Lauren POV.
Eu ainda conseguia sentir o cheiro dela na minha pele. Ele se apegou a mim, uma memória que não seria apagava nem em um milhão de anos. Cada parte de mim cantava com a lembrança do toque dela.
Na semana seguinte, eu continuei sendo eu mesma, só que mais romântica como Camila prefere dizer. Eu estava indo bem sendo uma esposa legal e atenciosa, minhas paranoias de ser ataca a qualquer momento diminuíram. A vida estava fluindo normalmente.
Normal de mais para ficar totalmente com a guarda baixa, mas eu não estava.
— Lauren! Para de pensar na Camila nua e me ajuda. — Dinah falou. Estávamos andando pelo centro, eu tinha tempo livre, era folga dela. E Camila havia ido ajudar Hayley em algo.
— Eu não estou pensando na Camila sem roupa. — franzi o cenho e foi impossível não imaginar.
— Agora imaginou. — falou rindo.
— Não sei por que vim com você. — falei a seguindo até uma tenda de crepes.
— Porque você me ama. E quase não andamos juntas, qual é Lauren, te conheço desde que você caiu daquela árvore. — falou levando a mão ao queixo como se estivesse pensando.
— Eu tinha dez anos. — falei. — E eu não caí, pousei em pé.
— Tá, mas vai ter que me aturar. Mani falou que temos que deixar as mulheres se divertirem. — disse saindo sem pagar, tive que pagar em dobro.
— Como é? Camila não disse para onde foi.
— Nossas mulheres querem ficar a sós, o que acha. Uma boate de stripper talvez?
— Nossas? Que eu saiba Camila é só minha.
— Ah! Esqueci que você passou tempo demais tentando se manter viva. Bem, Normani e eu temos uma amizade com benefícios.
Enquanto andávamos notei uma presença próximo a nós, estávamos sendo seguidas. Não falei nada para não assustar Dinah, a cada esquina que virávamos sentia eles mais perto. Faltava apenas uma quadra para chegar a casa de Dinah. Ia deixá-la a salvo e despistar quem quer que fosse.
— Hay disse que existem alguns indisciplinados no seu clã. Quando vai botar moral naquela zona? — Dinah falou e parei de olhar para trás.
— Ela te disse isso? Porque eu não soube de nada. São grandinhos, não bebês vampiros. Não posso largar Camila para virar babá deles.
— Eles podem estar planejando uma rebelião e você nem vai saber de onde veio o tiro. — disse com desdém.
Meu receio era esse, eu não conhecia eles a fundo. Mantinha contato de longe, apenas supervisionando quando algo precisava da minha atenção, o que quase não acontecia já que Hayley e Elliot cuidavam de tudo. Todos sabiam que qualquer traição seria castigado.
Mas com a onda de bons acontecimentos recentes não me deixavam pensar muito nisso.
— Vai ficar em casa? — perguntei assim que paramos em frente a casa de Dinah. Havia deixado meu carro lá e fomos andar pela quadra.
— Sim, estou esperando alguém. — disse disfarçando um sorriso.
— Usem camisinha. — falei indo até meu carro.
— Digo o mesmo cara pálida.
Camila já devia estar em casa, então dirigi para lá. Haviam crianças brincando nas calçadas, e idosos lendo seu jornal. Parei no sinal e mandei uma mensagem para Camila, não vi como aconteceu, mas um forte impacto colidiu contra meu carro. Quando levantei a cabeça vi dois furgões pretos me cercando, meus instintos gritaram que não era nada bom.
Acelerei passando o sinal vermelho, pelo retrovisor vi os dois carros me seguindo. Cortei os carros e entrei em uma rua menos movimentada. Senti uma batida na traseira que fez o carro girar, segurei o volante com força e girei carro completamente. Continuei acelerando com o carro na contramão, eu de costas para o tráfego, de frente para a van. Os vidros pretos me impossibilitaram de ver quem estava dirigindo.
Ladrões?
Me concentrei em desviar dos carros que buzinavam, e quando pude, ajeitei o carro da pista novamente. E foi aí que em um cruzamento uma outra van preta chocou-se com a lateral do meu carro. Bati a testa com força no volante, senti algo quente escorrer pela minha testa. Tudo girou e parou ao atingir algo.
— Droga, Camila adorava esse carro. — falei chutando a porta com força para eu sair. Algumas pessoas me olhavam assustadas o carro estava destruído e eu sai inteira de dentro dele.
Ainda um pouco tonta senti meu corpo ser erguido do chão, um homem forte e alto me pegou com tanta facilidade que notei que ele não era humano.
— Quem são vocês? — ele tapou minha boca com a mão e me levou para trás de uma das vans. Ele me jogou lá dentro e eu avancei para atacá-lo.
Mas algo me atingiu por trás, senti uma forte dor no pescoço antes de desmaiar. E não vi mais nada.
Camila POV.
Lauren avisou que já estava chegando, mas quando passou meia hora fiquei preocupada. Sabia que ela estava com Dinah, o que não dava mais de uma hora até nossa casa.
Hayley ainda estava me fazendo companhia e notou minha preocupação. Ela tinha me ajudado a preparar uma surpresa para Lauren, em uma semana faríamos oito meses de casadas.
— Desse jeito vai quebrar o telefone, fica calma ela já deve estar chegando. — Hay falou notando a força com que eu segurava o celular.
— Lauren não é de demorar.
— Deve ter acabado a gasolina, sei lá. — disse despreocupada.
— E ela tem um celular para avisar caso ficasse sem! — respirei fundo. — Chame Elliot. — ordenei.
Não gosto de usar meu tom autoritário, mas a calmaria de Hayley me deixou mais nervosa. Elliot apareceu na sala minutos depois, mandei-o fazer a ronda mais cedo e perguntar para quem quer que fosse sobre Lauren.
Aquela idiota, vive me fazendo ficar preocupada.
Duas horas depois, Elliot passou pela porta afobado, o rosto vermelho e eu já devia ter furado o chão de tanto que andava de um lado para o outro.
— Achamos o carro dela. Er…
— Fale logo Elliot!
— Havia sinais de batida, algumas pessoas no local falaram que duas vans a fecharam… e a levaram.
Levei um tempo para entender o que ele disse. Pisquei algumas vezes e senti Hayley me balançar pelos ombros.
— Camila? Você está bem? — Hayley perguntou. — Nós precisamos fazer alguma coisa. — ela agarrou meus ombros. — Agora Camila!
Olhei para cima, os olhos castanhos aflitos de Hayley me tiraram do transe. Em um nível, eu podia sentir, aquilo estava me dominando. Um desejo de destruir. De me alimentar.
A notícia se espalhou e ruídos altos rondavam a casa, olhei pela janela e antes que Hayley pudesse me puxar pelo braço saí correndo pela porta de casa. Estava escuro, desci a entrada e encontrei o que seria meu clã.
— O que está acontecendo? — Minha voz soou como um trovão fazendo a baderna se calar. Nunca me senti tão superior a alguém como agora.
Alguns abaixaram o olhar, outros andaram para frente segurando dois homens, haviam os agredido. Aquilo não me deixou incomodada como faria, eu me sentia ondas de raiva, de violência estavam me dominando. Eu tinha que achar Lauren e não tinha tempo para lidar com esses moleques.
— Sua rainha fez uma pergunta! — uma voz gritou.
— Calma, Camila, calma. — sussurrou Hayley, lentamente.
Os homens que estavam sendo arrastados foram postos a minha frente, de joelhos. No último degrau da escadaria.
— Esses dois foram pegos depois da confusão, tentaram fugir depois que soubemos do que aconteceu a Lauren. — um deles, de cabelos pretos falou.
Desci degrau por degrau até chegar até eles. Minha presença os intimidou mas eles não deixaram de me encarar.
— Suponho que tenham uma explicação para isso. — falei respirando fundo. Sentia meu sangue pulsar cada vez mais.
— Nós brigamos com um grupo de outro clã é normal, rixas entre os lobisomens e vampiros, sempre vai existir. Mas saiu do controle quando nós matamos um deles. — o homem de camisa preta falou.
— Então, fugimos. A descrição das vans bateu com a que encontramos então nós íamos desertar do clã.
O outro falou calmo, eu, no entanto, sentia qualquer coisa, menos calma. Vi Elliot passar por mim e estapear a fase do homem.
— E agora, o outro clã pensa que foi a mando de Lauren. Lycans nunca deixam barato, seus incompetentes! — Elliot socou o outro e senti uma fúria imensa.
O ato impensado daqueles dois colocara Lauren em perigo, sua vida estava em perigo. Quando me toquei do que ela corria risco, eu ataquei. Pulei direto sobre o homem de camisa preta, e antes que ele pudesse reagir, eu estava em cima dele, segurando sua cabeça para trás. Com a outra mão eu afundei em seu peito sentindo a pele e os músculos se rompendo com tanta facilidade que me deleitei por segundos com a dor em seus olhos, quando toquei o que queria, seu coração, puxei-o para fora e vi o brilho de seus olhos se apagar lentamente.
— Quando eu achar Lauren, será sua vez. — falei jogando o coração sem vida na frente do outro que me olhava assustado e fui até a garagem.
Peguei um capacete na fileira de opções e a chave da moto. Saí em disparada, meus instintos me guiavam até Lauren e por um momento senti seu cheiro. Eu voava entre os carros não me importando com a velocidade. Eu só precisava encontrar Lauren.
Autor POV.
O relógio bateu meia-noite quando Camille desceu as escadarias de mármore, acompanhada por duas dúzias de seus criados. Havia sido uma noite longa, e as coisas haviam saído ainda melhor do que ela jamais havia sonhado. Mesmo assim, ela temia encontrar seu mestre, Olivier, o líder do clã. Eles haviam estado juntos por alguns anos, e ela sabia que Olivier não suportava tolos. Ele não tinha nenhuma tolerância para erros, e Camille havia estado nervosa desde que capturou aquela mulher, Lauren. Olivier sempre punia até a menor transgressão, e Camille estava se preparando, se perguntando quando esta punição viria. Ela sabia que Olivier estava apenas esperando o momento certo, que Lauren nunca esqueceria.
Ainda assim, o trabalho de Camille havia sido tão espetacular, capturando a líder do novo clã que surgira na cidade.
Realmente, quanto mais Camille pensava naquilo, mais ela ficava ansiosa por aquele encontro. Ela estava ansiosa para contar sobre a perseguição, sobre quão fácil foi derrubar a tão falada Lauren Jauregui.
Enquanto Camille andava pelo subterrâneo profundo, nas profundezas da prefeitura abandonada, por outro corredor de mármore e através de enormes portas medievais, ela se sentiu intoxicada. Ela havia esperado por aquele dia por muito tempo. Ela adorava a sensação de ter uma enorme comitiva atrás dela.
Quando Camille entrou na sala de seu líder e passou pelas portas duplas, vários lobisomens veteranos se posicionaram atrás dela e bloquearam a entrada da sua comitiva.
Eles fecharam a porta com força, deixando Camille sozinha na sala. Camille não estava feliz com aquilo. Mas de qualquer forma, ao lidar com Olivier, você nunca tinha uma escolha. E você nunca sabia o que ele faria. Aquela era uma enorme sala cavernosa, e enquanto Camille olhava ao seu redor, ela ficou surpreso em ver dezenas de lobisomens lado a lado silenciosamente na parede. Seus números já haviam crescido dramaticamente, e haviam muitos lobisomens que Camille não reconhecia. Estes lobisomens estavam parados silenciosamente, em posição de sentido, nas laterais da sala, praticamente sem serem vistos. Apenas o líder dominava a sala. Olivier. Ele estava sentado no centro, como sempre, em seu enorme trono de mármore, e olhou para Camille. Era desta forma que o líder sempre quis que acontecesse.
Camille deu um passo à frente e abaixou a cabeça.
— Meu Líder. — Camille disse.
Um silêncio pesado caiu sobre a sala. Camille olhou para ele.
— Você ficará feliz em saber, meu líder, que o nosso trabalho foi feito lindamente.
Vários segundos de silêncio desconfortável se seguiram, quando Camille pôde sentir seu líder a encarando. Aqueles olhos azuis gelados — eles sempre lhe davam arrepios. Camille finalmente olhou para baixo, abaixando a cabeça novamente. Ela não aguentava mais olhar para cima.
— Você trabalhou bem, Camille. — O líder disse lentamente, em uma voz negra, deliberada, grave. — Tragam-na.
Olivier fez um sinal permitindo a entrada da comitiva que trazia a mulher. E então Lauren foi jogada desacordada em frente ao líder. Olivier, a poucos metros, a encara do alto de seu trono, com seus olhos azuis severos praticamente a perfurando.
— Essa é a temível neta de Richard? — diz Olivier, sua voz grave cortando o ar.
Vários minutos de silêncio se seguem, enquanto ele estuda Camille. Ela sabe que é melhor não tentar se explicar de maneira alguma. Ela apenas mantém sua cabeça curvada.
— Porque ela está desacordada? — diz ele, encarando-a.
— Meu líder. — começa Camille lentamente, — Ela foi um tanto arisca, Dimitri precisou apagá-la. Ela já deveria ter acordado.
Um murmúrio se espalhou pela sala.
— Então, acordem-na.
Camille sabe que é melhor não discutir. Faz sinal para que tragam um balde d’água e jogam sobre Lauren. Ela está amordaçada, e por mais que se contorça e tente fazer barulho, ela não consegue. Seus olhos se arregalam em estado de raiva e confusão. Eles a arrastam para um lado da sala, chacoalhando suas correntes, e a seguram com força, obrigando-a a olhar para Olivier.
— Não parece tão poderosa agora, não é.
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