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História The Hybrid - Passado Sombrio


Escrita por: EstrabaoJwregui

Notas do Autor


Oi oi gente!

Capítulo 34 - Passado Sombrio


Lauren POV.

 

Camila parecia uma máquina que atraia maus presságios. Desde que a conheci minha vida virou de cabeça para baixo, completamente. Primeiro salvei-a de Marcus, depois descobri aquilo tudo sobre ela, ocasionando na morte de Marcus por ser um idiota e tentar tirá-la de mim. E os problemas não acabaram por ai, o surgimento de Cassandra que nos primeiros momentos parecia aliada, mas nada mais era que um “cavalo de Tróia”.

Demi também tentou e creio que ainda está atrás do objetivo de me derrubar e acabar com Camila, ela sempre foi muito ciumenta com relação a quem eu me envolvia.

Outro e não menos importante, o que eu mais temia se voltar contra mim era meu querido avô, Richard se mostrou sem coração no começo e por culpa dele um clã acabou sendo eliminado por nós, os Jauregui. O que leva a qualquer clã inimigo querer minha cabeça numa bandeja de prata, normal.

E como se já não bastasse todo essa épica jornada, eu me apaixonei por quem eu devia apenas proteger, mas quem consegue não gostar de Camila… bem, é Camila Cabello! A única híbrida além de mim a viver nesse século. O quão louco isso era. Lembro-me de quando era pequena e minha mãe lia para mim, falava que de tempos em tempos só haveria um ser, com poder de acabar com qualquer criatura, só um de nós os híbridos. Mas isso é outra história.

Agora por causa de uma garotinha estou prestes a cometer mais um assassinato. Para mim não é grande coisa, mas eu passei a me importar com o que Camila pensa sobre mim. Então eu investiguei, usei meus meios, minha influência e talvez intimidação e agora estou, junto de Camila, em um orfanato abandonado, óbvio que desde o momento que Cassandra falou o endereço eu sabia do que se tratava; uma emboscada talvez, tentativa de me deletar – como era seu plano inicial – e tomar o poder e fazer sabe-se lá o que.

Porque as pessoas são tão cegas por poder? Isso não leva a nada a não ser a uma cripta.

 

Graças a Deus, se é que ele existe, Camila me obedeceu quando entramos na casa. Tudo estava calmo e tranquilo até uma certa mulher surgir atrás de nós.

 

— Porque esses esforços para não fazer barulho? Você sempre foi uma criança barulhenta, Camila. — senti Camila ficar tensa.

— Olá, Mãe. — Camila estava mais fria do que eu esperava. — Lauren verifique o andar de cima, preciso ter uma palavrinha com Sinu.

— De jeito nenhum, te trouxe contanto que ficasse comigo, sempre. Sem chance de eu te deixar em perigo — falei e ela me olhou suavemente, ela era determinada e eu sabia que não devia me intrometer em lances de família. Camila tocou meu rosto em um pedido silencioso, nesse momento eu temia mais por Sinu.

 

Camila sabia ser perigosa quando queria, ela não podia se estressar demais, ter emoções demais. Ainda era tudo intenso para ela. Estamos perto da lua cheia e eu espero que ela não tenha influência sobre nós. Duas híbridas a solta em plena lua cheia não seria nada bom.

Respeitei o momento de Camila com sua mãe e subi ao andar de cima, nossa presença já não era segredo e eu sabia o que enfrentaria. Guardei o revólver no coldre e segui para o fim do corredor, onde havia uma única porta fechada.

Abri a porta do quarto e apertei os olhos para olhar lá dentro. A luz do sol refletia em tudo, levei a mão aos olhos sentindo um incômodo, eu detestava como meus olhos eram sensíveis. Assim que meus olhos se acostumaram vi a garotinha no canto da parede, tinha o olhar assustado, e para minha surpresa seus olhos estavam amarelados.

Então eu observei a minha volta e havia dois homens caídos no chão, desacordados. Ela não precisava de um resgate não é?

 

— Agora eu entendo. Você é um bebê lobo. — ela sussurrava um pedido de desculpas e eu tentei mostrar que estava tudo bem. Me aproximei e a peguei no colo. — Vamos, Camila sentiu sua falta.

 

Assim que falei o nome de Camila ela ficou mais ansiosa; a garotinha não era muito de falar mas ela ficava feliz quando citava Camila.

 

— Você sabe porque queriam você? — perguntei. Ela negou com a cabeça. — Espero que não tenha um superpoder…

 

Encontrei Camila sentada no último degrau da escada, com as mãos na cabeça, seu peito subia e descia rapidamente. Acho que a conversa com sua mãe não saiu muito bem. Parei ao seu lado sem dizer nada, e coloquei a pequena no chão. Megan logo correu para abraçá-la e de algum modo aquela cena mexeu comigo. Jesus, estou ficando frouxa demais.

 

— Vamos para casa. — falei saindo na frente, sendo seguida por Camila e a garotinha.

 

Talvez eu esteja ficando louca, talvez a presença constante de Camila realmente me mudou, talvez a garotinha tenha me balançado ao menos um pouco. Mas por um momento imaginei como seria ter uma família com ela. Eu sabia que nunca teríamos uma vida normal onde eu chego do trabalho e a encontro toda sorridente me esperando.

Ela me despertava coisas, sentimentos que jamais senti antes. Camila tem aquele sorriso fácil e olhos que parecem ver através de mim, acabei ficando atraída por ela contra a minha vontade. Vontade essa que não pude manter em segredo por muito tempo, eu preciso dela, preciso sentir seu calor, seu cheiro, seus beijos doces.

Se eu fosse condenada a viver com uma pessoa pela eternidade, gostaria que fosse com Camila. Na verdade tinha que ser com ela, e apenas ela. Seria algo novo abrir meu coração, por completo para ela, seria posto a prova o quão Camila me faz bem. Se algo lhe faz bem não custa nada agarrá-lo com ambas as mãos e jamais soltá-lo não é?

Mas como sempre o rumo das coisas adiavam a minha coragem de dizer a ela tudo que sinto, o sorriso dela não saia da minha mente, o modo como seus olhos castanhos se iluminavam com a luz do sol, o jeito que ela corava quando recebia algum elogio ou me pegava a olhando.

Eu teria que resolver primeiro o problema chamado Cassandra, eu não engoliria suas desculpas, não depois de tramar contra mim e colocando a vida de uma linda garotinha em perigo, ela joga baixo, e percebi que não importa quem seja; ela sempre vai passar por cima. Mas eu não deixaria isso acontecer novamente, daria uma passagem rápida e curta para o outro lado se fosse necessário.

 

Camila Pov.

 

Lauren se mostrou leal, tão prestativa e amorosa. Eu gostava dela assim, eu a amava na verdade. Vamos ser francos, ela desde o início – mesmo com a implicância – fazia algo para me manter a salvo, e me ajudou na minha transição, ensinou o básico para sobrevivência. Creio que se fosse outra pessoa não teria sido tão paciente comigo, que sou tão desastrada as vezes.

E o que ela fez não por mim, mas por Megan foi realmente surpreendente. Creio que ela fez por baixo dos panos, afinal estamos lidando com lobos e vampiros que nos odeiam, Cassandra mais especificamente.

Depois de irmos ao resgate de Megan, Lauren não puxou assunto nenhum comigo. Me deu espaço eu estava com a cabeça latejando depois de encontrar minha mãe, ela estava fria comigo, não parecia a mãe preocupada que me criou. Aparências enganam e eu cai como um patinho.

 

— Vou apresentar uma amiga pra você. O nome dela é Hayley. — ouvi a voz rouca e melodiosa de Lauren, após um banho eu desci e as encontrei na cozinha aparentemente fazendo pizza.

 

Megan estava com as bochechas sujas de farinha, Lauren tinha algumas mechas com o mesmo pó branco. Por um momento achei estar em um sonho onde eu tinha a família perfeita.

 

— O que estão fazendo? — perguntei saindo dos devaneios. Lauren olhou-me e sorriu.

— Massa para Pizza, eu amo massas. Minha nona era italiana e herdei alguns dotes dela. — falou claramente feliz, eu nunca havia visto esse lado de Lauren.

— Não sabia que cozinhava. — falei. Ela me surpreendeu com um selinho nos lábios. Sem medo que Megan visse.

— Não tinha para quem cozinhar. Eu era sozinha, lembra. — afirmei com a cabeça lentamente.

— Você tinha a Hayley. — falei e ela riu.

— Quando eramos próximas ela preferia lasanha. — Megan estava bem ativa, acho que é normal para uma criança lobo, sim eu havia percebido que ela era especial.

 

Após comermos a deliciosa pizza – vale ressaltar – coloquei Megan para dormir no meu quarto; ela aparentava ter entre 5 e 6 anos, ainda não se sabe pois ela não fala muito. Após isso, fui até o quarto de Lauren, precisava falar com ela. Bati suavemente na porta e ouvi um “entre” abafado; abri com cuidado não querendo pegar Lauren após o banho. Por sorte ela já estava vestida.

 

— Podemos conversar? — falei tímida, ficar no mesmo ambiente que ela, com aquele cheiro de lavanda dominando o ar era um pouco instigante.

— Claro. — Apontou para a cama onde me sentei e olhei em volta. Ela sentou do meu lado. — É sobre sua mãe?

— Quando me deixou sozinha com ela… Sinu falou coisas sobre você.

— Sua mãe não me conhece. — falou prontamente.

— Eu sei. Ela me alertou sobre o perigo que você exala; eu não acredito nela, mas eu preciso perguntar. Sobre algo que ela me contou. — Lauren parecia desconfortável.

— Pergunte de uma vez Camila.

— Você matou sua mãe?

 

A pergunta que valia milhões, eu nunca havia me perguntado onde a mãe de Lauren estava, e porque eu nunca a vi, ou porque ela nunca falou dela. Sinu destrinchou o quanto Lauren era má e sem coração, mas nunca nos vimos, ela e Lauren nunca tomaram um café juntas. Como ela saberia? Cassandra poderia ter arrancado algo de Michael, mas a acusação me deixou abalada. Lauren teria coragem? Ela é intimidadora, impulsiva e um tanto perigosa, mas eu custava a acreditar nessa versão da história. Os olhos de Lauren se tornaram escuros, aquele não era um bom assunto e me arrependi de ter perguntado.

O dia foi intenso, salvamos a garotinha, desviamos de mais um plano de Cass e eu acabo com o resto de paz.

 

— Lauren… me desculpe eu… — ela desviou o olhar e parecia pensativa.

 

— Tudo bem, você precisa saber mais sobre meu passado. Apenas me ouça até o fim. — falou suspirando. — Eu tinha apenas cinco anos, quase a idade de Megan, minha infância não foi normal como de qualquer outra criança, eu vivia em casa, sendo treinada no porão ou nos fundos da casa; o clã de Michael era apenas eu, minha mãe, alguns tios e meu avô. Depois veio os amigos de meu pai, eu não gostava deles, olhavam de um jeito diferente para mim e tratavam mal minha mãe. Meus pais, principalmente Clara, minha mãe; tentou esconder a todo custo sobre minha natureza. Pequena e frágil, mas com um poder imenso dentro de mim. Todos temem o que não conhecem, e quando ouviram a palavra híbrida pela primeira vez ficaram assustados. Eu tinha dez anos quando o resto de infância que eu tinha foi arrancada, meu lado vampiro se enfureceu e ocorreu aquilo. Chamam de despertar, eu senti dor, uma queimação forte em cada músculo do meu corpo, meu comportamento mudou completamente, minha força excessiva não me deixava brincar com as outras crianças do vilarejo — ela abaixou a cabeça e respirava pesadamente — Meu avô era o único que havia me preparado, treinei incessantemente, dia após dia, a raiva que eu sentia tinha que ser controlada. Eu estava confusa, batia nas outras crianças por coisas fúteis, aos onze anos descobri ser um monstro. Camila eu me senti um monstro ao atacar um adulto, mais forte que eu aparentemente mas ele sucumbiu a minha. Por minha culpa meus pais tiveram que fugir, porque todos me queriam morta, eu era um perigo até a mim mesma.

— Lauren… sinto muito… — ela levantou a mão pedindo para deixá-la falar.

— Um dia, lobisomens e vampiros estavam nos caçando, a mim. Lembro de correr debaixo da chuva, Michael me puxava pela mão correndo o mais rápido possível, minha mãe estava mais atrás, ela não era tão rápida como nós; ela ficou cada vez mais para trás. Eu quis voltar quando ouvi seu grito, e quando parei e olhei da onde vinha, ela estava no chão com uma estaca fincada em seu peito, eu vi quando um deles arrancou seu coração…

 

Lauren estava desarmada, na minha frente contando algo que nunca contou a ninguém. Eu me sentia péssima; vê-la chorando, ela que é tão forte e me protege sempre, agora precisando ser amparada. Me aproximei dela e sem pensar duas vezes a abracei, ela precisava disso e eu também. Senti o peso das palavras e seu choro baixinho, ela se encolheu em meus braços e me apertou. Passamos alguns minutos assim até ela se recompor ao menos um pouco. Ela se afastou alguns centímetros, passei o polegar limpando uma lágrima que caía. Afaguei seus cabelos e beijei sua testa. Um passado tão escuro em alguém que iluminava minha vida, ela parecia uma criancinha indefesa, seus olhos estavam clarinhos e seu nariz vermelho pelo choro.

 

— Não foi culpa sua. — falei colocando uma mecha atrás da sua orelha.

— Depende de como vê. Sinto que Michael ainda me culpa pelo que aconteceu. Se não fosse por mim ela ainda estaria aqui. Para onde vou eu sou o caos, ela poderia estar viva, entende?

— Você não matou sua mãe. Não se martirize. — ela começou uma onda de choro outra vez. E foi assim até as três da manhã, ela caiu no sono presa a mim. Seu rosto enfiado em meu pescoço. Senti que era minha vez de cuidar dela.

 

E eu cuidaria para ela se aceitar, ela não é um monstro. Monstros comem criancinhas, não as salvam como ela fez. Estava disposta a cuidar de Lauren, fazê-la sorrir porque seu sorriso, sua risada eram a coisa mais lindas do mundo.


Notas Finais


Primeira vez que Lauren chora, tenso meu bolinho :/


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