História The Last Butterfly (Camren) - Capítulo 5

04/04/11

-Chancho, você vai se atrasar! – Dinah gritou da sala e eu revirei os olhos. – Você caiu no box ou o que?

-Deixe-me em paz, Dinah! – Gritei para ela de volta do banheiro. – Eu preciso me arrumar em paz.

Eu estava a uns vinte minutos dentro do banheiro decidindo se deveria sair ou não. Hoje fazia três meses que conheci Shawn e ele me chamou para sair novamente. Eu juro que não sei o que tem de arreado comigo, pois mesmo eu querendo parar de fazer isso, eu aceitei ir em mais um encontro. Esse provavelmente foi o nosso decimo encontro oficial, os outros eu não conto pois não rolou nada.  O mais irônico de tudo é que eu me esqueci completamente que o conheci no dia quatro, mas me lembrei perfeitamente de ter conhecido Lauren neste dia. Eu e minha conturbada mente.

Eu não sabia o que esperar da saída, mas eu estava com um mal pressentimento. Quem saia em plena segunda feira, ainda mais quando era a data que conhecemos alguém? Eu sabia que boa coisa dali não sairia e isto estava me fazendo repensar se fiz bem em aceitar. Bem, eu sabia que não tinha feito, pois estava saindo com ele e desejando outra pessoa, mas agora já era tarde. Eu sai do banheiro, fui até o quarto e peguei meu vestido preto longo. Ele me pediu para ir com roupa elegante pois o lugar seria diferente do que estávamos acostumados a ir, mais um motivo para ter esse mal pressentimento. Arrumei eu cabelo, o deixando jogado por somente um lado e coloquei meus saltos. Quando cheguei na sala, percebi que nós três não estávamos sozinhas.

Lauren estava deitada no sofá com sua roupa de academia, o que me fez engolir em seco pois ela me dava um melhor desenho de seu corpo. Ela, na parte da tarde, sempre vem aqui em casa pois ela e Normani vão correr, o que eu não reclamo nem um pouco pois eu amo vê-la com esse tipo de roupa. Quando ela me viu, sentou-se e me olhou de cima a baixo fazendo com que minhas bochechas ardessem de vergonha. Ela ficou me encarando por alguns segundos mas, assim que percebeu o que estava fazendo, voltou sua atenção para a TV e eu podia jurar que ela tinha corado.  Eu, lentamente, caminhei em sua direção e fiz questão de sentar ao seu lado. Esse foi um dos poucos momentos que tive coragem de fazer isso até hoje.

-Oi. – Disse e ela me olhou.

-Oi, Camz. – Ela disse e beijou minha bochecha. Posso jurar que o local que o beijo foi depositado ainda está formigando. – Aonde vai linda dessa forma?

-A um encontro com o Shawn. – Dinah disse entrando na sala e quis matá-la. Precisava falar que ia sair com ele? Toda vez que esse nome era mencionado Lauren fica estranha, ela jura que é coisa de nossa cabeça mas nós quatro pensamos a mesma coisa. Estranho, não? - Estou vendo que o hoje à noite tem...

-Cala a boca! – Disse tacando uma almofada na cara de Dinah.

-Qual é, Chancho. Até eu que sou hétero estou me sentindo excitada somente de olhar para você. Imagina o Shawn?

-Ela tem um ponto. Se eu não namorasse, pode apostar que não sossegaria até te convencer a me deixar tirar a sua roupa. – Lauren disse com um sorriso de lado e eu a olhei incrédula.  Ela e Dinah começaram a gargalhar e eu dei um tapa em seu ombro, a fazendo rir ainda mais. Idiota, isso é coisa que se fala?

-Calem a boca vocês duas. – Disse com uma feição claramente irritada. – A sorte de vocês é que sou obrigada a atura-las por mais três meses, se não já teria agredido as duas.

-Você é louca por mim, Camz, por isso jamais faria isso. – Mal sabe ela que isso é a mais pura verdade.

-É, Chancho, você nos ama. – Dinah disse com aquele sorriso travesso no rosto.

-Idiotas! – Ia falar mais alguma coisa, mas o interfone tocou. Olhei no relógio e soube que era Shawn, pois este era o horário combinado por nós dois. Me levantei, peguei minha bolsa e estava quase saído quando parei e olhei para trás. Percebi que Lauren me encarava mas, assim que me virei, ela desviou o olhar. Ela sempre fazia isso. – Chee, não me espere acordada.

Pisquei para elas e sai. Juro que vi Lauren revirar os olhos após eu falar, mas não dei importância, pessoas apaixonadas tendem a imaginar coisas. Caminhei lentamente até a entrada do prédio e pude vê-lo parado ao lado de seu Brlliance FSV vermelho trajando um terno. Quando me viu, ele sorriu largamente e veio andando em minha direção. Eu sorri de volta, não tanto quanto ele, mas sorri.

-Você está linda. – Ele disse e eu sorri sem graça. Não sei reagir a elogios.

-Obrigada, você também não está nada mal.

-Vamos? – Eu acenei positivamente e ele abriu a porta do carona para mim, fechando-a assim que entrei e começou a caminhar até a do motorista.

-Onde vamos? – Perguntei após ele dar partida no carro.

-É uma surpresa, Mila.

-Eu odeio surpresas. – Bufei e ele riu.

Eu realmente odeio surpresas pois, para ter uma, preciso não saber das coisas e eu sou extremamente curiosa. Eu fiquei o caminho todo tentando faze-lo falar, mas ele era esperto e sempre desviava do assunto. Chegamos rapidamente ao local, graças ao trafego tranquilo da cidade, e eu não pude deixar de arregalar os olhos quando vi o local que estávamos. Ele tinha me levado ao Vero Italian, eu pesquisei sobre restaurantes da cidade antes de vir e eu lembro de ler que ele era um dos mais caros de Miami. Eu sempre soube que Shawn era de uma família nobre, mas não imaginava que ele um dia me levaria ali.

Ele entregou a chave do carro para o manobrista, abriu a porta para mim e começou a andar comigo enquanto segurava minhas mãos. Eu pensei em solta-las, mas já que aceitei esse era o mínimo a fazer. Quando nós paramos na recepção, pude ver Eliza parada do outro lado do balcão. Ela sorriu para mim e eu retribui, eu realmente gosto dela e de Alycia, elas são as únicas pessoas que conheço além das meninas.

-Oi, Mila. – Eliza disse sorridente.

-Oi, Liz. – Disse retribuindo. Shawn nos olhava confuso. – Liz, esse é Shawn. Shawn, essa é a Eliza, uma amiga da FIU.

-Muito prazer, Eliza. – Shawn disse beijando a palma da mão da menina. Ele era um perfeito cavaleiro.

-Muito prazer, Shawn. – Ela sorriu simpática. – Então, reserva no nome de quem? Desculpa é protocolo do lugar...

-Shawn Mendes. – Ele disse rindo.

-Por aqui, senhor Mendes. – Ela nos guiou até uma mesa posta para duas pessoas no centro do salão. – Tenham um bom encontro. – Ela piscou para nós e voltou para o seu lugar.

-Ela parece ser legal. – Shawn disse pegando o cardápio.

-Ela é. Ela e Alycia são o mais próximo que tenho de amiga por aqui, tirando as meninas, é claro.

-E com “meninas” você se refere as que estavam no bar quando nos conhecemos, certo?

-Sim, elas mesmo.

-Um minuto. – Ele disse para mim e chamou o garçom. Rapidamente ele veio até nós e nos cumprimentou com um “Boa noite”. – Eu irei querer um Tortellini de Bolonha. E você, Mila?

-Se incomoda de pedir para mim? Sou péssima para escolher as coisas. – Disse sem graça.

-Sem problemas. – Ele disse sorrindo e acariciando minha mão que estava em cima da mesa. – Então será Carpaccio, Tortellini de Bolonha e uma garrafa de vinho para acompanhar, por favor.

-O senhor teria alguma de sua preferência? – O garçom perguntou educado.

-A mais cara. – Shawn disse e eu senti uma vontade enorme de revirar os olhos. Ele era um exibido, isso sim.

-Sim senhor. Com licença. – O garçom fez uma reverencia e saiu.

-Aquela branca de olhos verdes estava me causando calafrios. – Shawn disse retomando ao assunto anterior. – Ela ficava olhando para nós dois com um olhar intimidador...

-Essa seria a Lauren. – Disse e ele fez um som nasal concordando. – Ela consegue causar isso nas pessoas, mas ela é muito legal. Eu tinha acabado de conhece-la naquele dia.

Nós começamos a conversar sobre as meninas e ele disse que fazia questão de conhece-las pois o jeito que me referia a elas o deixava curioso. Prometi apresenta-los e engatamos em outra conversa. Nossos pedidos chegaram e começamos a comer enquanto ele me contava mais sobre sua vida. Seu pai era dono de um dos consultórios de arquitetura mais procurados de Miami e por isso Shawn estava seguindo os passos dos pais. Ele acabou de voltar de Connecticut, onde cursou arquitetura em Yale. Sua mãe havia falecido quando ele tinha apenas três anos e por isso ele quase não tem lembranças com ela. Ele era o único filho que sua mãe teve, mas seu pai se casou novamente e teve uma menina, que Shawn ama mais que a si mesmo.

Ele é um bom homem, mas não era ele que fazia meu coração disparar com um simples olhar. Eu realmente gostaria de sentir tudo o que sinto quando estou com ela quando estou com Shawn. Ele, apesar de ser um pouco esnobe as vezes, é um perfeito cavalheiro, se preocupa com meu bem estar e demonstra realmente gostar de mim. Ele seria o tipo de genro que meus pais amariam ter e até mesmo o tipo de namorado que eu espero para mim. A única coisa errada com ele é que, infelizmente, ele é Shawn Mendes e não Lauren Jauregui.

-Isso estava realmente bom. – Disse assim que terminei meu Carpaccio.

-Sabia que você iria gostar. – Ele disse sorrindo.

-Eu jamais pensei que comer carne bovina crua seria tão bom.

-Culinária italiana te faz repensar algumas coisas. – Ele disse eu ri. – Mila, eu preciso te falar uma coisa...

-Pode dizer. – Disse me ajeitando na cadeira quando vi seu semblante sério. – O que aconteceu?

-Não é nada, pode ficar tranquila. – Ele sorriu para mim e senti meu corpo relaxar. – Então, hoje fazem exatos três meses que nós conhecemos e eu preciso te dizer que eu te acho uma menina incrível, Mila. Desde a primeira vez que te vi sabia que você era diferente e que se não tomasse cuidado, você me teria em suas mãos. Eu não posso mais negar que estou complete apaixonado por você...

-Shawn! – Eu o interrompi pois sabia o que viria a seguir, mas ele fez um gesto com a mão pedindo que eu me calasse.

-Me deixe terminar, por favor. – Ele disse e eu acenei positivamente. -  Eu sei que você voltará para Havana em três meses, mas eu não me importo. Eu só quero ficar com você. Então.... Camila Cabello, você quer ser minha namorada?

Eu arregalei meus olhos, senti meu corpo todo suar, e eu sei que ele percebeu meu nervosismo pois ele ficou tenso na cadeira. Como eu digo para alguém que a estava usando para esquecer outra pessoa? Eu deveria ter ouvido Harry, não se não se cura um amor fazendo outro florescer. Quando fazemos isso, existem inúmeros fatores que podem dar errado, e um deles é quando a outra pessoa se entrega ao sentimento e você não. Neste caso foi isso que aconteceu e eu precisava terminar a confusão que comecei.

-Shawn, eu realmente me sinto honrada com tudo o que você fez por mim, mas...

-Por favor, não. – Ele me interrompeu e senti meu coração se apertar com sua expressão. – Se você for negar nem termine essa frase.

-Eu sinto muito. – Disse tristemente e ele suspirou.

-Foi alguma coisa que eu fiz?

-Claro que não!  Você é perfeito, é um cavaleiro e é atencioso. É tudo o que eu admiro em alguém

-Então porque você está disposta a negar?

-Porque eu não estou disposta a me entregar agora, entende? – Disse e me amaldiçoei logo em seguida por ter mentido na maior cara dura. – Você é um rapaz incrível e não seria justo com você se eu lhe permitisse entrar em um relacionamento que tem as mais altas probabilidades de ser toxico. Em poucos meses eu irei voltar para Cuba e como ficaríamos? Eu não acho que esteja preparada para um relacionamento a distância, na verdade acho que nunca estarei. Você merece alguém melhor do que eu, Shawn, e é por eu gostar de você que digo isso. Eu sinto muito mesmo.

-Ao menos você foi honesta comigo. – Ele disse e esboçou um fraco sorriso. – Vamos, eu te levo para casa.

Ele me levou até em casa e a viagem foi feita em total silencio. Eu realmente sou uma idiota por deixar as coisas chegarem até esse ponto. Ele me deixou na entrada do prédio e deixou um beijo me minha bochecha antes de voltar para o carro e dirigir para longe dali. Eu me sentia mal, mas foi a coisa certa a fazer. Quando cheguei em casa, vi que não era nem 22 horas e suspirei por isso. Quando fui a cozinha beber um copo de agua, vi um bilhete de Dinah pendurado na geladeira falando que elas tinham ido para a casa de Ally. Nele tinha o endereço caso eu decidisse ir para lá. Eu a princípio não iria, ver Lauren era a última coisa que eu precisava naquele momento, mas eu não queria ficar sozinha. Por isso coloquei uma roupa mais casual e fui de taxi até o endereço indicado. Falei com o porteiro e, depois de ligar para o apartamento delas e me anunciar, ele me deixou entrar.

Quando cheguei na porta eu simplesmente congelei. Fiquei alguns minutos parada ali até que tive coragem de tocar a companhia e quem atendeu foi Lucy. Ela riu para mim e mandou eu entrar e me levou até onde estava as meninas e Will. Cumprimentei a todos tentando ser o mais natural possível pois não queria falar sobre o que aconteceu durante a noite. Eu sei que é estranho, mas eu estou extremamente mal por ter rejeitado o pedido de Shawn. Eu me sinto mal em brincar com os sentimento alheio e foi exatamente isso que fiz com ele. Elas me perguntaram como foi e eu disse por alto, Chee obviamente interpretou meu tom de voz e disse que mais tarde conversaríamos. Odeio o fato dela me conhecer tão bem em tão pouco tempo. Logo Will foi para a casa e Lucy pediu carona. Os pais dela estavam na cidade e por isso ela não dormiu no apartamento de Lauren.

-Hey, Camz. – Lauren disse ao se sentar do meu lado. Eu precisava ficar sozinha então fui para a sacada que tem ali enquanto esperava Dinah e Normani irem para casa.

-Oi, Laur. – Disse e lancei um fraco sorriso para ela.

-Você está bem? – Ela me perguntou cautelosa.

-Estou sim, e você?

-Estou bem. – Ela disse sorrindo para mim. – O que você irá fazer agora?

-Esperar Chee e Mani irem embora? – Perguntei desconfiada enquanto ela sorria largamente para mim.

-Não, você vai sair comigo. – Ela disse e se levantou enquanto estendia a mão para eu pegar. – Vamos?

-Está doida, Lauren? –Disse rindo de sua espontaneidade. – Olha a hora...

-Vamos? – Ela continuou com a mão estendida e sorrindo.

-Laur, eu realmente....

-Vamos? – Ela perguntou insistente e eu revirei os olhos a fazendo gargalhar.

-Tudo bem. – Disse pegando sua mão. – Pra onde vamos?

-Só vem, Camz.

Ela me lançou um sorriso e nós duas fomos avisar as meninas que iriamos sair. Dinah ficou preocupada com a minha volta para casa, mas Lauren prometeu que me levaria. Dinah as vezes parece minha mãe. Lauren me guiou até a garagem e, quando eu parei ao lado de seu carro esperando ela destranca-lo a vejo rindo e indo em direção a uma Suzuki Hayabusa preta. Ela subiu nela, a ligou e mandou eu subir logo antes que ela fosse sem mim. Ri para ela e subi, ela me deu um capacete, eu o coloquei e me segurei na parte de trás da moto a esperando dar partida.

-Se segura em mim, Camz. Esse ferro está meio solto. – Ele parecia bem preso para mim, mas fiz o que me foi pedido.

-Aonde vamos mesmo? – Tentei mais uma vez, mas vi pelo retrovisor que ela revirou os olhos. Como já disse, eu sou curiosa.

-Você já saberá. Só o que posso te adiantar é que é um lugar especial para mim.

Ela deu partida e eu senti meu coração acelerar. Não sei se era por conta do contato de nosso corpo ou pela velocidade em que estávamos. Lauren gosta de adrenalina. Eu fechei meus olhos e me permitir admirar seu doce perfume amadeirado entrando por minhas narinas. Nesses três meses eu me pergunto se tudo o que vier dela eu acharei perfeito. Não me julguem, eu sei que ela tem seus defeitos, mas ela parece dar sentindo a expressão “perfeita imperfeição”. Eu sei, até eu fico confusa quando se diz respeito a ela. Eu fiquei o caminho todo intercalando entre admirar o choque de nossos corpos e me corroendo internamente por não saber onde ela estava me levando. Quando ela estacionou a moto, meus olhos se encheram de lagrima. Olhar para aquele lugar era como voltar para Havana. Era como voltar para casa.