Viver na minha casa estava muito insuportável. Além de ter que aguentar os paparicados com meu irmão – Que aumentaram muito. Eles estão felizes por que ele está me ajudando na luta de espadas – Mais isso eu podia lidar, eu já estava acostumado, sempre a mesma coisa, eu já me acostumei de ser a sombra dele. Mais o pior mesmo são meus pais que brigam de hora em hora, minuto em minuto, tudo é motivo de briga pra eles. Hoje mesmo eles brigaram porque o nosso quarto – Temos o mesmo quarto, Eu e Sehun – não estava varrido. Que eles colocaram a culpa em mim. Eles acham que eu sou um escravo, sempre eu, nunca Sehun. Eu tenho que me acostumar.
Me levantei totalmente cansado. Eu só citei algumas coisas que eu tenho que fazer, tem muito mais. E quando eu disse que eles estão dando atenção mais que o normal pra Sehun não estava exagerando ou brincando. Ontem, quando nós chegamos em casa, eram nove horas e o horário que meus pais estimularam chegarmos em casa era de oito e meia. Advinha quem pegou castigo? Sehun? Não, eu peguei. E qual foi o castigo? Limpar toda a bagunça da casa por duas semanas, sim, minha mãe disse que não quer ver uma poeirinha em nenhum lugar. Por isso eu estou tão cansado.
Eu dormia na cama de cima do boliche, delicadamente desci as escadas e toquei o chão suavemente, eu deveria ter pulado de lá de cima pra acordar Sehun, mais eu não o fiz.
Olhei pra Sehun e encarei o mesmo por vários minutos, ele continuava dormindo igual uma pedra, sorri irônico e desci as escadas até a cozinha. Meus pais estavam sentados, provavelmente tinham acabado de brigar, minha mãe estava com um olhar áspero, já meu pai, parecia que ele tinha chupado um limão bem azedo.
– Está tudo bem aqui? – Disse eu enquanto eu ia de encontro a geladeira pra pegar algo pra comer.
– Uhun – Os dois responderam em uníssono, eu sorri discretamente.
Na geladeira não tinha nada demais, só algumas frutas, como sempre Sehun esqueceu de fazer as compras do mês, e, provavelmente, eu vou ter que fazer. Como se lesse minha mente minha mãe olha pra mim e fala as tão temidas palavras.
– Baekhyun. Vá fazer as compras do mês. Já separei o dinheiro – Ela apontou pra mesa de centro da sala. Suspirei indignado.
– Esqueça. Não é tarefa minha – Peguei uma maçã e me sentei à mesa com eles. A expressão do meu pai era impossível decifrar. – É tarefa do Sehun.
Minha mãe fez uma careta. Pareceu que ela tinha sido baleada
– Seu irmão está dando um duro grande, ele está muito cansado – Ela suspirou – Você está novinho em folha. É mais jovem que ele, qual é o problema de ir até a feirinha?
Não acredito.
As lagrimas de raiva ardiam na minha garganta.
– O Sehun não faz merda nenhuma o dia inteiro! – Explodi – Ele só vai pra Arena as segundas, quartas e sextas. O resto da semana ele dorme! – Minha mãe e meu pai me olharam como se eu tivesse insultado o rei. – Eu que estou cansado! Eu fiquei de castigo! Eu fiquei de castigo não o Sehun.
Meus pais ficaram sem palavras. Eles sabem que estão errados.
– Eu não quero ser á sombra do Sehun. Não mais. Parem de colocar ele na minha frente. Por favor! Eu não aguento mais ser segunda opção. – Desabafei, as palavras saíram como sai água de uma torneira.
Só que tinha uma coisa que não percebi. Sehun estava encostado na parede, escutando tudo, ele deu um sorriso malicioso. Ele gostava daquilo, ele gostava da atenção que davam pra ele, eu queria muito socar a cara dele, mais não ia adiantar, me levantei, peguei minha luva e sai da casa.
❤❤
Fui até a arena de Sehun. Lagrimas de raiva caiam, formando fios de lagrimas salgadas e ardentes.
Tudo em Sehun agora eu odiava. Seu nome, sua aparência, seu jeito, seu porte físico, sua personalidade, seu cheiro. Tudo.
Adentrei a Arena. Ela parecia mais velha des da ultima vez que a vi, talvez fosse por causa do dom que meus pais sempre me falavam que eu tinha. Ver o melhor em tudo. O Que agora, não está me ajudando, o que era pra ser dom está virando uma fraqueza. Me sentei em uma arquibancada qualquer e coloquei minhas luvas, me levantei e senti um certo poder fluir sobre mim, a sensação é exatamente igual o dia em que eu fiz aquelas coisas incríveis nessa Arena.
Fui até a área onde estavam os três sacos de pancadas, peguei a mesma adaga que eu tinha usado naquele dia, ela estava grudenta e parecia que foi recém usada. Eu a coloquei de volta no lugar e enxuguei minhas mãos na camisa, eca.
A raiva estava quase passando. Eu estava fazendo meu passatempo preferido, escolher coisas. Se tem uma coisa que eu amo e escolher coisas, tipo roupas, sapatos, e até mesmo armas. Optei por um arco e flecha – Que eu não tinha visto, ele estava no saco de pancadas da direita – Ele era lindo, tinha uma safira no meio e ele era totalmente branco, dês da corda até a sua madeira. Ao seu lado tinham flechas, elas eram vermelhas com pedacinhos salpicados de diamantes na ponta das flechas.
Surpreendentemente o arco era extremamente pesado, tão pesado que eu tive que fazer um esforço tremendo pra não ser puxado junto a ele pela gravidade. Mais, por sorte, e consegui levantar ele, peguei uma flecha do meu lado e coloquei a mesma no buraquinho do arco. Certa força me invadiu de novo, mirei no meio do saco de pancadas – Na minha cabeça aquele saco de pancadas era Sehun – E atirei. Aquilo parecia um tiro de uma arma, fechei os olhos e cai no chão, era como se o arco fosse na verdade uma arma.
Quando consegui me sentar no chão e abrir os olhos tive uma surpresa enorme. A flecha realmente acertou no meio do saco de pancadas, era incrível. Eu não tenho nenhuma pratica com arco e flecha e mesmo assim consegui acertar o saco bem no meio. Isso é o suficiente pra me encher de alto-estima e amor próprio.
Me levantei peguei o arco – Que parecia estar estranhamente mais maneiro – e peguei as flechas, coloquei ambos nos meus dois ombros e sai da Arena.
Minha raiva sumiu completamente, dando lugar á coragem e a derteminação. Eu iria enfrentar Sehun e meus pais nessa noite.
Nada me tira da cabeça o sorriso do Sehun antes de eu sair. Ele parecia feliz, ele parecia feliz em ser adorado pelos meus pais, ele gostava em ter toda a atenção voltada pra ele. Sehun parecia cruel, era o sorriso mais cruel que eu já vi dele.
❤❤
Parei na porta de casa. A Coragem tinha diminuído, mais não tinha desaparecido. Suspirei fundo e entrei.
A Casa estava silenciosa. Sehun estava sentado no sofá assistindo o jornal da tarde, a TV chiava.
Sehun olhou pra mim e rio, eu não liguei. Ajustei o arco no meu braço e quando fui ir pra cozinha Sehun pega no meu braço.
– Me solta, Sehun – Falei calmo
– Está feliz Baekhyun? – Ele quase rugiu, ele se levantou e me olhou eu juro que eu pude ver chamas em seus olhos.
– O Que eu fiz?
Seus olhos ficaram marejados. Eu não fiz nada, ele me soltou e eu coloquei a mão sobre o arco levemente, se Sehun me atacasse eu estava pronto.
– Irei pra guerra! – Ele gritou – ESTÁ FELIZ? – Ele berrou
As palavras doeram como um tiro no coração.
– Eu... Eu não fiz nada – Ele me olhou com muita raiva – Me desculpe Sehun... Eu não fiz nada.
Ele levantou o braço pra me dar um soco e eu me encolhi como um cachorrinho que estava prestes a ser agredido. Mas nada aconteceu, ele voltou a sua posição normal.
– Ou Você faz algo pra que eu não vá pra guerra ou você morre – Ele ficou a centímetros do meu rosto – Ou você morre. Tá entendendo? Eu te mato Baekhyun!
Meu deus...
Ele saiu da casa e eu fiquei sentado no chão. Chorando.
Eu não fiz nada...
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