História The Joker - Bad Memories

-Droga eu estou atrasada! - Ajeitei o casaco branco e coloquei os óculos.
Peguei as chaves e minha bolsa e desci as escadas do sobrado.

Depois de um bom tempo juntando dinheiro na cafeteria em que trabalhava eu finalmente consegui comprar uma casa. Era perto do centro de Northampton. O sobrado era bonito e aconchegante tinha apenas 3 andares. E eu morava no ultimo. O barulho dos saltos ecoavam pela escadaria junto ao barulho das chaves.

Passei frente a porta do primeiro andar. O único desculpado. Pelo menos até agora. A porta foi aberta e uma pilha de caixas veio em minha direção. Eu estava perto demais. Foi inevitável o choque.

-Mas que saco! -Praguejei ao sentir o chão frio em contato com a minha pele.

-Ai meu Deus. Sinto muito! -Olhei para o cara em minha frente. Alto aparentemente 30 anos. Tinha olhos bonitos, verdes. Ele se abaixou seus braços firmes me puxaram pra cima, me deixando em pé. -Me desculpe por isso. Eu cheguei aqui hoje e...

-Eu estou atrasada! -Passei por ele e pulei por cima das caixas que estavam no chão.

-wow! -Ele riu sem graça e eu me virei para ele. -Posso saber o nome da minha vizinha brava pelo menos? -Ele riu. Meu deus que sorriso!

-Não! -Disse sínica e ele coçou a nuca. Recolhendo as caixas. Continuei meu trajeto até a porta.

-Meu nome é Jake! -Ele gritou para que eu ouvisse. Ri fraco.

- Eu não lembro de ter perguntado! -Gritei de volta e sorri.

Bati a porta do sobrado e corri até meu carro, estacionado na garagem.
Joguei a bolsa do banco do carona e liguei meu Audi r3 -único presente descente da minha mãe!-

...

-Estou atrasada. -Passei voando pela recepção sendo acompanhada por Lindsay.

-Não se preocupe, a diretora quer falar com você! -Um arrepio percorreu meu corpo. -E o coringa esta no banho! -Eu mal tinha ouvido a ultima parte. O que diabos a diretora queria comigo?

Entreguei minha bolsa para Lindsay e mudei meu caminho de costume. Indo até o elevador.
Apertei o número 5 sentindo o nervosismo ser triplicado. Dessa vez pela claustrofobia.
Assim que as portas se abriram eu sai rapidamente do mesmo.
Dando de cara com a porta de madeira antiga

"Diretora Kaleah G. Arkham"

Bati duas vezes na porta ouvindo o "entre" em seguida.

-Boa tarde diretora! -Sorri sem mostrar os dentes. Eu parecia um cachorrinho como rabo entre as pernas.

-Sem formalidades Harleen, sente-se. -Sorri simples e indicou a cadeira de couro a sua frente. Assenti envergonhada e me sentei frente a mulher madura no auge dos seus 50 anos. -Acredito que esteja em duvida sobre os motivos de ter sido chamada aqui! -Sorri concordando.- Bom, eu soube das melhoras com o palhaço. -Sorri orgulhosa de mim mesma.

-Ele é complexo, confesso que a maioria das sessões foram pacatas e sem o mínino de interação. Mas ele esta começando a melhorar. Já conseguimos ter conversas curtas e ele já demonstra os sintomas de suas doenças. -Disse segura e ela assentiu.

-Bom Harleen eu acredito no seu potencial. Você é apenas uma menina, a mas jovem do arkham. E uma das melhores doutoras daqui. -Agradeço e ela prossegue.- Por isso tenho uma oferta a fazer. -Ergui as sobrancelhas curiosa e me ajeitei na cadeira. -Drª. Quinzel eu quero que largue todos os seus pacientes fixos e honorários e seja a psicologa residente do Sr. Bieber. -Meus olhos brilharam de excitação. Era a melhor proposta que já havia recebido no arkham.

-É claro que sim! Claro! -Disse entusiasmada e logo me controlei. Recebendo um riso fraco de sua parte.

-Então minha cara, o palhaço é todo seu. -Aquela frase alcançou meus ouvidos e um choque esquisito correu pelo meu corpo. Sorri nervosa. -Acredito que já pode começar a sessão de hoje. - Ela disse e eu assenti me levantando da cadeira.- Isto é seu. -Me entregou outro crachá do arkham, aquele era azul e logo abaixo da minha foto havia "Psicologa Residente." Sorri.

-Muito Obrigado Kaleah, muito obrigado mesmo! -Apertei sua mão e caminhei em direção a porta.

-Harleen! -Girei meus calcanhares ouvindo o chamado.- Sei que você é uma mulher centrada e inteligente. Mas lembre-se de não levar o trabalho para o pessoal! O sr. Bieber não é seu amigo, e nem de ninguém. -Assenti séria e me retirei da sala.

Andar de elevador tinha sido normal pra mim hoje. Eu estava pulando de alegria. Pendurei meu crachá no bolso do jaleco e vi meu reflexo na lataria da caixa de metal. Finalmente.

Desci até o Setor Vermelho e comprimentei os outros médicos daquela ala.

Desbloqueei a porta do quarto 37 e adentrei o mesmo. Todos os olharesPresentes no quarto se voltaram para mim. Menos o dele.

Os dois enfermeiros seguravam o coringa pelos braços. Ele estava solto e apenas de cueca preta. Meus olhos se prenderam a ele. Os enfermeiros voltaram a vesti-lo. Eu o observava. Seu peitoral era coberto com tatuagens.
Na altura de sua bexiga ele tinha um sorriso. Uma tatuagem com um enorme sorisso. No meio do seu peito uma cruz. Nos ombros uma gargalhada "ha ha ha" preenchiam seu músculo. Ele era forte.
Palavras como "purpose" e "forgive"  faziam parte da sua enorme coleção de riscos. Observei seus braços, um trigre. Um olho. Uma bola 8 e finalmente, um palhaço.
Subi meu olhar e encarei mais uma vez seus músculos. Impressionada com a altura deles. Encarei seus olhos. Presos em mim. Ele sorriu.

Os dois enfermeiros passaram seus braços pela camisa de força prendendo-os para trás. Assim que terminaram, um deles arrastou Bieber até a cadeira. Sentando-o brutalmente. Revirei os olhos. Os velhos e antigos maus hábitos do arkham.

-Estão liberados. -Disse rude e eles saíram. Caminhei até a mesa e me sentei de frente a ele. -Boa tarde. -Sorri e abri meu bloco.

-Não tão boa, drª Harley! -Sorri ao ouvir o nome.

-Por que? -Encostei na cadeira e mordi a tampa da caneta.

-Eu não sei... É como se... -Rapidamente apoiei os cotovelos na mesa, ele estava se abrindo. Ele maneava a cabeça como se buscasse as palavras -Minha cabeça, ela...-Ele parou. Seu olhar estava voltado para baixo, fitando seus pés. E então ele me olhou. Seus olhos estavam escuros. Completamente negros. Ele se aproximou na mesa, lentamente. Recuei quando ele estava a centímetros de mim ele gargalhou. Uma gargalhada assustadora, grotesca. Arregalei os olhos fitando-o com espanto. Madre!

Aos poucos ele parou. E eu pude soltar minha respiração que eu nem sabia que havia prendido.

-Eu posso te chamar de Justin? -Perguntei. Ele ficou em silêncio, fechou os olhos por alguns instantes e pareceu pensar. Quando voltou a abri-los eles estavam calmos. Em sua coloração normal. Ele assentiu.
-O que você lembra de sua infância? -Levei a caneta até os lábios mais uma vez. Ele acompanhou meus movimentos.

-Eu não quero falar sobre isso! -Disse firme.

-Mas eu quero. -Rebati.

-E eu estou pouco me fodendo para o que você quer! -Disse bravo e se mexeu na cadeira.

-Bipolaridade. -Ri fraco e anotei o sintoma.

-Você esta me analisando? -Seu tom estava mais baixo, mas ainda era autoritário.

-Já comentei com você qual é o meu cargo? -Perguntei retórica e ele riu debochado.

-Você sabe que seu senso de humor é horrível, não sabe? -Gargalhei.

-Não é algo que me afete! Acredite. Vamos lá Justin, converse comigo. Vamos tornar isso menos tedioso. -Revirei os olhos.

-Meu pai...- Ele sussurrou baixo.

-Seu pai? Conte-me sobre ele.

-Ele não é uma boa memória! -Ele disse sério e assoprou uma mecha que caia em seus olhos.

Me levantei, caminhando até ele. Ele me encarou durante todo percurso. Ergui a mão puxando seus fios loiros para trás, de forma com que os mesmo Ficassem fixos em um lugar. Ele me olhava confuso.

-Entenda Bieber -Disse quando terminei de colocar seus fios no lugar. -Se fosse bom relembrar nossas memórias, elas não teriam ficado no passado.