passagem na terceira classe para desfrutar de toda a pompa que deve ser dormir ao lado de crianças remelentas, barulhentas e pulguentas, com seus pais tão ou mais afetados que o imbecil do meu ex chefe Zart.

- Quer apostar? – desafio o loiro. Loiro não, o praticamente albino.

- Se eu ganhar, o que vai me oferecer O’Brien? Todos aqui sabemos que você está na sarjeta e me pergunto como vai viver sem seu amigo Minho para bancar as suas contas e fingir que é a sua mãe.

Poderia facilmente engolir a seco e ficar calado, o que não me apetece. Não sou desses que levam desaforo para casa, até porque eu não tenho casa! Poderia também revidar com um murro bem dado no meio da boca desse infeliz, derrubando ele no chão e quebrando todos os seus dentes, mas tenho certeza que ele me cobraria a conta do dentista, que provavelmente pagaria vendendo meu corpo, já que tenho apenas quinze libras no meu bolso.

Eu então apenas dou risada, educado como nunca fui e como minha falecida mãezinha gostaria que eu fosse. Sei que ela está em algum lugar lá no céu me encarando e balançando sua cabeça notoriamente, orgulhosa de mim.

- Escolha o que quiser! – lanço descendo da banqueta, quase, só quase peitando ele.

- Tentador, O’Brien... – ele lambe os beiços de forma repugnante e tenho a certeza de que vai pedir por um boquete mais tarde.

- Se eu ganhar, você me coloca dentro do navio amanhã junto com Minho! – o encaro com um riso sacana no rosto, recebendo um silvo do asiático, acho que chocado com o que quero barganhar.

- FEITO! – Zart dá um aperto de mão firme, rindo como o diabo.

Só então é que percebo que aceitei uma aposta e sequer faço ideia do que tenho que fazer. Assustador? Não para Thomas O’Brien. Aos sete, fugi de casa. Duas horas depois voltei correndo para a barra da saia da minha mãe, porque tinha medo de trovão e chovia muito naquela noite. Repeti a dose com nove, dessa vez a culpa foi do meu padrasto, que batia em mim. Mamãe expulsou ele, conseguindo com que voltasse novamente para ela. Aos treze cometi meu primeiro crime e não me orgulho disso, eu apenas furtei um remédio para ela, que estava com tuberculose.

Nos mudamos no ano seguinte, atrás de tratamento para sua doença, o que deu muito errado, já que gastamos todo o seu dinheiro com hospital e um médico indiano que nada sabia sobre seu estado tísico. Ela faleceu quando eu tinha quinze, largando-me sozinho no mundo, até o Sr. Lee, um fazedor de macarrão chinês me encontrar sujo e sem rumo na rua, oferecendo-me um trabalho no seu pequeno restaurante familiar. Foi ai que conheci Minho, filho único do Sr. Lee. Desde então não nos soltamos mais já faz oito anos.

- Eu aposto que você não vai conseguir beijar aquela mulher ali no canto da mesa, próximo ao palco.

Ergo meu pescoço até onde a tal vitima está, deve ser tudo tão fácil quando a cortesã de agora a pouco. Não querendo me gabar, mas tenho um rosto bonitinho, um corpo convidativo e se não fosse completamente atraído por homens, eu seria o maior destruidor de corações da Inglaterra.

Mais uma espiada na mulher e meus olhos custam a acreditar no que vejo. Ela é linda, de fato. Ostenta um vestido único na cor bordô e algumas pedrarias brilhantes no colo, deixando seu peito ainda mais farto. Ganharia na certa, se não fosse pelo fato dela estar acompanhada de um homem com pinta de mafioso italiano, ou algum parente distante de Jack, the Ripper.

- Ela está acompanhada, Zart! – volvo um pouco preocupado.

- Eu não estou nem ai, O’Brien! Ou isso, ou você vai trabalhar de graça pra mim por três meses na mina em Nottingham.

Molho excessivamente os lábios, pensando no que pode ser pior: aguentar Zart por mais três meses mandando em mim como se fosse meu dono, sem receber um tostão pelo meu esforço, ou levar um tiro do homem que mantém a loira em seu colo, como um troféu para perdedores como ele.

Não há nem o que contestar. Meus pés movem-se obviamente na direção da loira. Antes levar um tiro do que ter que conviver com meu ex chefe, assim penso, porque ao menos cuido do ferimento a bordo do transatlântico, tomando uma soda italiana ao escapulir para a primeira classe.

Faço minha aproximação de forma nada sutil, roubando quatro laranjas sobre o balcão do bar. Caminho até a mesa imponente do homem, iniciando algo até então inútil que aprendi há quatro anos atrás, quando cismei que devia fazer ser parte integrante do formidable circo Di Napole. Não durei um mês com eles na estrada, mas ao menos o malabarista me ensinou alguns truques.

Jogo as quatro laranjas para o ar, brincando com elas em minha mão enquanto chego cada vez mais perto do casal. O homem solta um bocejo para meu notório esforço, mas a loira me encara divertida, acertando seu corpo no colo do velho.

Paro na frente deles encostando minha coxa na mesa, ainda concentrado em equilibrar as quatro frutas e manter meu nível intermediário de malabarismo. Fábio, o italiano que me ensinou o truque, faz isso com oito, veja bem, eu disse oito bolinhas.

Assim que o homem esboça a mínima reação em me cortar, jogo uma, duas, três e por fim a última laranja contra o bar, agora sim desviando o olhar do cretino até a cena das frutas se espatifando entre as garrafas de bebidas e copos nas prateleiras. Seu pescoço a noventa graus para longe da loira é a chave para saltar sobre mesa e arrancar um selinho estalado dela, correndo para fora do bar em seguida, porque 1) o velho viu o que fiz, 2) ele provavelmente tem uma arma e 3) se ele não a tem, Harry, o dono do bar com certeza já sacou sua espingarda e está correndo atrás de mim para cobrar o estrago que fiz.

Arrebento a porta antiga, estilo velho oeste e lanço meu corpo pela rua de paralelepípedo, tropicando a cada pedra fora do lugar durante minha corrida desenfreada pela vida. Direita, esquerda, beco, salão do Mark, direita, direita, delegacia, esquerda, beco do alemão, antigo galpão de estocagem de materiais do senhor Andrews, local onde Minho provavelmente vai me achar daqui a meia hora, assim que a fumaça que propaguei lá embaixo se dissipe.

Varo o alambrado, me escondendo entre containers e maquinário pesado, recuperando meu folego. Quase cinquenta minutos depois o asiático me encontra, faz cara feia e revela que Zart está com ele, obrigando nosso antigo chefe a pagar a dívida.

- O que eu faço com você, Tom? – Minho resmunga, fingindo que está bravo.

- Eu apenas cumpri com a minha missão, agora Zart terá que me colocar para dentro do navio. – digo encarando o albino.

- Aquele beijo foi muito mixuruca. Não conta! – o cretino tenta se esquivar do cumprimento da nossa aposta.

- Desculpe-me Zart, mas você não especificou se era selinho, beijo, beijo de casados a mais de três décadas ou salada mista.

- Salada mista? – o loiro franze a testa, confuso.

- É, Zart, salada mista, aquele tipo de beijo que você enfia a sua língua até o fundo da garganta da pessoa, querendo traga-la para dentro de si. – fito a reação dele.

- Tanto faz, Thomas. Não valeu.

- Qual é Zart? Valeu sim! – protesto – Se quiser eu volto lá e beijo ela de novo, só que dessa vez quero ir de primeira classe! – lanço rindo, já me colocando na frente do alambrado, pronto para voltar ao lugar.

- NÃO! – ele grita, desconcertado – Eu aceito aquilo como um beijo.

- Muito bem! – estalo a língua, estendendo a minha mão – Quero meu ticket para o Paraíso ao lado do meu melhor amigo. – pisco convencido, aguardando o tão esperando momento.

Zart leva a mão direita até o bolso posterior da sua calça, procurando pelo que me deve e assim que o retira, meu coração dispara. Ele deposita o ticket na minha mão, dando as costas e praguejando algo por ter perdido para mim. Enquanto se afasta, sinto o pesar daquilo na minha palma; o papel com textura, as letras em dourado, um destino desconhecido me aguardando do outro lado do oceano e eu louquinho para conhecer a América de graça.

- Quem diria que você ia conseguir viajar comigo, Tom! – Minho está tão descrente quanto eu.

Foram quase dois anos que eu e ele nos dedicamos a construção daquele navio juntamente com a equipe do Sr. Andrews. Passei noites em claro acertando rebites, carregando imensas placas de ferro, sujando minhas mãos de graxa, polindo o piso de madeira da terceira classe, fixando o corrimão, as grades e as portas do local, apenas admirando algo que nunca teria, pois morre aqui na minha mão 230 libras por alguns dias de viagem junto com os iguais a mim.

- Você deveria vender esse ticket, Tom... – a voz de Minho é um pouco melancólica.

Por um lado ele tem razão. Quando que eu conseguiria juntar 230 libras nessa vida? Com esse dinheiro conseguiria viver uns bons meses na pensão do Sr. Dempsei, ela não tem conforto algum, mas tem uma cama, uma ducha quente, toalhas limpas e isso para homens como eu, basta. Mas por outro lado, é a América que me espera, babe. Eles tem progresso, novas oportunidades de emprego e crescimento, além de ser uma chance totalmente nova de me arriscar e começar uma vida diferente desse droga que enfrento desde que minha mãe se foi.

Olho mais uma vez para o bilhete, mordendo meus lábios. Levanto então meus olhos até o leste, direção do porto, local onde o transatlântico está atracado desde que finalizamos os últimos detalhes em meados de 20 de Março. Lembro-me como se fosse hoje a primeira vez que cheguei perto dele, tão grande e soberano, sendo estruturado rente a doca seis do porto de Southampton. Ele era um enorme casco vazio, oco, sem nenhum equipamento ou instalação interna, foi quando ocorreu seu lançamento no mar, no dia do aniversário de Minho. Naquela data, mais de cem mil pessoas estavam presentes para testemunhar o feito, como funcionários do estaleiro, seus familiares, moradores da região e algumas personalidades vindas diretamente de Londres.

Foram precisos mais de vinte toneladas de sebo, óleo, graxa e sabão, passados por todas as cunhas que mantinham ele estável, para que finalmente escorregasse de seu pórtico para a água. Foi só aí que iniciamos o processo de equipagem dele, contando com a ajuda de mais de três mil profissionais entre eletricistas, mecânicos, encanadores, carpinteiros, pintores, decoradores e muito mais. No começo carreguei muitas trabalhas para cima e para baixo daquele lugar, mas mantinham-me sempre na segunda ou terceira classe, cuidando de tudo. Os trabalhadores com algum diploma eram encarregados da primeira classe, lógico. Nove meses depois tudo estava pronto, e eu nem acredito que tenho um ingresso dele em mãos.

- Não posso Minho. – viro meus olhos avelã para meu melhor amigo, sorrindo. – Eu preciso embarcar nele amanhã.

- Tem certeza? – certifica-se mais uma vez, sempre preocupado comigo.

- Eu não tenho nada a perder, tenho? Tudo que preciso estará comigo: meu corpo, meu charme e você! – pisco atrevidamente, arrancando um riso divertido dele.

- Está certo, Tom. Eu tinha certeza de que não perderia isso por nada.

Suspiro fundo, encarando o céu estrelado.

- Exatamente, Minho. Eu seria maluco se perdesse a viagem inaugural do Titanic. 


Notas Finais


Isso, Tommy! Embarca logo nesse TITANIC e vai logo salvar no Newt pelo amor de Deus, meu filho!


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