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História The Killer - Ela venceu


Escrita por: Marii_Rafaela e mari_rafaela_2

Notas do Autor


Oiii!♥

Espero que gostem!

Beijos e abraços minhas lindas! ^.^

Capítulo 19 - Ela venceu


Fanfic / Fanfiction The Killer - Ela venceu

 

Das pessoas que conheço ela foi a que machucou
menos gente,
e se você olhar para isso pelo que isso significa,
bem,
ela criou um mundo melhor. 
Ela venceu.

- Charles Bukowski.

 

Lily´s Point Of View

 

Dizem que se leva muito tempo para compreender uma tragédia. Você fica entorpecido. Não consegue aceitar a triste realidade.

Mas comigo não foi assim.

Todas as coisas terríveis que me aconteceram antes do acidente de carro foram uma espécie de amortecedor de queda. Eu já tinha vivido coisas ruins demais para ficar traumatizada com isso agora.

E então assim eu levei meus próximos dias. Dias que antecederam a noite de ano novo. David e eu planejamos levar as crianças até a sacada de nosso quarto, onde tínhamos uma vista privilegiada da noite londrina. O show de fogos era o que mais ansiávamos por ver, e Miguel e Gabriel eram fascinados por isso.

Mas o pior mesmo era lidar com a pena das pessoas. O olhar de dor enclausurada. Os pensamentos que podiam ser lidos através do semblante devastado de quem realmente me amava e previa um futuro tempestuoso para minha vida.

Eu não enxergava as coisas dessa maneira. De alguma forma, eu havia nascido de novo. Fiquei com alguns arranhões e perdi temporariamente o movimento das pernas. Mas eu estava viva. Eu não estava no escuro, na penumbra da morte, vagando por um lugar onde eu não conhecia.

Eu estava exatamente onde eu queria estar. Ao lado de quem eu amava. Quem me fazia rir. Quem enxergava o melhor de mim e elevava minha alma aos mais altos níveis.

Eram eles. David, Gab, Miguel e Charlottinha. Meus anjos da guarda. Eles, ao contrário de todos os outros me olhavam com o mesmo olhar. Eles compreendiam que a cadeira de rodas não apagou o brilho dos meus olhos. O lampejo de meu sorriso. E era por isso que eu sabia que não havia nada a temer.

 

Após sair do hospital, David havia mudado completamente o seu comportamento. Ele ficara chocado com minha reação a noticia da doutora. Minha única preocupação seria se eu sentiria ou não o pau grosso e gostoso do meu marido. O resto eu sei – Eu tinha a mais absoluta certeza – que eu tiraria de letra.

E por esse motivo, David estava lidando com tudo melhor do que eu. Éramos nós dois ainda. Lily e David. Mesmo com todas aquelas merdas. Não conseguiram nos afastar. Não tiraram nossa fé. Ainda lutávamos como lutamos desde o primeiro dia. Eu nunca desisti de mostrar ao mundo que o amor verdadeiro era capaz de superar todos os traumas e ultrapassar barreiras intransponíveis. Pode parecer frase de para-choque de caminhão. Mas era a nossa realidade.

 

Estou sentada no meu lugar preferido da casa. O jardim estava coberto por uma neve grossa e os passarinhos estavam acasalados dentro da casinha.

Auggie está envolto de um cobertor xadrez vermelho por cima de seu corpinho rechonchudo e uma roupa quente de cachorro.

Ele esta sobre meus pés, consigo ouvir os seus batimentos cardíacos ricocheteando em cima deles. Estava um frio de fazer bater os dentes, mas ele não desgrudava de mim.

Talvez fosse mesmo verdade o que as pessoas diziam sobre os cachorros sentirem a necessidade de seu dono.

 

David está carregando pedaços de troncos para a lareira, o rosto está vermelho por causa do frio, e o cabelo totalmente escondido sob uma touca quente.

As crianças estavam dormindo e só se ouvia o barulho da conversa entre Will e Dan.

-Vem aqui, amorzinho – Falo com minha voz mais sensual. – Ele para no meio do caminho e gira o corpo para me encarar. Reconheço o brilho travesso passar por seu par de gomas marrons douradas.

Ele larga os tocos de madeira num canto e se aproxima a passos lentos. Se ajoelha diante de mim e mordisca meu lábio inferior.

Nos beijamos de forma apaixonada e David paralisa um pouco, me observando com seus olhos atentos.

Seu rosto está lívido e em paz, como eu não achava que estaria por um bom tempo. Abaixo de seu olho esquerdo havia um hematoma arroxeado que começava a se transformar num rosado escuro. Seus lábios sustentavam um corte fundo na lateral, e as mão ainda estavam raladas. Ele tinha usado uma atadura no braço por uns dias, mas era teimoso o bastante para retirá-la por conta própria.

-Falta pouco para meia noite, amor. Quer ajuda para subir e se arrumar? – Ele pergunta com a voz gentil.

-Quero ajuda para arrumar as crianças. – Falo me espreguiçando e ele me pega no colo – Vou fica muito mal acostumada assim – Falo com o rosto enterrado em seu peito de aço.

Ele sorri e beija minha testa.

-Você já é mal acostumada, dona Lily – Ele retruca com divertimento na voz.

Dan e Will se levantam ao mesmo tempo quando passamos. Eu ainda podia ver o choque nos olhos dele. Will era meu melhor amigo e assim como eu já tinha passado pelo inferno na terra, mas ainda não havia se adaptado à minha nova forma de encarar a vida.

Em outros tempos eu teria me trancado no quarto como Colin Crave do Jardim Secreto e me tornado uma reclusa amargurada e depressiva. E o fato de eu não reagir assim, o assustava.

Sorrio de maneira confortante para os dois, especialmente para Will, e os dois tornam a se sentar. Dou uma ultima olhada em meu amigo antes de David subir as escadas e vejo um toque de tristeza em seu olhar.

Ah, Will. Eu não queria que ele se sentisse assim.

 

Antes de arrumarmos as crianças com as roupas lindas , brancas e impecáveis que ganhamos de presente de Karl Lagerfeld (Sim, com o acidente eu consegui chamar a atenção do rei da Chanel), David e eu demos uns amassos e trocamos promessas de amor eterno nesse novo ano.

*

Faltava muito pouco para meia noite. Eu estava usando um vestido prateado todo cheio de glitter com duas fendas nas laterais de minha cintura. Meu cabelo foi todo jogado para o lado e nenhum fio estava fora do lugar (thank you Will!) e minha maquiagem leve só teve foco nos lábios vermelhos.

David me olhava deslumbrado a cada minuto. Charlie ficou em meu colo, tão linda com uma tiara rosa e o resto do look total branco. Miguel e Gabriel usavam ternos estruturados, e slippers Fendi iguais.

 

Dan e Will estavam quietos, cada um com uma taça de Pinot noit e olhares distantes. Eu sabia no que estavam pensando. Pensavam no primeiro ano de todo o resto de uma vida sem John.

Meu coração se apertou como se alguém tivesse enfiado um ferro afiado nele. Doía, porque eu podia senti-lo se contorcendo dentro do peito.

Girei minha cadeira até onde eles estavam. E entrei bem no meio deles. Charlie abriu um sorriso gigante e Will colocou sua taça na mesinha feita de bambu e estendeu as mãos para pegá-la.

-Sua descarada! – Falo quando ela pula em seu colo sem titubear.

Dan abre um sorriso e aos poucos os dois estão se derretendo com ela. É. Aquele era o poder que Charlie Moreira Marinho Hope tinha sobre as pessoas.

Os segundos que antecederam a entrada de um novo ano foram simplesmente mágicos.

Eu fico pensando naquelas pessoas que vivem sem amor. Como conseguem sobreviver? Elas definham e a cada dia se agarram com todas as suas forças á alternativas enfadonhas e cansativas de sobreviver.

Eu adorava ler Harry Potter para meus filhos. E já cansei de assistir aos filmes com eles. Eu própria era uma fã da série. E havia uma frase que eu guardava pra mim. Quando Dumbledore disse para Harry não ter pena dos mortos, e sim dos vivos. E principalmente dos que viviam sem amor.

Então, antes de os dois ponteiros chegarem ao 12, estávamos rodeados na sacada do meu quarto porque tinha a melhor vista, rindo tanto que as bochechas doíam, comendo a torta de frango com milho de Dona Regina e celebrando mais um ano.

David está sentado em minha frente, aninhado em minhas pernas. O cabelo roça meu joelho desnudo.

Ele levanta o olhar exatamente à meia noite. Ao fundo, fogos de artifício coloridos explodiam no céu. A luz momentânea refletiu em seu rosto, em seus olhos que me fulguravam e em seu sorriso majestoso.

-Amor... – Ele balbuciava, sem conseguir dizer mais nada.

E não precisava dizer! Eu sabia exatamente o que se passava em sua cabeça. Eu sabia que seu olhar era um misto de encanto e agradecimento. Também havia o medo do desconhecido. Havia a fúria desmedida das injustiças que sofremos.

Nossos olhares conversadores paralisaram por um momento BUM! Ele sabia também. Ele lia meus pensamentos. Naquele momento começamos a chorar. Lágrimas quentes, daquelas que faziam os olhos arderem. A sensação não ia embora.

Eu o abracei junto a mim, como se nunca quisesse que ele se afastasse.

-Shhhhh – Falei afagando seu cabelo emaranhado – Eu sei, querido. Eu sei. Vai ficar tudo bem meu amor.

Os outros nos olhavam com emoção comovida. Nossos filhos correram para nos abraçar e Will, com Charlie no colo a coloca junto conosco. Era uma loucura de beijos e abraços, lágrimas, apertos, risadas e palavras que não podiam expressar o que estávamos sentindo no momento.

Eis a verdade sobre as tragédias: elas fazem bem à alma.

São pessoais e ficam gravadas no âmago de nosso ser. Como uma tatuagem riscada na alma.

 

*

Narração na 3ª Pessoa

 

Ela entra pelos becos escuros e escorregadios, pressentindo algo ruim. Suas frágeis mãos alcançam as laterais de cimento e ela se apoia, pois tem a sensação de que irá cair a qualquer momento.

Ela segura a bile ao sentir o fétido odor que vinha das latas de lixo podre ao final do corredor.

-Sara!

Alguém exclama seu nome, e ela reconhece aquela voz no mesmo instante. Não foi tão difícil reconhecer. Só era contrastante a voz daquela mulher tão fina e elegante vindo de um lugar daqueles.

-Eu sei o que você fez! – Sara grita, tentando se aproximar da mulher estonteante que se escorava num dos muros próximos às latas de lixo – Eu sei como conseguiu provocar o acidente deles!

Manu dá um sorriso maquiavélico. Ela poderia ser bonita. Seus cabelos negros agora eram curtos e chegavam até o ombro. O rosto estava mais magro. Os lábios naturalmente rosado era carnudo, e o nariz inclinado. Mas ela era tão feia por dentro que quem a conhecia não conseguia enxergar nada além da feiura.

-Sara. Aprenda comigo. Não há nada que eu não possa fazer. Eu consegui o atestado médico de insanidade. Eu estou livre.

-Não vai se safar dessa, Manu! – Sara fala com a voz esganiçada.

Ela nunca entendeu os motivos reais para Manuela agir daquela forma. A própria Sara havia aprendido da pior maneira que fazer o mal não resolveria seus problemas. Ela havia desistido de tentar ter seu grande amor de volta. Ele agora pertencia à Lily e ele era muito feliz. Isso bastava para que ela seguisse em frente.

-Eis uma verdade sobre o dinheiro – A moça morena sorri olhando para as próprias unhas, depois levanta o olhar, agora frio – Ele pode comprar tudo.

Sara dá dois passos para trás quando dois homens surgem atrás de Manu. Eles eram homens capazes de fazer você tremer nas bases.

Grandalhões, parrudos e mal encarados. Pareciam exatamente os tipos de caras de filmes violentos que são contratados para... Bem, obviamente para matar alguém.

Quando percebe, Sara já está correndo, a adrenalina lhe injetando força nas veias, o medo de morrer tomando conta de cada poro seu.

Quando consegue escapar, já molhada inteiramente de suor, entra no primeiro ônibus que vê parado no ponto e esbarra nas pessoas, indo até os bancos de trás. Pela janela ela consegue avistar os parrudos, agora procurando desesperadamente por ela.

Ela consegue se sentar, o fôlego ainda lhe faltando, os pulmões ardendo em brasa. Ela saca o celular descartável que foi orientada a comprar por G.J, e disca o número que nem em mil anos pensaria em ligar.

-Alô – A voz arrastada e molenga do outro lado desperta-lhe várias emoções. Sara segura a vontade imensa de chorar – Alô! Quem é?

-Oi – Sua voz falha e ela pigarreia – Oi, David. Sou eu.

-Sua...! O que você quer?

Ela já sabia que essa seria sua reação. Mas ainda assim aquilo lhe causou uma dor absurda.

-Eu juro que não tenho nada a ver com o acidente – Sua voz saiu tão esganada que mal poderia reconhecer – Eu posso provar. Eu sei quem foi. E você precisa saber.

O silencio do outro lado da linha já responde tudo. David era loucamente apaixonado pela esposa. Se Sara pudesse ajuda-lo de alguma forma, ele concordaria em ouvi-la.

-Não posso arriscar falar com você, não agora. Estamos no meio de uma festa... As crianças... Lily pode ouvir.

-Eu ligarei pra você...

-Me ligue daqui a uma hora – ele interrompe – Espero que esteja mesmo falando a verdade. – E depois desliga bruscamente.


Notas Finais


Comentem pleeeease! ♥


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