História The Kissu Kissu Experiment - Shax.

Era finalmente sábado e, como toda boa pessoa que tem um encontro durante uma tarde do fim de semana, Jackson Wang acordava o mais cedo que conseguira às exata uma da tarde. Ainda não tinha entrado em sua cabeça que participar de festas e baladas em sexta-feiras anteriores a fins de semana no qual ocorreriam coisas importantes. Devia ter aproveitado a noite anterior para ficar dormindo em seu apartamento, assim como Mark havia feito.

Saindo de seu quarto, ainda com os olhos fechados e, mesmo que os abrisse, enxergava minimamente o movimento de outra pessoa no ambiente da cozinha que compartilhavam, provavelmente o mais velho que estava ali preparando algo referente a algo para o horário de almoço. Não se lembrava exatamente se havia informado o amigo sobre o encontro duplo.

“Mark…” Tentava focar o olhar embaçado no outro, percebia que o mesmo acabara de se virar em sua direção ostentando uma postura um tanto quanto defensiva sobre sua presença. “Eu falei com você do encontro duplo, né? É daqui duas horas, então é melhor se apressar um pouco.”

“Encontro duplo?!”

A voz questionadora soou em sua direção de maneira surpresa e bem mais aguda do que a de Mark normalmente era. Se aproximando um pouco mais da figura estática, Jackson se perguntava como poderia ser tão burro, Mark havia mantido seus cabelos em um tom loiro durante todo o último ano, como poderia ter sido tão burro ao ponto de não perceber que aquele que estava à sua frente era uma pessoa que claramente ostentava fios róseos? Após a realização, não tardou em soltar um grito ensurdecedor, logo exclamando:

“QUEM É VOCÊ? CADÊ O MARK? O QUE VOCÊ QUER? PODE LEVAR TUDO, SÓ DEVOLVE ELE.” A cada sentença, sua visão parecia se recobrar do sono, montando a imagem daquele possível ladrão. A face não era completamente desconhecida, mas a sua mente ainda estava nublada demais para recobrar de onde conhecia-o.

“Jackson, seu imbecil. O que você tá fazendo?” Mark aparecia atrás de si, logo depois de anunciar a sua entrada com o bater da porta.

“Mark, tá tudo bem? Nossa, ufa… Faz tanto tempo que você não traz ninguém aqui, quem é o sortudo?” Com as mãos no queixo e a visão menos ininterrupta pelo efeito do sono, analisava a face daquele que jurava já ter visto em algum lugar, apenas para que o próprio Mark lhe lembrasse.

“Você conhece ele, idiota. É o Yugyeom, você realmente demora pra regular. Já volto, e não faça perguntas estranhas, você vai assustar ele.” Suspirava para o amigo, dando uma última olhada para Yugyeom como uma garantia de que tudo ficaria bem. Jackson, às vezes, poderia ser um pouco fora da própria mente.

“Yugyeom?! Você não deveria ser um estudante de ensino médio? Não é um pouco alto demais?” As perguntas saíram um tanto quanto rápidas e retóricas. Já havia visto inúmeras fotos do outro, mas nunca percebera a altura do mesmo através dessas.

A surpresa do Wang veio com o rosto de Yugyeom que se contorceu em um sorriso ameaçador após as perguntas, ao mesmo tempo que fazia um ilustre sinal de silêncio. Um arrepio percorreu a espinha de Jackson, o rosto inocente e assustado não combinava nenhum pouco com aquele que se manifestara ali.

“Por favor, não fale com o Mark-hyung sobre isso, okay?” Falara num sussurro que instigava a mesma ameaça de seu sorriso.

“OH! ELE NÃO SABEEEE!” Exclamou, logo após iniciando uma risada pelo que parecia ser a coisa mais engraçada do mundo, deixando o outro plenamente confuso. “Não precisa se preocupar, companheiro. Eu estou do seu lado.” E os olhos de Yugyeom brilharam com essa última informação.

“Mas então… por que você vai levar ele pra um encontro duplo?” Um beicinho passava adornar o rosto do mais novo, claramente confuso com o fato de que Jackson acabara de admitir que estava ao seu lado naquela missão de seduzir Mark.

“Ah, eu tô indo com o Bambam. Ele disse que você ia encontrar a gente lá, eu ia levar o Mark pra você, ué.” Falava tudo como se fosse óbvio, não esperava que Bambam não tivesse atualizado o próprio amigo sobre os planos para aquela tarde de sábado.

Jackson: Você não avisou o Yugyeom sobre o encontro?

Que tipo de amigo é você?

“Ah, o Bambam falou algo sobre isso? Eu acho… Mas ele não me deu datas nem nada, então…” Não sabia muito bem como expressar, não conseguia se lembrar do que havia combinado com o tailandês após a noite que havia passado com Mark.

Bambam: VOCÊ ENCONTROU O YUGIE?

Eu e o Jinyoung estamos procurando ele desde ontem, onde ele se meteu? ):

“Você dormiu aqui?” A pergunta deixou o lábios do chinês tão acusadora quanto as que antes sugeriam que o garoto a sua frente era um ladrão.

Um rubor subitamente preencheu o rosto do mais novo após a pergunta, que mais estava pra acusação, como se o mesmo estivesse mais para uma garota adolescente de um seriado qualquer sendo questionada por ter tido um encontro com seu par romântico.

“Si-sii-sim.” A afirmação só fez com que surpresa fosse expressa no rosto de Jackson instantaneamente. Isso significava que, enquanto ele estava dançando por boates durante uma sexta-feira à noite em Seul, Mark estava em seu apartamento fazendo alguma coisa tão importante que Yugyeom sequer contara a seus amigos.

Jackson: Eu encontrei ele.

Parece que ele dormiu com o Mark noite passada.

Bambam: MEU DEUS!

O QUE ACONTECEU?

JACKSON!!!!!!!

JAEBUM E JINYOUNG VÃO ME MATAR SE EU NÃO CONTAR, EXPLICA!

Jackson: Nah, se acalma.

Já estamos indo pro encontro duplo ;)

“MARK! O seu garoto aqui vai sair com a gente, vou deixar ele usar o banheiro tá?” Gritava para o outro que estava em algum lugar do apartamento, fazendo seja lá o que fosse. Saindo da cozinha, acenou levemente para que Yugyeom lhe seguisse em direção ao seu quarto e ao de Mark.

Pegaria algumas roupas emprestadas de ambos os guarda-roupas, torcendo para que a maioria ainda coubesse naquele que era um pouco maior do que si próprio. Mas com a promessa em mente, tinha certeza de que conseguiria fazer com que o mais novo seduzisse ainda mais Mark. Afinal, o transformaria no mais belo dos filhos da puta.

♤

Mark deixou o banheiro minutos depois de Yugyeom e Jackson fazerem fosse lá o que estivessem aprontando. Se aproximando, mais uma vez, da cozinha onde estavam se reunindo para um lanche, desta vez ouvia mais uma vez gritos vindos de seu namorado, entretanto esses eram muito mais exaltados e eram combinados com alguns de Jackson. Era quase como duas hienas rindo em alto e bom som dentro de seu lar.

“Mas, gente, o que vocês tão fazendo?”

A visão bagunçada do que era a mesa do ambiente era quase que perfeitamente capaz de responder que era basicamente merda o que os dois estavam fazendo, mas entendendo-se que não era normal ver leite espalhado por toda a toalha de mesa, ainda mais com dois adultos em volta rindo loucamente.

“MARK, VOCÊ TEM QUE VER ISSO!” Jackson tentava pronunciar de uma só vez em vista de que estava totalmente sem fôlego e ainda queria parar para rir mais um pouco com o resto que tinha. “FAZ DE NOVO, YUGYEOM! VAI, VAI.”

Com um levantar de sobrancelhas, apenas pôde ver o mais novo, ainda sentado na cadeira e um tanto quanto mais tímido do que quando estava rindo, ingerir um pouco do leite que estava no copo a sua frente para, logo após alguns engraçados movimentos com a cabeça, fazê-lo sair por suas narinas, criando duas linhas esbranquiçadas entre seu nariz e seus lábios.

“Cara, você não presta.” Mark suspirava com umas das mãos sobre a testa, claramente decepcionado com o amigo. Sinceramente, estava um pouco preocupado com as reações de Jackson quando encontrasse o mais novo, visto que o mesmo muitas vezes podia acabar sendo “demais” para se aguentar. “Vamos logo pra esse encontro duplo.” Finalizava, distanciando-se um pouco do tema da conversa antes que companheiro dissesse mais alguma coisa que fizesse-o parecer rabugento, em vista de que a face de Yugyeom agora se contorcia entre um leve arrependimento e tristeza para o que Mark havia dito.

♤

“Gyeomie, alguém já te disse que você tá lindo hoje?” Mark tentava acalmar Yugyeom, sentado do outro lado da mesa do cyber café que estavam. As ações do mais novo ainda não haviam melhorado em função do que o Tuan tinha dito antes de saírem do apartamento, embora soubesse que o mesmo não quisesse ofendê-lo.

“SIM, Mark. Alguém já disse. VOCÊ, TRÊS vezes no caminho e DUAS desde que chegamos.” Jackson se atrapalhava bebendo um pouco do refrigerante que tinha pedido desde que chegara, não conseguia aguentar ver Yugyeom se recolher e corar mais um pouco a cada vez que Mark fazia a mesma pergunta. O mais velho podia possuir a aparência, mas com certeza não era uma pessoa galanteadora.

Bambam, mesmo sendo o anfitrião do encontro, ainda não havia chego, deixando com que os outros três se mantivessem ocupados fazendo uma boa quantidade de nada. Jackson já estava ficando completamente entediado em vista de tudo que Mark fazia era paparica Yugyeom numa tentativa de fazer o mais novo se sentir mais confortável para voltar a conversar como estava fazendo antes de saírem do apartamento.

“Por que estamos aqui afinal?”

“Nós viemos jogar, obviamente.” Finalmente aparecia, sentando-se ao lado de Jackson e, milagrosamente, aliviando um pouco da tensão que insistia em condensar o ar. “Desculpa pela demora.”

“É melhor chegar tarde do que chegar feio.” Jackson e Bambam pronunciavam em uníssono ostentando uma face orgulhosa enquanto Mark arqueava uma das sobrancelhas e Yugyeom soltava uma leve risada.

“Ah, você é o Mark, certo?” Esticava a mão para que o outro apertasse-a. “Eu sou o Bambam, mas você provavelmente já sabe isso de qualquer maneira.”

“Yeah, oi. Eu sou o Mark.” Sua voz se apresentava de maneira exitante, Bambam tinha um jeito tão pretensioso de conversar e, sinceramente, se apresentar para alguém que supostamente já te conhecia era um tanto quanto desnecessário. “Então, o que nós viemos jogar, exatamente?”

“LOLZÍNEO!!!” Gritava com excitação, alheio as olhadas que todos na mesa receberam por conta de tamanha exaltação. “Mas antes, o que tem pra comer?” Passava os olhos pela mesa repleta de pratos completamente vazios.

“Vai ter que pedir mais alguma coisa, o Jackson comeu praticamente tudo.” Mark descansava ambos os cotovelos sobre a mesa, dando uma rápida olhada na nota fiscal que teriam de pagar. “Gyeomie, eu vou pagar a nossa parte na saída, okay?”

“Não, Oppa, da última vez eu disse que pagaria.”

“Oppa?!” Era quase como se Jackson e Bambam houvessem combinado previamente tudo que estava ocorrendo de maneira sincronizada.

“Você dorme com ele por uma noite e já compartilha os seus fetiches. Rápido, hein, Markie?” O comentário imprudente fez com que o mais velho apenas repetisse uma cara muito próxima da que fizera quando ainda estavam discutindo no apartamento.

“É, Yugie, eu não sabia que você era um garoto tão obsceno assim.” Bambam direcionava uma piscada ao amigo, claramente provocando o amigo que fez apenas recolher-se contra a poltrona na qual estava sentado e corar ainda mais do que já estava mediante ao que Jackson dissera.

Com uma expressão que claramente dizia “eu estou muito velho pra isso”, Mark não fez questão de responder nenhuma das implicações. Antes que as questões ali presentes prolongassem uma discussão, que ninguém parecia estar pronto para aturar, Bambam interrompeu tudo convocando um dos garçons do lugar para fazer um pedido. O clima, antes um tanto tenso, foi tranquilizado quando Yugyeom direcionou tudo em função de falar sobre como Youngjae, o garoto que atrapalhou nosso encontro, como Mark gostou de lembrar, precisava de ajuda para participar de um campeonato de League of Legends. Anterior a todo treinamento que iniciariam, já estava subentendido de que Jae jogaria como adc, Jackson e Bambam, ambos impacientes, estabeleceram suas posições no time como top e jungler, deixando Mark e Yugyeom decidindo entre mid e suporte. O que resultou no Tuan como midlaner, em função de que o mesmo dissera que jamais jogara como suporte, mesmo que até sua experiência como jogador residia de dois anos antes, ainda no início de sua faculdade, quando ele e Jackson ainda compartilhavam bastante tempo juntos.

“Agora a gente já pode começar a jogar!” Anunciou o mais baixo entre eles ao mesmo tempo que repousava um copo de bebida sobre o mesa e puxava o antebraço de Jackson para que andassem em direção aos computadores, que eram a atração principal quando decidiam que seus encontros seriam realizados ali. A exclamação deixou ambos Mark e Yugyeom confusos, não estavam preparados para praticar no atual momento, principalmente porque o primeiro não tocava em um computador fazia anos. Entretanto, tudo que puderam fazer era aceitar e seguir em direção ao outro lado do cyber café.

“Então, nós vamos fazer um duelo. Um contra um. Eu contra o Mark e o Bambam contra o Yugyeom, em vista de que nós dois jogamos muito juntos, não seria justo deixar com que vocês dois se enfrentassem, a nossa prática seria como sempre foi. Precisamos de surpresas pra treinar de verdade.” A animação na voz de Jackson era um tanto quanto nova até mesmo para seu melhor amigo. Desde o início de seu terceiro ano na universidade, Mark praticamente apenas o via durante a manhã quando ambos ainda estavam sonolentos demais para terem uma conversa apropriada, podia dizer que sentia uma certa apreensão de que nunca ter parado para que jogassem juntos nos últimos dois anos.

♤

Trinta segundos para a liberação das tropas.

Era meio que surpreendente como um jogo poderia ter mudado tanto, ao menos para Mark que não digitava em um computador para outra coisa além de utilizar editores de texto, já que praticamente não possuía tempo para esses tipos de atividade dentre as aulas. Na verdade, até possuía e poderia compartilhá-lo jogando com Jackson, mas em algum dia nesse meio tempo que esteve na universidade, as coisas mudaram.

Suas mãos estavam um tanto quanto se acostumando com o mouse quando a narradora do jogo voltou a anunciar. Tropas liberadas. E sequer havia comprado os itens, até porque não se lembrava bem como as coisas funcionavam.

“Oppa, compra esses itens aqui, eu te ajudo.” O sorriso caloroso de Yugyeom foi respondido com um aceno imediato do mais velho, deixando que o mais novo entendesse que o outro estava lhe permitindo a botar sua mão juntamente a dele sobre o mouse, navegando pelas abas da loja do jogo, as quais Mark não conseguiu ler em vista de que estava um tanto agitado em vista da proximidade com o adolescente, para que comprasse tanto um Anel de Doran quanto duas poções, assim como uma Sentinela. Sem mais, apenas clicou com o botão direito indo em direção a rota do meio onde enfrentaria Jackson, que por acaso estava fazendo um estardalhaço.

“Obrigado.” Murmurou baixo e um pouco corado, depois que o de cabelos róseos já tinha se afastado. Com o nível de proximidade que tinham compartilhado nas últimas semanas, Mark acreditava que já tivesse de ter se acostumado, infelizmente nunca foi muito de entender essa parte romântica das relações.

“Bambam! Você tem que me chamar de oppa, também. O Mark pode acabar ganhando só por ter apoio moral.” Se balançava hiperativamente na cadeira que pertencia ao estabelecimento.

“Jackson, ele não joga faz mais de dois anos. Se ele ganhar, você claramente não está apto pra entrar no meu time.” Mark tinha muito que concordar com o dito pelo tailandês, era praticamente impossível que Jackson perdesse, ainda mais numa situação de um contra um.

Enquanto sua personagem andava em direção à rota, Mark finalmente podia parar pra ler o que aquelas habilidades faziam, mesmo que já tivesse inserido um nível na primeira delas por puro instinto. Não se lembrava muito bem o porque de ter escolhido aquela campeã, mas era uma das poucas das quais se lembrava de quando ainda jogava o jogo: Morgana. Esperava que a mesma não tivesse mudado tanto, mas em qualquer caso, teria de jogar. Para um simples teste, utilizou-a contra o nada quando ainda estava entre ambas as torres, e definitivamente, as mecânicas não haviam se tornando tão diferentes em vista de a Ligação das Trevas continuava a mesma, porém com diferentes efeitos visuais.

Agora ele só precisava ter paciência o suficiente para se lembrar como era posição ter diversão tentando acertar o último golpe em cada uma das tropas para que fosse possível se adquirir ouro e, simplesmente, derrotar a personagem que Jackson estava utilizando ou pelo menos não passar muita vergonha.

A campeã com que Jackson estava jogando era tão hiperativa quanto o mesmo, com apenas acesso à uma habilidade, Riven conseguia pular na rota tanto quanto um canguru, exatamente o playstyle que Mark esperava para uma pessoa como o amigo. Ao menos possuía a vantagem de que a habilidade Q de sua campeã era tão chata quanto a da outra e, embora mais fácil de desviar, tinha uma distância um tanto maior que permitia abusar bastante da petulância de Jackson.

“Agora, coloca um ponto no W e usa pra matar os minions, depois de uns níveis é mais fácil do que acertar o último ataque eu cada um.” Sem querer soar um pouco pretensioso, Yugyeom tentava dar dicas para Mark sobre como deveria jogar contra Jackson, até porque o mesmo sequer havia dado a chance para que explicassem ao mais velho a mecânica da árvore de talentos, sendo assim apenas um deles estavam fazendo uso do Decreto do Senhor do Trovão, mas pelo menos o Tuan ainda possuía algumas runas reminiscentes de anos antes.

Com Solo Atormentado era possível que se adequasse a uma postura mais segura dentro da lane, não tendo que aturar a perturbação das habilidades inimigas já que estas tinham necessidade de uma certa proximidade com a campeã inimiga. Adicionalmente, a passiva de Morgana, Sifão da Alma, permitiam uma certa sustentabilidade na rota até mesmo sem o uso de suas poções, em vista do vampirismo mágico que concedia, sendo assim recuperando uma certa quantidade da vida da personagem cada vez que utilizasse uma de suas habilidades.

“É exatamente como eu imaginei que você jogaria, Mark.” Jackson fazia beicinho do outro lado da mesa. “Tédio.” Se referia a maneira como o outro utilizava apenas uma habilidade de maneira consecutiva até matar totalmente a onda de tropas, sem aparentar a menor vontade de incitar uma batalha propriamente dita. Verdadeiramente, Mark meio que entendia o que o outro queria dizer com isso, sempre jogara um tanto quanto passivamente, mas definitivamente era o tipo de pessoa que quando estava decidida, partiria para cima como a mais feroz e faminta das feras.

Se eu for, eu vou. Era simples assim.

E infelizmente, Jackson era o extremo oposto no quesito jogador. Claramente agressivo, sempre iniciava uma luta antes mesmo de ter certeza que poderia ganhar, o que claramente não era bom contra uma Morgana, muito conhecida por acabar com a felicidade de jogadores por todo globo por conta de suas habilidades muitas vezes consideradas frustrantes.

“Gente, já cansei. Termina logo com isso daí preu poder jogar também.” Bambam bocejava na cadeira ao lado de Jackson, observando sobre como praticamente todos os computadores ao redor estavam sendo ocupados por outras pessoas. O movimento estava incrivelmente alto hoje em comparação ao resto da semana.

“Okay.” Mark se pôs a dizer de maneira extremamente tranquila, não deixando que Jackson respondesse o tailandês. Dentro do jogo, o mais velho fazia questão de estar executando uma combinação de golpes completa sobre a personagem do amigo. Usou o feitiço de invocador Flash como iniciação enquanto o outro estava se aproximando para farmar a onda de minions e, logo após, utilizou a ultimate de Morgana, Grilhão de Almas, permitindo-se a reduzir a velocidade de movimento da Riven que enfrentava para executar uma certeira Ligação das Trevas que fez com que Jackson se encontrasse enraizado sobre a habilidade Solo Atormentado continuamente reduzindo sua vida. Pode apenas se mover depois de 5 segundos em vista de que esta era a soma da duração do enraizamento de uma habilidade 3 segundos com a outra que causava um atordoamento de aproximados 1,5 segundos. Verdadeiramente falando, já sabia bem que havia sido derrotado quando Mark fez questão de utilizar o feitiço Incendiar e simplesmente ficar parado dando auto ataques enquanto ria da cara que o amigo fazia para o monitor.

“Nossa, Jackson, você é ruim mesmo.” Passava a mão na cabeça do Wang que mantinha a expressão de uma criança que acabava de ter tido seu pirulito roubado. “Não liga, você vai continuar no time. Não é como se nós tivéssemos uma imensidão de amigos que concordariam em participar e, de qualquer maneira, eles ainda seriam piores que você.” Felizmente, seu sorriso conseguia ser confortante o suficiente em comparação com suas palavras.

“Por que nós não fazemos uma aposta? E o casal vencedor tem direito a um prêmio ou algo assim?” A exaltação de Yugyeom quanto a proposta de seu namorado foi grande, um sonoro e agudo “eeeeeh?” que Mark ignorou em função da reação igualmente exaltada de Bambam que claramente estava aceitando o desafio.

“Então, se eu ganhar do Yugie, o que obviamente vai acontecer...” Mostrava ser a mais humilde das criaturas naquele momento. “Eu e você vamos pro desempate?”

“Não, não. Isso não teria graça nenhuma.” O Tuan sorria, expondo a melhor de suas ideias durante todo aquele dia. “Eles que vão.” Apontava tanto para Jackson quanto para Yugyeom, que soltou mais um grunhido frustrado.

“Justo. Mas nada de prêmio, o casal que perder vai ter que pagar uma prenda.” Esticava a mão em direção ao outro, pronto para que fechassem aquele contrato.

“Combinado.” Não hesitou, envolvendo sua mão na de Bambam, mesmo que Yugyeom estivesse um pouco sem fôlego e totalmente paralisado atrás de si. Tinha plena certeza de que seriam os que acabariam passando vergonha.

♤

Graças aos deuses, as partidas não haviam durado muito. Sendo assim, Yugyeom conseguiu chegar em casa antes mesmo do tempo determinado por sua mãe, mesmo sabendo que em algumas semanas teria que passar vergonha em função da aposta que Mark tinha estipulado. No final, Bambam e Mark saíram ganhando já que decidiram que apenas os verdadeiros perdedores teriam de passar por algum tipo de vexame em função da aposta. Logo, Jackson e Yugyeom iriam sofrer na pele alguma punição sádica, isso se tivessem sorte.

Yugyeom não era o pior dos jogadores de League of Legends, podia jurar por sua própria vida. A diferença era que simplesmente não era tão competitivo quanto Bambam e Youngjae para praticar em função de um campeonato, mas isso claramente não o impediria de fazê-lo para ajudar com que seu primo conquistasse um prêmio, seja lá qual fosse o mesmo.

“Jae?” Abria a porta da casa, duvidava que o outro estivesse presente. Todas as luzes da sala estavam apagadas e Youngjae não era necessariamente uma pessoa silenciosa ou que simplesmente gostava de ficar no escuro. Entretanto, uma sonoridade curiosa piava no fundo de seus ouvidos, indicando que o mesmo com certeza estava dentro da casa.

“Liar, liar, liar.”

Com apenas parte da letra ressoando ao fundo, provavelmente vindo de seu quarto, Yugyeom conseguira entender que Youngjae não estava no melhor de seus humores. Enquanto Yugyeom é o tipo de pessoa que, quando com raiva ou até mesmo triste, costuma passar mais tempo dançando no estúdio de sua escola, Youngjae sempre resolveu muito bem os seus problemas cantando, normalmente em alto e bom som, algo que compartilhava principalmente com Jaebum.

“Bamsae nan ibureul dwicheokdwicheok.” Com a porta do quarto aberta tornava-se fácil dizer que a voz pertencia a Youngjae, principalmente por conta da excitação facilmente perceptível na tonalidade do vocal. A garrafa de vodca que residia, juntamente a um copo, ao lado do moreno foi um tanto quanto uma surpresa para o mais novo, não estava esperando tanto vindo de uma pessoa que estava bem menos de vinte e quatro horas atrás, mas era mais fácil perguntar o que havia acontecido do que simplesmente tentar adivinhar.

“Jae, o que aconteceu?” A preocupação foi evidente. Embora fosse difícil dizer se era sobre como sabia que sua mãe os mataria quando descobrisse a falta de uma de suas garrafas de vodka ou por conta dos olhos avermelhados que o outro ostentava, indicação de que provavelmente ocorrera algo preocupante.

“OH, Yugie! Vem cantar comigo.” A animação da voz traduzia que a pior parte de tudo aquilo já havia passado, o que ocasionou num suspiro por parte do mais novo, porém sabia que teria de tomar conta da ressaca que viria no dia seguinte.

“Insahaessdeon yeppeun geu ae.” Não teve muito o que falar além de entrar na onda do videoclipe que passava na TV. Youngjae certamente ficaria carrancudo caso insistisse em fazê-lo falar sobre o que o estava deixando-o frustrado.

“She’s just a friend, yaya!”

A entoação de Yugyeom não era tão maravilhosa quanto a de Youngjae, mas uma noite de karaokê não era algo para qual simplesmente se diz não. Ainda mais após uma sofrida tarde jogando League of Legends apenas para sofrer com a derrota, tudo que tinha era definitivamente forças para gritar e se balançar ao ritmo da música, além de que era uma opção ótima para aliviar a tensão de que teria de aguentar a gritaria de sua mãe no dia seguinte sobre como provavelmente tinha deixado com que seu primo bebesse álcool, mesmo que impedi-lo não estivesse ao seu alcance.

A noite passou em claro para ambos e uma pessoa sóbria no mesmo ambiente, juraria com sua alma que Youngjae não era o único sob o efeito de álcool. Após duas horas cantando, nenhum dos dois aguentava ficar em pé. Se resumiram a ficar deitados no chão do quarto, em frente a televisão, conversando e rindo de temas randômicos e compartilhando principalmente as experiências de Yugyeom com o inglês e algumas mensagens um tanto vergonhosas que o mesmo enviara para o outro. Qualquer coisa que mantivesse os pensamentos de Youngjae longe de Jinyoung e Jaebum, era tudo que precisava.

“Oh, oh! Eu sei uma coisa muito boa pra você usar.” Se atrapalhava, tomando o celular das mãos do mais novo, ainda um pouco afetado pelo álcool. “Uma amiga minha sempre recebe mensagens de estrangeiros nas redes sociais, ela sempre diz que algumas são super sedutoras e que ela claramente estaria interessada se não fosse a distância.” Olhava entre seu próprio aparelho e outro, tentando copiar, mesmo que zonzo, a frase assim como sua conhecida havia lhe mostrado.

“Por favor, só não me faça passar mais vergonha.”