História The Last Curse - Capítulo 1

Seu casamento não havia tido seis mil amigos próximos, mas havia sido tão maravilhoso quanto o dos sogros. Claro, fora enorme e extravagante, e todo o reino esperava por eles do lado de fora do palácio.

Jay e Carlos a acompanharam no caminho que Ben havia percorrido sozinho quatro anos antes, ambos trajados em vestes elegantes enquanto ela desfilava em um vestido branco e roxo arrebatador, mais uma criação de Evie. A amiga, é claro, estava na primeira fila, batendo palmas entusiásticas.

Foram abençoados pela Fada Madrinha, que logo depois a coroou Rainha dos Estados Unidos de Auradon. Mal tinha vinte anos quando isso aconteceu, e só conseguia pensar na imensa responsabilidade que estava assumindo. Porém, ao olhar Ben ao seu lado, se sentia segura de que conseguiria lidar com tudo.

E realmente havia conseguido, até aquele momento.

Com a chegada do quarto aniversário de casamento de Mal e Ben, um burburinho começou a correr, não só pelo povo, mas também pelo castelo. Todos se questionavam quando os reis dariam a Auradon um herdeiro. E isso a estava deixando louca.

“Um herdeiro, Ben? Um herdeiro?” Ela guinchava, andando pelo quarto. O marido a observava da cama, uma sobrancelha arqueada.

“Mal, você tem alguma coisa contra crianças? Ou medo, sei lá. Porque eu acho que nunca te vi tão surtada.”

“Claro que não, Benny, é só que... Nós temos 24 anos. Seus pais já tinham mais de 30 quando você nasceu. Eu não faço nem ideia de quantos anos a minha mãe tinha quando eu nasci, mas sei que não era tão nova assim.” Ela sentou na beirada da cama, frustrada.

“É a nossa idade? Mal, a Evie já está grávida, e a Lonnie também. Nossos pais só tiveram filhos mais tarde porque estavam muito ocupados lutando com, ou criando, maldições. Isso gasta muito tempo e energia, né? Do contrário, tenho certeza que teriam formado família antes.” Ele riu, segurando a mão da esposa.

“A Evie e a Lonnie devem ter comido alguma maçã envenenada, só pode. Ben, um filho é uma responsabilidade gigante.” Ela resmungou, brincando com os dedos dele. “Honestamente, acho que assumir o controle do reino me deixou menos assustada.”

“Como você é boba, Mal. Você vai ser uma excelente mãe, assim como é uma excelente rainha. Mas isso vai acontecer quando nós dois quisermos e estivermos prontos, babe. Eu vou adorar ter um filho, mas não tenho pressa. Quando você se sentir pronta, vai ser uma benção. Está bem?”

“Eu te amo, sabia?” Ela sorriu para o marido, se ajeitando nas cobertas e deitando abraçada com ele.

“Sabia, soube desde o primeiro momento.” Ele sorriu para ela. “Boa noite, Mal, bons sonhos.”

~M&B~

“Evie? Posso entrar?” Mal bateu à porta do ateliê da amiga, já colocando a cabeça para dentro.

“Você é a rainha desse castelo, Mal, pode entrar onde quiser e na hora que quiser.” Riu Evie, sem tirar os olhos da máquina de costura. “Estou terminando seu vestido para o baile de aniversário.”

“Nem me fale sobre isso. Não aguento mais as indiretas da mãe do Ben sobre o quanto está ansiosa para esse dia e para as possíveis surpresas.” Bufou a mulher de cabelos roxos, caindo sentada em um sofá.

“Você diz essa surpresa?” Evie apontou sua barriga de quatro meses, recebendo um aceno afirmativo. “Sorte sua que tem uma sogra só, sabe?”

“Mas você só tem uma sogra.”

“Você se esquece que os sete anões criaram os filhos juntos, então as seis tias do Doug agem como minhas sogras. Isso sem contar na Branca de Neve, que adora me alfinetar pela minha mãe. Nessas horas eu entendo o porquê da maçã, de verdade.” As duas riram. Aquela era uma das piadas que só podiam fazer entre elas, Carlos e Jay.

“Mas não faz tanto tempo que você e o Doug se casaram.”

“Acabou de completar dois anos, mas imagina oito matracas na minha orelha, cobrando um netinho? O filho da Branca está encalhado, né? E os primos do Doug ainda são novos. Então a responsabilidade caiu em quem? Na Evie aqui.” Ela revirou os olhos e bufou, enquanto pregava um botão. “Mas não fique triste, bebezinho... A mamãe te ama apesar disso tudo.”

“Você ama ele, E?”

“Claro que amo, M, é meu filho.” A de cabelos azuis sorriu confusa.

“Mas você sequer o conhece.”

“Eu sei, é confuso. Mas cada vez que eu penso nele, me sinto da mesma forma que me sinto ao pensar no Doug, sabe? Meu coração se aquece a cada vez que fico tonta ou enjoada, é engraçado.” As duas mãos passeavam pela barriga, que era encarada por Mal. “Tem algo errado, amiga?”

“Evie, por quanto tempo você tentou engravidar?”

“Quanto tempo? Ai, caramba, acho que nenhum, Mal. Um dia nós almoçamos com a família dele e eu fiquei de saco cheio daquele falatório. Aí nós chegamos em casa, conversamos e decidimos que era a hora. Logo depois eu estava grávida.” A grávida forçou um pouco a memória. “Se você começar agora, talvez até a festa já esteja grávida.”

“Evie, eu estou tentando há semanas.” A rainha desabafou, frustrada. “E até agora, nada.”

“Você acha que tem algo de errado com você e o Ben? Sei lá, estão fazendo as coisas erradas.”

“Acho que não tem muito o que fazer de errado, né? Mas quanto a ter algo errado com a gente, é isso o que me preocupa.” Suspirou Mal, esparramando o corpo no sofá.

“Você já pensou em procurar a Fada Madrinha?”

“Eu estou morrendo de medo de fazer isso.” Admitiu com uma careta.

“Então vai atrás dela, Mal... Se tiver algo errado, ela vai saber como ajudar, tenho certeza. Algo me diz que até a noite do baile você vai poder dar a surpresa que sua sogra tanto quer!”

~M&B~

Não é que não gostasse da Fada Madrinha, nem nada assim. O problema é que ela, Bela e as demais princesas eram muito amigas, íntimas demais. Confessar um segredo como esse para ela poderia ser desastroso.

Mas já não sabia mais o que fazer, isso era verdade. Evie precisara de uma única tentativa para engravidar, e Lonnie nem estava tentando quando aconteceu. Ela e Jay simplesmente descobriram que a lua-de-mel havia deixado um presente em suas vidas, e estavam muito felizes com isso.

Então qual era o problema com Mal?

“Pediu para me chamar, majestade?” A Fada Madrinha entrou no quarto dos reis e encontrou Mal andando de um lado para o outro.

“Ah, chamei. Por favor, sente.” Indicou os sofás no canto, onde se acomodaram. Por longos minutos, o silêncio imperou, enquanto a jovem quicava no lugar.

“Está tudo bem, minha querida?” Questionou a mais velha, com um sorriso bondoso.

“É isso que eu quero saber.” Suspirou a rainha, logo começando a contar toda a situação.

“Ora, Mal, não entendo o que a está preocupando, querida. Essas coisas são bastante comuns.” Riu a Fada, despreocupada. “Adam e Bela demoraram meses até ela conseguir conceber o Ben.”

“E ela não se preocupou?”

“Ela não. Adam... Bom, acho que não fará mal contar.” Suspirou a mulher, cruzando a pernas. “Como você sabe, uma criança é gerada através de um momento de amor profundo, único, verdadeiro. Você falou de Lonnie e Jay, aqueles dois são bastante intensos. Imagino que a lua de mel tenha sido extremamente propícia para momentos assim, portanto não é surpresa que ela já esteja grávida. O mesmo para Evie e Doug.”

“Tá, mas e quanto a mim e ao Ben? Ou Adam e Bela?”

“Bom, quando as tentativas não funcionaram, Adam ficou com medo. Ele acreditava, erroneamente, claro, que isso queria dizer que ou ele, ou Bela, não amavam apropriadamente um ao outro. Ou que ainda havia maldade nele.”

“E o que a maldade tem a ver com isso?” Questionou a rainha, sentindo um gelo na espinha.

“Oh, minha querida, você não sabe?”

“Sei o que, Fada Madrinha? Por favor, me explique.”

“Mal, você conhece seu pai? Ou Evie, Carlos? Jay conhece a mãe?” Ela negou, sem entender. “Querida, vilões não podem ter filhos, não da maneira convencional. Alguém que tenha maldade no coração, como é o caso dos pais de vocês, como foi o caso do Adam por vários anos, nunca poderá gerar uma criança por meio do amor. Esse era o maior medo do Adam.”

E agora, esse era o maior medo de Mal também.