História The Kids Are Alright - AU Drarry mpreg - Let it snow, let it snow, let it snow

Nenhuma nuvem no céu.

Era final de novembro e não havia uma nuvem sequer no céu azul. E se não há nuvens, nem tempo nublado queria dizer que não haveria neve hoje.

Albus se jogou de costas contra a grama fria. Porque, não havia nuvem nem neve mas estava frio e seus pés descalços estavam reclamando disso. Ele os encolheu enquanto estudava o céu, não sabia muito bem o que procurar mas alguma razão deveria ter para não estar nevando, precisava descobrir.

Um pacote colorido se aproximou da sua cabeça. Os longos cachos coloridos da sua irmã quase tampando o sorriso de criança para ele. Mesmo de ponta cabeça, Albus esticou os braços para apertar as bochechas da crianças e puxou para que ela ficasse ao seu lado. Ela estava quentinha e a boca suja de chocolate. Queria entrar em casa para tomar uma xícara também, mas antes precisava sofrer pela falta de neve mais um pouco.

- O que a gente 'tá fazendo, Albie? - Perguntou, imitando a posição do irmão, sentada de costas para grama, as pernas encolhidas, os cachos se misturando um no outro.

- Estamos estudando o céu. - Suspirou.

- Por que?! - Seu rostinho curioso se virou rapidamente para o irmão.

Lily estava na fase das perguntas, toda e qualquer informação que dava a ela vinha automaticamente vinha com um questionamento incluso. Albus, sempre paciente, sempre tentava dar uma resposta completa.

- Porque estamos esperando a neve chegar, a gente fica olhando o céu até ter uma pista de que ela vai vir hoje.

Lily diminuiu seus olhos, não entendia porque o irmão gostava tanto da neve. Era chata! Quando nevava ela nem mesmo podia brincar do lado de fora porque papai não deixava, era só um pouquinho e seu nariz ficava entupido e gelado. Preferia muito mais o sol e os brinquedos do parque que ficavam totalmente congelados no inverno.

Era uma criança do verão, alguém já havia dito, só não lembrava quem... Embora esse pensamento fizesse alguma coisa em seu peito apertar um pouco. Ela se agarrou ao braço do irmão, um bico formando nos lábios.

A brisa que encolhia os pés de Albus se transformou em uma ventania gelada. Suspirou frustrado porque aquele vento era só para deixar o clima mais frio, e não porque estaria chegando os flocos esperados de neve. Levantou Lily do chão junto com ele e os dois entraram para dentro da casa. Albus deu uma segunda e rápida olhada para cima. Nada.

Harry estava descendo as escadas quando o garoto desanimado entrou pela porta.

- Nenhuma neve hoje? - Sorriu paciente. Albus negou com a cabeça.

Lily soltou a mão do irmão para pular em cima de Harry como habitual. O rapaz a segurou firme sua macaquinha.

- Dada, nós estávamos estudando o céu! - Disse entusiasmada.

- Oh! E não encontraram nenhum indício de neve?

Lily olhou triste para o irmão emburrado.

- Não...

Albus deu de ombros, colocando o cabelo comprido atras da orelha. Harry desejou ter quatro braços para segurar seus dois pequenos no colo, como não era possível, ele suspirou ajeitando Lily ao lado do seu corpo e esticou sua mão para o filho mais velho.

- Certo, eu entendo como você deve estar decepcionado. Podemos olhar no computador porque está demorando tanto para nevar, sim? Quer usar meu computador para isso?

O rosto da criança se iluminou. Ele não tinha pensando em pesquisar na internet a razão de tudo isso, ele aceitou a mão maior e segurou enquanto subiam as escadas.

- Mas antes você vai tomar um banho quente, seus pés estão duros de frio, Al, não saia mais de casa sem vestir algo neles.

- Por que?! - Lily perguntou.

- Porque se não ele pode ficar doente, Lils. - Respondeu.

Albus soltou a mão de Harry e andou de frente para o pai e a irmã fazendo garrinhas com a mão.

- E porque se você não esquentar seus pés. Eles vão ficar duros e cair! HA-HA-HA! - Disse fingindo uma voz grossa.

- AAAAHHH! - Lily berrou no ouvido de Harry que precisou soltar a menina para que ela corresse atrás do irmão que agora ria alto por ter irritado a mais nova.

- Albus! Você é impossível! - Harry brigava. - Vai pro banheiro, eu estou indo atras pra te ajudar.

O garoto conseguiu se livrar da irmã e Harry pegou a garotinha pela cintura, a levando para o outro quarto, onde a pousou na cama.

- O que aconteceu? - Draco disse em um sorriso ao ver a pequena se sentando no colchão com os braços cruzados e uma feição irritada no rosto.

- Albus fez uma piada de mau gosto. - Harry respondeu, tentando não rir do olhar bravo da filha. - O que vocês estão fazendo? 

Draco havia saído do hospital fazia alguns dias daquela semana, e como recomendação médica para recuperação até o nascimento de Cal ele deveria ficar em repouso, o máximo possível. Scorpius não saia de perto do pai desde a sua volta, se tornou normal a cena do garoto deitado ao lado do rapaz, como agora lendo um dos quadrinho de Teddy, ou sentado em algum canto. Mas sempre próximo. 

- Nada demais. - Draco disse entediado. Ele não fazia questão de demonstrar seu descontentamento em ficar deitado, inutil, o dia inteiro. - Apenas repousando.

Harry se aconchegou, deixando Scorpius no meio da cama e suspirou. 

- É uma pena que Lily esteja tão irritada que não queira se juntar a nós. - E sua voz agora estava abafada por estar com a boca na bochecha do menino mais novo. - Todos os ataques de beijos serão só para Scorpius. 

O pequeno corpo se remexeu na ponta. Seu pai não faria isso. Ele não daria ataques de beijos sem Lily participar. Aquilo era uma coisa deles! 

Draco escorregou um pouco para baixo, a ponto de estar na mesma altura das bochechas do filho e estalou um beijo. Seguido de Harry e depois dele novamente. Scorpius riu, as bochechas alvas ganhando tom de vermelho. Lily se virou rapidamente. 

- Não! - Choramingou, engatinhando até Harry que tinha os lábios juntos esperando que Lily lhe desse um selinho inocente e desfizesse a birra. 

O moreno deitou a cabeça no travesseiro observando a filha caçula tomar a atenção de todos com seus pequenos beijos e cantoria. Subindo no padrasto, o mais delicado que ela conseguia ser, e abraçando a barriga redonda para conversar com o "bebê dela" arrancando sorrisos bobos do loiro. 

Certo momento, depois que Albus saiu do banheiro e arrastou Scorpius para a sua pesquisa sobre a falta de neve, ficaram apenas os tres no colchão. Lily estava bem mais entretida agora, Draco tentava ensinar ela a contar pequenos números em francês. O que fez Harry pensar em que tipo de problema teria com mais uma pessoa resmungando pela casa uma língua que ele não entendia. 

- Trois! - Draco arrumava três dedos nas mãos de Lily. 

- Trrrroas! - Ela repetia atenta e Harry sorria. 

Ele tinha muita sorte. 

-x-

Nenhuma nuvem no céu novamente. 

Já havia passado dois dias. Albus já havia feito pesquisas sobre efeito-estufa, superaquecimento da Terra e estava formado em derretimento das geleiras. Teddy deu a ideia deles pegarem o velho telescópio de Harry, mas não conseguiram ver nada além de nuvens e algumas estrelas durante a noite. Em todo caso ele estava cansado de procurar a razão e apenas esperar. Segundo o site de meteorologia tinha neve prevista para o próximo final de semana, então ele ia aproveitar o sol fraco em cima da sua arvore favorita enquanto ela não perdia todas as folhas ficasse coberta de neve demais para que ele subisse. 

- Tem certeza que consegue subir com ela lá em cima? - Scorpius perguntou, passando a mão de Lily para Albus que revirou os olhos. 

- É claro. Se eu consigo carregar você até lá em cima, consigo carregar Lily. E temos a escadinha, lembra? 

O loiro não estava muito certo. Por mais que tivesse a segurança de degraus de madeira que eles mesmo tinha pregado, Albus ainda tinha tendencia a ser desastrado e sua irmã não era do tipo paciente, ele acabariam brigando. Por isso o garoto resolveu ficar embaixo para caso de alguma queda acontecer. 

Um grande caminhão passou devagar pela estrada a frente deles, o que fez Al parar o que estava fazendo. 

- Que foi? - Scorp olhou para a mesma direção de onde vinha a atenção do outro e franziu a testa. Aqueles homens estava limpando algumas arvores do bairro. Estavam perambulando a semana toda. Nada perigoso. 

Até que eles pararam o caminhão e começaram a tirar o equipamento de dentro do caminhão. Foi muito rapido, os pés de Albus escalaram a árvore o mais alto que ele costumava subir. Sentou firme no galho e ficou observando com o olhar sério para os homens que se aproximavam. 

Ele não deixaria que derrubasse sua árvore. 

-x- 

Harry estava sentindo Draco tirar o açúcar de seus lábios com beijos, suas mãos quentes puxava os cachos de sua nuca e a cada mordida em sua boca ele suspirava e ria baixo. Podia sentir o calor da cozinha aumentar e não era só pelo chocolate que quase evaporava no fogão. 

DingDingDingDingDingDing

Draco afastou seus lábios para xingar o intrometido insistente. Aquela pessoa parecia estar com o dedo grudado na campainha, ele iria usar seus hormônios da gravidez como desculpa para xingar até a última geração dela. Seus pés se viraram para fora da cozinha, mas seu ombro foi gentilmente puxado por Harry. 

- Tudo bem, eu atendo. 

O loiro não estava satisfeito, ele queria olhar bem quem era a pessoa que tinha atrapalhado seu raro momento á sós com seu marido. Seu coração congelou quando Lily e Scorpius entraram em casa com claramente algum tipo de policial os acompanhando. Eles não parecia ter as feições assustadas, pareciam mais estar encrencados. Draco puxou-os para perto de si e o policial arrumou seu chapéu antes de falar com a voz rouca de fumante.

- O senhor é Harry Potter? Responsável por Albus Severus Potter de dez anos? 

Harry engoliu seco e não conseguiu evitar suas mãos de tremerem. 

- Sim, sou eu. - A voz saiu mais tremida do que o moreno havia planejado.

O oficial deu um longo suspiro. 

- Vou precisar que o senhor nos ajude. 

-x- 

A cidade inteira parecia estar naquele pequeno lugar. Além de dois carros da policia e um dos bombeiros. Draco e as crianças, além de James e Teddy e o próprio policial acompanharam Harry até a grande árvore onde Albus se recusava a descer. 

O garoto gritava lá de cima que ele não deixaria a sua árvore ser derrubada e que todos aqueles homens estava destruindo o meio ambiente da sua cidade e que por causa de homens como eles coisas horríveis estavam com o Ecossistema e era por isso que a neve estava demorando tanto cair. 

E também porque a árvore era a sua amiga. Era nela que ele se escondia quando tinha dias ruins, quando se desentendia com seu pai, quando queria ter longas conversas com Scorpius. Ou só pra passar o tempo, fugir do calor, se sentar para desenhar... Ele precisava daquela árvore. Não podia perdê-la. 

Harry respirou fundo, olhando para o filho nos galhos acima. Havia uma longa escada branca até ele e até mesmo um colchão de proteção. Todas as pessoas curiosas murmurando em voz alta e dando pequenas risadas da coragem de seu filho. 

- Nós estávamos decididos a tirar ele ai de cima sem precisar te chamar antes. Mas ele é um rapazinho teimoso. - Disse o bombeiro. 

Draco levantou a sobrancelha divertido, como se quisesse dizer o que Harry já sabia. Mas não admitia. 

- Eu não sou teimoso. - Murmurou. - Eu vou subir lá em cima. 

O loiro segurou seu marido pelo braço. 

- Tem certeza, doce? Você não tem muito equilíbrio... - Harry conseguia ver pelo olhar de Draco que ele estava tentando tirar uma com a sua cara. Ele cerrou os olhos e pisou firme até a escada branca. Um dos bombeiros, que chamou Al de teimoso segurou a base da escada para o rapaz subir. 

Era uma arvore grande e os pés de Harry escorregaram apenas uma vez. O suficiente para Draco se assustar e fazer Cal pular dentro dele. Não era essa ideia de repouso que ele tinha que ter. 

Albus deu a mão para Harry sentar no mesmo galho que ele. O rapaz se perguntou se a velha arvore aguentaria o peso dos dois. O moreno nem mesmo tinha pegado fôlego da subida quando o folho começou a tagarelar.

- Pai, antes que você me diga para descer eu quero dizer que foi você mesmo que disse que eu preciso ser firme e decidido nas coisas que eu quero e não abaixar a cabeça quando algo injusto estiver acontecendo. Essa árvore é minha casa. Eu não quero que ela vá embora.

Os olhos verdes de Al estava cheios de água agora. Harry sentiu o peso, seu filho nunca chorava. Ele deveria estar se sentindo muito magoado para sentir essa necessidade. 

- Albie... Eu entendo, e estou feliz por ter aprendido tudo que te ensinei, mas olhe para baixo, veja a confusão que isso se tornou. - Disse paciente. - Seus irmãos estão lá embaixo preocupados, assim como eu e Draco. 

- Pai... - Fungou. - Não quero que cortem a árvore!

O vento balançou os galhos e Harry precisou se segurar no tronco. Estava ficando um pouco complicado. 

- Nós podemos achar uma nova. Eu e você vamos encontrar uma... A gente pode construir uma casa na árvore, qualquer coisa. Vamos filho, vamos descer daqui.

O peito de Albus subia e descia rapidamente agora, as lágrimas caiam devagar que ele limpou com a manga da blusa em um fungo. 

- Eu sempre perco as coisas que eu mais amo, pai. Elas sempre vão embora. Mamãe, Tia Mione e Tio Ron com Rose e Hugo, Tia Fleur, Victoire, Tio Sirius! Todos eles e todos os outros se afastam e a gente teve que se mudar e um dia eu vou ficar sozinho! - Chorou. 

Draco embaixo sabia que tinha algo acontecendo lá em cima e se aproximou da escada. Desejou não estar carregando Cal por cinco minutos, só para poder subir e ajudar sua família. Ele conseguia escutar alguns bombeiros impacientes e lhe lançou um olhar duro para todos eles. 

- Não tenha pressa docinho! Leve seu tempo para descer dai! - Gritou com a mão em concha. Em parte para dar apoio em outra parte para pirraçar os irritados. 

Harry sorriu com a voz de Draco. 

- Viu só? - Disse para Albus. - Todos lá embaixo estão torcendo por você e esperando por você. Algumas pessoas podem estar longe e não voltar mais e Albus eu sinto tanto quanto você a perda da mamãe... Ela ainda está te olhando de alguma lugar. Não te deixou. 

Mais uma fungada na manga da blusa. 

- Somos poucos, mas sempre estaremos aqui por você. 

Os olhos de Albus pararam em uma única pessoa no chão. Que tinha os lábios mordidos de nervoso. Scorpius havia prometido uma floresta de arvores para ele escalar se descesse, que ele mesmo plantaria com as próprias mãos. O garoto riu fraco, dando lugar ao rosto triste novamente.

- Me promete, pai, que eu não vou perder mais ninguém? 

Harry fez um'x' com os dedos e beijou os dois lados.

- Você tem minha palavra. Vamos descer? 

Albus acenou em concordância. Pequenos Harrys pulavam dentro do rapaz por ter conseguido tirar o filho da árvore. 

-x-

- Hum, você é um herói. - Draco disse beijando o pescoço de Harry levemente mais tarde naquele dia. 

James revirou os olhos enquanto Teddy via a cena como se fosse uma pintura em tela. 

Todos voltaram pra casa são e salvos e meio que fugidos dos curiosos. É claro que muitas filmagens e fotos foram feitas daquele episodio e os celulares de todo mundo vibravam com mensagens e marcações sobre o acontecido. 

- Até Vovó Potter já sabe do que aconteceu. - Riu James. 

- Os Potters realmente nasceram para os holofotes, não é mesmo? - Provocou Draco, ganhando ajuda de Teddy com as risadas. 

Mas o de cabelos azuis parou no mesmo instante de rir quando James se juntou a ele tentando reaproximação. 

- Vocês estão brigados há dias. Ninguém vai me dizer o que aconteceu? - Harry indagou, as sobrancelhas juntos quando todos tomaram um silêncio constrangedor. 

Teddy pegou impulso e se levantou da poltrona onde estava. 

- Vou brincar com Lily lá em cima. - Disse apenas. Harry olhou para Draco que fez o melhor do seu charme, beijando o cantinho da boca do moreno.

- Vamos subir também, está na hora de suas mãos heroicas massagearem meus pés cansados. 

Ele tentou ser forte, para conseguir entender o que acontecia mas seu corpo estava cansado. Merecia se deitar. Voltaria para aquele assunto depois. 

James escorregou seu corpo para o sofá, como ninguém parecia se agradar com a companhia dele. Ficaria sozinho vendo algo na tv. Pixis se enroscou nos seus pés. Pelo menos ele queria ficar com o garoto.

-x-

Como consolo pelo que aconteceu, Harry deixou que Albus tomasse banho de banheira com todas as bolhas e espumas que ele tivesse direto. Claro que o garoto quis que Scorpius estivesse com ele, mesmo que o rapaz ficasse um pouco envergonhado em tomar banho junto com o amigo. Mas o que tinha demais? Eles estavam cobertos de sabão! 

O banheiro tinha um cheiro doce de sabonete líquido infantil mas estava meio em silêncio. Al estava muito calado, talvez com vergonha com tanta atenção que chamou. 

- Eu te achei muito corajoso hoje, Al. Muito mesmo. - Disse baixinho, encolhendo as pernas para perto de si. A água já não estava mais tão quente quanto antes e começava a ficar morna a cada vez mais. 

Albus sorriu levemente. 

- Não fiquei com falta de ar e desci toda a escada dos bombeiros sozinho! 

Scorpius riu. Era a coisa mais legal que o garoto já tinha feito. Ele levantou a mão enrugada de tanto ficar na água.

- Prometo que vamos encontrar uma substituta para sua árvore. 

Albus levantou sua mão também. Mas entrelaçou na de Malfoy, segurando forte. 

- Obrigado, Scorpy. Você é a minha pessoa favorita. 

O rosto do outro se alegrou visivelmente, a tensão se quebrando dando lugar a conversas animadas e canções de desenho animado até a água esfriar e Draco vir com as toalhas para cobri-los. Da janelas acontecia algo que Al esperou a semana inteira, mas devido aquele pequeno momento, ela perdeu a importância. 

Lenta, sem pressa e doce caia a neve.