Uma maca era colocada dentro do carro da ambulância. Sky estava coberta por completo por um lençol branco. Os olhos fechados, a pele pálida e bastante sangue em sua barriga e em suas mãos.
As sirenes da viatura da polícia se juntavam com as da ambulância e ambas não paravam de piscar. Vários vizinhos observando o corpo ser colocado lá dentro até que a porta da ambulância se fechou.
- Eu estava no escritório. - Um homem loiro falava chorando com um policial - Eu devia ter voltado...
- Você precisa vir conosco. - O policial falou para ele - Para responder umas perguntas.
Gabriel estava sentado nos degraus da varanda ao lado de Jéssica, Eddy e Dandara. Jéssica estava com o braço em volta dele enquanto ele repousava a cabeça em seu ombro.
- Foi tudo tão rápido... - O garoto dizia para ela sem tirar os olhos da ambulância.
- Será que nunca vamos nos livrar desse killer? - Sugeriu Eddy um pouco nervosa. - Nunca teremos paz?
- Não até desmascararmos ele de vez. - Dandara disse balançando a cabeça negativamente. Ela estava em pé com os braços cruzados olhando para os vizinhos que pareciam horrorizados.
- Nós temos a cúmplice... - Jéssica falou ao mesmo tempo que Gabriel se afastou dela - Já é um grande começo para...
- Não. - Ele rapidamente interrompeu.
- ...não? - Eddy estranhou. - Como assim não? A Sthefany pode nos dar alguma pista de quem possa ser e daí...
- Não. - Ele repetiu novamente. Dessa vez, negando com a cabeça - Eu cansei de bancar o detetive. - Elas o ouviam surpresas - Cansei de me envolver tanto nessa história, para no fim... só acabar assim. Vendo a única garota que gostei morrer na minha frente.
- Mas Biel... - Jéssica ia falando novamente quando ele a interrompeu.
- Eu disse não. - Se levantou rapidamente e olhou para todas elas - Vocês podem pegar todas as coisas que temos contra o killer e tentarem bancar o Scooby-Doo, mas eu não vou mais me meter nisso. Eu cansei. Se o killer quiser me matar, ele pode vir. Eu só... não aguento passar por mais. - Então ele se virou e saiu andando.
- Biel! - Dandara tentou chama-lo, mas ele não parou.
- Deixa ele. - Eddy disse então olhando para o garoto que ia embora - Ele tem motivos para estar assim. Precisa de um tempo.
O carro da ambulância e da polícia começaram a ir embora, fazendo com que todos voltassem para suas casas. E somente elas ficavam ali pensativas.
Um homem negro e forte arrumava seu terno em frente ao espelho.
- Já estamos indo, filha. - Disse ele pegando a chave do carro que estava na mesinha - Até o jantar. - Falou saindo com uma mulher loira bem vestida.
- Tchauzinho. - Amanda apareceu da cozinha. Subiu as escadas rapidamente e foi até seu quarto. Abriu a porta e olhou para o garoto que dormia em sua cama. - Acorda, Bela Adormecida!
Bruno abriu os olhos e tentou se levantar para olhá-la.
- ...o... que aconteceu?... - Ele perguntou com os olhos quase fechando.
- O que aconteceu? - Ela fechou a porta e se aproximou da cama - Você só bebeu pra caramba e quase estragou a festa de homenagem.
- Disso eu me lembro. - Se sentou e bocejou - Eu não estava bêbado quando fiz meu discurso.
- Mas estava quando aquela garota estranha te achou jogado no jardim da casa da Jéssica e te trouxe para cá no meio da noite. - Ela pegou um travesseiro e jogou nele - Tive que dormir em um colchão no chão para que você pudesse se curar dessa sua ressaca!
- Obrigado pudinzinho. - Ele sorriu.
- Não me venha com obrigado. - Amanda andava pelo quarto, parando em frente ao espelho - Meu pai bateu na porta umas duas vezes na madrugada perguntando por que eu estava rocando! Sua sorte é que eu consegui enganar ele. - Ela arrumava o cabelo em frente ao espelho.
- Você sabe que eu faria o mesmo por você, não é? - Ele levantou e foi até ela.
- Sai de perto de mim garoto. - Amanda o empurrou - Passei a manhã para me arrumar e não quero aparecer na escola com cheiro de cerveja.
- Você vai para a escola? Sério? - Ele voltou a se sentar na cama.
- Mas é claro que vou. - Amanda se virou para ele - Tenho o ensino médio para terminar, esqueceu?
- Eu não tenho mais cabeça para nada. - Bruno passou a mão no rosto.
- Você nunca teve, meu bem. - Ela passou um batom rosa forte e sorriu - Sendo sexy sem ser vulgar. - Disse para si mesma no espelho. - Agora, eu vou para a escola e você vê se toma um banho antes de ir para casa. Se sua mãe te ver assim vai te expulsar.
- Tá legal. - Ele levantou novamente e deu um beijo na bochecha dela.
- Sai, garoto! Você está fedendo a álcool. Tchau. - Ela pegou a mochila e saiu.
A escola já estava lotada de alunos quando Jéssica estacionou seu carro. Saiu, observando todas aquelas pessoas que entravam dentro da escola.
- Ei! - Ela ouviu alguém chamar. Se virou e viu que era Sarah.
- Bom dia. - Jéssica falou quando ela se aproximou.
- Eu soube da Sky... - Ela falou como se as palavras pesassem - O Biel deve estar arrasado.
- Ele está mesmo. - Fechou a porta do carro e as duas seguiram para as escadas.
- Teve alguma notícia dele?
- Não desde ontem. É com a Eddy disse: ele precisa de um tempo. Perdeu a Andrezyelle e ficou do mesmo jeito. Só que com a Sky foi bem mais... forte para ele, sabe?
- Eu sei. - Sarah confirmou. - Não consigo acreditar que aquilo ainda não acabou...
- Temos que voltar a tomar cuidado. - Elas adentraram na escola e começaram a andar pelo corredor - Tudo aquilo novamente.
Elas entraram na sala de aula que já tinham alguns alunos e foram para os seus lugares. Jéssica pôs a mochila e se sentou. Eddy, Dandara, Amanda nem Vitória haviam chegado ainda. Seu celular vibrou no bolso. Ela pegou e viu que era uma mensagem de alguém desconhecido:
“Olá, amiga. Sentiu saudades?”
Encarou a mensagem no celular e então respondeu:
“Vai pra merda! Por que não me deixa em paz?!”
Em seguida jogou o celular na banca e passou a mão no rosto.
- Nossa. O que eu te fiz? - Ela olhou para o lado e viu que era a garota que conheceu na noite anterior.
- Foi você que mandou a mensagem?! - Jéssica estava com os olhos arregalados e nervosa - Ai meu Deus! Me desculpa! Eu pensei que... eu...
- Relaxa. - Alice começou a rir - Eu sei tudo o que você passou. Cada detalhe. Não devia ter começado assim.
- Pois é. - Jéssica sorriu tímida - Espera. Como você sabe cada detalhe do que aconteceu?
- Ah... eu... - Ela deu de ombros - eu só acompanho o Pânico na Escola.
A professora Nadja entra na sala com um enorme sorriso no rosto. Junto com ela entra Amanda, Eddy, Vitória, Dandara e outros alunos.
- Bom dia turma. - A professora fala.
- Será que ninguém aqui sabe do que houve? - Sarah questionou aos amigos.
- Eu acho que não. - Eddy responde - Todos estavam acostumados a ler notícias no Pânico na Escola.
- O que aconteceu? - Amanda se virou. - E cadê o nerd loiro?
- É uma longa história. - Disse Jéssica - Depois conversamos.
Quando o intervalo tocou, todos foram para a mesa de sempre no refeitório.
- Gente, - Vitória começou falando após se sentar. Ela lia algo em seu celular - o Pânico na Escola está fora do ar. Foi deletado.
- O quê? Como assim? - Amanda disse pegando o celular das mãos dela. - É melhor vocês me contarem logo o que está acontecendo!
- Bom... - Eddy começou falando - acontece que o Biel tinha razão. Pegamos a pessoa errada. - Ela disse em tom de sussurro, tomando cuidado para que ninguém mais ouvisse - A Sthefany não era o killer de verdade. O verdadeiro killer está solto.
- Não pode ser! - Vitória levou um susto.
- Como vocês podem ter tanta certeza?! - Amanda exclamou.
- Fala baixo! - Dandara pediu.
- Porque ontem a noite... - Eddy voltou a falar - depois da festa... ele matou a Sky.
- Não... - Amanda negava com a cabeça sem conseguir acreditar - não pode ser... de novo não...
- Quando isso vai ter fim?... - Sarah questionou.
- Talvez nunca tenha... - Jéssica disse por fim com um tom frio.
Eddy colocava uns livros no armário sem perceber que alguém se aproximava. Quando fechou a porta, viu Eduarda.
- Oi. - Disse ela, fazendo Eddy saltar de medo.
- Meu Deus, garota. - Ela levou a mão ao peito, assustada - Você quase me matou de susto!
- Desculpa. Eu adoro assustar as pessoas. - Eduarda sorriu. - Mas... mudando de assunto... eu soube o que aconteceu com a garota loira. A Sky, não era?
- ...sim. - Eddy confirmou, meio cabisbaixa.
- Eu vi na televisão ontem. Sinto muito.
- Obrigada. O Biel está precisando mesmo da nossa força. Estou pensando em ir lá visitar ele depois da aula.
- Eu... posso ir com você? - Ela perguntou.
- Claro.
- Ele é meio estranho, mas é uma pessoa legal. Não merece estar passando por isso.
- Pois é. Então... te vejo depois da aula?
- Pode ser. - Eduarda assentiu sorrindo.
Na hora da saída, Sarah, Dandara e Jéssica saiam da escola junto com todos os outros.
- O que acham de fazer uma visitinha a Sthefany? - Jéssica sugeriu parando no meio da escadaria.
- Tipo... agora? - Dandara perguntou.
- Claro!
- Eu topo. - Sarah disse - Quero só ver o que aquela vadia ruiva vai dizer quando nos ver.
- Isso aí. Vamos ver se conseguimos alguma pista com ela.
As três entraram no carro de Jéssica e foram embora.
Na casa de Gabriel, Eddy e Eduarda falaram com a mãe dele e subiram as escadas. Viraram o pequeno corredor e chegaram na última porta, onde ele estava. Eddy abriu e pôde ver o garoto deitado na cama que estava completamente bagunçada.
- Biel? - Ela disse adentrando.
- ...o que vocês estão fazendo aqui? - Ele perguntou com os olhos quase fechando.
- Viemos ver como você está. - Ela disse sentando na cama ao lado dele - Eu sei que o que aconteceu com a Sky te abalou. Abalou a todos nós..., mas não deixa que isso acabe com você. - Eduarda ouvia tudo em pé um pouco próxima da entrada.
- Eu só preciso de um tempo, Eddy. - Ele se ajeitou na cama de modo que seu corpo ficasse sentado. O cabelo bagunçado e a cara de sono eram bastante visíveis. Pegou os óculos na cômoda e colocou no rosto - Até pegarem esse killer.
- Isso pode demorar mais do que imaginamos. - Eduarda falou - Não vamos descobrir quem é o killer sem o detetive nerd. - Ele olhou para ela que sorria. - A polícia não consegue nem prender um simples bandido, não vai conseguir pegar um psicopata mascarado que usa cúmplices e tem planos doentios. Os alunos precisam de você. Nós precisamos de você.
- Eu entendo que estejam querendo me animar, mas eu já tomei a minha decisão. - Ele tirou o lençol que cobria o corpo e se levantou. Eddy levantou em seguida e o encarou.
- Vamos lá, Biel! - Ela falou segurando em seus braços - Pega seu notebook e volta com o Pânico na Escola! Volta a ser bruto e falar suas coisas de nerd que mal entendemos. - Eddy sorria tentando animá-lo - Faz seu mural com as nossas fotos e tenta desvendar quem é o killer outra vez! Nós vamos conseguir! Eu sei que vamos! - O garoto apenas ouvia - Mas para isso, precisamos estar juntos.
Gabriel olhou para Eddy e depois para Eduarda. Se abaixou e pegou uma das caixas de papelão que roubaram da casa de Vanessa e então começou a dizer:
- Você tem razão. - Ele assentiu com a cabeça. - Nós vamos conseguir. - Eddy sorriu para Eduarda e depois para ele - Mas não estaremos junto nessa. - Então entregou a caixa nas mãos dela - Eu cansei.
Um homem forte fardado, guiava Jéssica, Dandara e Sarah pelos corredores da delegacia até chegarem no final. Ele pegou uma chave e abriu a porta, deixando que elas entrassem.
- Vocês têm vinte minutos. - Disse com uma voz fria e séria enquanto elas entravam na sala.
A sala era um pouco pequena. Havia apenas uma mesa com três cadeiras na frente e somente uma atrás, onde Sthefany estava algemada. Usava um macacão laranja e seus cabelos estavam bagunçados.
- Olá, amigas. - Disse ela quando a porta se fechou.
- Não vem com essa, garota. - Jéssica foi direta. Sentou na cadeira junto com as outras e prosseguiu com um tom rígido - Nos conta agora quem é a pessoa que você estava ajudando!
- Ah, pobre Jéssica - Sthefany balançava a cabeça ainda sorrindo - está bem óbvio quem é. Vocês só precisam ficar atentos.
- Não estamos com gracinha, Sthefany! - Dandara falou. - Esse ou essa psicopata que você está protegendo matou nossa amiga ontem a noite.
- O killer já me havia me contado que ela seria a próxima vítima. Coitadinha... - Ela fez uma cara triste.
- Isso não tem graça! - Sarah exclamou - Como pode se divertir com isso?!
- É hilário! - Ela gargalhava. - Só vocês não conseguem ver o quanto é divertido olhar alguém nos olhos e depois vê-la implorar pela própria vida...
As líderes de torcida, incluindo Amanda e Vitória, caminhavam em direção ao vestiário. Todas rindo e suadas, conversando sobre assuntos comuns.
- Depois... - Sthefany continuava a falar - ter o poder de decidir se mata... ou se apenas se diverte com a pessoa...
As garotas entraram no vestiário e todas pararam ao ver algo que chamou a atenção de todas.
- E a melhor parte, - O sorriso continuava estampado no rosto da garota ruiva - é quando acham o corpo. - Ela gargalhou - Essa é minha parte favorita. Os gritos... não tem preço.
A treinadora Edivânia estava enforcada no meio do vestiário com a barriga aberta e os órgãos jogados no chão. Havia muito sangue para todo lado. E então, todas gritaram ao mesmo tempo.
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