Winterfell
– Um corvo de Porto Real para milady. - anunciou o Mestre assim que alcançou Arya que encontrava-se encostada na porta de entrada do Grande Salão.
– Obrigada. - respondeu ela pegando a carta e ainda fitando os Lords que conversavam com Jon e Davos em uma das mesas do salão.den
Na mesa, Davos sorria, com ar sabedor, Mindinho fingia enfado, enquanto outros Lords conversavam entre si. E Jon apenas escutava atento as palavras de estratégia de Tormund sobre a defesa da muralha.
– Se algum homem tem outros assuntos a colocar, que fale agora ou mantenha o silêncio. - era o Lord Karstark quem falava.
Arya decidirá não participar da reunião, mas resolveu ficar próxima sem que eles à percebam ali. Ela não ligava para esse tipo de conversa, nunca gostou de questões políticas. Ela só estava ali presente caso Jon insistisse e convencesse os Lords de que era melhor ele ir a Pedra do Dragão do que se prepararem caso Daenarys Targaryen aceitasse o convite. Ela e Sansa tinham conseguindo convence-lo a enviar a Rainha Dragão uma carta no qual a convidava à ir em Winterfell e vê com seus próprios olhos o real perigo, mas Arya conhecia Jon e sabia como ele podia ser tão teimoso quanto ela.
Ainda escorada na porta, resolveu ler a carta. Por um instante ela ficou séria ao terminar de ler. Sabia que uma hora teria que agir e seguir com seus antigos planos. Nunca iria se adaptar novamente a antiga vida que tinha. Só estava ali para ajudar seu irmão na luta contra os mortos, mas assim que tudo se resolver ela vai continuar o plano e nada mais nem ninguém irá lhe impedir.
Ela deu meia volta e saiu em direção ao pátio. Encontrou Nymeria do lado de fora da porta, roendo um osso para alcançar o tutano.
– Ai está você! - a loba gigante ficou em pé, abandonando o osso para seguir Arya.
Nymeria caminhou na direção dela. Cautelosa, espreitava-a, andando ao redor dela, farejando. Quando sua dona esticou a mão para que a cheirasse, ela esfregou o focinho contra seus dedos. Arya se sentia feliz por está com sua loba mas ao mesmo tempo temia quando tivesse que deixá-la para seguir seu plano.
Winterfell ainda estava em reforma devido ao estrago da guerra, e quando Arya prosseguiu sua caminhada teve que andar desviando dos obstáculos que surgiam à sua frente. Mas ao mesmo tempo trabalhadores se dedicavam e se revezavam no serviço de reforma e na confecção de novas espadas e armaduras. E bem próximos alguns soldados se dedicavam ao treino. O som de aço contra aço despertou uma fome em Arya. Aquilo a fez se recordar de dias mais quentes e mais simples, quando era apenas uma garota experimentando as lâminas escondidas de seu pai, sob o olhar atento de Jon.
Arya se sentou o mais próxima possível dos dois cavalheiros que lutavam. Seguida por Nymeria que ficou bem próxima de sua dona, atraindo olhares assustados das pessoas que também estavam ali assistindo a luta. Um dos que lutavam era um selvagem que parecia estar sempre escapando ou escorregando para os lados, então a espada longa do outro cavaleiro resvalava fora de um ombro ou de um braço. Em pouco tempo, o selvagem se pegou dando mais área, tentando evitar os ataques do outro e falhando na metade das vezes. O escudo do cavalheiro estava reduzido a gravetos. Jogou-o fora. O suor escorria pelo seu rosto e ardia seus olhos embaixo do elmo. Ele é muito forte e muito rápido, percebeu Arya, e com aquela espada grande tem peso e alcance.
Ao mesmo tempo que Arya se concentrava em vê a luta ela podia ouvir um leve murmúrio de vozes vindo do lado de fora dos enormes portões de Winterfell, embora o som fosse fraco demais para formar palavras. Eles soam como se estivessem a centenas de quilômetros de distância. Era a Senhora Melisandre e seus "seguidores". Todo dia, a mulher vermelha comandava seus seguidores em suas orações, pedindo ao deus vermelho que os guiasse pela escuridão. Pois a noite é escura e cheia de terrores. E Arya se perguntava como esses homens podiam acreditar nas conversas dela. Ficou tão distraída que nem percebeu Mindinho se aproximando dela. Assim que o homem sentou ao seu lado ele falou:
– Bonita espada. - disse Petyr Baelish encarando a espada que Arya não tirava a mão de cima. - Mas não é pequena para alguém como você?
Arya se assustou com a voz dele e encarou ele séria. A loba gigante o olhou como se ele fosse um estranho e Mindinho franziu a testa ao perceber o lobo perto de Arya.
– Sabendo usar, ela faz um enorme estrago. - respondeu Arya virando-se para olhar novamente a luta.
A voz dela soava ao mesmo tempo fria como gelo e consumida por um fogo. Não gostava da presença de Mindinho. Mesmo tomada pela fúria, Arya empenhava-se em manter o controle.
Ele sorriu discretamente.
– Que bom que os Stark estão se juntando novamente... Depois de tudo que passaram. - comentou Mindinho.
Arya resolveu não responder, e ficou em silêncio esperando que ele saísse o mais rápido dali.
– Nosso rei teve que se submeter à Guarda da Noite por causa de seu sobrenome que não lhe dava sequer a oportunidade de ter uma família. - disse numa voz baixa mas que Arya conseguia ouvir bem. – O que um bastardo pode oferecer?
Arya o mirou com olhos faiscantes.
– Cuidado com o que fala Lord Baelish. - avisou. – Pode ter jurado apoio a Jon, mas eu não sou o Jon e não ligo para formalidades e regras quando não gosto de alguém. - completa com um tom firme.
Mindinho engoliu em seco, e por um tempo permaneceram em silêncio até que inquieto Mindinho comenta.
– Sansa ficou sendo prisioneira de seus próprios inimigos mas soube agir da maneira certa para se manter viva, mesmo que suas ações e palavras prejudicassem a própria família. - disse ele, abrindo um sorriso desprovido de alegria. – E você se tornou boa em lutar.
Arya e Mindinho se entreolharam.
– O que quer? - ela pergunta friamente ainda não entendendo o que ele queria.
– Já se perguntou como sua irmã conseguiu sobreviver à tudo? Você e Jon conseguiram por serem fortes e saberem lutar, mas e sua irmã que apenas virou uma Lady? Como conseguiu sobreviver em Porto Real com Cersei Lannister? - disse gravemente.
Ele lançou um olhar penetrante para Arya, que o fitou sem entender por alguns segundos. As palavras pegou Arya de surpresa. Não sabia o que ele queria revelando aquelas coisas, mas aquilo deixou ela desconfiada e curiosa em descobrir a verdade. Sabia que não podia acreditar em Mindinho, mas também o pouco que conversou com sua irmã não lembra de ela ter falado sobre Porto Real. E realmente Arya se perguntava como Sansa havia sobrevivido. Mesmo ainda perdida em pensamento Arya não deixou de perceber que o Mestre andava apressado até Jon que acabará de entrar no pátio seguido por Davos.
Ela se virou para olhar melhor o Mestre com um pergaminho nas mãos que agora entregava a Jon. Quando Jon pegou a carta Arya não deixou de perceber a cara de surpresa que seu irmão fez quando abriu e terminou de ler a carta. A expressão dele, um misto de satisfação e alívio, abriu-se ainda mais. Sem dizer nada para Mindinho que continuava sentado ao seu lado, levantou-se e saiu caminhando até onde Jon estava. Ele ainda continuava segurando a carta parecendo não acreditar no que acabará de ler.
– Algum problema? - ela pergunta preocupada.
Jon permaneceu imóvel, como se ouvisse com o corpo inteiro. Mas encarou Arya e conseguiu dá um sorriso.
– Bran está vindo para Winterfell! - diz Jon.
Arya franziu o cenho.
– Como é possível? Você disse que seu amigo o viu indo para Além da Muralha...
– Edd mandou um corvo avisando para não saí de Winterfell porque Bran está a caminho. - Jon explicou com uma das sobrancelha levantada.
Por mais que não demonstrasse Arya ficou feliz ao saber de Bran. Enfim sua família estava se reunindo. E ao pensar aquilo as palavras de Mindinho passaram por sua cabeça. "Que bom que os Stark estão se juntando novamente... Depois de tudo que passaram..."
– Vou avisar Sansa. - Arya fala lançando um meio sorriso para Jon e sai indo em direção aos aposentos da irmã.
Quase tão rápida quanto o pensamento ela chegou ao quarto de Sansa e bateu. Quando ouviu a voz da irmã falando para entrar, obedeceu e entrou no quarto encontrando ela sentada penteando seu enormes cabelos ruivos.
– Arya? - Sansa fala mostrando surpresa ao vê-la.
Arya sentou na cama observando Sansa atentamente.
– Aconteceu alguma coisa? - pergunta Sansa ao virar e olhar a irmã com um olhar preocupado.
– Isso que preciso saber. - ela decide ser direta. – O que aconteceu em Porto real?
Sansa a encarou por um tempo.
– Pensei que já soubesse. Afinal você foi pra lá também. - ela responde numa voz firme.
– Fugi de lá assim que decapitaram nosso pai. E você ficou lá ao lado de Joffrey. - comenta Arya num tom de voz alto.
Sansa volta a se ajeitar de frente para o espelho e continua a escovar os cabelos. Por um tempo ficou em silêncio até que enfim falou.
– Era prisioneira da Rainha. - murmura.
– O que fez para ela te deixar viva? - Arya perguntou ainda tentando entender tudo.
– Porque a pergunta? - quis saber Sansa e virou novamente para encarar a irmã.
– Só me responda.
Sansa se recostou na cadeira, certificando-se de que os olhos de Arya miravam os seus.
– Mesmo sendo uma inimiga ainda sim eu era a chave para o norte. - responde num tom sério.
Arya apertou os olhos e franziu o cenho.
– Você não traiu nossa família para se manter viva e ser rainha?
Sansa deu de ombros.
– Como pode pensar isso?
– Você sempre quis isso. - fala Arya com desdém.
– Quis isso antes de ir para o sul...
Ela lançou um olhar sério para Sansa. E a estudou por um tempo. Sabia que a irmã que viu à última vez em Porto Real não teria feito isso, mesmo sendo ambiciosa não trairia a família. Mas agora Sansa praticamente era outra pessoa.
Arya desviou o olhar, assentindo consigo mesmo e convencida que não tinha mais nada à fazer ali. Se levantou e saiu em direção a porta. Assim que abriu a porta antes de sai e fecha-la ela lembra de avisar Sansa.
– Bran está a caminho de Winterfell.
Sansa a encarou surpresa. E Arya apenas lhe lançou um meio sorriso e se reitirou deixando a irmã perdida em seus pensamentos.
Quando Arya saia do quarto de Sansa encontrou com Jon no corredor.
– Tudo... bem? - ele pergunta.
Ela fecha os olhos, respira fundo, faz uma careta.
– Tudo bem.
Ele a encarou.
– Parece tensa.
– Estou. - ela admite. – Não consigo me adaptar na velha vida. Depois de muito tempo longe me acostumei com outras coisas que é difícil se desligar.
Realmente ela se sentia uma estranha naquele lugar. A única pessoa que a deixava mais à vontade era Jon que sempre pareceu se preocupar com ela.
– Não se preocupe, logo se acostuma de novo. - ele fala com um meio sorriso no rosto.
– Sim.
Andaram devagar pelos corredores de Winterfell até que chegaram na pequena sala do Lord de Winterfell. Eles entraram e logo Jon se sentou revirando sobre a mesa os vários papéis ali espalhados. Arya o estudou por um tempo até que caminhou até a janela da sala.
– Jon? - ela chama ainda olhando além da janela.
Ele não responde apenas encara a irmã.
– Acredita em Sansa? - ela pergunta ainda não conseguindo esquecer as palavras de Mindinho.
Jon franze o cenho.
– Porque?
Ela o olha.
– Ela não é mais a mesma... Não percebeu que não conta pra gente sobre Porto Real? - deu uma pausa e caminhou até perto do irmão que continuava a encarando. – Parece que quer esconder alguma coisa de nós.
Jon não escondeu que ficou surpreso com a suspeita de Arya.
– Ela passou por muita coisa assim como nós. Também não gosto de tocar em assuntos que pretendo esquecer. - ele tenta deduzir.
Mas Arya não se convenceu.
– Ela não te avisou sobre o Vale. Agiu pela suas costas. Ainda sim confia nela?
Ele se encostou na cadeira pensando seriamente sobre as palavras dela.
– É nossa irmã. - sua voz sai um pouco rouca. – Ela não faria nada de mal para nos atingir.
Arya ficou olhando o irmão.
– Ficamos muito tempo longe um do outro. Como você mesmo falou, vivemos coisas diferentes. Isso nos mudou. Praticamente somos estranhos agora. - seu tom soava bastante sério. – Falou que precisamos confiar um no outro. E Sansa não confiou em você mesmo tendo saído da muralha para ajudá-la numa vingança que até agora ela não concretizou. Porque ela deixaria tanto tempo vivo um homem que a tratou mau?
Jon não sabia explicar o motivo da irmã ainda não ter matado Ramsay. Mas ele não queria pensar nisso agora. Esperava de verdade que Sansa soubesse o que estava fazendo.
– Não podemos julgá-la. Ela tem os seus motivos.
Os pensamentos começavam a se revirar ainda mais na mente de Arya. Sabia que Jon confiava demais por ainda acreditar na família para ficar martelando isso na cabeça. Mas Arya sabia o quanto perigoso um familiar podia ser. Ela não queria acreditar, mas as coisas apontavam que Sansa escondia alguma coisa.
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