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História The Judge - It's a fluke, or no?


Escrita por: RGBSfics

Notas do Autor


Helou babies 😍 Voooltamoooos tuts tuts tuts huhuhaushshshsu Obg pelos likes e pelo carinho com TJ. Isso sempre nos motiva a voltar. Esperamos que gostem. ❤❤❤

Capítulo 25 - It's a fluke, or no?


Fanfic / Fanfiction The Judge - It's a fluke, or no?

 


CAMILA'S POV  


Lauren estava adotando aquela mania de sempre me pegar desprevenida e me beijar do nada, aquilo definitivamente precisava parar. Não que eu não gostasse, o que infelizmente estava acontecendo, mas era perigoso, ainda mais dependendo do local em que estivéssemos. 
Franzi o cenho em meio ao beijo tentando reunir forças para me afastar da mulher, mas ela segurava o meu rosto tão forte, que não me dava chances de escapar. 


— Camila... Laur, o que vocês estão fazendo? — Ouvi a voz de Shawn em uma distanciazinha consideravelmente grande e arregalei os olhos, me afastando dela em um pulo. — Eu não vi vocês... ou vi? 


O garoto se aproximou de nós com um ponto de interrogação estampado no rosto e olhou de mim para a amiga, sem acreditar realmente no que estava vendo. 


— O que você viu? — Perguntei imediatamente e ele riu sem humor. 


— Vocês se beijando. Eu vi isso, não foi? A minha namorada, a pessoa que eu amo, com a minha melhor amiga. — Disse sem nem se quer respirar entre uma frase e outra e eu me levantei, saindo de perto dela. 


— Não foi isso que você viu, Peter. 


— Foi o que então, Laur? Alguém me explica isso? — O garoto pôs as mãos na cintura exigindo uma explicação e eu abria e fechava a boca na intenção de falar algo, mas eu não sabia o que falar. Não tinha explicação para o que ele havia presenciado. 


— Isso foi... — A mulher coçou a cabeça, talvez formulando o que dizer e eu apertei os olhos na tentativa inútil de desaparecer dali — Lembra da tia Elisa? 


— Está mudando de assunto, Laur... 


— Não, não estou, olha... Lembra das aulas de teatro que ela nos dava? Então, eu lembrei justamente dela quando Camila me perguntou como a gente faz para encenar nos clipes. Dai eu passei algumas técnicas para ela entender, não foi Camz? 


— Claro que foi! — Respondi rápido, pegando nas mãos do garoto. — Fiquei curiosa porque o beijo parece mesmo de verdade, mas é tudo técnico, interessante né. 


Shawn piscou algumas vezes e umedeceu os lábios, ainda nos encarando seriamente. Meu Deus, por tudo o que é mais sagrado, faça ele acreditar de que tinha sido apenas aquilo. 


— Fala serio Shawn, achou mesmo que eu iria beijar a sua garota?! — Disse Jauregui, com um sorriso sem humor. — Pegar a Camila pra mim é a mesma coisa que te pegar. 


— Nem brinca. — O garoto falou, respirando aliviado. — Me desculpem por isso aqui, não sei o que me deu. Mas é que olhando de longe... realmente parecia que vocês... 


— Jamais, amor esquece isso ok? Nós estamos tentando ficar numa boa justamente por você e é só isso. Não é bom? — Fiquei na ponta dos pés para lhe dar um selinho demorado e fechei os olhos aproveitando o momento. 


— Sim, claro. Besteira minha! — O garoto bateu na própria testa e sorriu, apoiando uma das mãos em minha cintura. — Na verdade, eu até que estou gostando dessa amizade das duas. Não tem mais brigas... Vocês não fazem ideia do quão isso me deixa feliz. 


— Eu, amiga dessa ai? Ta louco, Mendes? — Lauren fingiu revirar os olhos e o amigo gargalhou com sinceridade. 


Pela primeira vez durante todo esse sufoco, eu suspirei aliviada e olhei cúmplice para Laur que apenas piscou discretamente para mim. Ignorei o ato e puxei o meu namorado de volta para dentro da casa, enquanto a garota voltava a se sentar onde estava antes, com aquele mesmo sorriso cínico no rosto de quem estava conseguindo o que queria. 


Desgraçada. 


Durante todo o dia em que estivemos juntas, apenas nos olhávamos como se conversássemos por telepatia. Queria evitar qualquer tipo de contato físico com ela para não piorar as coisas com Shawn, mas querer aquele pecado e não poder ter estava me corroendo por dentro. Era como se tivéssemos um imã, todo lugar que eu aparecia, ela estava lá com aquele olhar cativante e que parecia ter todo o controle sobre o meu corpo. Céus, como eu queria beijá-la novamente. 


Por cerca de sete horas da noite, nos despedimos da minha família, coisa que sempre fora difícil para mim, e tomamos nosso rumo de volta para NY. Eu poderia esperar que Shawn nos dissesse que ficaríamos por lá naquela noite. Dava tudo para que ele insistisse que à noite era mais perigoso de viajar, mas tudo o que tive foi ainda mais entusiasmo dele para voltarmos. "Deixar os pais sozinhos para aproveitar bem a casa nova" tinha sido a maior frase do seu disco arranhado do dia. 


— Nada substitui o brilho e a alegria de vê-los daquela forma. Posso dizer que ganhei o meu dia. Que ato bonito, Peter. — Disse Lauren para o amigo conforme dirigia a caminho de nossa casa, depois de deixarmos Lucy e Ally em casa. 


— Falando assim, nem parece que foi você quem os deu a... Quer dizer — Franzi o cenho e o encarei confusa —, você também nos ajudou muito, Laur. 


— Cuidado com o lesado. — Harry comentou e Lauren riu, ganhando um olhar feio de Mendes em seguida. 


— Vou chutar o seu amigo daqui a qualquer momento, me aguarde. 


Olhei de Shawn para Harry e o mesmo mantinha a serenidade no olhar de quem pouco estava se importando. 


— Mendes, por favor. Antes reclamava de mim e da Camila, agora são vocês? — A mulher perguntou ao revirar os olhos. 


— Mas acontece que agora não tenho mais do que reclamar, já que vocês estão bem próximas e de um jeito bom, eu confesso. — O garoto disse, me abraçando de lado e eu sorri amarelo, encarando a garota pelo retrovisor. — Alias, quero saber tudo o que vocês fizeram em Londres. 


Engoli em seco, ou nem tão seco assim, já que para a minha surpresa eu havia me engasgado com minha própria saliva ao ouvir aquilo. 


— Nada demais, amor! Ficamos com Aaron o tempo todo... mas foi legal. — falei dando ênfase na penúltima frase. 


— Se beijaram também... 


— EU BEIJEI. Keana que chegou lá de repente, sabe como é, Mendes. — Lauren deu um sorriso falso ao interromper Harry e encarou o amigo com cara feia. 


— E eu fiquei o tempo todo com Aaron observando o seu trabalho! — Menti já com o coração batendo violentamente em minha garganta. 


— Passaram a noite toda juntinhas... 


— Com Aaron, Harry! Aaron foi um ótimo cavalheiro, não nos abandonou em momento algum.— O corrigi e o garoto gargalhou de repente, se divertindo com a situação. 


Que mania ridícula que a Jauregui tinha de ficar contando tudo o que faz para os amigos? Mas que droga. Ela tinha que entender que nem tudo se contava para as pessoas. 


Eu já estava ficando muito irritada com aquela idiotice infantil. 


— Pelo visto, meu parceiro fez bem o que eu lhe pedi. — Lauren e eu o olhamos confusas e ele continuou. — Eu pedi para que ele ficasse o tempo todo com vocês para que não se matassem. 


— E será que ele ficou mesmo? — Harry perguntou com as mãos no queixo, como se estivesse pensando, por pura implicância com Shawn e Lauren acelerou ao entrar na rua enorme que ficava minha casa. 


— Lauren, obrigada pela carona e por tudo. Vamos amor, estou morrendo de sono! Vamos logo... — Falei apressada ao tirar o cinto de segurança e abrindo a porta do carro quase que imediatamente. 


Mais um segundo naquele carro com Harry e Shawn descobriria tudo. 


— Espera, Mila... 


— Shawn Mendes, por favor! — Ordenei novamente e ele se despediu da amiga com rapidez. Deu um aceno sem vontade para Harry e a mulher saiu cantando pneus pela rua. 


— A Laur está com uma pressa, não é? O que será que houve? 


— Nada! Não é da nossa conta, vamos entrar pelo amor de Deus. — Suspirei aliviada ao pegar a chave em minha bolsa e o garoto me encarou ainda calado. — O que houve? 


— Por que ficou rude de repente? 


— Eu? Desculpa, amor... Eu estou cansada e com aquela cena horrível do programa de hoje mais cedo na cabeça... — Bufei antes de abraçá-lo pelo pescoço e lhe dar um beijo rápido. — Me desculpe?


— Tudo bem, linda. — Senti-o beijar a minha testa e então entramos para casa. 


~  


— Brooke... ainda bem que você veio! Estava mesmo precisando conversar com alguém. 


Tirei o avental do café e o coloquei em cima do balcão, antes de me sentar em uma mesa com Ally e me estirar nela completamente exausta. Não por ter trabalhado muito, já que eu estava sozinha e o café não estava muito movimentado, mas mentalmente em relação a tudo o que estava me acontecendo nos últimos dias. 


Para repor os dias que fiquei fora e Lucy me cobriu, nada mais justo que fazer o plantão da menina por três dias para por em dia esse favor. Por este motivo eu estava sozinha o dia todo e agradecia a tudo o que era mais sagrado a presença de Ally ali comigo. 


— O que houve, Mila? — Ally perguntou com um olhar solidário ao me encarar daquela forma na mesa e eu me levantei, me sentando ereta de frente para ela. 


— Eu tenho sorte de ter a Lucy e a Dinah. Mas só você vai saber me dar o concelho certo. Preciso me abrir com alguém, estou exausta, sabe... 


— Você está me dando medo, amiga. O que houve dessa vez, Cristo? 


— A Lauren... 


— Eu sabia! — a menor riu com as mãos no peito como se eu tivesse a surpreendido. — Eu sabia que você iria admitir, Camila. 


— Mas eu não admiti nada, Allyson! 


— Mas quer, oras. 


— Ally, eu não estou amando a Laur. Não estou apaixonada por ela, não quero namorá-la e nem pedi-la em casamento, se é isso que você espera que aconteça. — Bufei e a garota segurou as minhas mãos por cima da mesa, voltando a me encarar com solidariedade. 


— Mas é o que então? É normal as pessoas se apaixonarem e é bonito quando decidem criar um laço juntas... 


— Mas não é isso. Eu sei que é difícil pra você entender, mas... eu me sinto atraída por ela. É como se o meu corpo implorasse pelo dela cada vez que nos olhamos. — Gesticulei e a vi abrindo a boca para dar a sua opinião, mas logo interrompi. — Não, isso não é amor. É atração. E eu nunca me senti atraída por mulher nenhuma nesse mundo, Ally... 


— Pode continuar, eu te escuto. — Ela me incentivou a continuar e eu sorri com gratidão. 


— Eu não me sinto atraída por mulheres. Quer dizer, não me sentia antes dela, mas agora eu não sei o que acontece comigo toda vez que a vejo. — Pausei por alguns segundos e pigarreei. — E eu acho isso errado porque estou traindo o Shawn de qualquer forma. Eu juro que no inicio eu me sentia culpada, mas agora é como se fosse algo normal. Você entende? 


—Sim, e imagino como se sente. Por Deus, Mila, o Shawn é um príncipe de verdade. Qualquer menina sonha com um garoto fofo assim, até eu. — A garota fez uma cara tristonha eu abaixei o olhar para as nossas mãos. 


— Eu sei, Ally, ele não merece isso. Eu o amo e tenho certeza do que eu sinto.  


— Será que você o ama mesmo, Mila? — Ela perguntou e eu afirmei com toda convicção. — Você pode não amá-lo de verdade, amá-lo carinhosamente como um amigo ou... se você diz que não está apaixonada pela Lauren, se afasta dela. Para o bem do seu namoro. 


— É dele quem eu gosto, eu juro. Mas quando eu vejo a Lauren, esqueço até que ela é a melhor amiga dele. Só me dá vontade de ficar com ela, de beijá-la e de sentir os seus toques. O que eu faço, Allysson? — coloquei as mãos em minha cabeça e a apoiei ali, segurando um chumaço de cabelo que antes caiam sob os meus olhos. 


— Você está errando por traí-lo e por ficar com a melhor amiga dele. E ela está pecando por cobiçar a mulher do próximo! — Brooke balançou negativamente a cabeça e voltou a me olhar. — Mila, se você não gosta mesmo dessa mulher e não quer jogar o seu namoro com o Shawn fora, se afasta dela. Não custa nada. 


— Mas e se for quase impossível? 

LAUREN'S POV 


— Quase não, é definitivamente impossível pensar em outra coisa, tendo aquela mulher na minha frente, Mani! — Exclamei e a morena arregalou os olhos, se jogando ao meu lado no carpete da sala. 


Logo pela manhã, antes mesmo de tomar o meu café, eu já pensava em aparecer no apartamento de Normani atrás de alguns concelhos. Tudo o que estava acontecendo entre mim e Camila não saiam da minha cabeça e só de imaginar que eu queria pegar a garota do meu amigo, me fazia querer me auto punir novamente. 


— Laur, a garota é comprometida. E pior: Com o seu melhor amigo. E como se não pudesse piorar ainda mais, não é qualquer amigo. É um quase irmão. Você tem noção? 


— Tenho, pior que tenho. — bufei indignada comigo mesma. — Mas quando ela aparece, parece que o meu lado racional se desliga e tudo o que eu penso é... 


— Que ela é um cheese burguer gigante e que você precisa comê-la a qualquer custo... 


— Exatamente! NÃO!!! Claro que não! — Neguei ao me dar conta do que ela estava insinuando, enquanto ela ria desesperadamente. — Mani, eu me recusei ter essa conversa com Harry e Vero justamente para evitar esse tipo de piadinha. 


— Desculpa Laur, mas não pude evitar essa, juro. — Kordei falou em meio as risadas e eu sorri sem humor, esperando a boa vontade dela terminar aquela gracinha. — Ok, foi mal. Continue. — Pigarreou, piscando algumas, e voltou ao normal. 


— Não consigo pensar no Shawn quando a vejo! Só consigo quando ele... Puff! Aparece. 


— Quero ver quando isso realmente acontecer, ai você vai pensar melhor antes de... 


— Ah, mas ontem ele viu. — A interrompi e ela me encarou cm os olhos arregalados. — E me pegou com a boca na botija. Digo, na de Camila. 


— O QUÊ?! — Normani se jogou para trás caindo na gargalhada e se eu não estivesse totalmente apreensiva, entrava no clima também. — E ele? 


— Como assim "e ele?" 


— Ai, Laur... O que ele fez? Fez um escândalo? Te chamou de vadia, cobra e galinha? Deu aqueles tapões de novela na cara da Camila? 


— Não, ele não fez nada disso. — Engoli em seco e reprimi os lábios ao lembrar da cara do garoto. Coitado. — Apenas perguntou se estávamos mesmo nos beijando, daí eu inventei lá que estava ensinando a ela um beijo técnico para os clipes. 


— E ele? 


— E ele o quê? — Rebati novamente a pergunta da mulher. 


— Acreditou? 


— Sim. E ainda perguntei se ele achou mesmo que eu iria beijar a garota dele. E ele acreditou, Mani. O que me dá mais dó é isso. — Falei com sinceridade e a mulher reprimiu uma risada, logo que a encarei. 


— Esse fez curso para corno... 


— Normani, não fale assim dele. 


— Ué, eu só estou comentando. Quem está pegando a mulher dele é você. 


Parei de repente, me sentindo mais filha da puta de todas as filhas da puta do mundo. Eu não conseguia me culpar por me sentir atraída por ela. Nunca me senti realmente culpada porque pra mim ela sempre fora "a garota da Highline Ballroom" e não "a namorada do meu melhor amigo". Eu juro que tentava enxergá-la como tal, mas eu tinha essa mania horrível de enxergar as pessoas pela primeira impressão que tinha delas. 


— Se você gosta dela, eu acho que você deve ir em frente sim e tentar. De verdade. Mas se for apenas uma faisca no rabo, se afaste dela. Evite problemas para você e principalmente para os dois. — A mulher falou com convicção e eu mordi o meu lábio inferior, processando. 


— Eu não gosto dela, Mani. E não é uma faísca no rabo, é uma chama ardente que me domina e me faz querer pegar ela, e é só. Não é mais pela minha meta, é pelo prazer que isso me causa. 


— Então eu repito: Evite problemas para você e principalmente para os dois. 


— E se for muito impossível? — Perguntei descartando totalmente a hipótese de deixar a latina e a morena me encarou com uma das sobrancelhas arqueada. 


— Aí vai significar que Shawn não é tão importante para você, como você é para ele. 


— Mas é claro que ele é importante. E muito! Como se fosse Taylor e Chris! 


— Então você já sabe a resposta. — Kordei se levantou de onde estava e me encarou novamente. — Pense em tudo o que eu te falei que você vai encontrar a resposta. — Passou as mãos pelos meus cabelos desgrenhados e os desalinhou-os ainda mais antes de sair andando para a cozinha. — Quer pipoca? 


— Prefiro cookies. — Gritei de volta e fechei os olhos, procecessando sobre o que havíamos acabado de conversar. 


E se for muito impossível? 


Aí vai significar que Shawn não é tão importante para você, como você é para ele. [...] Evite problemas para você e principalmente para os dois. [...] Então você já sabe a resposta. 


Droga, eu sabia a resposta. Mas seria difícil pra caralho fingir que Camila não existia por causa da relação que ela tinha com Mendes. 


E eu jamais, nem em um milhão de anos, me imaginaria numa situação como essa. 



CAMILA'S POV 


Fazia um tempo que Ally já havia ido embora e o movimento no café tinha aumentado bastante, para a minha alegria. As mesas já estavam praticamente todas cheias e eu me sentia satisfeita por me dar conta de tudo sem me atrapalhar. Atendi a ultima cliente da fila e sorri, lhe entregando um copo de Milk Shake antes de me virar de costas para o balcão, retirando meu avental. Coloquei-o em um cantinho qualquer dali e me sentei em um banquinho próximo, onde Lucy e eu costumávamos esperar os próximos clientes. 


Céus, como eu sentia falta de Lucy. Aquele trabalho não era o mesmo sem ela e eu já estava começando a me irritar com todo aquele silencio sepulcral na hora dos atendimentos. Lembrava da garota sempre fazendo alguma gracinha, contando piadinhas sobre os clientes e mesmo quando eu não estava a fim, ela insistia nas palhaçadas. Estava começando a acreditar no que as pessoas falavam que o que mais fazia falta eram os momentos irritantes. 


Levantei-me exausta de esperar a boa vontade de alguém aparecer ali e bufei entediada. Eu precisava de alguma coisa que me distraisse ou então surtaria de puro tédio. Caminhei de um lado para o outro na recepção, até que me lembrei da pequena salinha que havia nos fundos do estabelecimento. De toda a transformação do café, aquele era o único lugar que não foi, em hipótese alguma, mexido. Ninguém nunca entrava ali, eu nem se quer sabia o que tinha guardado naquela sala, mas aquele seria o dia em que eu iria descobrir. 


Não por curiosidade, mas por não ter muito o que fazer... 


Ok, quem eu estava tentando enganar? Eu estava mesmo curiosa pra caralho. 


Cobri uma das minhas mãos na maçaneta da porta velha e a abri, que rangeu conforme eu abria ainda mais. Usei a lanterna do celular para iluminar a escuridão do lugar e movimentei as mãos pela parede até que encontrasse o interruptor de ligar a luz. 


Assim que consegui ligar, caminhei em passos lentos até um armarinho e o abri, me chocando com a quantidade de talheres antigos que haviam ali. Misericórdia, por que os idosos tinham essa mania horrível de manter tanta coisa velha guardada? 


Não muito longe de onde eu estava, era perceptível a quantidade de cadeiras entulhadas, uma em cima das outras junto às mesas de madeira, como se alguém tivesse as posto ali sem cuidado algum. Aquilo deveria estar há quanto tempo abandonado? Uns quarenta anos?

 
Parei no centro do lugar e cocei a cabeça, pensando em um jeito de falar com John e convencê-lo a transformar aquilo em alguma coisa útil para o café. Não era muito saudável guardar todas aquelas coisas pra nada, podendo reaproveitar todo aquele espaço para algo mais favorável. 


Suspirei e peguei as chaves da porta no bolso, antes que me desse uma crise alérgica no meio de toda aquela poeira secular. Antes que eu fizesse menção de sair, franzi o cenho, voltando à guardá-las no mesmo lugar, e avistei uma cadeira bem gasta com um violão, em perfeitíssimo estado — diga-se de passagem —, em cima. Me aproximei e peguei-o em minhas mãos, antes de me sentar no banco, e comecei a dedilhar algumas notas. Afinei o instrumento sem pressa alguma e, sem me importar com a clientela lá fora, comecei a tocar uma canção aleatoriamente, que só depois descobri ser That's My Girl, da Lauren. 


Espera, com tantas músicas nesse mundo, por que diabos estaria tocando logo That's My Girl? 


— Fugindo do trabalho, Senhorita Cabello? 


Olhei imediatamente para trás, devido ao susto, e a imagem do dono se aproximando se fez presente, junto com o barulho dos seus passos lentos. Ele estava um pouco abatido ultimamente. Lucy havia me dito que ele havia sumido por uns dias do café, mas não lhe dera satisfações sobre o que poderia estar acontecendo. Não que fosse da nossa conta, mas nos preocupávamos. Sempre que perguntávamos sobre sua saúde, ele nos garantia de que estava tudo bem e que não precisaríamos nos preocupar. Era sempre assim. 


—Que susto, Sr. John! — Falei me levantando e pondo o violão onde estava antes. — E o senhor deveria ficar sentado e deixar que tomo conta de tudo por aqui... 


— A senhorita e Lucy são bem parecidas. Eu cansei de ficar sentado o tempo todo, preciso me movimentar, filha. — Apoiou a outra mão em sua velha bengala e encostou-se no batente da porta. 


— Já falei que não há necessidade disso. Por que o senhor não vai para casa, descansa... 


— E te deixar aqui sozinha? Esquece, mocinha. Eu sou um velho muito hiperativo para ficar vegetando em casa. — Ele disse e eu gargalhei do seu modo de falar. — Estava aqui te ouvindo cantar... O que acha de cantar aqui no café? 


O quê? 


— Cantar? Mas e os clientes? Depois daquele mico que paguei em transmissão ao vivo, me desculpe Sr., mas não dá mesmo. 
Que ideia mais maluca! Óbvio que eu não cantaria lá. Não misturaria as coisas, aquele era o meu local de trabalho. E se as pessoas parassem de frequentar o café por minha causa? Nem pensar! 


Sem chance!  


— Enquanto Lucy não volta, eu lhe ajudo. Estou mesmo precisando ocupar a minha mente... 


— Concordo com ele, Chancho. O que é que tem? Lucy já fica aqui praticamente sozinha quando você tem que ir para o programa. E isso não será sempre, reserve uma horinha... — Dinah surgiu atrás do homem e eu me assustei por ter sido surpreendida novamente. 


— Jane? O que você está fazendo aqui? — Perguntei com o cenho franzido e ela riu. 


— O que você está fazendo aqui?! Falta de educação deixar os clientes esperando lá fora, Cabello. — A mulher sorriu e cumprimentou o senhor ao seu lado, sem se importar se estava atrapalhando nossa conversa ou não. — Não havia ninguém lá na frente, dai eu entrei. Me dá um café ai, vai. 


— Falta de educação falar com as pessoas dessa maneira autoritária, senhorita Dinah Jane. Não vê que eu estou no meio de uma conversa? — Estalei os dedos na intenção de fazê-la perceber que eu estava ocupada e a garota gargalhou. 


— Foi mal, mas a empregada aqui é você, minha cara. Tem que fazer o que eu mando. 


— Claro que não, sou empregada apenas do Sr. John e você é apenas uma cliente da qual eu devo apenas lhe atender da melhor maneira possível. 


A garota manteve-se boquiaberta conforme eu ía falando e fez menção em dizer algumas coisas, mas logo desistia de uma maneira engraçada e fingindo-se chocada comigo. 


— Enfim, perdi até a vontade de tomar o meu café. — Hansen revirou os olhos e estalou a língua, antes de voltar a me encarar. — E então? Vai fazer o que John propôs? 


— Não dá, Dinah. — Interrompi a mulher — O que o povo vai pensar? 


Voltei a me sentar onde estava e coloquei o instrumento no chão, apoiando a cabeça em minhas mãos enquanto os encarava. 


— Que você é corajosa e que sua voz é maravilhosa. — John gesticulou, contando minhas qualidades nos dedos. — E é uma forma de você treinar suas habilidades. 


Parei por alguns segundos e mordisquei o meu lábio inferior. Até que pensando por aquele lado, não era nada mal fazer algumas pequenas apresentações dali por diante. Eu não precisaria me importar com jurado, não temeria à música que eu estava desconfortável para cantar e ainda ganharia um publico, mesmo que pequeno. Treinaria minhas técnicas calmamente, ensaiaria as músicas para o programa... 


— Certo, caso eu aceitasse... 


— Pode começar hoje, então! Agora.  — O senhor disse com um sorriso brilhando nos lábios. — A senhorita poderia me trazer aquele violão? 


— Não é como se Camila não pudesse pegar sozinha... — Dinah disse encarando seriamente o senhor — Mas eu faço o favor. 


Revirei os olhos e segui-a com o olhar enquanto pegava o violão do chão. Não, eu não queria ter que me levantar porque sabia que justo naquele dia iriam me obrigar a cantar, coisa que não me deixava muito afim. Minutos mais tarde, depois de John ter implorado várias vezes para que eu me levantasse logo, fui carregada por Dinah até o centro da recepção, onde as pessoas tomavam seus cafés e conversavam aleatoriamente, e me entregou o violão. 


— Mas... 


— Porra, Chancho, começa logo! — Dinah me apressou com um olhar autoritário e eu estalei a lingua impaciente, sem saber muito bem como começar.  


Fazer aquilo em meu local de trabalho era, de certo modo, mil vezes mais difícil do que no programa. Ainda mais quando eu já havia pago o maior  mico de todos diante de milhares de pessoas, o que era pior. 


— Eu gostaria de cantar uma música... Eu espero que não se incomodem... — Sorri *muito* sem graça e encarei Dinah, que sorria de orelha a orelha com um celular nas mãos, provavelmente me gravando. Filha da mãe. 


Who's been working so damn hard? ( Quem é que trabalhou duro?) 


You got that head on overload? ( Está com a cabeça sobrecarregada? ) 


Got yourself this flawless body ( Conseguiu esse corpo perfeito ) 


Aching now from head to toe ( Doendo da cabeça aos pés ) 


Ain't nothing, ain't nothing ( Isso não é nada, não é nada ) 


All my ladies 'round the world ( Todas as minhas garotas ao redor do mundo ) 


Ain't nothing, ain't nothing ( Isso não é nada, não é nada ) 


Good girls better get bad ( Boas garotas melhor ficarem más ) 

Lembrei-me de ter visto Jauregui cantar essa mesma música no Good Morning America e sorri. Eu gostava da música, não só pela melodia, agora maravilhosa no acústico, mas pela auto estima que ela proporcionava. Eu me sentia melhor ao cantá-la e me esquecia até dos meus piores defeitos quando o assunto era música. 

You've been down before ( Você já ficou para baixo antes ) 


You've been hurt before ( Já se machucou antes ) 


You got up before ( Já se levantou antes ) 


You'll be good to go, good to go ( Você estará pronta, pronta para ir ) 


Destiny said it, you got to get up and get it (Como Destiny's Child dizia, você tem que se levantar e conseguir ) 


Get mad independent and don't you ever forget it ( Fique completamente independente e não esqueça jamais disso )

 
Got some dirt on your shoulder, then let me brush it off for ya ( Tem uma sujeira no seu ombro, me deixe limpar para você ) 


If you're feeling me, put your five high ( Se você me entendeu, toca aqui ) 


That's my girl ( Essa é minha garota ) 


Observei enquanto algumas pessoas cantavam ainda sentadas e outras se levantavam empolgadíssimas para trocar algumas palavrinhas com Dinah. Palavrinhas e selfies, diga-se de passagem. 


That's my girl ( Essa é minha garota ) 


That's my girl ( Essa é minha garota ) 


That's my girl ( Essa é minha garota ) 


What you waiting for? ( Levanta, está esperando o que? ) 


Finalizei, com um sorriso tímido e agradeci aos poucos elogios que recebi. Talvez não tivessem gostado muito ou eu tenha desafinado em algum momento, mas tinha a certeza que não havia agradado nem 40% das pessoas. 


E sabia também que aquela era uma péssima ideia. Até Dinah que nem cantar, cantou, tinha mais admiradores ao redor dela do que eu. Sem querer soar egoísta, mas eu não entendia. Mesmo fazendo um esforço para isso. 


— Não! Eu. Não. Quero. Tirar. Fotos! Qual parte disso vocês não entenderam? — Dinah afastou duas das várias garotas que a cercavam e bufou irritada.

 
— Eu gostei muito da Camila Cabello cantando, juro. — Uma delas se pronunciou e eu sorri. — Mas você canta bem melhor. 


— Essa não é aquela que passou vergonha no The voice? — Uma mulher morena, bem vestida por sinal, falou se levantando da mesa em que estava, nos fundos. — Esse lugar está cada vez mais mal frequentado. 


Arregalei os olhos com uma vontade descomunal de avançar na cara daquela patricinha metida a besta, mas não tive coragem nem de me mover depois daquilo que ela tinha dito. Eu poderia cantar melhor do que a Beyoncé, ter a performance melhor do que a dela, que sempre seria reconhecida pelo fatídico dia que me detonou no The Voice. 


— Eu sabia que não era uma boa! — Falei comigo mesma, com os olhos marejados, e me desfiz do violão, que por pouco não se espatifava no chão. 


Olhei para Shawn que segurava o instrumento com a respiração ofegante e me encarava como se eu fosse alguma louca fora do meu juízo normal. Eu estava tão aflita assim que nem percebi o momento que ele havia entrado e se aproximado de mim? 


Enquanto Dinah se desfazia das pessoas, o garoto me abraçou forte e beijou o topo da minha cabeça, como quem dizia que iria ficar tudo bem. Apenas me aconcheguei ainda mais em seu peitoral e fechei os olhos na tentativa de me manter mais calma. 


— VÃO TODO MUNDO PARA A PUTA QUE PARIU VOCÊS! VÃO SE FODER, VÃO PRA ONDE VOCÊS QUISEREM MAS SAIAM DE PERTO DE MIM! — A mulher saiu do meio da rodinha em que estava e seguiu em direção à morena que havia me zombado, antes que ela saísse porta a fora. 


— Está tudo bem, minha filha? Me perdoe por isso... 


— Não, não foi culpa sua, John. Fique tranquilo, por favor. — Tentei sorrir amarelo, mas nem tentar eu estava conseguindo. 


— Já está na hora de fechar, não é mesmo? Eu vou ajudar o Senhor enquanto a Mila me espera no carro. — Shawn falou, enquanto se afastava minimamente de mim para olhar em meus olhos. 


— Claro que não, esse trabalho é meu e eu vou ajudar a fechar aqui. Você me espera! — O corrigi e o vi concordar, antes de dirigir minha atenção à Dinah novamente. 


Ela estava em pé na porta de saída e gesticulava na frente da mulher que apenas ouvia tudo com cara de deboche. Se eu estava certa, Dinah quase avançava sobre ela afim de descarregar sua raiva, enquanto a morena apenas segurava a sua bolsa vinho com força, como se ela fosse a defender de Hansen. 


— ... Se atreva a insinuar mais alguma coisa pra ver se não te baixo a porrada onde for que eu estiver. E não precisa voltar aqui não, viu. — Minha amiga puxou a mulher pelo pulso, fazendo-a voltar a encará-la. — Essa foi a última vez em que este lugar esteve tão "mal frequentado". 


— Passar bem. — Li os lábios da morena antes da mesma virar as costas para Dinah e sair porta a fora. A mais alta, por dua vez, marchou até nós e sorriu vitoriosa por ter atingido o ponto que queria naquilo tudo. 


John a olhava com um certo espanto, assim como Shawn, conforme ela se aproximava. Eu não me surpreendi, sabia muito bem do que ela era capaz, mesmo a conhecendo a tão pouco tempo, mas me senti melhor. Parecia que Deus havia a enviado para me defender, com a certeza que eu não o faria sozinha. 



— Esquece tudo isso e entra logo no carro! — Meu namorado disse com empolgação na voz. — Tenho uma noticia boa e outra ruim para você.  


O garoto deu a volta no carro e destrancou a porta antes de entrar. Abriu a porta do passageiro para mim, ainda dentro do carro, e eu entrei, pondo o cinto de segurança. O encarei com a feição seria e tentei controlar a minha curiosidade, o que estava muito difícil, por sinal, e caso ele não contasse logo, eu surtaria a qualquer momento. 


— Comece pela ruim. A boa sempre melhora o clima que a ruim deixa. 


— Mas quem disse que eu vou contar? — Ele perguntou e eu uni as sobrancelhas, confusa. Deu partida no carro e seguiu pela estrada contrária a que dava até a nossa casa, me deixando ainda mais aflita e com uma pulga atrás da orelha. 


Se tinha algo que eu odiava mais do que tudo nesse mundo, era mistérios irritantes. 


— Não? — O olhei com um ponto de interrogação enorme no meio da testa. — Como vou saber então? 


— Você vai entender. 


Revirei os olhos com uma impaciência incapaz de ser produzida por um ser humano. Mas eu estava muito curiosa, e não queiram me ver curiosa, porque além de tudo, eu me estressava fácil nessa situação. A pior parte disso, era que eu imaginava exatamente tudo o que poderia ser, fantasiava coisas nada a ver e na hora H, não era nada de extravagante e que poderia mudar a minha vida. 


Conforme o tempo passava, ia ficando ainda mais difícil me controlar na estrada a nossa frente e me esquecer daquelas malditas noticias que Shawn tinha para me dizer. 


Para onde ele estava me levando, pelo amor de Deus? 


Talvez eu não fosse tão burra assim para me perguntar uma coisa daquelas, não era como se eu não conhecesse o caminho. A cada cinco metros de estrada — numa velocidade maior do que a permitida — mais eu começava a desconfiar daquilo. 


Será que a Lauren... 


— Chegamos, Mila. — Shaw se aproximou de mim e beijou os meus lábios, em um espaço de tempo curto. Abriu a porta ao seu lado e saiu, caminhando até a porta da casa da amiga e tocando o interfone. 


Que diabos era aquilo? 


O que Lauren tinha a ver com aquilo, por Deus? 


E que porra de noticia era essa que precisava da presença dela?  


Tentei manter a calma e respirar fundo. Seja qual for esse assunto, eu precisava estar inteira para ouvir. Mas a questão era que eu não estava preparada mesmo e admitia isso. Só o fato de ter ficado com ela varias vezes pelas suas costas já era o suficiente para me deixar aflita e desconfiada. E se fosse isso? 


— Mila, vem cá. — O garoto me chamou e eu congelei na poltrona, com os olhos fechados, como se estivesse tendo uma cólica ou uma contração daquelas bem fortes. 


Era agora, puta que pariu. 


Balancei as pernas freneticamente no chão do veiculo e tomei, finalmente, coragem para abrir a porta. Sai lentamente do carro e engoli em seco, conforme ia me aproximando dos dois. Lauren me parecia calma, mas inquieta, o que era perceptível, e Shawn era o único que mantinha a serenidade no olhar. Como se quisesse realmente nos foder e acabar com a nossas vidas. 


Com certeza ele estava se divertindo com aquilo. 


— Podem me dizer o que eu estou fazendo aqui? Aliás, por que todas as vezes que me trazem, é sem o meu consentimento? — Me pronunciei e Shawn riu, antes de me abraçar por trás. — Não vem, Shawn. Que noticia dos infernos é essa que você quer me dar na presença da Lauren? 


Cruzei os braços e a encarei de cima a baixo, esperando alguma reação dela. A garota, que antes estava encostada ao portão, caminhou em passos lentos até onde eu estava e sorriu cínica, com uma das sobrancelhas arqueadas como se quisesse bater de frente comigo ali. 


— Bem vinda à uma semana que terá de me aturar, Camz. 


Notas Finais


Eitaaaaaa, agora o bicho pega 3:)


Eee aii?? Como estamooooos??


=D





~RGBS


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