1. Spirit Fanfics >
  2. The Hybrid >
  3. Confusa

História The Hybrid - Confusa


Escrita por: EstrabaoJwregui

Notas do Autor


Olá pessoas.

Capítulo 6 - Confusa


Lauren POV

 

Dias se passaram desde a descoberta, ainda não comprovada, de uma possível criatura igual a mim. Michael voltou dois dias depois, furioso por não ser avisado assim que hospedamos a doutora em sua mansão. Ela resistiu muito e em hipótese alguma me deixava chegar perto, muito menos estar no mesmo cômodo que ela. Hayley me explicou que os sentidos dela estão confusos e ela estava em choque. E a minha presença intimidadora não a fazia bem. Hoje faz quatro dias que não a vejo, não ouço sua voz, ou sinto seu cheiro doce e delicado. Era como se minha rotina voltasse ao que era antes. Seria, se eu não estivesse inquieta, evitava ao máximo ficar na mansão ou apenas me trancava na biblioteca, na qual descobri uma coletânea de livros que citam meus ancestrais. E neles, eu encontrei algo sobre um clã, tão antigo quando o nosso. E mesmo não querendo ligar os fatos, uma fotografia já desgastada estava dentro de um dos livros, seu verso datava 1859, uma mulher com olhar familiar mantinha uma pose séria, a matriarca de uma família. O nome Cassandra Estrabao estava escrito com letras cursivas no verso da foto. Passei horas revirando os livros em busca de algo, algum documento que dissesse quem era aquela mulher e porque tinha o mesmo sobrenome que eu. Mas não encontrei nada. Teria que falar com quem mais evitava naquela mansão, Michael.

 

Quando me dei conta, já era noite e nem sinal de Hayley ou dos outros. O corredor estava vazio e um tanto escuro, eu não dormia há dias e permaneci em alerta caso Marcus quisesse pegar de volta a garota. Somente o som dos meus passos eram ouvidos, quando passei em frente ao quarto que a Doutora estava tive que parar, ouvi um barulho abafado, quase um choro. Eu não devia me importar, devia seguir para meu quarto e tentar dormir. Mas fiquei paralisada ouvindo aquele gemido baixo que só pude ouvir por causa do silêncio que imperava na mansão. Ela pode estar sofrendo por estar longe de casa, parece uma criança mimada.

Aproximei-me da porta e o cheiro acobreado de sangue ficou mais forte, girei a maçaneta e para minha sorte – ou não – estava aberta.

A luz clara do abajur iluminava parcialmente a cama vazia. Caminhei calmamente procurando algo de errado, havia um copo quebrado no chão e vestígios de sangue. A luz do banheiro estava ligada, eu podia ver por baixo do vão da porta, ela não ia querer me ver, pois por algum motivo ela me odeia com todas as forças, logo eu que salvei a vida dela, duas vezes.

Dessa vez optei por ser mais gentil, como Hayley me aconselhou, não havia me acostumado com a ideia da possibilidade dela ser como eu, mas não custa nada descobrir por mim mesma. Dei duas batidas suaves na porta, e aguardei.

 

— Seja quem for me deixe sozinha. — sua voz cansada denunciava que estava chorando.

— Está machucada? — sussurrei ficando de frente a porta.

— Estou bem. — disse fungando. Pude ouvir um suspiro pesado.

— Tem certeza? Porque esse cheiro de sangue me diz outra coisa. — falei o mais calma possível.

— Vá embora. — sussurrou quase inaudível.

— Abra a porta. — falei firme, mesmo se ela não abrisse eu entraria a força.

 

Contei até cinco mentalmente, e quando ia quebrar a fechadura, a porta se abriu. Ela usava um suéter branco que ficava grande para ela, uma calça jeans surrada, parecida com as minhas e logo vi que era. Sua mão estava cheia de sangue assim como a pia do banheiro, parecera que tentava fazer um curativo.

 

— Eu não vou machucar você.

 

Em silêncio adentrei o cômodo, peguei os curativos necessários e apontei para que ela se sentasse. Não nos falamos enquanto eu a ajudava, minha vontade era de perguntar se ela acreditava no que ela era. Mas me contive temendo ficar irritada.

 

— Camila. — sussurrou ela.

— O que?

— Meu nome é Camila. — nossos olhos se encontraram e pude recordar daquela profundidade de castanho, seus olhos tinham um misto de surpresa, gratidão e medo. Podia jurar que nesse momento seu coração está acelerado.

— Eu sou Lauren. Acho que Hayley já lhe falou de mim. — falei me virando para guardar as coisas.

— Ela disse que você salvou minha vida… Obrigada. — paralisei ao ouvir sua voz calma dizendo aquilo, ninguém jamais me disse um “obrigada”.

— Sem problema. Só não se meta em confusão novamente… se bem que, já estamos.

— É verdade? — perguntou acanhada. Eu me virei para sair do quarto. Ela estava bem eu poderia voltar ao meu quarto.

— O que é verdade? Seja mais específica. — falei impaciente. Ela se encolheu e me arrependi de ser rude. — Desculpe.

— Aquele senhor me disse muitas coisas, disse que eu era diferente das outras pessoas. E que eu posso fazer coisas que nenhum humano é capaz. E aquela mulher, Hay…

— Hayley. — completei.

— Sim, ela me mostrou. — ouvi atentamente ela falando, movia as mãos na barra do suéter e não olhava diretamente em meus olhos.

— O que exatamente? — perguntei andando para perto dela, ela deu dois passos para trás.

— Os olhos dela mudam de cor, é possível que seja um truque não é? — gesticulou com as mãos, parecia uma criancinha indefesa.

— Não ficou com medo? — negou com a cabeça. — Eu sou algo bem diferente que ela.

— Eu quero ir pra casa, e devem estar sentindo minha falta no hospital. — Camila falou um pouco desolada.

— Estou entediada, que tal darmos uma volta? — falei sabendo das consequências.

— Eu vou poder sair?

— Vai, mas primeiro troque esse suéter. Parece que matou alguém.

 

Camila POV

 

Meu primeiro contato com a verdade foi chocante, eu não acreditei em nenhuma palavra do que me disseram. Eu uma vamp… ou lycan, nem consigo falar a palavra, isso é insano. No primeiro dia me deixaram trancada no quarto e só abriam quando me traziam comida, uma mulher alta chamada Hayley era simpática e me explicou com mais calma e com exemplos, que no caso ela me mostrou suas presas e seus olhos mudaram de cor, em um primeiro momento eu fiquei apavorada.

No segundo dia eu acordei com uma dor de cabeça enorme. Nesse dia passei horas com Michael me ajudando a superar a dor, ele disse que era normal.

No terceiro dia eu dormi o dia quase todo, sentia meu corpo pesado, tive febre e tive sonhos estranhos. Sonhei com aqueles olhos verdes que pareciam ler minha alma. Era estranho porque senti que os conhecia de algum lugar.

Eis que no quarto dia, a ficha caiu de que eu poderia não ser mais uma pessoa normal. Ainda estou em processo de adaptação com isso tudo, mas eu só queria sair desse quarto. Não aguento mais ficar presa.

Agora estou na garupa da moto da mulher que salvou minha vida, duas vezes. No meio da noite e nós estamos dando uma volta pela cidade. Senti seus músculos rígidos quando a segurei com mais força quando a moto acelerou, creio que ouvi um riso baixo da mulher. Provavelmente adorando eu estar agarrada a ela como um gatinho assustado.

Mostrei a ela onde eu morava e logo estacionou em frente a minha casa. Lauren era uma mulher misteriosa, eu não sabia nada sobre ela, e ela provavelmente sabia algo sobre minha vida e isso me incomodava.

 

— Não vai entrar? — falei quando a vi ainda sentada na moto. Olhando para frente.

— Você está mesmo convidando alguém estranho? Eu posso estar apenas esperando o momento certo para te matar. — falou fria e eu senti um arrepio.

— Está frio aqui fora, e se quisesse me matar já teria feito. Estou certa? — ela franziu o cenho, okay agora estou morta.

 

Ela desceu da moto no seu estilo bad girl, e pude ver mais de seu corpo. Atlética, olhar intimidador, cabelos longos e pretos, seria capaz de ter qualquer homem aos seus pés, e mulheres também. Não sei quantos segundos fiquei paralisada, mas quando notei ela estava me encarando com um olhar indecifrável, a centímetros do meu rosto.

 

— A gente vai entrar ou não? — falou com sua voz rouca e melodiosa.

 

Assim que entrei deixei-a a vontade enquanto eu tomava um belo banho quente. Eu precisava relaxar e esquecer um pouco sobre tudo que vem ocorrendo. Eu devo estar sonhando e vou acordar a qualquer momento, é isso.

 

Mais relaxada após o banho deitei em minha cama por alguns instantes. Lembrei de carregar meu celular, e ao ligá-lo o resultado foi desastroso. Dezenas de ligações, mensagens de Ally, e principalmente meus pais. Mandei uma mensagem rápida para Ally dizendo que eu estava doente por isso não ia trabalhar. Então respirei fundo e liguei para minha mãe.

 

— Filha onde você estava? Foi raptada? Alguém machucou você? Eu falei que essa mudança não ia dar certo! — minha mãe estava alterada.

— Mãe, calma eu estou bem. Preciso que me diga uma coisa.

— Não me assuste mais assim. Pode falar mi hija.

— Quem é Cassandra Estrabao? — Fui direta.

— N-não sei do quem está falando filha… ah olha a hora, você deve querer descansar… — senti que ela desligaria e seu estado nervoso me dizia que ela sabia.

— Mãe! — falei e ela ficou em silêncio.

 

Ela suspirou derrotada.

 

— Você está bem?

— Agora não importa, só importa que eu quase fui morta por um cara que acha que meu sangue tem alguma utilidade. O que está acontecendo mãe? Eu não entendo. Tem acontecido coisas estranhas e eu só queria acordar desse sonho.

 

— Filha, sente-se. Vou lhe contar desde o início.

 

E com isso ela começou a falar. Cassandra era uma camponesa do século XIX, nasceu em uma família nobre da Rômenia em 1473. Em 1490, Cassandra ficou grávida de um homem desconhecido, e sua família a deserdou para o nascimento de uma vergonhosa ilegítima filha. Segundos após o nascimento de sua filha, o pai de Cassandra levou a criança para longe, alegando que seria melhor para as duas nunca mais ver uma a outra. Cassandra foi devastada por isso e foi banida para a Inglaterra.

Essa criança crescera e mais tarde daria a luz a até então, minha tataravó. Então de algum modo o sangue de Cassandra Estrabao pulsava em minhas veias. E de um modo ainda mais surpreendente, eu fui entregue para Sinu e Alejandro me criarem; sim, eu era adotada.

 

Quando minha mãe acabou de contar eu não tinha palavras ou sequer uma reação, eu queria não acreditar, mas minha própria mãe dizendo isso era irrefutável.

Desliguei sem dizer nada e me pus a chorar mais uma vez.

Algum tempo depois, já mais calma e disposta a encarar a realidade, senti uma presença no quarto. Vire-me para a porta e Lauren estava em pé com os braços cruzados, me olhando. Ela tentou desviar mas eu vi o cintilar de sua íris verde.

 

— Está ai a quanto tempo? — perguntei fungando.

— O suficiente… Eu estou com fome, pedi uma pizza se não se importa. — falou colocando as mãos no bolso da jaqueta.

— Não tem problema.

— Ótimo, preciso de 20 dólares para pagar o cara. Ele está esperando. — falou calma.

 

Levantei pegando minha carteira e lhe entreguei o dinheiro, logo quando começava a achar a garota suportável ela joga tudo no lixo com suas atitudes que me tiram do sério.

 

— Folgada. — sussurrei quando ela saiu.

— Eu ouvi! — ela gritou do andar de baixo me assustando.

 

Sentadas na bancada da cozinha comemos em silêncio, era como se Lauren não estivesse ali; me deixei relaxar um pouco. Até fiquei curiosa sobre ela, ela fez muito por mim e mesmo parecendo um pouco antissocial, eu fiquei intrigada com ela.

 

— Então. — comecei.

— Então o que? — falou sem me olhar.

— O que exatamente você é? — ela me olhou com um olhar sério como se não gostasse de falar. — Desculpe, não precisa falar.

— Eu sou uma falha da natureza, um monstro podemos dizer.

— Eu não vejo um monstro na minha frente. — sua expressão suavizou.

— Agradeça por nunca ver, seria a última coisa que veria na vida. — falou rudemente.

 

Antes de eu dizer mais alguma coisa ela se levantou e saiu batendo a porta, que mulher difícil. Primeiro diz que não podia me deixar só, agora simplesmente vai embora? Guardei o restante da pizza e fui me deitar. As emoções e revelações de hoje me esgotaram ao extremo. E teimosa como sou, tentei esquecer. O que não poderia ser explicado pela ciência era impossível de existir.


Notas Finais


Menina Camila ainda incrédula, onde será que isso vai dar?

Espero que tenham gostado, até logo ;D


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...