História The Key - Stranger Things - Capítulo 07

Hopper e as crianças continuaram caminhando durante aproximadamente 40 minutos até conseguirem avistar a floresta das trevas.

Os meninos estavam cansadas, além de estarem preocupados com o que seus pais diriam em relação ao tempo em que passaram fora. No fim, o que ambos idealizaram como "Aventura de nossas vidas" acabara se tornando um tormento assustador.

A ideia de ir ao mundo invertido havia soado muito mais atraente quando ainda estavam no mundo normal, imaginando batalhas épicas e monstros assustadores. Agora estando ali, tudo o que idealizaram antes, parecia ter perdido o sentido. Aquele lugar era literalmente sufocante, misturava áureas de tristeza, angústia, sofrimento e medo.

- Estou com fome - Dustin resmungou esfregando as mãos na própria barriga.

- Eu também - Lucas respondeu.

- Creio que todos nós estamos - Disse Hopper.

- Garotos, esperem só mais um pouco ok? Se Mike e a menina não estiverem aqui, daremos uma última vistoria na escola e então voltaremos para casa. - Clarke tentou amenizar toda a situação. Apesar de seu cansaço acumulado, para ele era instigante estar num mundo pós-apocalíptico no futuro, e ainda ter a oportunidade de impedir que aquilo realmente acontecesse, era quase como se sentir um verdadeiro herói.

- Professor.

- Sim, Lucas?

- Se a Eleven já estiver virando o monstro, como vão fazer pra ela voltar ao normal?

- Não tenho como ter certeza, porque não conheço como funciona tanto o laboratório quanto as máquinas que eles possuem, no entanto o que eu faria é encontrar um jeito de multiplicar, ou melhor dizendo clonar as células ainda boas dela, para que a célula em maior quantidade vença.

- E as outras células, as doentes? - Perguntou Dustin.

- Muito provavelmente lhe darão alguma substância que extermine essas células.

As lanternas de todos começaram a falhar, assustando-os.

- O que está acontecendo? - Lucas encarou à todos, alarmado.

- Está acabando a bateria? - Dustin fixou seus olhos em Hopper.

- É a garota. Estamos perto. - Hopper sorriu.

Will acordou em um novo quarto. Esse também baseava-se todo na cor branca, no entanto, este possuía alguns aparelhos diferentes, além de uma pequena janela um pouco para o centro do local.

Haviam espécies de tubos presos as pontas de seus dedos, um líquido transparente escorria deste mesmo tubo saindo de uma máquina.

Seu estômago doía. Via tudo girar bem devagar.

Sua mãe dormia em uma cadeira no canto da sala. Sua cabeça estava apoiada na parede e entre seus braços ela segurava uma revista.
Gostava de observar sua mãe, tinha um enorme sentimento de ternura por ela. Para ele, Joyce era a melhor mãe do mundo, sua verdadeira heroína.

Quando lhe contaram como ela ficara e tudo que ela fez por ele enquanto esteve desaparecido, só fez sua admiração e amor por ela crescerem.

Assustou-se com o barulho da maçaneta sendo aberta. Era Jonathan, ambos sorriram um para o outro.

- Tudo bem campeão? - Jonathan puxou uma cadeira para junto do leito de Will.

- Sim, é só meu estômago que dói um pouco.

- Isso é normal, não se preocupe. - Will sorriu.

- O que são essas coisas? - Ele balançou seus dedos, fazendo com que Jonathan voltasse sua atenção aos tubos.

- Um medicamento para evitar que tenha sobrado algum ser indesejável em você. Quase como um soro.

- Entendi. Por quanto tempo vou ficar aqui?

- Isso já não sei te dizer.

- Não gosto desse lugar, tem energias ruins.

- Creio que nem mesmo quem trabalha aqui gosta.

- Não é que ele veio mesmo? quanto tempo você acha que ele vai continuar com você? Se quiser podemos testá-lo - A voz sussurrou entre uma risada, fazendo Eleven gritar apavorada, assustando Mike.

- El? O que foi? - Ela se pôs a chorar, o menino estava intrigado - Ei, você pode confiar em mim, vou ajudar você.

- Sombra.

- Está lá em cima. Não pode te machucar.

- Falando, falando. - Mike estava começando a se desesperar. Ao que tudo indicava, a tal sombra ainda incomodava à El, e pior, ao que tudo indicava, de algum modo estava falando com ela.

- O que ela lhe disse?  - El se incolheu, afastando-se de Mike, ele caminhou até ela puxando-a de volta pelos ombros - Eleven, por favor se acalme. Ok? Ignore tudo que ela estiver falando para você - Mike a abraçou - Estou aqui, vou cuidar de você.

Mesmo abraçada a Mike, Eleven insistia em olhar para cima procurando pela sombra no céu. Continuava a ouvir risadas abafadas vindas da sombra.

Tinha medo que ela fizesse algo com Mike e até mesmo consigo.

- Mike

- Sim?

- Obrigada.

- Não precisa agradecer.

Ele a apertou, podia senti-la tremer sobre seus ombros, no entanto dessa vez, sabia que El estava chorando.

Nancy tocou a campainha algumas vezes. Esperando que alguém fosse lhe atender. Logo Steve abriu para ela, sorrindo.

Ele caminhou junto à ela até sua sala de estar, indicando onde se sentar.

- Nancy.

- Oi, Steve - Sorriu sem jeito - Hm, eu sei que isso é meio estranho mas, você pode me fazer companhia?

- Claro - Ele a encarou intrigado - Está tudo bem?

- Estou preocupada com Mike.

- Seu irmão? - Ela assentiu - O que aconteceu com ele?

- Ele foi atrás de uma garota que gosta junto com o delegado e os meninos.

- E o que isso tem demais? - Steve arqueou uma de suas sobrancelhas.

- Essa busca deles, é justamente no mundo invertido.

- Mundo invertido?

- Lembra-se daquela criatura que atraímos para casa de Jonathan a alguns meses atrás?

- Ah, sim - Ele riu - Como esquecer não é?

- É no mundo invertido que essa criatura morava.

- Oh, isso é ruim.

- Já perdi Barb para aquele lugar, não posso perder Mike também.

- Foi um pouco suicida da parte do seu irmão ir até esse tal mundo invertido atrás de uma garota.

- Ele gosta dela, Steve. - Nancy revirou seus olhos, num suspiro demorado -

- Mesmo que goste, você tem de concordar que foi loucura da parte dele. 

- Eu realmente pensei que você tivesse mudado.

- Mas mudei, por você Nancy.

- Sinceramente? Às vezes não parece. Acabei de dizer que estou preocupada com meu irmão e olha o que você me diz.

- Me perdoe, foi sem pensar.

- Vou pra casa - Ela se levantou aos poucos - Preciso ficar um pouco sozinha.

- Você não ficou chateada com o que disse certo? - Ele se aproximou dela receoso -

- Preciso ir Steve.

- Quer que eu te acompanhe?

- Não precisa. Tchau - Ela tentou sorrir, então lhe deu as costas, caminhando apressadamente até a porta, deixando-o para trás.

Joyce acordou assustada, estava tendo um pesadelo no qual seu filho, era encontrado morto sobre uma mesa de cirurgia. Para sua sorte, tudo fora apenas um sonho.

Will estava sentado em seu leito olhando diretamente para ela, parecia intrigado. Ela se levantou caminhando até ele.

- Como se sente?

- Bem - Ele sorriu.

- Algo em você dói?

- Apenas meu estômago mas Jonathan disse que é normal que isso acontecer. - Joyce sorriu ternamente para o filho.

- É verdade.

- Meus amigos já voltaram?

- Oh, ainda não.

- Acha que estão bem?

- Hopper não vai deixar nada acontecer com eles, não se preocupe. - Ela afagou seus cabelos.

- Queria ter ido também - Will baixou seu olhar, fixando-o no chão do quarto.

- Eu sei querido mas dessa vez você tinha realmente que ficar. Estava doente.

- Só queria poder ter ajudado, sempre eu que sou o atingido e os outros que tem de me salvar.

- Não é verdade, ninguém muito menos você, tiveram culpa do Demogorgon ter lhe capturado e levado para o mundo invertido. Não se sinta assim, ok? - Will assentiu lentamente, ainda pensativo.

Hopper estava parado buscando ouvir alguma coisa.

- Ouvi algo! - Lucas exclamou.

- Onde?

- Para lá - Lucas apontou para o lado leste da floresta.

- Tomara que sejam eles. - Dustin sorriu.

- Quanto mais perto dela estivermos, mais a lanterna vai piscar. - Hopper os alertou.

- Vamos para o leste então? - O professor sorriu. Todos assentiram, seguindo à Hopper e Clarke que caminhavam logo mais a frente, os guiando.

As lampadas começaram a falhar novamente, cada vez mais forte.

- Está perto. - Dustin sussurrou.

- Mas onde? Não vejo nada. - Lucas olhou de um lado para o outro.

- Vamos tentar chamar por eles. - Lucas sugeriu.

- Tá bom - Disse Clarke.

- Eleven! - Dustin gritou.

- El! - Agora era Lucas que gritara.

- Aqui! - Era uma voz baixa, quase inaudível porém fora o suficiente para os meninos reconhecerem.

- É a voz de Mike! - Lucas exclamou.

- Mike!

Todos correram na mesma direção apressados para encontrá-los logo, quando enfim os viram, acharam Mike sentado abaixo de uma árvore. El estava desacordada apoiada à ele ambos tinham seus braços entrelaçados um no outro.

Hopper se aproximou abaixando-se na altura de Mike, pagando Eleven em seus colo.

- O que lhe deu na cabeça para fugir desse jeito? - Ele encarou Mike de uma forma severa. O menino estava claramente constrangido.

- Estava sentindo que ela não estava lá, só queria encontrá-la logo. - Mike suspirou. O delegado bufou suavemente.

- Tudo bem, pode me explicar o que houve com ela? Por que está desmaiada?

- Está dormindo, estava assustada.

- Com o quê?

- Com aquela sombra ali, logo acima de nós. - Mike apontou para o céu, onde o vulto negro ainda se movimentava em círculos sobre Eleven.

- Não vejo nada - Hopper respondeu ainda com os olhos pregados onde o garoto apontara.

- Eu também não - Disse Lucas.

- Como não? Está bem em cima de nós. É escura mas se prestarem atenção dá para ver sim.

- Eu realmente não vejo nada. - Disse Clarke.

- Você está lúcido Mike? - Hopper o questionou.

- Estou ótimo. Não estou louco. Tem algo ali sim. Vocês vêem né? - Mike virou-se para Lucas e Dustin, intrigado.

- Na real Mike, não tem nada lá. - Lucas sussurrou.

- Eu também não vejo - Dustin estava preocupado com o amigo.

- Ok, pode parecer loucura, mas tem alguma coisa ali e essa coisa falou algo para a El, algo que a deixou muito assustada.

- Espera, está me dizendo que a garota também viu essa tal sombra? - Hopper arqueou uma de suas sobrancelhas.

- Acabei de dizer, viu e ouviu.

- Tem certeza que essa sombra falou algo para a menina Mike? - Clarke virou-se para ele.

- Tenho. Nunca tinha visto El daquele jeito antes, ela estava desesperada, chorava muito.

- O melhor é voltarmos para o laboratório.

- Finalmente - Dustin exclamou, vendo a expressão dos outros, sorriu constrangido - Me desculpem.

- Vamos - Hopper ajeitou Eleven de modo que seu corpo ficasse numa posição confortável para ambos e então iniciaram a rota de volta para casa.