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História The Kiss Of Midnight - Capitulo 35


Escrita por: ally_moon

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 35 - Capitulo 35


Pov’s Austin

     Estar em uma floresta de uma cidade pela qual eu nunca estive em toda a minha vida sem sombra de dúvida pode se considerar que estou assinando meu atestado de orbito, mas o que eu poderia fazer?Não importa se a Ally foi embora, eu só quero explicações, mereço no mínimo isso dela.

     Eu deveria estar pensando em meu encontro com Lucy amanhã ou até mesmo na Agnes e no Alex, mas não, estou atrás de uma pessoa que foi embora por vontade própria, sou realmente um completo idiota.

    Já deve se passar da meia noite, pois nem o barulho das árvores pode se ouvir, tudo no maior silêncio possível.

   Tyler me disse que Kile mora em uma cabana no meio da floresta, não será muito difícil de encontrá-lo visto que não existem tantas cabanas assim em uma floresta afastada da cidade.

    Meus passos cada vez mais firmes e determinados, eu iria conseguir o que queria.

    Quando um ruído tomou conta dos meus ouvidos, me mantive em posição de ataque e com o máximo de cuidado possível virei o pescoço na direção do som e não encontrei nada. Cacei com meus olhos qualquer movimento perto de mim, mas não havia nada, absolutamente nada.

   Só então percebi que os barulhos não estavam próximos e sim a alguns metros de distância. Esforcei-me ao máximo para não fazer o mínimo barulho possível, isso poderia custar a minha vida.

   Escondi-me na primeira árvore que encontrei pela frente, ela era de porte médio e cobria meu corpo por completo.

   Demorei um pouco para entender que não eram ruídos de passos ou galhos sendo atirados ao canto para facilitar o caminho de algum individuo, mas sim vozes que ficavam cada vez mais altas, não pareciam que quem quer que fosse estivesse se aproximando, mas sim de que estava brigando com outro alguém.

   Fui em direção aquelas vozes, me escondendo entre as arvores até avistar uma pequena cabana no meio da floresta, dois homens estavam conversando, ou melhor, dizendo,gritando um com o outro. Um era loiro enquanto o outro tinha cabelos escuros, suponho que Kile seja o loiro e não sei realmente o porquê de achar isso.

—O que eu poderia fazer?Era isso o que Sarah quis desde o início, ela sempre tentou a todo custo que as famílias Dawson e Moon se alinhassem, não tem mais o que ser feito, ela conseguiu. -Aquela frase ao mesmo tempo em que explicava tudo, também só fez o quebra cabeça se despedaçar ainda mais. 

   Fui pego um pouco de surpresa ao mencionarem Sarah na conversa, ela realmente era tudo isso?E quanto a alinharem nossas famílias?Isso só seria possível caso nossos sangues se cruzassem e isso nunca aconteceu, nunca ouve pacto ou muito menos Agnes e Alex eram casados para tal feito.

—Há essa hora Alex e Agnes já devem saber que ela voltou. -O moreno disse em um tom mais baixo.

—Eu sei aquela vadia conseguiu. -O loiro praticamente cuspiu as palavras ao seu companheiro, ele aparentava estar furioso, mas com o que?Como ele sabe de tudo isso?Ou melhor, o que ele tem haver?

—E Ally?Ela é a mais prejudicada com tudo isso, você sabe... -De todos os momentos em que eu já fiz merda, esse foi o pior. Sem querer pisei em um galho de árvore caído perto de mim enquanto me aproximava e isso fez com que os dois olhassem rapidamente em minha direção.

   Sem cogitar nada na minha cabeça além da ganância em encontrar Ally corri até eles sem saber o que poderia me acontecer, afinal eram dois contra um.

  O moreno foi o primeiro a reagir e antes que pudesse me acertar, dei um chute em seu abdome o levando para a porta da cabana. Pisando fundo fui até ele que um ainda um pouco tonto tentou se defender como pôde, cheguei a ter pena, mas eu não podia fraquejar agora. Respirei fundo e antes de qualquer movimento que viesse a ser feito por parte dele, cravei minha mão em seu peito para logo em seguida puxa - lá trazendo seu coração comigo. O cara que eu ainda nem sabia o nome caiu por cima de mim, já sem vida. O joguei de qualquer jeito ao meu lado e me voltei para o tal ‘’Kile’’.

   Ele mantinha os olhos fixos em minha mão que ainda segurava o coração de seu amigo. Joguei aquela coisa para longe de mim e antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele se atirou contra mim.

   —Seu desgraçado. -Ele praticamente cuspiu essas palavras na minha cara.

     Acertei-lhe o primeiro soco que ele revidou de muito bom grado.

     Aos poucos meus dentes de vampiro foram aparecendo e eu não precisava olhar para sua boca para saber que ele também estava em sua forma de lobo.

—Eu não estou nem ai pra Sarah, Alex ou muito menos Agnes apenas me diga onde esta a Ally. -Respondi entre dentes.

—Como tem a coragem de ainda vir atrás dela Moon?Você é o culpado de tudo isso. -Suas palavras ainda assim conseguiam soar mais ríspidas do que a minha.

—Eu não tenho culpa de nada, a Ally foi embora por vontade própria, se tem alguém culpado nessa história toda, não sou eu. -Perdi a paciência que eu já não tinha há muito tempo.

—Você ao menos sabe por que ela foi embora?Já se deu o trabalho de tentar saber ao invés de falar merda por ai?Você é mais idiota do que eu imaginava cara. -Com um empurrão ele fez com que eu o soltasse.

   Passei a língua por meus lábios e o gosto de sangue invadiu minha boca, o seu rosto não estava melhor do que o meu. Passe a mão por meus cabelos, exasperado.

—Eu estou há meses sem dormir, comer ou qualquer outra coisa, a única coisa que ultimamente faz sentido pra mim é saber se ela esta bem ou não. -Me aproximei novamente dele, agora cara a cara. 

   Ele involuntariamente deixou seus ombros caírem, desarmando sua armadura e aparentemente frustrado.

—Ela esta bem melhor sem você. -Seu sarcasmo de quinta foi à gota d’água.

   Não consegui me segurar, cerrei meus punhos e um minuto depois já estávamos rolando sobre as folhas caídas na grama, era difícil saber quem estava levando a melhor.

—Vai embora, você não percebe que se ela quisesse alguma coisa com você já teria voltado?-Com um impulso o arrastei pela gola da camisa até a árvore mais próxima, o joguei contra o tronco de madeira e me afastei alguns metros dele, seus olhos se tornaram uma espécie de duas bolas de fogo e seus dentes estavam expostos, talvez ele pudesse ser mais rápido do que eu visto que ele é um lobo, mas não me importei, apenas agi sem pensar como de costume e na lógica creio que ele fez o mesmo, não havia como escapar, um de nós dois morreria agora e não posso dizer que não temo que esse alguém seja eu.

   Respirei fundo, fechei os olhos e voei para seu pescoço, cravei meus dentes ali, fiquei surpreso por ele não ter me mordido primeiro e uma sensação de alivio tomou conta do meu corpo, enquanto seu sangue escorria por meus lábios a sensação de leveza ia evaporando dando lugar a um frio na barriga e um medo incontrolável de abrir os olhos, não podia ser. Eu reconheceria aquele sabor até mesmo embaixo da terra, o seu perfume doce de sempre adentrou minhas narinas e contra meu gostou abri os olhos certo de que de todas as cenas que já presenciei essa foi a mais perturbadora de todas.Ally estava a minha frente com os olhos cravados em mim,eu podia ver a dor que aquelas órbitas queria gritar,uma lágrima involuntária escorreu por sua bochecha e eu me senti um monstro.

   Ela tentou apartar a briga.

   Por cima de seu ombro pude notar que Kile parecia ter a mesma reação que eu, também havia sangue em seus lábios, ele também havia mordido ela.

   Então mais uma vez cai os meus olhos para a morena a minha frente, necessariamente mais para o seu pescoço, duas marcas, uma feita por mim e outra por Kile, não podia ser.

   Antes que um de nós pudesse dizer qualquer coisa Kile se afastou um pouco atordoado e derrepende sumiu do meu campo de visão, covarde.

   Ally ainda mantinha os olhos fixos em mim, não aparentava estar triste por me ver, mas também não via o brilho de felicidade, desci meus olhos por todo o seu corpo e vi uma garota totalmente diferente da de antes, seus cabelos não estavam mais soltos como de costume, estavam presos em um rabo de cavalo alto, as roupas sexys e de cor escura como usava de costume foram deixadas de lado dando lugar a um simples vestido branco um pouco curto, mas que por ser solto não lhe deixava nada além de adorável, em seus pés não havia mais botas cano alto ou até mesmo saltos agulha, apenas uma simples rasteirinha de cor bege e mesmo não tendo nada haver com a Ally que eu costumava conhecer essa ainda tinha o mesmo jeito confiante de ser.

   Depois de alguns segundos perdido em meus pensamentos senti seu corpo se desequilibrar e antes que viesse a cair no chão eu a segurei em meus braços.

—Você veio. -Eu podia notar que sua voz estava embargada e um sorriso brotou de seus lábios um pouco roxos.

—Não fale nada Ally, apenas tente controlar sua respiração. –Mesmo ainda um pouco perplexo por ela estar na minha frente eu a peguei no colo e olhei para todos os lados, nenhum sinal de Kile e o outro ainda estava morto no chão em frente à cabana. A cabana é isso. Rapidamente corri até lá com Ally ainda em meus braços.

   Por nenhum momento ela desviou sua atenção de mim.

  O lugar não era pequeno, mas também não havia como comparar com a mansão que Ally morava. Quatro cômodos desde que entrei, eu acho, não tive tempo de prestar muita atenção, estava mais preocupado em encontrar um quarto em meio a aquele enorme corredor.

   Assim que cheguei a um, o observei por alguns segundos, uma cama de casal, um guarda roupa de madeira e uma estante de livros, muito moderno para alguém que mora em uma floresta.

—Eu vou procurar ajuda. –Falei baixinho enquanto a colocava cautelosamente na cama.

—Não vai adiantar. –Sua voz ficava cada vez mais baixa.

—Ally eu estou falando sério, me deixe... -Ela me interrompeu.

—Você acha que eu realmente tenho chances Austin?Você é um vampiro e me mordeu, tirando o fato de Kile ser um lobo original e também ter me mordido. Se eu fosse atacada por qualquer um dos dois mesmo assim ainda não sobreviveria. -Riu ironicamente. —Seja sensato.

  Não respondi, apenas fechei os olhos e baixei a cabeça. Era muita coisa para absorver em tão pouco tempo, como tudo aconteceu tão depressa?

  Eu a havia encontrado e também iria perdê-la. A única coisa que passa pela minha cabeça é que ela irá morrer daqui a pouco e eu não poderei salva-la, é tudo minha culpa.

  Pelo canto do olho notei que ela me encarava com uma expressão misteriosa, parecia querer dizer algo, porém hesitou. Ela estava ali, deitada na minha frente... e prestes a morrer.

    Abri a boca diversas vezes na tentativa de dizer algo, no entanto, as palavras pareciam ter se perdido no meio do caminho.

    Eu estava nervoso e o silêncio desconfortável que se instalou entre nós dois não ajudou em nada.

—Mate-me. -Sua voz estava rouca e em um fino sussurro, levantei meus olhos até a morena a minha frente e notei que estava sorrindo. Por quê?

—O que você disse?-Quase engasguei com minhas próprias palavras.

—O que você ouviu. Anda logo trouxa. -Sua boca já estava em um tom roxo mais escuro do que antes o que fez meu nervosismo aumentar ainda mais.

—Acho que você não se lembra, mas eu acabei de fazer isso minutos atrás. -Tentei soar o mais divertido possível, mas não havia nada de engraçado em tudo aquilo, eu apenas estava tentando disfarçar o que por dentro me queimava.

—Você apenas deu inicio ao processo Austin. -Ela revirou os olhos. —Eu não irei morrer até que alguém enfie uma estaca no coração, vai logo. -Eu podia ver em seus olhos que aquelas palavras doíam para ela, no entanto eu sentia o dobro do peso, pois eu que a mataria.

   Continuei imóvel, sem saber o quer dizer ou até mesmo agir, eu não podia fazer aquilo.

—Se eu morrer por mim mesma você será afetado, se alguém me matar eu estou livre, é simples. Der qualquer jeito eu não estaria vida para contar a história. -O brilho em seus olhos insistia em gritar para mim que ela não estava triste por perder a vida tão cedo, ela parecia já temer que isso fosse acontecer em algum momento, mas por quê?As lágrimas que ameaçavam cair de seus olhos não eram de melancolia e sim de felicidade, ela estaria livre de todo esse inferno que nos atormenta há meses. Então se ela estava feliz, porque eu não estaria?

—Desculpa Ally, mas eu não posso. -Sussurrei mais para mim do que para ela e um suspirou escapou por seus lábios denunciando que ela ouvirá.

—Você não pode ou você não quer?-Ela arqueou as sobrancelhas.

—Eu não quero. -Engoli em seco. —Ally eu daria a minha vida pela sua então, por favor, não me peça isso. -Fechei os olhos, as lágrimas ameaçavam aparecer, lágrimas que há anos se escondiam em sua própria escuridão.

  Ela suspirou aparentemente frustrada.

—Depois de tudo o que você me escondeu, será que nem agora pode fazer algo por mim?Você escondeu muitas coisas de mim, não foi?-Seu tom de voz era mais uma mágoa do que uma ameaça pela resposta que viria.

  Franzi a testa.

—O que isso tem haver?-A encarei, sua expressão serena chegou a me assustar. Ela não estava brava comigo.

—Apenas responda. -Seu tom de voz firme fez meu corpo estremecer, não havia saída.

—Sim. -Foquei no guarda roupa próximo de nós, eu não podia olhar em seus olhos, eu estava muito envergonhado para isso. 

  Mas o que tudo isso tem haver com matar ela?Eu odeio quando alguém muda de conversa sem por um ponto final na que se deixou de lado, é como se não tivesse nenhum valor com o desenrolar das palavras.

—Você nunca matou Francis, certo?-Ela voltou a me questionar.

    Confirmei com a cabeça.

—Sempre soube do livro, não foi?

—Sim. –Minha voz estava falha e por incrível que pareça mais que a dela.

—Você já conhecia o Brady antes de irmos para o hotel?

—Sim. -Minhas palavras curtas poderiam ter um significado muito maior do que se podia imaginar.

—Tudo bem. -Eu não a encarava, mas podia apostar que um sorriso brotou em seus lábios.

  Continuei admirando o guarda roupa que naquele momento parecia ser muito interessante.

—Posso lhe fazer uma última pergunta?-Ela me pegou de surpresa. Não respondi ou muito menos acenei com a cabeça, eu estava perdido e o meu silêncio para ela infelizmente parecia significar um sim. —Alguma vez você confiou em mim?-Por um momento meu coração parecia ter parado de bater e eu fui obrigado a encará-la, não consegui ir além do seu olhar, eles estavam mais misteriosos do que nunca e ansiavam por uma resposta.

—Não. –Minhas palavras eram cautelosas o bastante para não me comprometerem mais ainda, o que não adiantou de nada.

   Ela se remexeu um pouco desconfortável na cama e parecia ter levado um soco no estômago, mas sua expressão dizia que ela já estava à espera daquela resposta.

—Porque nunca me contou sobre tudo isso?-Eu via o desespero em seu olhar e mais uma vez ela se esquivava de um assunto em questão, parece que ouvir de uma pessoa que depois de muito tempo você considerou um amigo e que depois de tudo te diz que nunca houve confiança nenhuma em sua relação é muito doloroso.

—Pelo mesmo motivo de você nunca ter me contado sobre ter sido treinada desde que nasceu para me matar. -Minhas palavras soaram mais calmas do que eu pensava o que de certa parte serviu para meus ombros relaxarem. 

   Passar meses escondendo isso foi muito tentador, ver ela ao meu lado sempre fingindo chegava a ser irritante, mas em nenhum daqueles momentos era o exato para expor esse assunto e acho que fiz bem em guardá-lo apenas para mim, em esperar, pois agora ela não tem como escapar.

   Esse é o único motivo por eu estar atrás dela depois de tudo, respostas.

—Como você... -Ela estava boquiaberta e eu tive que conter o riso com isso.

—Sua mãe. -Sorri para ela que ainda estava imóvel.

  Franziu a testa diversas vezes e tentou dizer algo, porém mais uma vez hesitou.

  Revirei os olhos, mas eu tinha que dar um desconto a ela, a qualquer momento irá morrer mesmo.

—Como você acha que sua mãe soube sobre o pacto?-Perguntei para clarear sua mente.

—Foi você?-Seus olhos arregalados pareciam querer sair das orbitas o mais rápido possível.

   Ela esta mais perdida do que cego tiroteio.

—Quem mais seria?-Dei de ombros.

—Mas... Não faz sentido, porque ela te contaria isso?-Pois é Ally, foi pega no próprio joginho.

—Não importa.

   Ela estava prestes a dizer algo e com um olhar eu a calei.

—Quando exatamente você pretendia me matar?-Agora eu que mudei o foco do assunto. Era impossível não notar a ansiedade em minha voz.

—Desde que começamos a estudar juntos, bom, mais necessariamente no dia em que transamos na sua casa, eu pretendia envenenar alguma bebida lá com verbena e depois apagaria você, te levaria para a floresta,te mataria e te enterraria,parecia ser simples. -Seus olhos estavam fixos em algum lugar do quarto, mais precisamente no canto entre a parede e a estante de livros.

—O pacto não se encaixa em nadado que você acabou de falar, precisávamos fazer ele. -Franzi a testa.

—Essa era a intenção. Eu nunca fui de acordo com o pacto e você sabe disso, talvez se eu matasse você tudo se voltaria para mim. Alex e Agnes provavelmente iriam pirar, mas eu daria um jeito nisso tudo. -Deu de ombros, ela realmente havia pensado em tudo.

—Mas acho que a essa altura do campeonato você já deveria saber que nunca precisamos fazer o pacto, não Austin?-Me olhou com desdém.

—Não fizemos o pacto e se a profecia for cumprida nós dois iremos morrer.

—Por acaso morremos?-Seu olhar ainda caia sobre mim.

—Não. -Parei um pouco para refletir, ela tinha razão, não aconteceu nada com a gente.

—Por quê?-Minha curiosidade falou mais alto.

—Agora você já esta querendo saber demais. -Revirou os olhos.

 

—Bom então porque não levou seu plano adiante?-Voltei a questionar.

—Muitos motivos me fizeram desistir Austin, um em especial. –Seu tom frio fez todo o meu corpo estremecer. 

  Fiquei calado, absorvendo tudo o que aconteceu nos últimos quarenta e cinco minutos.

—Como quando eu preferi que o pacto fosse feito na sua casa. Então, eu apenas disse que preferiria lá porque eu poderia descobrir mais sobre você, mais sobre suas fraquezas. -Continuei sem dizer uma única palavra, não é todo dia que Ally Dawson expõe seus segredos ao mundo. —Ou quando voltamos bêbados para sua casa no mesmo dia e fizemos um jogo rápido de perguntas, eu podia estar fora de mim, mas ainda assim minhas perguntas não era apenas brincadeira.

—Algo mais?-Enfim consegui juntar essas duas palavras em minha boca e as despejá-las de forma suave.

—Dormimos juntos ainda nesse dia que estávamos bêbados e no dia seguinte não sabíamos se havia rolado ou não, então voltamos a sua casa para ver as câmeras de segurança, bom era isso para você, porque para mim era a forma perfeita de saber o momento exato de como te tirar daquela casa sem levantar suspeita. -Seus olhos se voltaram aos meus.

—Continue. -Eu queria ir ao fundo disso tudo, há meses espero para ouvir essa versão da história e parece que valeu a pena toda a minha paciência.

—Quando estávamos na banheira da sua casa em Hill Vallley eu pedi para que fizéssemos sexo e bom aquela era outra tentativa de me livrar de você, uma morte na banheira seria divertido. -Ela tentou prender o riso e eu continuei imóvel. —Porém Elliot ligou e estragou toda a minha diversão.

    Fiz um sinal com a mão para que ela prosseguisse.

—No Halloween enquanto nós dois conversávamos com Dallas e Kira eu coloquei verbena em uma bebida que estava próxima de você, achei que a tomaria, porém você tinha em mente o plano de me levar para fora daquele salão, pois por algum motivo não importante no momento eu não queria falar com você.

   Eu ouvia cada palavra atentamente.

—Em New York também tentei levar a melhor, porém estava cansada demais para fazer tal coisa e fui sucumbida por um desejo insaciável de ter você por uma última vez em meu corpo, de manhã quando acordei você já não estava no quarto e tentar assassinar você ali já estava fora de cogitação.

  Resolvi então me sentar na cama próximo a ela, ficar em pé todo aquele tempo me deixou exausto.

—E em todas as baladas que fomos por trás eu sempre tinha o mesmo objetivo, acabar com o Moon. -Ela deu um suspiro pesado e parecia ter tirado uma tonelada de suas costas.

—Tudo foi uma mentira Austin. -Sua boca não dissera, no entanto seus olhos gritavam um pedido de desculpas.

—Quando você passou um mês sem se alimentar de sangue e quase morreu em meus braços também era uma mentira?-Eu ainda estava calmo, o que para mim foi uma surpresa um tanto agradável.

—Não, ali não foi fingimento. -Sua voz se tornou fria novamente e eu a observei com cautela, ainda não conseguia entender através de sua expressão aonde ela queria chegar.

—E tudo o que você disse no dia da formatura, era apenas um teatrinho?-Arqueei a sobrancelhas.

—Não se apaixone por palavras Austin. -Ela ainda tinha um olhar frio sobre mim, acho que os papéis estão trocados.

—Você se sente bem com tudo isso?-Minha pergunta soou mais como um lamento por ela, Ally não é a mulher que eu imaginava, mesmo no fundo eu já ter tido uma leve impressão.

—Você sabe meu nome, não minha história. Você sabe a cor dos meus olhos, mas jamais saberá o que eles já viram. Então por favor, não se sinta no direito de me julgar. -Ela fechou os olhos enquanto essas palavras escapavam de sua boca de forma lenta e medonha.

   Confirmei brevemente com a cabeça sem saber direito como agir depois desta resposta.

—Por quê?Ficou gamado em mim loirinho?-Ela consegue mudar tão rápido o seu humor, realmente essa garota é um enigma. Eu via em seus olhos que estava se divertindo com a conversa, sua última conversa.

  Revirei os olhos, mas no fundo também estava achando graça em tudo aquilo.

—Sai fora Ally, não sou desses.

—Então você é de qual?

—De nenhum, eu acho. -Dei de ombros.

—Virou gay agora?-Arqueou as sobrancelhas e mordeu seu lábio inferior, acho que fez isso sem pensar e de certa forma me distraiu um pouco.

—Não vou nem te responder Ally. -A fuzilei com o olhar e ela caiu na gargalhada, ela nunca esta pra baixo, é incrível.

— É sério Austin, nós dois nunca paramos de fato para ter uma conversa sobre qual era a nossa relação. -Ela franziu a testa. —O que somos?Ou éramos?-Eu via em seus olhos a necessidade que ela tinha de ouvir a resposta.

—Eu juro que não sei. Depois de hoje creio que amigos nós nunca fomos, então amizade colorida sem chances. Eu nunca pedi você em namoro, ou muito menos em casamento, ficar por apenas ficar também não foi então simplesmente não sei. -Dei de ombros.

—Você não é romântico. -Ela fez uma careta para logo em seguida cair em gargalhadas mais uma vez.

—Realmente não sou. Se você em todos esses meses ou anos alguma vez pensou que eu fosse um cara que da para a garota bombons e flores você se enganou e feio. -Um sorriso triste brotou dos meus lábios.

—Bom você já me deu sangue para beber quando eu estava à beira da morte e praticamente me assassinou minutos atrás o que é um pouco contraditório. -Franziu a testa. —Pois é isso esta longe de serem bombons e flores, mas eu gosto assim, é mais emocionante. -Mandou uma piscadinha pra mim.

—Sei que a pergunta pode parecer um pouco estranha, mas você já sentiu alguma coisa por mim, se não ódio?-Meus olhos a fitavam com cautela, observando todos os seus movimentos.

   Ally estava boquiaberta com a pergunta.

—Acho que em meio a todo esse ódio interno e brigas, no fundo talvez quem sabe eu já tenha nutrido algo por você?-Agora foi minha vez de ficar perplexo, ela realmente já sentiu algo por mim, Ally Dawson já gostou de mim, eu acho.

—Você nunca me contou sobre isso. -Fixei meus olhos nos seus. —Porque é tão difícil pra você se abrir com as pessoas Ally?Era tão difícil assim dizer que já gostou de mim?-Eu estava em um misto de felicidade por ela já ter sentido algo por mim além de ódio e desejo e mágoa por nunca ter falado abertamente sobre seus sentimentos.

—As decepções fazem você abrir os olhos e fechar seu coração. –Seu olhar frio voltou e essa não era essa a minha intenção.

   Acho que sua afirmação vai além do que ela teve com Francis que, aliás, mudou tanto de uns tempos pra cá ou será que também esta apenas fingindo?

   Ally parece haver mais segredos do que eu imaginava.

—Ally eu... -Ela me interrompeu com um sorriso forçado o que fez meu coração se despedaçar por inteiro.

—E você?Já sentiu algo por mim?Confiança você já comprovou que não, então vamos ver se tem alguma coisa ai que me pertence. -Com o dedo indicador apontou para o meu coração e eu sorri como resposta.

—Me acostumei tanto a gostar sozinho, que me atrapalho em gostar junto. -Franzi a testa tentando saber se aquela frase era coerente.

   Ela riu e eu senti uma ponta de felicidade em sua voz.

—Sentimento oculto Moon?-Eu pude sentir o sarcasmo em sua voz.

  Apenas sorri para ela, deixando a pergunta morrer no ar.

—Somos muito diferentes, acho que nunca daria certo. -Minhas palavras eram as mais sinceras possíveis.

—Se você tirar o fato de que nosso destino estava traçado desde antes de nascermos, acho que sim somos muito diferentes. -Tentou soar o mais divertida possível.

   Com um pouco de dificuldade ela segurou em minha mão com cautela.

—Você merece alguém melhor do que eu Austin, alguém que realmente esteja disposta a lutar por você. -O brilho em seus olhos era contagiante e eu tive que sorrir com aquela forma de afeto por parte dela.

   Continuamos assim por alguns minutos, apenas trocando olhares e perdidos em nossos próprios pensamentos.

  Desvencilhei nossas mãos e levei a minha de encontro ao seu rosto, acariciei seus lábios e eles estavam mais frios do que eu imaginava.

—Nunca daria certo. -Sussurrei em seu ouvido.

—Não era pra ser. -Ela piscou os olhos rapidamente e com esse movimento uma lágrima escorreu por seu belo rosto, rapidamente eu a removi dali. Uma mulher como ela não merece que uma simples lágrima afete sua beleza.

—Acho que já esclarecemos tudo, não?-Ela perguntou tentando mudar de assunto mais uma vez.

—Ainda não. -Ela franziu a testa. —Porque você foi embora?-Fui o mais direto possível, chega de remoer as coisas, já esta na hora de todas as cartas serem jogadas na mesa.

  Sua boca se formou em um perfeito O, a pergunta lhe pegou desprevenida, o que estranhei um pouco, ela já devia saber que uma hora ou outra viria à tona.

—Você nunca irá saber. -Seu sorriso malicioso chegou até a me assustar.

—Daqui a alguns minutos você estará morta Ally, você confirmou que já planejou me matar e que o tempo todo esteve fingindo para mim, ok, mas tenho certeza de que seja qual for o motivo de você ter fugido não será pior do que tentar matar seu próprio amigo. -Dei ênfase na última palavra.

—É pior, muito pior. -Do nada sua expressão calma e descontraída se tornou em algo frio e misterioso.

—De qualquer jeito você vai morrer, então porque pelo menos não faz alguma coisa honesta em seus últimos minutos?-Acariciei seu rosto mais pálido e gélido do que o normal, ela estava indo embora sem eu perceber.

—Não importa o que eu fale Austin, sempre serei lembrada como a vilã da história. -Eu podia ver em seus olhos que eles estavam cada vez mais distantes de mim.

—Tente. -Minha voz saiu mais como um incentivo do que como uma ordem.

—Não faz diferença. -Ela revirou os olhos.

—Para mim faz. -Suspirei já cansado de tentar arrancar isso dela.

—Não, não faz Austin. -Ela acariciou minha mão por cima da sua, fechando os olhos por breves segundos e quando retornou a abri-los pude ver lágrimas voltarem para preenchê-los.

—Agora que tudo esta esclarecido, você pode, por favor, por um fim em tudo isso?-Ainda não acabou Ally, não para mim.

  Suspirei inconformado e me levantei num pulo.

—Tudo bem,vou procurar alguma coisa de madeira que sirva,acho que na floresta deve haver milhares. -Estava prestes a me dirigir para a porta quando senti sua mão fria me segurar pelo braço.

—Você vai mesmo me matar com uma estaca?Eu não sou qualquer uma Austin. -Ela revirou os olhos indignada.

—E o que você quer?-Cerrei os olhos a encarando incrédulo. As mordidas fizeram os neurônios dela pararem de funcionar ou que? 

—Quero morrer com a honra que eu mereço e não como qualquer vampirinho medíocre que você cruzou na rua, pelo amor de Deus eu sou Ally Dawson. -Seu sorriso triunfante me fez a analisar por alguns segundos, ela estava feliz e não havia o que eu fizesse para mudar isso.

—Tudo bem e o que você quer que eu faça?-Um sorriso divertido escapou dos meus lábios a contragosto.

—Tem alguns objetos dentro desse armário. -Apontou com o queixo para o guarda roupa próximo a nós.

    Fui de encontro ao mesmo e o abrindo notei que esse era o quarto de Ally, pois havia roupas que lhe cabiam perfeitamente, roupas simples e claras, essa definitivamente não é a minha Ally. Rolei os olhos para as quatro pequenas colunas que havia ali, em uma delas havia verbena, estacas, diversas espadas entre outros. Os analisei bem, será que Ally já havia pensado em suicídio?Não havia o porquê de existirem espadas em seu quarto ou até mesmo estacas, Kile provavelmente a protegia de tudo então pra que ela tentar se defender?Preferi não a questionar e guardar as perguntas apenas para mim. Um pensamento duvidoso veio em minha mete e eu tive que conter o riso com aquilo.

—Tem alguma preferência Srt. Dawson?-Com as mãos apontei para as inúmeras opções a sua frente.

—Não meu caro súdito, faça as honras. -Deu uma piscadinha para mim.

  Mais uma vez encarei o guarda roupa a minha frente, não pensei muito e terminei optando por uma adaga de ouro, ela era de porte pequeno, porém muito pesada. Voltei à cama, no entanto não me sentei nela e sim me ajoelhei em cima de Ally de forma que minhas pernas estavam ao redor de seu quadril.

—Acho que você se esqueceu de que é uma vampira e que objetos de ouro não podem te matar. -Meu tom soou o mais sarcástico possível. Quem vê pensa até que ela não conhece o que é fatal ou não.

—Essa adaga como todos os outros objetos em meu armário são enfeitiçados trouxa. -Revirou os olhos, ela ama fazer isso. Fechei a cara com essas palavras, parece que realmente terei que fazer este serviço.

   Fiquei em silêncio apenas a observando por inteira, eu não estava pronto para isso e meu corpo parecia dizer o mesmo.

—Ouro. -Ela contemplava a adaga em minha mão. —Agora sim você esta falando a minha língua Moon.

—Preparada?-Perguntei enquanto girava distraidamente a adaga em minha mão direita.

—E quando não estou?-Seu sorriso chegou a ser irritante de tão lindo que foi.

—Você é a vampira mais bela que eu já vira em toda a minha vida.

   Fechei os olhos, inspirei profundamente e me concentrei no meu único objetivo, matar Ally.

   Não havia volta, não havia Agnes e Alex para mandarem em nós dois, não havia Elliot com suas ligações para interferir, não havia Tia Sofia tentando nos alertar de algo, não havia Francis com suas voltas repentinas, não havia Brady flertando com a Ally, não havia absolutamente nada para impedir.

  Voltei a girar mais uma vez a adaga em minha mão e com um movimento rápido a cravei no peito de Ally. Um suspiro fraco por parte dela ecoou nos meus ouvidos.

  O medo de abrir os olhos estava me rasgando por dentro, eu não queria ver aquela cena, não com ela naquela cama.

  Senti algo por cima de minhas mãos e sangue jorrando por debaixo delas e travando uma luta interna comigo mesmo eu finalmente conseguir abrir meus olhos. Ally segurava minhas mãos pro cima da adaga, sua respiração estava falha e descompassada, o sorriso em seu rosto era de pura felicidade, ela estava livre.

    E antes que viesse a falecer seus sussurros causaram arrepios por todo o meu corpo.

—Você... Está cerrando... Os punhos... Para... A luta... Errada.  

 

 

 

 

  


Notas Finais


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